A habitual opinião de Rui Baptista sobre questões educativas:
“Não gosto da democracia, quando os que nos governam não são os mais competentes.”
Sócrates (“Diálogos de Platão”)
Existe um declarado braço-de-ferro no sistema educativo português que o programa da RTP 1 “Prós & Contras” de 25 de Fevereiro de 2008 veio mostrar e até agudizar. Para esta situação muito tem contribuído por um lado a teimosia da ministra da Educação e por outro as sucessivas manifestações sindicais de rua, por vezes à porta das escolas e na presença dos alunos, pautadas por um comportamento cívico pouco próprio. Aliás, a forma de estar de ambos os litigantes numa discussão nada clarificadora sobre a avaliação dos professores está bem caricaturada num alusivo “cartoon”: “Parece que os professores não estão contentes com as novas medidas da ministra da Educação. E o que dizem os sindicatos? Uns que tem 1,50 m e outros 1,60 m”.
Neste clima de guerrilha permanente, noticiava “O Primeiro de Janeiro”, no passado dia 20 de Fevereiro, medidas de intimidação por parte da Fenprof: “Mas, se a política não mudar, os professores ameaçam tornar a vida do Governo muito difícil no que resta da legislatura”. É certo que a situação de prepotência inviabiliza qualquer diálogo. Mas não é menos certo que se deve excluir a utopia de o sistema educativo possuir apenas bons profissionais nos quadros docentes ou, mesmo até, como exagerou Mário Nogueira da Fenprof, no referido programa televisivo, ao querer passar a sua mensagem sindical de excelência docente, “de haver professores mais excelentes e professores menos excelentes” . Quando a fartura é muita, o pobre desconfia!
Debrucemo-nos sobre a realidade dos factos. Até ao recente congelamento das carreiras docentes, o acesso dos professores licenciados ao 10.º escalão era feito num processo avaliativo similar aquele que João Lobo Antunes teve num dos seus livros como uma “calha que permitia deslizar sem atrito”. Ou seja, o acesso dos professores ao respectivo escalão de topo dependia dos anos de serviço e da frequência de acções de formação meramente presenciais, por vezes em temáticas nada relacionadas com as disciplinas ministradas. Não considerando os casos de indivíduos que entretanto faleceram ou desistiram da docência, tratava-se, portanto, de um processo de avaliação laxista: a percentagem dos que chegavam ao 10.º escalão devia andar perto dos 100 por cento. Seria vantajoso que o ministério da Educação publicasse o valor exacto dessa percentagem.
Assim tornar-se-ia possível confrontar esta percentagem de êxito docente com a percentagem de fracasso de alunos, isto é, que não completaram os seus estudos, apesar das recentes medidas governamentais relativas às “Novas Oportunidades” e outras, como, por exemplo, o acesso ao ensino superior de maiores de 23 anos, em que o simples BI substitui o diploma do 12.º ano de escolaridade.
Tentemos, agora, encontrar paralelos entre o panorama educacional português da actualidade e o descrito neste texto de Arthur Schopennauer (1778-1860):
“O que em sociedade desagrada aos grandes espíritos é a igualdade de direitos e, portanto, de pretensões, em face da desigualdade de capacidades, de realizações (sociais) dos outros. A chamada boa sociedade admite méritos de todo o tipo, menos os intelectuais: estes chegam a ser contrabando. Ela obriga-nos a demonstrar uma paciência sem limites com qualquer insensatez, loucura, absurdo, obtusidade. Por outro lado, os méritos pessoais devem mendigar perdão ou ocultar-se, pois a superioridade intelectual, sem interferência nenhuma da vontade, fere pela sua mera existência. Eis porque a sociedade, chamada boa, não tem só a desvantagem de pôr-nos em contacto com homens que não podemos louvar nem amar, mas também a de não permitir que sejamos nós mesmos, tal qual é conveniente à nossa natureza. Antes nos obriga, por conta do uníssono com os demais, a encolhermo-nos ou mesmo a desfigurarmo-nos” (in “Aforismos para a Sabedoria da Vida”).
O ambiente de polémica que se vive na avaliação dos professores não pode ser desbloqueado convenientemente por partes desavindas postas a público em intervenções televisivas em que o coração fala mais alto do que a razão, como aconteceu no programa “Prós & Contras”. Exige uma arbitragem das forças litigantes, por exemplo através de uma comissão a funcionar com plena independência do poder político e de interesses corporativos. E mesmo com capacidade para intervir com bases científicas sólidas em tão melindroso e complexo assunto (vide, in “De Rerum Natura”, de 20 de Fevereiro de 2008, o oportuno e lúcido texto de Helena Damião, “A excelência é rara”). Daqui a pergunta: terá sido solução do problema a criação (tardia) do Conselho Científico para a Avaliação dos Professores, ainda por cima constituído por uma única pessoa: a sua presidente? Não, de forma alguma, tratou-se simplesmente de pôr o carro à frente dos bois!
Como bem refere César Cantú, “a democracia fundada sobre a igualdade absoluta é a mais absoluta tirania”. Sem nos encolhermos ou nos desfigurarmos, há que denunciar uma tirania que iguala desiguais, pondo em causa a própria honorabilidade de uma profissão que vê o seu prestígio atacado pela tutela, afinal a grande responsável pelo descalabro educativo.
“O tempora! o mores!” No reinado de D. José, o Marquês de Pombal manifestou o seu grande apreço pelos professores ao ordenar que no teatro pudessem ocupar os primeiros lugares da plateia que, por norma, se destinavam à nobreza. A actual ministra da Educação arruma-os nas galerias!
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
A Avaliação dos Professores
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12 comentários:
Obviamente que deve de haver avaliação de professores!
Todo aquele que trabalhe para o estado, logo para o interesse da sociedade, deve ser avaliado para ter a certeza que está a desempenhar correctamente as suas funções em prol da sociedade que o sustenta.
Os professores incluidos, mas a lista deveria ser alargada a médicos e outros..
Este braço de ferro vai acabar mal, mal para o ministério porque o fim da ministra é ir para a rua quando a sua imagem cair na lama (mais ainda) e socrates ter que a substituir e mal para os professores porque continua a aumentar a instabilidade da sua carreira e por fim mal sobretudo para o pais porque com estes assuntos não se discute o fundamental que é fazer 1 nova lei de bases da educação com pés e cabeça para finalmente revogar a obsoleta lei de bases de 86.
Obviamente que o elo mais fraco neste duelo são os professores, pois a ministra pode cair mas outro se sentará lá, mas os professores que os há em excesso devido às más politicas de acesso ao ensino superior podem ver os seus lugares ameaçados se se chegar aos extremos.
Contudo se os professores souberem jogar os trunfos pode ser desta que haja união de classe e consigam a tão desejada toda poderosa ordem dos professores (há ordens para tudo, qualquer dia para as mulheres a dias, ordens coorporativas do tempo do fascismo em plena democracia..)
Só o tempo e as circunstancias vão ditar o desfecho mas já se sabe à partida que o perdedor e o prejudicado è sempre o mesmo: Portugal
Verificou-se uma arreliadora troca de letras nas 4.ª e 5.ª linhas do 3.º parágrafo do meu texto. Assim, onde se lê "o acesso ados professores o respectivo", corrijo para "o acesso dos professores ao".
Por outro lado, na 4.ª linha do antepenúltimo parágrafo, verifica-se a repetição de uma mesma palavra: onde aparece escrito "profissão atacada que vê o seu prestígio atacado", emendo para "profissão que vê o seu prestígio atacado".
Aos leitores, as minhas desculpas.
Já está emendado. DRN
Caro Rui,
De acordo no que toca ao efeito das avaliações, mas insisto num problema que se relaciona directamente com as avaliações: porque é que o Ministério da Educação que pretende avaliar professores é o mesmo que suspende exames nacionais que é o melhor instrumento de avaliação que avalia simultaneamente o trabalho do akuno e do professor? Sem exame não tenho qualquer obrigação de cumprir o programa e posso passar por cima de toda a avaliação que me espera enquanto professoe, camuflando-a e obtendo bons resultados. Portanto, o que está em causa na avaliação de professores já não é o Rui refere no seu texto, que é a avaliação propriamente dita, mas o modo como a mesma se processa. Esse sim é que é verdadeiramente questionável e sinceramente estou muito ceptico que venha a produzir resultados. Um outro aspecto: quando insistementemente se refere que os professores devem fazer acções de formação na sua área de ensino, até aí de acordo. O problema também aqui é outro: onde é que vão fazer essas acções de formação? quando? e com quem? e.... já agora.... com que dinheiro? Só por aqui já se antevê que os professores estão impossibilitados de serem avaliados positivamente nalguns pontos da sua avaliação. Imagine agora, Rui, que eu fazia perguntas nos testes aos meus alunos sobre matérias que nem sequer existem??? Significava isso que era impossível chegar ao topo, o que é aldrabice. E quantas aldrabices encontramos no ECD? Este Ministério é infantil.
Rolando Almeida
Não conheço bem os modelos de avaliação e de gestão das escolas pretendidos pelo ministério nem, consequentemente, posso ter uma mínima opinião sobre os seus méritos e deméritos concretos. Mas quis ver o debate no Prós e Contras: por preocupação, que o tema não é de somenos; por curiosidade, que envolvia matérias com que lidei profissionalmente; e também, e se calhar sobretudo, por ter vários amigos que leccionam no ensino secundário, e que de outra coisa não falam, passe o exagero.
Digo aqui aquilo que já disse a estas pessoas que muito estimo: independentemente de boas razões que lhes possam assistir, a imagem que transmitiram naquele debate foi negativa. Estupidamente negativa. Digo-o com mágoa, porque pelo muito e bom trabalho que muitos fazem, melhor mereciam.
Imaginemos uma mãe ou pai, com filhos no ensino secundário, a trabalhar numa empresa onde vigore um qualquer sistema de avaliação de desempenho. Como é que poderão entender que a classe profissional que educa e avalia escolarmente os seus filhos conteste a introdução de um modelo de avaliação ao seu próprio desempenho sem apresentar um único argumento racional em três horas de debate, salvo talvez os prazos apertados de implementação?
Mas mais grave. Que imagem pensam os professores que transmitem quando um seu representante sindical se vangloria de ir conseguir causar problemas financeiros ao ministério a propósito de umas horas extraordinárias por pagar – independentemente do eventual direito que lhes assista ao seu pagamento, coisa não está em causa? Quando, em cada intervenção, mostram ignorar em absoluto aquilo que é um modelo comum de avaliação de desempenho em qualquer organização moderna, empresarial ou não? Quando se declara incompetente – imagine-se! – para avaliar os seus pares – eles que são professores de profissão? Ou quando chega ao ponto da malcriação, como naquele comentário de um jovem professor, dito «muito indignado» – «beba água senhora ministra, beba água»!
Sinceramente, penso que não estão a pensar. Penso que não estão a pensar porque eu tive alguns bons professores, todos tivemos alguns bons professores, sabemos que continuam a existir bons professores, e bons professores não são aquilo. Não são aquela irracionalidade – mesmo levando em conta o excesso de «eduquês» a que alguns são atreitos. Não são intolerantes. Não lhes é próprio aquele quase ódio cego nas palavras que proferem. E, já agora, não se portam como adolescentes retardados choramingando por dá cá aquela palha «a senhora ministra está sempre contra nós», ou coisas que o valham.
Dou toda a razão ao autor deste artigo quando diz que «o ambiente de polémica que se vive na avaliação dos professores não pode ser desbloqueado convenientemente por partes desavindas postas a público em intervenções televisivas em que o coração fala mais alto do que a razão, como aconteceu no programa “Prós & Contras”. » Por certo, o caminho terá de passar por um diálogo mais recatado, com uma arbitragem científica, ponderada e dada como isenta pelas partes. Mas quando calha acontecer um programa destes – a que, ainda que com limitações indiscutíveis, não faltam méritos – é bom que os professores saibam representar-se com dignidade, à altura de uma profissão tão exigente, e (ainda) vista como nobre.
Porque, reitero, estou convencido que muito deles – a maior parte deles! – não é nem merecia aquilo.
Pois é, caro paulu, o problema está perfeitamente explicitado nas primeiras palavras do seu comentário, não conhece a “avaliação” que o ME quer implementar. Todavia, isso não o impede de considerar, à semelhança de outros que também nada sabem sobre esta proposta em concreto, que a sua recusa por parte da esmagadora maioria dos professores se deve ao facto destes não quererem ser avaliados, de quererem continuar com as “progressões automáticas” que tinham anteriormente. Vamos ver se consigo contribuir para algum esclarecimento.
Primeiro, as ditas “progressões” não podem ser entendidas como promoções, uma vez que a transição de escalão remuneratório não alterava em nada o estatuto do professor que, do primeiro ao último dia da sua carreira, mantinha sempre os mesmos direitos e deveres. Tratava-se, tão-somente, de ir aproximando a remuneração auferida de um valor minimamente dignificante, já que os valores dos primeiros 20 anos de carreira não eram (são) de todo compatíveis com o grau de formação e preparação técnica exigido para o exercício da profissão. Assim, a possibilidade de todos poderem chegar ao topo da escala de remunerações (e é só disso que se trata) era a moeda de troca para os salários de terceiro mundo da primeira metade da carreira. Mas essas “progressões remuneratórias” não eram feitas em etapas iguais, estando reservados para os dois últimos escalões (9º e 10º) o maior aumento, correspondendo o vencimento do 10º escalão a um aumento de cerca de 33% em relação ao vencimento do 8º.
Com o único objectivo de poupar dinheiro, foi introduzida uma divisão absolutamente artificial na carreira docente, com a criação da categoria de “professor titular”. Como foram escolhidos? Não através de uma avaliação de competências, como a própria ministra admitiu, mas através de um concurso em que foram atribuídos pontos pelos cargos exercidos, mas só nos últimos 7 anos. Assim, mais do que um processo de escolha dos mais válidos, tratou-se de um simples sorteio, cujos contemplados são agora os responsáveis pela avaliação dos colegas. Como é que essa divisão vai permitir poupar dinheiro? É que só 30% podem aceder à categoria de titular, assim 70% do corpo docente está condenado a, depois de 42 anos de serviço, reformar-se com um vencimento equivalente ao de um sargento da GNR. Nada tenho, obviamente, contra os sargentos da GNR, mas julgo não ser necessário realçar as abissais diferenças nas exigências em termos de formação inicial e ao longo da careira destas duas profissões.
Vamos agora a este modelo de avaliação. A coisa começa logo torta, quando os avaliadores são os tais “sorteados”. Muitos casos haverá em que professores mais experientes, mais competentes ou mesmo de grau académico superior, vão agora ser “avaliados” por quem foi designado como seu superior por decreto. Mas se a criação dessa casta de superiores “decretinos” pode deprimir ou mesmo revoltar, não foi o bastante para sublevar (acreditem, é para aí que se caminha) a classe. O que tem então esta avaliação, capaz de por todo o lado atear labaredas numa classe tradicionalmente tão ignífuga? A constatação de que a sua aplicação, tal como está prevista, desvia a escola do seu principal papel, que é a educação dos jovens, para centrar boa parte das suas energias na avaliação dos seu docentes. Um exemplo: o elemento do conselho executivo responsável pela avaliação tem de efectuar duas reuniões com cada um dos professores da escola para contratualização dos objectivos a serem avaliados, uma para os que são avaliados unicamente pelo c. executivo, a outra, a realizar conjuntamente com o avaliador do grupo disciplinar, para os objectivos a serem por este avaliados. Trata-se de uma fase crucial do processo, já que a definição de objectivos pouco ambiciosos, ou demasiado ambiciosos, pode comprometer logo à partida a classificação, pelo que prever uma duração média de 1 hora por reunião não é irrealista. Numa escola média, com cerca de 100 professores, serão 200 horas de reunião que esperam esse colega, para lá de todo o outro serviço que lhe está atribuído (que inclui actividades lectivas!). Não vejo como poderá dedicar mais do que 3 horas por dia a essa tarefa. Assim, trabalhando que nem um mouro, 5 dias por semana em desgastantes reuniões, precisará de mais de 13 semanas para completar esse processo, sem o qual a avaliação de cada professor não se poderá iniciar. São mais de 3 meses até que o último professor tenha os seus objectivos contratualizados, se até lá o colega do C.E. não acabar internado num hospício… E é só o início do processo!
Alguém pode achar que isto é exequível? Que não vai desviar energias do trabalho que o professor realiza com o aluno e para o aluno para tarefas que só dizem respeito à “carreira” de cada um?
A sublevação dos professores não se deve à defesa de interesses corporativos, que infelizmente a classe nunca mostrou ter capacidade para tal reivindicar, mas sim à constatação de que a posta em prática DESTE processo de avaliação irá conduzir, irremediavelmente, à destruição da razão de ser da sua vocação, a educação dos nossos jovens.
Muito bem Paco! Eu não vou ser sujeita a ESSA avaliação, mas também estou revoltada contra mais esta patranha: Uma pseudo-avaliação que não vai distinguir quem realmente sabe ensinar e o sorteio dos prof. titulares.
Tudo manobras encapotadas para poupar dinheiro: só 30% chegam à tal classe de gestores/titulares e com esta pretensa avaliação vão justificar o despedimento dos excedentários.
Mais valia que chamassem os bois pelos nomes. Revoltava menos!
Gostei do seu texto, mas creio que se desvia de alguns pormenores importantes. Concordo que o igualitarismo é um absurdo potenciador de muitas injustiças. De facto não somos todos iguais, há uns melhores do que outros. Mas o problema deste modelo de avaliação está em não ter critérios minimamente objectivos de discriminação, de hierarquização. Creio que poucos professores estão verdadeiramente contra um sistema que os avalie com algum rigor, agora isso não vai ser conseguido com este modelo, sobretudo porque serão professores, nem sempre os melhores, a avaliar outros professores.
Numa escola há laços de amizade e nós de incompatibilidade que tornarão a avaliação uma bela caça às bruxas.
Caro Armando Quintas:
Julgo poder ressaltar do seu comentário três linhas de força:
1.”Obviamente que deve haver avaliação de professores”! Ambos de acordo. Em minha opinião, os bons professores não gostam certamente de se verem incluídos no mesmo saco com os maus professores. Há que separar o trigo do joio. Serão todos os professores trigo? Serão todos os professores joio? Acho bem que não. Defendo mesmo que não! Como eu disse no meu post, a antiga avaliação ao igualar desiguais era de um injustiça tremenda. Aliás, recrimino igualmente a nova avaliação que passou do 8 ao 80, aliás costume bem nacional. Recordo aqui o post de hoje deste blogue, “Anedotas judaicas”, sobre o conselho que as mães judaicas davam aos filhos durante a última guerra: “Entre 2 caminhos escolhe sempre o terceiro”. “Mutatis mutandi”, entre a antiga avaliação e a nova deve ser escolhida uma terceira que satisfaça critérios de justiça e obedeça a uma metodologia que dê confiança científica.
2. Fala na obsoleta Lei de Bases de 86, que deve ser substituída. Esse o busílis da questão. Passe o paradoxo: ela é obsoleta desde a sua criação. Nasceu sob a pressão dos inúmeros sindicatos e associações de professores que “obrigaram” Roberto Carneiro, então ministro da Educação, a servir de parteiro de tamanho aborto. Ora, quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Este o ponto sensível da questão, e Roberto Carneiro terá que carregar às costas o ónus da sua pusilanimidade, ou mera fraqueza política, em ceder à sua promulgação.
3. “pode ser desta que haja união da classe e consigam a tão desejada poderosa ordem dos professores”. Outra análise com a qual não posso deixar de concordar em absoluto. De há muitos anos (que lhes já perdi a conta) que me tenho batido pela criação da Ordem dos Professores. Como presidente da Mesa da Assembleia Geral do Snpl, tornei-me o rosto mediático dessa vontade, com artigos sem conta nos jornais e com a publicação de um livro “Do Caos à Ordem dos Professores” (Janeiro de 2004). Nesse sentido, presidi a uma comissão de três elementos que elaborou os respectivos estatutos. Posteriormentr, uma petição do Snpl, com 7857 assinaturas, para a criação da Ordem dos Professores, foi discutida na Assembleia da República, não tendo chegado a ser votada. E isto é tanto mais insólito porquanto como diz, e passo a citar, “há ordens para tudo, qualquer dia para as mulheres a dias”. Normalmente, as ordens profissionais existentes, exigiam dos seus associados formação universitária, mas em 98, foi criada a Ordem dos Enfermeiros em que a maioria dos membros eram portadores de cursos médios, apenas. Não pretendo polemizar este facto. Dou de barato que devem ser louvados os enfermeiros que com uma vontade forte criaram um corpo profissional integrado numa associação pública. Mas contesto, veementemente, o facto da Assembleia da República ter permitido a respectiva criação e ser relutante, ou mesmo contrária, à criação de uma Ordem dos Professores maioritariamente formada por licenciados universitários e politécnicos. Dois pesos e duas medidas diferentes? Se outros motivos não houvesse, mas há, o seu oportuno comentário sobre o assunto, merece o meu aplauso, um aplauso vibrante, demorado e com as mãos ambas. Espero que os professores meditem sobre o assunto, sem o receio de que as ordens profissionais se possam substituir às competências sindicais protegidas na própria lei. Aos sindicatos estão cometidas funções de regulação laboral entre o Estado empregador e os professores empregados. Nesse sentido (e só aí), os sindicatos têm um papel muito importante, mas que não pode substituir as funções uma ordem profissional. Acontece que os professores sindicalizados (qual a sua percentagem? seria interessante possuir dados fiáveis nesse sentido!) estão pulverizados por inúmeros sindicatos cada um deles de facções políticas diferentes e em defesa de clientelas muito diversificadas nas suas formações académicas. Por esse facto, fazem ouvir as suas vozes desafinadas a defenderem interesses inconciliáveis muitas vezes. Finalmente o movimento de professores que se reuniu recentemente nas Caldas da Rainha , veio provar a necessidade de um “corpus” profissional que perspective a função docente num óptica que transcenda meras fronteiras sindicais.
Caro Rolando:
Em várias alturas, escrevi, sem sombra de lisonja que não está na minha maneira de ser, que os comentários, se feitos com honestidade e o desejo de ajudar a pensar coisas que nos escapam nos nossos post’s (ou não cabem no restrito espaço de escrita), valorizam de sobremaneira a temática em discussão. Mais uma vez, e com agrado, o confirmo agora eu que li com muito agrado (e comentei) o seu post, “Por que não conhecemos a dimensão do universo?”
No seu lúcido comentário põe o dedo na ferida quando discorda, julgo que com amargura, do facto de o ministério da Educação “que pretende avaliar professores é o mesmo que suspende exames nacionais que é o melhor instrumento de avaliação que avalia simultaneamente o trabalho do aluno e do professor” Também eu tenho criticado publicamente, de há muitos anos para cá, a falta dos exames. Por ter mais à mão, transcrevo um pequeno excerto de um meu artigo de opinião, publicado no “Público” (5.Set.2005), e mais tarde fazendo parte do meu livro “’O Leito de Procusta’ – crónicas sobre o sistema educativo” (Outubro de 2005) em que falo dos exames desde o ensino básico ao acesso à Universidade. Para não me alongar, e porque é dos exames do ensino não universitário que estamos a falar, só a estes me refiro aqui:
“O caminho demasiado plano dos três ciclos do ensino básico (pese embora a recente e tímida medida da criação de exames no fim do último ciclo, logo contestada!) faz com que os respectivos alunos circulem ‘sem queimarem as pestanas’ em auto-estradas sem paragens e a toda a velocidade. Deparando-se, de repente, com a primeira portagem a pagar para a passagem de anos no exigente ensino secundário (ao menos, valha-nos isso!), levando as mão às algibeiras verificam ter os bolsos vazios ou cheios de cotão”.
Aqui chegados, deparamo-nos com a desculpa, mil vezes repetida, e mais uma vez nos “Prós & Contras”, do passado dia 25, de as classificações dadas pelos professores aos alunos poderem serem inflacionadas para terem uma boa informação de serviço. Aparentemente, e numa análise tendenciosa, assim pode acontecer se não forem tomadas medidas simples para a tanto obstar: 1. haver exames (a sério, claro está!) no fim de cada ciclo de estudos: 1.º, 2.º e 3.º ciclos do básico e do ensino secundário; 2. serem distribuídas as mesmas turmas a um mesmo professor que acompanhará os alunos desde o início do respectivo ciclo até ao seu final. Suponhamos, por hipótese, que um professor vai distribuindo, numa espécie de bodo aos pobres, ou presentes de Natal, convencido que isso o vai beneficiar na sua classificação de serviço, notas de 17, 18 valores ou até mais altas. Chega a altura do exame e esses “einsteinzinhos” só têm notas muito baixas ou mesmo negativas. Como poderá ele explicar a inflação das notas finais de ano dos seus alunos? E qual o critério a seguir na avaliação dos professores: as notas dos alunos obtidas em provas internas ou aquelas alcançadas nos exames?
Quanto à abordagem que o Rolando faz sobre as acções de formação, entendo que elas deveriam ser feitas no estabelecimento de ensino que deu a formação inicial aos professores (ensinos universitário ou politécnico ) pois devem incidir no aperfeiçoamento e actualização (como disse o Poeta, “tudo na vida é mudança”) das matérias dadas durante as respectivas licenciaturas. E, como disse no meu post, serem motivo de avaliação e não de simples presença onde se encontram antigos colegas e se confraterniza com eles. Seria esta uma forma de manter o contacto dos professores com a Casa Mãe que os formou e, assim, evitar que inúmeras escolas do ensino superior de formação de professores sejam obrigadas a fechar por falta de alunos. Como vê, meu Caro Rolando, o seu comentário levantou uma mole enorme de problemas para cuja solução poderemos até não estar em completo acordo. O que é salutar, pois ninguém é senhor da Verdade. Com os meus argumentos (ou as minhas “verdades”!), quis corresponder à frontalidade dos seus argumentos ajudando a uma discussão que tem atravessado os séculos e por eles continuará adiante! Mesmo que o ECD deixe de ser, como diz, uma aldrabice.
A terminar, mais diz que “este ministério é infantil”. Concordo, em absoluto. Só acrescentaria: a infância é um estado da vida que antecede a adolescência e a adultícia, mas este ministério não quer ou não pode passar de um estado de permanente infância que não lhe permite caminhar com passos seguros rumo ao futuro. Só gatinha ou mesmo se espoja no chão, e daí não passa!
Meu Caro Rolando: Um abraço com a amizade, ainda que recente, que julgo ter-se criado entre nós, através dos nossos post’s e respectivos comentários.
P.S.: Com as minhas desculpas, devido ao adiantado da hora, os meus comentários a outros comentários reservo-os para outra altura.
Só mesmo o Ministério é que não sabe quem são os BONS (realmente bons!) professores e os MAUS (que os há!)Sé mesmo o Ministério é que necessita de um processo altamente sofisticado (!!) para ter este conhecimento; ainda mais quando esse processo apenas permite tal conhecimento (!) escola a escola e não num ranking do país! Quem não sabe, em cada escola(!) quem são os bons, os maus, os assim assim e os excelentes?! Sabem-no os professores, os alunos, os pais...Todos menos o Ministéro!
E nem se preocupa em saber!!!
O que o Ministério (Governo) quer é POUPAR: o que pretende é que não ganhem todos o mesmo, quer lá ele saber se quem fica apatinar o resto da vida sem chegar ao topo é dos melhores?!!Claro que dá o bom tom e propala que é a bem do ensino, que é seleccionando os melhores professores e proporcionando-lhes o almejado mérito!
NUNCA vi nada tão FALSO! tão DEMAGÓGICO.
É necessário seleccionar, mostrar de forma mais explicita quem são os bons, os maus, os assim assim e os excelentes?! Não é decerto por este processo! (não o foi com as acções de formação pelas mesmas razões) e sabem porquê? porque como diz um texto citado no post :"(...)os méritos pessoais devem mendigar perdão ou ocultar-se, pois a superioridade intelectual, sem interferência nenhuma da vontade, fere pela sua mera existência." É isto que emperra tudo: o sermos governados por gente que tem pavor do bom quanto mais da excelência!
Este processo satisfaz quem? os medíocres! Esses não estão minimamente preocupados. Preocupados eu vejo os excelentes, olhando para o terreno e perguntando : "como vou dizer àquele que não presta! com que ferramentas objectivas?!" e trabalham a sério para tornar esta barafunda com algum mérito, ao menos para fazerem o seu melhor. Os demais : aguardam, plácidos porque eles sabem avaliar com qualquer instrumento!!!
Como estão em avaliadores professores menos bons?! primeiro porque existem, segundo porque houve um concurso, que há tendência a ser esquececido! A primeira fase deste processo de avaliação! concurso para titulares que tem por objectivo criar um conjunto de professores com mérito que sustentem o processo seguinte de avaliação. Concurso que é só por si razão suficiente para propor a suspensão deste processo. Ele foi o primeiro passo de descrédito e de falsidade: há bons emesmo excelentes professores que ficaram preteridos, há muitos menos bons (diria mesmo maus) que estão!
A bagunça estava armada muito antes de se saber se havia Conselho... ou grelhas, ou decisões nas escolas sobre os critérios para o MB ou o excelente (sim, porque bons são todos!!)
Ser avaliado por alguém que é tido como um mau professor, que se conhece de há anos...
Avaliar alguém que sabemos ser um mau professor...
mas que quer a ministra com isto?
sque um seja avaliado com bom porque as regras são bem aplicadas no seu departamento, e outro,na escola ao lado(ou em outro departamento) o seja com muito bom (ou mesmo bom) sem mais mérito que o compadrio... ou na leva do não querer chatices
não! não me digam que este é o problema de qualquer avaliação! Não é!!
pode obviar-se muita coisa, controlar muitas variáveis, encontrar um sistema mais independente
A pressa esconde intenções outras do que a preocupação com os professores ou o ensino em geral.
grata
Caro Rui, Somente agora li a sua resposta que agradeço e espero continuar a ler os seus posts.
Um abraço
Rolando A
Caro Paulu:
Tem todo o direito em ter a sua opinião, para mais se expressa no tom cordato e calmo como a defendeu. O mal da divergência de opiniões nasce da intransigência de certas pessoas em só aceitarem pacificamente a opinião dos outros quando concordantes com a sua. Esquecem-se que toda a opinião gera uma contrária numa sociedade que não marche com o passo certo e na mesma direcção ao som de um único tambor que marca a cadência. A isto, chama-se Democracia.
Caro Paco:
Durante a carreira docente os direitos dos professores não foram sempre os mesmos. Esses direitos passaram pela diminuição da carga horária e, em termos salariais, iam evoluindo com a progressão na carreira. Quanto aos deveres, assim era na carreira docente antiga. E felizmente assim era entre os professores cumpridores e entusiastas em que o decurso dos anos lhes não fazia diminuir o vigor do entusiasmo da juventude que lhes corria nas veias. E continuava a correr!
Sem me arrogar a ler o pensamento dos autores dos diversos comentários, atrevo-me a pensar que todos eles são concordantes que a avaliação dos professores é absolutamente necessária. Defender o contrário, será passar para o lado da barricada dos medíocres a quem qualquer forma de avaliação apavora. Escamoteando, com isso, a mediocridade.
Julgo que também concordará que o antigo estatuto da carreira docente favorecia muita gente com menor habilitação académica que se reformou com menos idade e com menos anos de serviço. Para além disso, os professores licenciados, aquando da sua passagem para a nova carreira - na altura encontravam-se no topo da carreira a que correspondia a letra A (correspondendo as letras B e C, respectivamente aos bacharéis e aos professores sem habilitação superior) -, foram “despromovidos” descendo para o 8.º escalão de uma carreira em que o topo se passou a situar no 10.º escalão .
Onde estavam nessa altura os sindicatos dos professores? Saíram à rua? Não! Ficaram mudos e quedos, quiçá, por a maioria dos seus dirigentes e associados beneficiarem de favores injustos para cuja alcance, muitas vezes, em benefício próprio tinham contribuído com enorme afã..
Quanto à avaliação dos professores, também ela, não primava então por um padrão de qualidade. Mesmo no ensino secundário, chegou a haver na presidência dos conselhos directivos (mais tarde executivos) docentes apenas habilitados com cursos do ensino técnico a avaliar professores licenciados. E isto porquê? Porque a lei apenas estipulava que a tutela dos conselhos directivos tivesse como exigência, tão-só, ser-se professor efectivo (mais tarde, de nomeação definitiva). Ou seja sem haver como condição “sine qua non” uma licenciatura como seria hierarquicamente de toda a justiça.
Para Camus: “O absurdo, tal como a dúvida metódica, fez tábua rasa do passado. Deixou-nos num beco sem saída. Mas tal como a dúvida, pode, mudando de atitude, orientar uma nova busca”. A minha intenção de voltar ao passado não teve como “leitmotiv” remexer em águas estagnadas. Unicamente orientar uma nova busca de um critério justo, coerente e duradouro na avaliação dos professores.
Que fique bem claro: não encontrei justiça e coerência na antiga avaliação dos professores, e muito menos nesta que tanta revolta tem provocado. A rebelião a que se assiste, é a argamassa que junta os professores numa luta comum contra o novo modelo de avaliação e em que as poucas divergências existentes mais não são que maneiras de ver um mesmo problema de forma diferente. Esta uma riqueza a não desperdiçar: a monotonia de opiniões iguais não serve de elã para um combate que se avizinha e que promete ser duro. Muito duro, mesmo!
Cara Homoclinica:
Parabeniza o Paço com a isenção de quem não vai ser sujeita a essa avaliação que considera de patranha. Esse um mérito da sua intervenção. Demais, toca num ponto importante. O facto de se estabeleceram quotas para o acesso a professor titular tem a perversidade de se poder dar o caso de numa escola se preencherem esses 30% com professores que não satisfazem os parâmetros de uma avaliação de excelência que justifique, nem de perto, nem de longe, essa situação. Contrariamente, numa outra escola, com uma percentagem superior de professores excepcionais pode dar-se o caso de ficarem de fora muitos deles.
Agora, a mensagem de optimismo que é difícil (ou mesmo impossível) de fazer passar para a opinião pública é a de que as nossas escolas, todas elas, só têm professores excepcionais.
Todavia, julgo que a maioria da população portuguesa estará de acordo com Bernardino Machado: “Um mau governo não pode dar senão uma má educação”. Ontem como hoje!
Caro Dionísio:
O seu comentário foi uma ajuda preciosa para o princípio que defendo de que igualar desiguais provoca desconforto nos bons professores e cria, até, um certo incómodo (utilizando um eufemismo) nos “menos bons professores”.
Refere, certamente, num saber de experiência pessoal ou, apenas, no que viu passar-se à sua volta, que “numa escola há laços de amizade e nós de incompatibilidade que tornarão a avaliação uma bela caça às bruxas”. Apenas uma rectificação (e não tão pequena como isso) no tempo do verbo: “tornarão”? Julgo que a forma correcta é "tornaram". Este factores de que fala verificavam-se, outrossim, no antigo processo de avaliação. Eram, e serão, pecados (ou simples pecadilhos) difíceis de erradicar entre pessoas que comungam de uma ambiência profissional diária.
Somente uma grelha de avaliação bem estruturada e avaliadores probos poderão cumprir a contento tão espinhosa missão, sob a condição de lhes serem ministrados conhecimentos científicos adequados em métodos que tenham provado a sua validade. Bem sabemos todos, que o óptimo é inimigo do bom. Exija-se, portanto, apenas bons e competentes avaliadores.
Caro Mcorreia:
Mesmo que o ministério
não saiba (ou não queira saber, o que é ainda mais grave) quam são os bons professores, todos os que estamos ou estivemos envolvidos no meio escolar, quer como alunos, quer como docentes, somos capazes de apontar a dedo os bons e os maus professores, com uma margem de erro mínima. Qual o antigo aluno que, em reminiscência dos seus tempos de escola, não é capaz de elencar os professores que o marcaram pela positiva ou pela negativa?
Mas nisto da avaliação oficial dos professores julgo que se aplica a angústia de Santo Agostinho: “Se me não perguntam o que é o tempo, eu sei o que é o tempo; mas se perguntam o que é o tempo, então eu não sei o que é o tempo”.
Igualmente, se não me perguntam o que é uma boa avaliação dos professores, eu sei o que é uma boa avaliação; mas se me perguntam o que é uma boa avaliação, então eu não sei o que é uma boa avaliação”. Aliás, nem essa ignorância por mim assumida parcialmente me preocupa muito.
Para dizerem como se processa uma boa avaliação (embora com o imponderável de não haver bela sem senão) nada como consultar os especialistas sobre o assunto. Especialistas independentes, com isenção e com idoneidade suficiente para não dizerem ao ministério da Educação aquilo que ele quer ouvir. Ou aquilo que lhe dê jeito ouvir em desculpabilização dos erros que tem cometido nesta tão importante questão para um ensino de qualidade que só é possível com professores de qualidade que libertem Portugal do lugar de lanterna vermelha dos países da Comunidade Europeia quando confrontado com os níveis alcançados pelos seus parceiros neste importante sector da vida nacional.
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