sábado, 9 de fevereiro de 2008

A CASA DA SEDA

Minha crónica do "Sol" de hoje:

Dantes havia a desculpa de Bragança ser longe. Mas agora, com boas estradas, já não há. E vale bem a pena lá ir! Para além do renovado Museu do Abade de Baçal e do novo Museu Ibérico da Máscara e do Traje, há um Centro Ciência Viva, no centro da cidade, nas margens do rio Fervença, que foram transfiguradas pelo programa Polis.

O edifício principal do Centro Ciência Viva de Bragança, moderno e funcional, ergue-se sobre uma antiga central hidroeléctrica surpreendendo pela leveza da estrutura sobre o rude curso de água. A vista do cibercafé sobre o rio é refrescante e, com toda a Internet à distância de um clique, nem sequer se nota o isolamento. O edificio, consagrado à energia e ambiente, é ele próprio um módulo interactivo, pois os visitantes podem ver o comportamento dos sistemas de controlo ambiental. Lá dentro a atmosfera está bem isolada da meteorologia exterior. No quentinho, os visitantes podem divertir-se com vários módulos, por exemplo a “corrida de caracóis”: quando pedalam uma bicicleta, acende-se uma luz que faz andar um caracol ao longo de uma pista. E, claro, aprender a ciência que está por trás.

Mas o Centro inclui também, a meia dúzia de passos, a Casa da Seda, um antigo moinho recuperado com esmero, no qual, com a ajuda das mais modernas tecnologias, se conserva o “espírito do lugar”. Nesse sítio, que teria servido para o tingimento da seda, outros módulos, criados pela empresa YDreams, fazem a alegria dos miúdos que visitam a casa. Em particular, podem aprender como é que os bichinhos da seda tecem o fio. E podem brincar com uma paleta de lanternas combinando várias cores na parede, tal como os seus antepassados que misturavam pigmentos para obter a cor certa. A casa serve também para realizar “cafés de ciência”, que são tertúlias à volta de temas científicos. O mestre pedreiro que outrora construiu o moinho não podia adivinhar que o sítio serviria um dia para uma discussão sobre nanotecnologia. Que em vez de fios de seda e de panos coloridos se falasse ali de nanotubos e de novos materiais...

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