quinta-feira, 22 de novembro de 2007

250 anos de William Blake


Informação recebida do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), Coimbra, que está a comemorar os 250 anos de William Blake (na figura, "Jerusalém" do artista inglês):

Com um ciclo de programação/produção interdisciplinar dedicado a William Blake, o TAGV tem como objectivo celebrar e dar a conhecer um dos grandes artistas da humanidade.

O pretexto está, naturalmente, na passagem dos 250 anos sobre o nascimento de William Blake, mas a motivação do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) para promover todo um ciclo interdisciplinar à volta do autor inglês está, sobretudo, na intenção de "celebrar e dar a conhecer de forma alargada a obra de um dos grandes artistas da humanidade". Isto mesmo ficou claro, ontem, numa conferência de imprensa em que Manuel Portela – ele mesmo um dos estudiosos portugueses de referência da obra de Blake, sobretudo na área da tradução –, se fez acompanhar por José Geraldo, da Associação Camaleão, e Mário Montenegro, da Marionet, duas entidades chamadas à produção de duas obras a partir de Blake nas áreas do teatro/música e do teatro/multimédia.

A integrar exposições, música, multimédia, teatro, cinema, debates e rádio, o ciclo "Blake no TAGV", com concepção e programação de Manuel Portela, director da sala da Universidade de Coimbra, tem início agendado para o próximo dia 6 de Novembro, com a abertura das mostras "7 visões de William Blake", que integra a participação de Pedro Pousada, Armando Azevedo, António Olaio, Emanuel Brás, Teresa Amaral, Gilberto Reis e o Atelier do Corvo; e "William Blake: Livros Iluminados", uma videoprojecção integral das páginas de 16 livros iluminados (1788 – 1820) do autor inglês, com uma obra extraordinária ("visionária" e "vanguardista" em muitos aspectos) nas áreas da gravação, da pintura e da poesia.

De acordo com Manuel Portela, com o ciclo "Blake no TAGV", o Teatro Académico de Gil Vicente pretende celebrar e dar a conhecer de forma alargada a obra de um dos grandes artistas da humanidade, no ano em que se completam 250 anos sobre o seu nascimento.

Chamando a atenção para a colaboração da Rádio Universidade de Coimbra – para lá de todas as restantes – que fará ao longo de todo o ciclo a montagem e difusão de um conjunto de gravações, constituídas por traduções de poemas de William Blake e por composições musicais baseadas na sua obra, o responsável pelo TAGV, não deixou de salientar que, enquanto produção própria e exclusiva, "Blake no TAGV" representa também "um modelo de relação dialéctica entre criação e programação" que tem sido uma aposta da sala na medida do que tem sido possível com a sua realidade financeira.

Combinando várias disciplinas artísticas, o ciclo integra a estreia de duas co-produções do TAGV: "Uma Ilha na Lua", pela Camaleão, com a Orquestra Clássica do Centro, e "As Portas da Percepção", pela Marionet, cujos responsáveis – José Geraldo e Mário Montenegro – deixaram ao público a promessa de duas produções que constituem um grande "desafio".

Para Manuel Portela, no seu conjunto, a obra de William Blake "constitui uma verdadeira cosmogonia, que reescreve e recombina diferentes mitos da criação". Ao escrever, desenhar, gravar, imprimir, pintar e publicar, diz ainda o académico e director do TAGV, "William Blake tomou nas suas mãos todo o potencial simbólico do livro como máquina de criação e chamou a si o controlo do modo de produção tipográfico, num momento em que se acentuava a divisão do trabalho e se anunciava já a industrialização da imprensa". Mas, aos livros iluminados de Blake – o mesmo autor que inspirou o nome de uma das bandas rock mais emblemáticas do século XX, The Doors –, juntam-se ainda centenas de pinturas, desenhos e gravuras. Nos últimos 10 anos, acrescenta ainda Manuel Portela, a digitalização da sua obra tem construído "um espaço de leitura que permite olhar de forma renovada para a materialidade icónica do seu traço visionário, restituindo a integridade visual e literária dos originais".

Lídia Pereira, As Beiras [31 Outubro 2007]

2 comentários:

Fernando Dias disse...

Tradução livre:

Ver o universo num grão de areia
e o paraíso numa flor selvagem
conter o infinito na palma da mão
e a eternidade numa hora

William Blake

Mário Montenegro disse...

Bom dia!

A este propósito, aqueles que quiserem ver/ler mais informações sobre o espectáculo "As Portas da Percepção", que estreia amanhã no TAGV, poderão dar um salto à página da MARIONET - http://www.marioneteatro.com

Cumprimentos a todos.

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