sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Rómulo de Carvalho dá nome a Centro Ciência Viva
Notícia de Patrícia Almeida saída hoje saída hoje no jornal "As Beiras" (na foto Rómulo de Carvalho por António Gedeão, que além de poeta era artista gráfico):
O Centro “Rómulo de Carvalho”, que vai entrar em funcionamento em 2008 no edifício do Departamento de Física da Universidade de Coimbra (UC), foi apresentado ontem. “Despertar o interesse dos jovens para a ciência” é o objectivo.
A partir do início do próximo ano, a UC vai dispor de um centro de divulgação científica. Numa forma de homenagear aquele que “foi um extraordinário professor de Físico-Químicas e o principal símbolo da cultura científica”, a Universidade de Coimbra decidiu atribuir o nome de Rómulo de Carvalho ao novo Centro Ciência Viva.
Dinamizado pelo Instituto de Investigação Interdisciplinar, o equipamento – que ficará instalado no Departamento de Física da UC – foi apresentado ontem, no Anfiteatro do Museu da Ciência, numa sessão que contou com a presença da viúva do homenageado, Natália Nunes, e do seu filho, Frederico Carvalho.
A apresentação do centro decorreu, como lembrou Manuel Fiolhais, presidente do Instituto de Investigação Interdisciplinar, na Semana Nacional da Ciência e Tecnologia. Mas aconteceu também na semana em que se assinala o aniversário de Rómulo de Carvalho, (amanhã, dia 24), data escolhida para ser o Dia Nacional da Cultura Científica. Por isso – frisou –, o nome do novo centro de Ciência Viva “justifica-se plenamente”.
“Um espaço interactivo onde os jovens poderão, de forma lúdica e não só, descobrir a ciência e desvendar alguns dos seus mistérios” é o objectivo deste projecto. Vai dispor de “oito postos de trabalho com computadores de última geração” e “de um espaço para receber uma turma ou grupos de jovens”. No novo centro passará também a funcionar o portal “Mocho”, que deixa de ser gerido pelo Centro de Física Computacional, e a biblioteca Rómulo de Carvalho, do Departamento de Física, que disporá de cerca de cinco mil títulos, em livro, vídeo ou CD.
Nascido em Lisboa, a 24 de Novembro de 1906, Rótulo de Carvalho fez o curso de Físico - Químicas na Faculdade de Ciências do Porto e foi depois professor do ensino secundário nos liceus D. João III e Pedro Nunes. Personalidade única no campo da divulgação científica em Portugal, teve um papel fundamental na fixação da história do Gabinete de Física do século XVIII.
Ontem, o físico Carlos Fiolhais lembrou que foram as leituras extra - curriculares, como os livros de Rómulo de Carvalho, que lhe despertaram a curiosidade de estudar os núcleos atómicos e os electrões.
Rómulo de Carvalho – ou António Gedeão, o seu pseudónimo literário –, só tardiamente publicou o seu primeiro livro de poesia, mas alguns poemas atingiram grande notoriedade, nomeadamente “Pedra Filosofal”, “Calçada de Carriche” ou “Lágrima de Preta". Este último, aliás, foi recordado ontem: “Encontrei uma preta, que estava a chorar. Pedi-lhe uma lágrima para a analisar; (...) Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes deu-me o que é costume: nem sinais de negro, nem vestígios de ódio. Água (quase tudo)... e cloreto de sódio”. O químico João Paiva, a quem coube apresentar o projecto nos seus aspectos funcionais, lembrou que é este, precisamente, o propósito do Centro de Ciência Viva: “o de não discriminar”. “Todas as pessoas que choram água e cloreto de sódio são convidadas a conhecer este centro”, frisou. O convite está feito.
Uma rua com o nome do poeta
Frederico de Carvalho, filho de Rómulo de Carvalho, manifestou ontem o desejo de ver na topomínia da cidade o nome do seu pai. Durante a sua intervenção, lembrou que os anos que Rómulo de Carvalho passou em Coimbra “foram anos inspirados e profícuos, que deixaram uma marca na cidade que ainda hoje perdura”. Por isso, fez votos para que o presidente da Câmara Municipal venha, dentro em breve, a conceder-lhe esse desejo, que é, também, “um acto de justiça” ao professor de Ciências Físico-Químicas e poeta.
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