sábado, 2 de fevereiro de 2008
A ministra criacionista
Maria Osmarina Marina Silva de Sousa Vaz de Lima, mais conhecida por Marina Silva, é a ministra do Meio Ambiente do país cujo acordo ortográfico com Portugal se discute no De Rerum Natura. Marina Silva é igualmente missionária da igreja adventista Assembleia de Deus desde 2004 e, na altura em que a análise dos últimos dados por satélite revelou uma aceleração no ritmo de destruição da Amazónia, revelou que os problemas ambientais com que o mundo se debate se devem ao facto de a humanidade, nomeadamente os que professam as restantes confissões cristãs, não a emularem na leitura da Bíblia como um manual de ecologia.
Segundo a revista Época, certamente para a auxiliar na interpretação ecológica da Bíblia, «Na gestão de Marina, ela contratou o pastor Roberto Firmo Vieira, da Assembléia de Deus, como consultor do ministério, por intermédio de um contrato mantido com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Segundo o site Eco, Vieira usa a estrutura do ministério para cultos, alguns com a presença da ministra».
Claro que o pequeno pormenor de o Brasil ser, supostamente, um estado laico é um detalhe de somenos importância face ao desvio brasileiro em relação às prescrições ecológicas «muito detalhadas» da Bíblia que recomenda, como recordou a ministra, «não matar a ave que está no ninho com filhote» e «não destruir a floresta» quando se destrói a cidade (e respectivos habitantes) que circunda.
A ministra fez tão iluminadas afirmações no Centro Universitário Adventista de São Paulo ao vivo e a cores (e com direito a webcast) no 3º Simpósio Criacionismo e Mídia em que defendeu a inclusão nos curricula brasileiros de ciência do criacionismo - versão terra jovem, fiel à «visão» da criadora da seita (sem sentido pejorativo, claro) a que pertence, Ellen Gould White, e traduzida em livro pelo autodidacta George McCready Price.
Na Folha de São Paulo, Sandro de Souza, director do Laboratório de Biologia Computacional do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, em São Paulo, refere em relação ao fortalecimento das investidas criacionistas neste país, despoletadas essencialmente por grupos evangélicos, que «Apesar de esses grupos estarem se fortalecendo politicamente no Brasil, principalmente representados pelos evangélicos, sua influência também deve ser creditada ao vácuo gerado pela falta de um debate consistente sobre as limitações do criacionismo como ciência, cuja iniciativa deveria partir da comunidade científica brasileira. Assumir esta responsabilidade é particularmente crítico em um país como o Brasil, onde algo como o debate criacionismo X evolucionismo pode ser visto como supérfluo em face aos outros problemas no nosso sistema educacional».
Espero que Sandro de Souza não considere abusiva a minha firme convicção de que a responsabilidade que assaca à comunidade científica brasileira deve ser estendida a toda a comunidade científica em geral e à de língua portuguesa em particular - não obstante as diferentes grafias que para alguns são impeditivas da livre circulação de ideias escritas nos dois lados do Atlântico. Na realidade, sabendo que muitos brasileiros, que são neste momento quase um quarto dos nossos leitores, acedem ao De Rerum Natura, especialmente a posts sobre criacionismo, diria que mesmo sem uniformização na utilização de acentos ou de consoantes mudas, cumprimos e cumpriremos a nossa responsabilidade nesta matéria, por muito que tal assunção desagrade a alguns dos nossos leitores.
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10 comentários:
Clap, clap, clap
Não é só no Brasil que a comunidade científica tem responsabilidades em desmascarar a patetadada criacionista.
Portugal não escapa, basta ver que o ilustre Opus Dei Mota Amaral se opôs à tal resolução que desaconselhava a inclusão do criacionismo nos currículos científicos.
E é só ir às caixas de comentários de posts sem nada a ver, como na recensão do livro "Empires of the Word: A Language History of the World" para ver o Jónatas em pele de perspectiva na sua cruzada criacionista completamente imbecilóide.
Nem o demónio de Morton, só fanatismo em alto graus, justifica escrever tolices como:
As linguas foram programadas no ser humano pelo Criador, tendo-se diversificado a partir de Babel, na antiga Suméria. Génesis tem a resposta.
«sua influência [dos criacionistas brasileiros] também deve ser creditada ao vácuo gerado pela falta de um debate consistente sobre as limitações do criacionismo como ciência, cuja iniciativa deveria partir da comunidade científica»
Discordo. Acho que a iniciativa não deve partir da comunidade científica. Tal coloca (aparentemente, mas no caso são as aparências que interessam) os dois lados em pé de igualdade, e isso é um enorme tiro no pé.
Prefiro que se espere pela primeira atoarda criacionista para responder de forma demolidora com argumentos insofismáveis, se possível apenas depois duma gargalhada incontida.
Não podemos levar a sério o criacionismo. Se o fizermos damos-lhe credibilidade e dá-se a aparência do debate ser apenas mais uma contenda entre barricadas opostas, das quais o observador deve simplesmente escolher uma.
Pal,
Pela primeira vez subscrevo na íntegra a abordagem ao tema, e faço questão de partilhar consigo este momento de rara beleza.
Gostava de lembrar que tem sido relativamente fácil confundir a incompetência sistemática de diversos governos na aplicação da política para a Amazónia (confundir, dizia eu) com as batatinhas criacionistas de uma ministra em particular. A comunidade científica pode e deve pressionar os governos, não as batatinhas.
A povo brasileiro não tem nem educação básica, que dirá preocupações com a real origem da vida.
Caro vasco Figueira:
Essa já é uma guerra velha aqui no DRN, logo nos primeiros posts a propósito de um "debate" na FCUL.
Não há qualquer mérito num pseudo-debate evolucionismo-criacionismo (em qualquer das suas versões) muito menos existe mérito em debater o ensino paralelo do evolucionismo e da IDiotia em aulas de ciência. A IDiotia simplesmente não é ciência! Dados o populismo, demagogia e desonestidade intelectual de todos os criacionismos urge apenas desmascarar os respectivos dislates.
Guerras da evolução chegam a Portugal
Neo-criacionismo ou IDiotia
Uma das coisas que mais espanto me causa, em toda esta questão do Criacionismo, ou Design Inteligente, é o facto de esta se basear no conceito da Complexidade Irredutível, para nos propor a ideia de uma intencionalidade objectiva na concepção da vida.
Eu pergunto...qual complexidade irredutível?
Será que em algum momento se pára para questionar se esta "complexidade" não será apenas derivada da nossa limitação cognitiva?
A relatividade do complexo e do simples assenta apenas na nossa capacidade de entendimento e apreensão dos factos e da realidade.
Se colocarmos dois indivíduos face a um desses testes compostos por matrizes que seguem um determinado padrão é certo que, se os seus níveis de inteligência forem distintos, um conseguirá ver e seguir a lógica implícita no que lhe é mostrado, enquanto que o outro se sentirá completamente perdido e cego face ao mesmo. É bem provável que este segundo considere, como resultado da não aceitação das suas limitações, que tais matrizes não têm solução e que esta só poderá ser explicada e compreendida para um qualquer Ser, que estando tão acima de si, tem de obrigatoriamente ser divino.
Mas.. mesmo que se provasse, categoricamente, que todo o cosmos e a vida que ele encerra, tinham sido criados intencionalmente. Em que ponto este facto é incompatível com a evolução da "experiência"?
Quantos, ao longo da história, não criaram as condições iniciais para depois se maravilharem com a evolução da sua criação?
Naturalmente que o Evolucionismo não explica tudo. Existem gaps que necessitam de resposta mas, por isso mesmo, se trata de uma teoria e não de um dogma.
Já alguém falou no dogma da evolução?
Não me parece.
Eu estou a falar para os que são apoiantes da existência de um eventual "arquitecto" no acto da criação. Estas palavras não fazem sentido para os que baseiam as suas respostas num livro ao qual apenas têm aceso porque, um herege como nós, o resolveu traduzir. Mas antes de o lerem deviam ter aprendido as figuras de estilo básicas, principalmente a...metáfora.
Para esses, para os que empunham a Bíblia como resposta para todas as questões meta_e_físicas, eu tenho algo diferente a dizer.
Hereges!!!
Como se atrevem a falar de Criação???
Então os senhores acreditam num Deus omnipresente, omnisciente e principalmente...OMNIPOTENTE e estão-me a dizer que este ser perfeito apenas foi capaz de criar imperfeição???
Onde está o seu poder se foi incapaz de criar a própria perfeição??
e não me digam que Ele criou a perfeição porque se assim for direi..
Hereges^2!!!
Estão querer dizer que "nós" somos ...deuses??? Que tudo o que foi criado está ao nível do divino criador? Se assim é...onde está a sua...divindade?
Bom...e que tal, se querem ter alguma lógica no vosso raciocínio, em vez de criação usassem....emanação?
Vão lá ver o que quer dizer. Assim não meteriam tantas vezes a pata na poça.
Sinceramente você deveriam mandar esses comentários criacionistas pro espaço. Bando de criacionista chato.
Quanto a língua escrita no Brasil e em Portugal: sou brasileiro e entendo sem problemas o que vocês escrevem aqui no blog, tenho vários livros da Gradiva (entre outras) e também os leio sem problemas. Esse acordo ortográfico é uma grande balela.
Esse comentário criacionista mostra toda força de seus argumentos. Nenhuma. O Criacionismo é tão absurdo que só podem gritar e dizer que Deus vai castigar os que conhecem a verdade científica da evolução, fato tão certo quanto a Terra girar ao redor do Sol.Tá bom, vamos falar do criacionismo em sala de aula, qual versão? Judaico-cristã? Hindú? Apache? Xavante? Mitológica da Grácia Antiga? Mitológica dos Celtas? Todos esses povos tem suas lendas de criação, e o Deus crostão aparece só em uma. Por que vc acha que é a certa? Ao contrário, a Evolução é a visão cinetífica para o caso, e deve ser a ensinada nos bamcos escolares. As versões mitológicas que fiquem por conta das religiões.
Este criacionista aqui defende que justamente os motores evolutivos provam o criacionismo terra jovem.... gostaria que os seletos presentes refutassem suas ideias , obrigado! https://posgenomica.wordpress.com/2021/01/05/a-teoria-do-empobrecimento-genetico-evolutivo-como-proposta-para-reforma-da-teoria-da-evolucao/
Este grande cientista alemão neste artigo estabelece a relação entre o padrão fóssil de surgimento de "templates" fósseis prontos e a complexidade irredutível http://www.sensortime.com/loennig-dygmosoic-e.htm
Aqui temos uma lista gigante[1] de cientistas protestando contra o evolucionismo e centenas de publicações defendendo criacionismo e Design Inteligente
[1] https://posgenomica.wordpress.com/2021/06/25/milhares-de-grandes-cientistas-assinam-lista-de-protesto-contra-o-poderio-imperial-do-darwinismo-na-academia/
[2]https://posgenomica.wordpress.com/2020/07/25/lista-de-artigos-cientificos-do-design-inteligente-e-criacionistas-em-revistas-indexadas/
https://posgenomica.wordpress.com/2021/01/05/a-teoria-do-empobrecimento-genetico-evolutivo-como-proposta-para-reforma-da-teoria-da-evolucao/
A ciência está em constante mudança e creio que já passou da hora de continuarmos acreditando feito crianças que o DNA surgiu de sopa primordial e esta terra super organizada de trombadas no espaço . Já somos bem crescidinhos pra acreditar nisso não acham?
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