terça-feira, 20 de novembro de 2007

Deus, religião e argumentos I

O actual (não) debate provocado pelo criacionismo e pelo criacionismo reformado, o Design Inteligente, poderá dar a ideia falsa de que o único argumento a favor da existência de Deus é o argumento do desígnio. (Digo que é um não-debate porque na realidade trata-se única e exclusivamente de um combate, e não de um debate — é um combate político e social, e não um debate no âmbito das ideias; por outras palavras, trata-se apenas de uma investida política de tendência teocrática, que procura inverter o modo de vida das sociedades liberais actuais.) Dawkins, por exemplo, parece considerar que todos os argumentos a favor da existência de Deus são fantasias de retórica, excepto o argumento do desígnio. Esta é uma perspectiva comum, mas não é menos falsa por isso. Vejamos, pois, brevemente, que tipos de argumentos sobre a existência de Deus são hoje em dia discutidos na bibliografia filosófica especializada.

O argumento do desígnio

O argumento do desígnio é um argumento por analogia. Como todos os argumentos por analogia, baseia-se na analogia entre duas coisas, neste caso entre o universo como um todo e um artefacto. Uma versão do argumento é a seguinte:

O universo é como um relógio.

Os relógios existem porque algum artesão os concebeu e criou.

Logo, o universo existe porque algum artesão o concebeu e criou.

Este argumento foi muitíssimo popular no Reino Unido, apesar das devastadoras objecções levantadas por David Hume (1711-76) nos seus Diálogos sobre a Religião Natural, talvez porque William Paley (1743-1805) publicou no início do séc. XIX, três anos antes de morrer, o livro Teologia Natural, que é uma defesa popular e algo repetitiva do argumento, aparentemente sem ter conhecimento dos contra-argumentos de Hume, pois não os discute. Por outro lado, apesar destes contra-argumentos, que muitos filósofos consideram decisivos, só com a publicação em 1859 da obra Sobre a Origem das Espécies, de Charles Darwin (1809-82), algumas pessoas passaram a considerar o argumento do desígnio decisivamente refutado. Daí o ataque actual à biologia por parte dos criacionistas.

Os argumentos por analogia são muitíssimo problemáticos; são úteis em contextos didácticos e explicativos, mas são geralmente argumentos muitíssimo fracos, precisamente porque não é fácil distinguir os bons argumentos por analogia dos maus. Vejamos:

O universo é como um relógio.

Os relógios muitas vezes atrasam ou adiantam ou param.

Logo, o universo muitas vezes atrasa-se, ou adianta-se ou pára.

Este argumento é claramente mau. Mas como distinguir este argumento do anterior? Não podemos dizer que este é mau porque sabemos que a conclusão é falsa, ao passo que sabemos que o primeiro argumento é bom porque sabemos que a conclusão é verdadeira. Este é um erro típico na discussão de argumentos: pensar que basta um argumento ter conclusão e premissas verdadeiras para ser válido. Não basta: é preciso que as premissas justifiquem a conclusão, e isso acontece quando é impossível (ou muitíssimo improvável) as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa. Pois nesse caso temos uma excelente razão para aceitar a conclusão, se aceitarmos as premissas — é que aquela não pode ser falsa se estas forem verdadeiras.

Sendo o argumento do desígnio um dos mais implausíveis argumentos a favor da existência de Deus, sobretudo na versão simples de Paley, a atracção que exerce sobre as pessoas que não sabem filosofia é um fenómeno interessante.

O argumento da primeira causa

O argumento da primeira causa tem a vantagem de ser dedutivo, ao contrário do argumento por analogia anterior. Eis uma das suas versões:

Todos os acontecimentos têm uma causa.

Logo, há uma causa para todos os acontecimentos.

Se este argumento fosse válido, seria muitíssimo poderoso. Baseia-se numa ideia originalmente avançada por Aristóteles (384-322 a.C.), se bem que não exactamente nesta forma, e foi depois desenvolvido por Tomás de Aquino (1225-74), sendo uma das suas Cinco Vias (cinco argumentos a favor da existência de Deus).

Infelizmente, o argumento é falacioso: a conclusão não se segue da premissa. Chama-se hoje "falácia da inversão dos quantificadores" a este tipo de argumento: a conclusão inverte a ordem dos quantificadores relativamente à premissa, e este tipo de inversão é falaciosa. A forma lógica falaciosa do argumento é a seguinte:

"x $y Cyx

$y "x Cyx

Qualquer pessoa pode compreender a falácia se pensar noutro argumento exactamente com a mesma forma lógica, mas com uma premissa verdadeira e uma conclusão falsa:

Todas as pessoas têm um nariz.

Logo, há um nariz que todas as pessoas têm.

Pensa-se por vezes que quando um argumento é inválido a sua conclusão é falsa. Isto é uma confusão. Tudo o que mostramos quando mostramos que um argumento é inválido é que a premissa ou premissas não justificam a conclusão; mas não mostrámos que a conclusão é falsa. A conclusão pode muito bem ser verdadeira. O que se passa é que o argumento, sendo inválido, não nos dá qualquer razão para pensar que a conclusão é verdadeira. Se pensamos que a conclusão é verdadeira, tem de ser por outra razão qualquer.

O argumento da contingência

Gottfried Leibniz (1646-1716) estava convencido que o argumento anterior era subtilmente falacioso, e tinha razão; acontece apenas que a lógica necessária para compreender claramente a sua falácia só foi desenvolvida no séc. XIX por Gottlob Frege (1848-1925) e Bertrand Russell (1872-1970). Leibniz desenvolveu então outro argumento, baseado na contingência do mundo. Uma versão desse argumento é a seguinte:

Tudo o que existe contingentemente carece de uma explicação.

A explicação última não pode ser outro existente contingente.

Logo, há um existente necessário que explica toda a existência contingente.

É natural que este argumento não seja particularmente popular, pois para o compreender e discutir é necessário dominar alguns conceitos centrais de metafísica, como a distinção entre existentes necessários e contingentes, assim como o conceito de verdades necessárias por oposição a verdades contingentes. Mas a pergunta algo retórica de Leibniz, e que ficou famosa, é por vezes usada intuitivamente por quem não domina o seu argumento original, nem os conceitos filosóficos centrais para o compreender: "Por que há algo e não o nada?" O que a pergunta sugere é que qualquer resposta a esta pergunta terá de admitir algo que não careça de explicação — Deus — por ser um existente necessário.

Além dos problemas de pormenor levantados pelo argumento, nomeadamente quanto à sua validade, a objecção mais directa é que o argumento pressupõe duas coisas. Primeiro, pressupõe sem qualquer razão que o universo é contingente. Ora, do facto de parecer verdade que todos os acontecimentos do universo observável são contingentes, não se segue que o universo como um todo seja contingente. Pode muito bem ser necessário. Segundo, pressupõe que os existentes contingentes carecem de uma explicação de que os existentes necessários não carecem. Mas isto parece uma confusão entre explicar a existência de algo e apresentar uma causa anterior. Se está em causa o primeiro aspecto, então tanto precisamos de explicar a existência dos seres contingentes como dos seres necessários. Se está em causa o segundo, então estamos outra vez a usar o argumento da primeira causa.

O argumento ontológico

A versão mais influente do argumento ontológico foi desenvolvida por Anselmo da Cantuária (1033-1109), e pode ser formulada do seguinte modo:

Deus é aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado.

Mesmo quem não acredita em Deus, compreende esta definição.

Aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado não pode existir apenas no espírito.

Logo, Deus existe na realidade.

O monge Gaunilo, colega de Anselmo, procurou refutar o argumento com base na Ilha Perdida — uma ilha imaginária, superior a todas as outras terras. Como é natural, por mais que definamos tal ilha deste modo, daí não se segue que exista. Logo, argumenta Gaunilo, o argumento de Anselmo não funciona:

A Ilha Perdida é por definição superior a todas as outras terras.

Mas daqui não se segue que esta ilha existe realmente.

Logo, uma coisa pode existir no espírito unicamente, sem existir na realidade.

Séculos mais tarde, Descartes usou uma versão diferente do argumento ontológico. E hoje em dia há versões muitíssimo sofisticadas, baseadas na lógica modal. Efectivamente, nos sistemas S5 de lógica modal, a necessidade da possibilidade segue-se da possibilidade: se algo for possível, é necessário que seja possível. Assim, podemos construir um argumento válido a favor da existência de Deus:

É possível que exista um ser cuja não existência seja impossível.

Logo, existe um ser cuja não existência é impossível.

Este argumento é válido, mas para compreender a sua validade seria necessário dominar a lógica modal. Evidentemente, quem aceitar os sistemas S5 de lógica modal mas recusar a conclusão deste argumento só pode fazer uma coisa: recusar a premissa. É o que fazem alguns filósofos: procuram mostrar que não é possível que exista ser cuja inexistência seja impossível. Por outras palavras, procuram mostrar que não só Deus não existe realmente, como não poderia ter existido.

46 comentários:

Fernando Dias disse...

A frase – “trata-se única e exclusivamente de um combate, e não de um debate” – é certeira e põe o dedo na ferida. A religião foi sempre um combate. Antes da sedentarização o homem já era religioso, mas pouco. E era racional ou não? Claro que há diferenças entre os nómadas das estepes a norte, e os nómadas do deserto a sul.

Por exemplo a norte, quando Gengis Khan resolveu tomar Pequim, nenhum dos lados era monoteísta. Estamos em 1215 desta era. Anselmo já havia morrido. Os mongóis saquearam, mataram e deitaram fogo. Pequim ficou completamente destruída. Leibniz ouviu falar e Bertrand Russell esteve lá anos mais tarde. Vamos dizer que eram irracionais ou não? Ou é o que se pode esperar de um povo nómada das estepes. Em face de uma enorme cidade, não sabiam o que fazer com ela.

E no deserto do Sinai, como foi? O que é que lá se passou, digamos, em 1215 antes desta era? Que nómadas eram estes? De onde vinham e para onde iam? E o deserto teve alguma influência? A Bíblia ajuda-nos a perceber alguma coisa ou pelo contrário ainda nos confunde mais? E podemos achá-la intuitiva, contra-intuitiva, racional, lógica, analógica, dedutiva ou indutiva?

Marco Oliveira disse...

«Deus. O pesadelo dos meus dias. Tive sempre a coragem de O negar, mas nunca a força de O esquecer».
Miguel Torga

Fernando Dias disse...

Design = desígnio = projecto = desenho?

A versão nomológica (ordem causal) do “design” pode-se misturar com a versão teleológica (finalidade à posteriori)?

Parece que houve versões biológicas de “design darwinista” teleológicos.

Para responder a isto com alguma acertividade é preciso ter lido o Fédon e o Timeu, ou nem por isso? Ou só quem sabe a Suma Teológica de Tomás, de trás para a frente e da frente para trás, (a rima é parasita e não intencional nem intensional) é que tem autoridade e é acertivo, porque domina um sistema de códigos formais em circuito fechado, e porque os outros, os laicos, não os compreendem?

Alef disse...

Este «post» está numerado, pelo que fico à espera da continuação. Contudo, aqui ficam umas notas muito rápidas:

1. O «problema de Deus» não é formalmente o mesmo que o «problema das provas da existência de Deus»;

2. Em bom rigor, o «Design Inteligente» não é nem pretende ser uma prova da existência de Deus, pois cai nos mesmos problemas das «vias» de S. Tomás; de qualquer forma, a analogia do relógio, muito embora se diga que é «uma versão», parece fazer esquecer um dos pontos essenciais do «ID»/«criacionismo» que é o elemento teleológico;

3. Para um «post» que pretende mostrar o «estado da questão», há que dizer que o resultado é muito parcial, na sua dupla acepção;

4. Por exemplo, valeria a pena explicar melhor todas as cinco vias de S. Tomás e mostrar onde verdadeiramente está o problema, que, no caso da via da «causa primeira», não é a «mera inversão dos quantificadores»; o argumento poderia ser inteiramente válido e, contudo, não «provar» que Deus existe (!);

5. Com a excepção do argumento da religação (que o Desidério não referiu), todos os argumentos «clássicos» ou «habituais» a propósito da existência de Deus caem num problema muito sério: o de conceberem previamente Deus como um «um objecto mais», entre tantos outros, um pouco ao modo do ingénuo exemplo do bule de Russell, dos unicórnios azuis ou do monstro das massas voadoras… Por essa razão é que discutir nesses moldes a existência de Deus dá normalmente em diálogo de surdos.

Alef

Anónimo disse...

o pedro arroja fez um posts nos quais postulava um "axioma" indemonstrável para provar a existência de deus. quer comentar?

Anónimo disse...

Quando o escriba anunciava, logo no primeiro parágrafo da prosa, «que tipos de argumentos sobre a existência de Deus são hoje em dia discutidos na bibliografia filosófica especializada» eu até pensava que a promessa era séria - embora não percebesse a actualidade, e muito menos a urgência de tal inquérito, para nem falar do seu interesse. Afinal, os «tipos de argumentos» elencados do «hoje em dia» têm todos eles vários séculos. A promessa inicial não era séria. Eu cada vez vejo nisto menos actualidade, para nem falar do interesse.
Se isto é uma amostra do pensamento filosófico actual, muito Boas Festas! E boas saídas.

Filho Ósofo

Anónimo disse...

Desiderio, estes argumentos sao todos muito interessantes. Parece-me, no entanto, que existe um pressuposto que nao e' explicitado, a saber: a inteligencia humana, cos os conceitos e argumentos logicos que constroi, tem a capacidade de descrever e apreender a realidade tal como ela e'.

Mas, na verdade, nao existe nenhuma prova dessa premissa, pois nao? Nem sequer existem boas razoes para considerarmos que isso e' provavel...

Anónimo disse...

Não posso deixar de observar a finura da demonstração, patente em expressões assim: «Como todos os argumentos por analogia, baseia-se na analogia entre duas coisas (...)».

Chama-se a isto explicar o mesmo pelo mesmo; ou seja, não explicar. Mesmo que depois, mais adiante, se botem pelo meio uma simbólica mais misteriosa, para dar um aspecto mais sensorial e inteligente à coisa. Que em matéria de sensibilidade e de inteligência deixa muito a desejar.

Anónimo disse...

Parece-me ter lido, logo na primeira linha, que se trata de um não-debate. Sendo assim, o que é suposto estar a discutir-se aqui?

Também gostei do remate da prosa, assim a modos que para o misterioso: «Este argumento é válido, mas para compreender a sua validade seria necessário dominar a lógica modal». Ena! Nesse caso, porque é que ele foi chamado para a colação, ou melhor, para a não-colação? Se a validade dele depende da sua inacessível «compreensão», então a validade do argumento é nula, e nunca devia ter sido para aqui chamado.

Anónimo disse...

A juntar a este texto, aconselho sem dúvida a leitura de "Why I Am Not A Christian" de Bertrand Russell.

Anónimo disse...

Não compreendo em que é que todos estes argumentos têm a ver com religião?
Em religião acredita-se em Deus porque sim, e já está. Depois têm que se encontrar argumentos para desculpar a falta de evidência da existência de deus por parte daqueles que estão fora da religião, porque os que estão por dentro não têm necessidade de entender porque já sabem a verdade.
É fora da religião e no campo do saber e da descoberta do conhecimento (oposto dos dogmas) que se tenta responder a essa questão multi milenar sobre a existência ou não de DEUS como criador inicial do Universo, quer seja ele o que quer que seja.
Parece-me que qualquer lógica encontrada para dar uma explicação positiva ou negativa terá sempre uma contra explicação que será oposta e não menos válida sendo que para um religioso se põe o caso desta maneira: quando não acredita, não acredita que não acredita. assim como para um Ateu, quando acredita não acredita que acredita.

Anónimo disse...

Existem 2 permissas:

1- eu quero acreditar em Deus, por isso dou-Lhe vida. Ele passa a viver em mim e em tudo o que me rodeia (não num trono mas em todas as coisas = ser imaterial).

2 - eu não quero acreditar em Deus e por isso "mato-o" usando a lógica das 3 dimensões.

"Claude Lavelace de Rutgers´descobriu que o modelo original Veneziano tinha uma pequena imperfeição matemática que apenas podia ser eliminada se o espaço-tempo tivesse vinte e seis dimensões. De modo análogo, o modelo de supercordas de Neveu, Schwarz e Ramond apenas podia existir em dez dimensões, o que chocou os físicos, porque era uma coisa nunca vista em toda a ciência.(...)Do ponto vista prático isto era desastroso. O nosso mundo, segundo a crença geral, existia em três dimensões(...)Admitir úm universo de dez dimensões significava que a teoria raiava a ficção cientifica."

Michio Kaku, 2005

e eu pergunto? e se não for ficção cientifica? E se essas dimensões existirem bem debaixo do nosso nariz sem que as possamos ver ou interagir com elas? Aí eu vou querer estar na 1ª fila para vos ouvir explicar "como a teoria da evolução produziu as dimensões inexplicáveis"!

P.S.: se temos dois hemisférios cerebrais porque usamos só o esquerdo? será uma questão politica?!...

Anónimo disse...

Bem ia jurar que usamos toda a nossa capacidade cerebral. e não apenas um lado do cérebro. Que é um pouco estranho! Quer dizer que estamos mal aproveitados, o que realmente é pena!!Seja porque um Deus quis que apenas usasemos apenas metade do cérebro ou a evolução.Ouve algum erro , só pode!!!

ana rolo

paulu disse...

Eu acho que em vez de se estar para aqui a discutir Deus, dever-se-ia era estar a discutir as propriedades electromagnéticas do Criacionismo. Basta um post aflorar a coisa e atrai logo mais comentários que a minha vizinha do sétimo esquerdo. Eu próprio, que me estou nas tintas para o Criacionismo, caí agora na tentação.

Mas o que quero dizer é outra coisa e é isto: toda esta discussão em torno de provar-se ou não a existência de Deus faz-me imensa confusão. E faz-me confusão por dois motivos.

O primeiro é que sinto que está toda a gente a falar de algo tendo todos ideias diferentes sobre o que esse algo é. Deus não é a mesma coisa em todas as religiões. (Volta e meia até há uns tipos que andam à tareia por causa disso). Deus não é o mesma coisa em épocas diferentes. (O Deus da Inquisição, não é o mesmo do Vaticano II – acho e espero...). Deus não é sequer a mesma coisa para duas pessoas na mesma época, e dentro dum mesmo credo ou descredo. Então, se assim é, estamos a tentar provar ou infirmar coisas que diferem consoante o interlocutor que esteja no uso da palavra ou do teclado. Não é por nada, mas uns senhores que há uns anos atrás me tentaram ensinar o método experimental, se me vissem a fazer tal coisa, bom, nem era chumbarem-me, atiravam-me era logo por uma janela.

O segundo é que ando desconfiado que a questão é capaz de ser areia a mais para a camioneta humana. Muito embora o objecto da discussão seja difuso, e esteja fora de uma definição operacional que permitisse assentar um bocado a pesquisa, a verdade é que anda sempre à volta de conceitos complicado-escorregadios como o «todo», a «criação do universo», a «bondade infinita», a «omnisciência», por aí fora. E nós, homo sapiens sapiens, temos embalagem para a coisa? As nossas capacidades cognitivas – por muita capazes de conceber sistemas S5 e cenas que tais – chegam para dar conta do recado? Creio que das duas uma, ou estamos com uma sorte do caraças, ou, pura e simplesmente, não chegam.

Nós podemos ter capacidades cognitivas que um chimpanzé – com quem partilhamos tantos genes – não tem. Mas este também tem capacidades cognitivas que um gato não tem. E um gato, a mesma coisa me relação a um corvo, E um corvo em relação a um pombo. E um pombo em relação uma lagartixa. E uma lagartixa em relaç... por aí fora. Se calhar podemos dizer que neste planeta que hoje habitamos somos a espécie mais capacitada para compreender o universo. Todavia – mesmo que isso até possa ser verdadeiro - tal não significa que estejamos de facto habilitados a compreender tudo. Isto é mais intuição que raciocínio, mas digo-o na mesma: esta mania que conseguimos falar de Deus (mas os chimpanzés não, nem os gatos, nem gralhas, e etc.) parece-me ser mais uma manifestação de antropocentrismo a juntar ao rol dos Criacionismos.

Lembrei-me de uma coisa engraçada. Eu não consigo conceber Deus nenhum. Mas consigo conceber que existam gajos mais espertos que eu. Consigo até conceber um ser que seja mais esperto que qualquer ser humano. Isto não tem nada de extraordinário. Os psicólogos conseguem construir testes de inteligência que medem o QI de tipos mais espertos do que eles. Bom, agora imaginemos esse indivíduo mais inteligente que todos nós, mas que não é Deus. Haveria um conhecimento que ele conseguiria alcançar, e nós não? Ou o seu acréscimo de inteligência não serviria para nada? A sua concepção de Deus seria melhor que a nossa, ou nem por isso? Dar-se-ia o caso de ter uma ideia de Deus ainda mais complicada, e também ele ficar com dúvidas acerca do assunto?


Nada me faz lembrar mais a cena do senhor com os olhos vendados à procura do gato preto num quarto à escuras que a argumentação em torno da existência ou não de Deus. Em todo o caso, espero que esta analogia esteja errada. É que, se assim for, é mais fácil encontrar Deus que provar que ele não existe. Com efeito, se estiver lá, há sempre a possibilidade de, por mero acaso, pisar-se o rabo ao gato e ele miar. Ou até arranhar.

Hum... Se calhar, é assim que nascem as religiões.

Anónimo disse...

Acho óptimo que discutam estas coisas dos criacionistas. De outra maneira, como é que se haveria de propagar na Europa uma discussão que estava apenas limitadas aos confins da boçalidade norte-americana? Finalmente consegue-se dar à coisa o destaque que ela não merece.

Sue Sesso

Anónimo disse...

Palavras caras e tal mas... não se aprende nada.
É a religião por um lado e por outro as 666 dimensões existentes no Universo.
Em relação à religião esta trata de Fé e a Fé não precisa de factos. Em relação ás 666 dimensões (gosto do número), talvez fosse bom explicarem afinal o que é uma dimensão. Ou será que se referem a tais dimensões por não terem capacidade para abarcar a "dimensão" do problema. E admitir esta falta de capacidade iria resolver alguma questão? "Só sei que nada sei", "Penso logo existo", "Existo logo penso", "Penso logo desisto"????... Estou confuso pá.

Lembrei-me do João Magueijo. Acho que o "rapaz" tem umas ideias giras mas sofre de um problema que, embora me custe admitir, outros fisicos também sofrem. Quando não percebem como algo funciona começam a meter "buxas" (como numa peça de teatro) de modo que a coisa funcione. É verdade que por vezes a coisa até bate certo e mais tarde se confirma por outros meios. O que me preocupa é que por vezes a Fisica chega a um ponto tal que qualquer coisa que se diga pode ser tão válido como a mais absoluta verdade (sem semântica filosófica, por favor). Ou seja, o "céu é azul" por um lado e por outro "O Universo era do tamanho de uma ervilha". Porque não uma laranja ou uma cenoura?

Está bem, está bem... os modelos matemáticos preveêm que tal é assim ou assado e a gente já sabe que "rachando" um fotão a meio e levando metade para o outro lado do rio ... é giro sim mas, daí a afirmar coisas do tipo ir daqui a Plutão em 0 microsegundos... Dava jeito, eu sei mas também dava jeito ir para um Universo paralelo através de um buraco negro e afinal parece que não é assim tão boa ideia meter a mão no "triturador de lixo cósmico"... Vá lá, vá lá. Tenham calma e não se esfolem nos congressos.

É o que dá escrever livros fantasiosos tipo Biblia, Peter Pan e Quarteto Fantástico... tss tss

Mas gosto de cá andar, sabem? ...ás vezes.

Ruben

Anónimo disse...

Palavras caras e tal mas... não se aprende nada.
É a religião por um lado e por outro as 666 dimensões existentes no Universo.
Em relação à religião esta trata de Fé e a Fé não precisa de factos. Em relação ás 666 dimensões (gosto do número), talvez fosse bom explicarem afinal o que é uma dimensão. Ou será que se referem a tais dimensões por não terem capacidade para abarcar a "dimensão" do problema. E admitir esta falta de capacidade iria resolver alguma questão? "Só sei que nada sei", "Penso logo existo", "Existo logo penso", "Penso logo desisto"????... Estou confuso pá.

Lembrei-me do João Magueijo. Acho que o "rapaz" tem umas ideias giras mas sofre de um problema que, embora me custe admitir, outros fisicos também sofrem. Quando não percebem como algo funciona começam a meter "buxas" (como numa peça de teatro) de modo que a coisa funcione. É verdade que por vezes a coisa até bate certo e mais tarde se confirma por outros meios. O que me preocupa é que por vezes a Fisica chega a um ponto tal que qualquer coisa que se diga pode ser tão válido como a mais absoluta verdade (sem semântica filosófica, por favor). Ou seja, o "céu é azul" por um lado e por outro "O Universo era do tamanho de uma ervilha". Porque não uma laranja ou uma cenoura?

Está bem, está bem... os modelos matemáticos preveêm que tal é assim ou assado e a gente já sabe que "rachando" um fotão a meio e levando metade para o outro lado do rio ... é giro sim mas, daí a afirmar coisas do tipo ir daqui a Plutão em 0 microsegundos... Dava jeito, eu sei mas também dava jeito ir para um Universo paralelo através de um buraco negro e afinal parece que não é assim tão boa ideia meter a mão no "triturador de lixo cósmico"... Vá lá, vá lá. Tenham calma e não se esfolem nos congressos.

É o que dá escrever livros fantasiosos tipo Biblia, Peter Pan e Quarteto Fantástico... tss tss

Mas gosto de cá andar, sabem? ...ás vezes.

Ruben

JSA disse...

O Desidério está a explicar argumentos filosóficos que foram avançados ao longo dos séculos para provar argumentativamente a existência de Deus. Isto nada tem a ver com Fé, são argumentos puramente racionais. Lembrar um pouco Descartes não ficaria mal, afinal de contas o assunto foi aflorado.

Quem tem Fé acredita em Deus e ponto final, carece de lógica. Para esses, este post é essencialmente inútil a não ser como exercício mental. Para quem é intrínsecamente lógico, o post serve para explicar a crença ou, pelo menos, a sensação de existência de um algo superior. Tão só isso.

Desidério, muito obrigado pelo post e fico ansiosamente à espera dos próximos. Não domino metafísica e estes argumentos deixam-me frequentemente sem pé, mas são interessantes de ler e motivam novas leituras. Por isso tudo, mais uma vez, obrigado.

Anónimo disse...

Obrigado pelo post Desiderio.
E engraçado como o debate sobre a existencia de Deus baseia-se mais na filosofia que na biologia/bioquimica ou fisica. A nivel biologico ou fisico a fe nao e mais que um artefacto. Faz parte da evoluçao do cerebro humana a procura de um sentido para tudo o que vimos e a existencia de Deus baseia-se mais na linguagem (e no pensamento filosofico/abstracto) do que no real. Nao nos podemos esquecer que a existencia do nosso Deus e relativamente nova na escala temporal, e a nossa religiao baseia-se em escritos de pessoas muito parecidas com nos mesmos.

B.

Anónimo disse...

O Desidério vai-me desculpar, mas a filosofia carece do mesmo problema do criacionismo ou de outra religião qualquer: diz mas não prova. Portanto, qualquer debate que a utilize para explicar Deus, é tão válido como os argumentos de qualquer outra religião. Não é certamente, através de explicações metafísicas complicadas que podemos fazer luz sobre o problema. Virão filósofos que defenderão a existência de Deus e outros o contrário. Embora a hipótese permaneça talvez sempre em aberto, os trabalhos de Dawkins e outros cientistas, não devem ser desprezados sobre a explicação que avançam acerca deste assunto e, pelo que parece, ela não é muito favorável à existência de Deus ou, pelo menos, da maneira como o encaramos. Penso, que devemos reflectir sobre estas provas e deixarmo-nos de divagações filosóficas dificeis de serem provadas ou refutadas.

Anónimo disse...

a) Todas as plantas que têm raiz, tronco, ramos e folhas são árvores.
b) O pinheiro tem raízes, tronco, ramos e árvores.
c) Portanto, o pinheiro é uma árvore.
Correcto? Sim.
a) Nem todas as árvores têm folhas verdes.
b) O pinheiro é uma árvore.
c) Portanto, o pinheiro pode não ter as folhas verdes.
Correcto? Não.
Foi mais ou menos isto que o Desidério fez com o silogismo do relógio. No primeiro silogismo, conclui-se que, à semelhança do relógio, o universo precisa de um “artesão”. De modo algum se conclui que o universo e o relógio funcionam do mesmo modo.
Talvez pior ainda foi a transformação do nariz. Ora vejamos o que diz o Desidério: “Todos os acontecimentos têm uma causa. Logo, há uma causa para todos os acontecimentos.”
Por falsa analogia, construiu a seguinte argumentação falaciosa, tentando provar a irrelevância da anterior: “Todas as pessoas têm um nariz. Logo, há um nariz que todas as pessoas têm.”
Qual é, neste caso, o erro do Desidério? É que, sendo a primeira premissa um universal, falta a segunda, a individual, que só poderia levar à conclusão obtida se fosse a seguinte: todas as pessoas têm o mesmo nariz.
Aliás este raciocínio falacioso só é possível por um erro semântico. A primeira referência ao nariz é feita no sentido do nome do órgão anatómico; a segunda dá a “nariz” a significação de existente único.
Portanto, para bem formular o argumento de causa e efeito, deveria tê-lo feito assim: “Cada acontecimento tem uma causa. Logo, há uma causa para cada acontecimento.” O seu raciocínio aqui pecou semanticamente também. Pura e fraca dialéctica, meu Caro.

Anónimo disse...

Racionalizar a fé?! Parece-me uma missão impossível. A fé vem do coração e não se explica racionalmente "o coração tem razões que a razão desconhece" - e acrescentaria: e vai continuar a desconhecer enquanto o Homem continuar a querer conhecer/compreender o meio (Exterior) ANTES de se conhecer/compreender a si próprio (Interior)

Anónimo disse...

Não são os filósofos que decidem se Deus existe. É Deus que decide se os filósofos existem.

Paula Teixeira

Anónimo disse...

Tudo que tem princípio necessita de uma causa.

O Universo teve um princípio, logo o Universo necessita de uma causa.

Essa causa tem que ser maior do que o Universo.

Um Deus infinito, eterno e omnipotente e omnisciente, por definição, não necessita de uma causa.

Um Deus infinito, eterno, omnipotente e omnisciente não necessita de uma causa e é anterior e maior do que o Universo.

Logo, Deus é a causa do Universo.

Anónimo disse...

Não são os filósofos que decidem se Deus existe. É Deus que decide se os filósofos existem.

Paula Teixeira

(riso)
Ao ler os comentarios percebe-se para onde caminha a especie humana. Se calhar foi mesmo Deus que nos programou para a auto-destruiçao.
Utilizando a mesma filosofia de bolso ai mando o meu argumento:
- A fe e intrinseca a especie humana.
- Para acreditar em Deus e preciso fe.
- Para acreditar em Deus tem de se pertencer a esta especie.

(conclusao, Deus e um fabrico da especie humana e nao o oposto, ou ainda mais simples, Deus so existe porque Nos existimos)

B.

Anónimo disse...

Deus está para além da matéria, da energia, do espaço, do tempo e da informação. Ele não pode ser abarcado nem pela ciência humana (do observável e repetível) nem pela filosofia humana (de homens falíveis e premissas falíveis).

Deus só pode ser reconhecido através da Sua revelação na história humana, pela fé. Felizmente não é uma fé cega.

Ela baseia-se numa sucessão de factos históricos consistentemente corroborados e na congruência entre essa revelação e muitas observações científicas.

João Moedas Duarte disse...

Caro Jónatas a diferença entre criacionistas e cientistas é:

Os cientistas observam os factos e com eles tentam contruir um modelo (no qual Deus pode ou não existir).

Os cricionistas começam por construir um modelo (Deus existe.) e depois tentam encaixar os dados no modelo (nunca admitem sequer a possibilidade de o seu modelo pode estar errado, de que Deus pode não existir).

O que é que é mais honesto?

Anónimo disse...

O Argumento do não-deus

A quem aceitar a lógica e a necessidade dos argumentos por analogia ou a dos argumentos dedutivos ou a da contingência do mundo, é-lhe oferecida a crença e o consolo de qualquer sistema da lógica para acreditar em deuses.

A quem não aceitar essas lógicas e essas necessidades, resta-lhe a crença e o consolo de, ainda assim, acreditar na sua própria existência.

E de se deixar ficar por aí. Até desaparecer. Sem deuses.

Anónimo disse...

o João Moedas disse:

"Os cientistas observam os factos e com eles tentam contruir um modelo (no qual Deus pode ou não existir)."

Santa ingenuidade...

Os cientistas observaram ao surgimento do Universo?

Os cientistas observaram a origem da Terra há 4,5 biliões de anos?

Os cientistas observaram a origem da vida a partir de uma hipotética sopa pré-biótica ou qualquer outra coisa?

Os cientistas observaram a formação dos fósseis supostamente antigos?

Os cientistas observaram um dinossauro a transformar-se em ave há 70 milhões de anos atrás?

Claro que não.

A ciência das origens não deve ser confundida com a ciência operativa, que ocorre todos os dias em laboratórios com base no observável, no repetível e no reproduzível.

Os criacionistas não têm qualquer querela com este tipo de ciência.

A ciência das origens assenta na interpretação das observações feitas no presente por cientistas do presente e na extrapolação para o passado não observado nem observável directamente.

Não existe nenhuma máquina do tempo que nos permita comprovar directamente o se, o onde, o quando, o como e o porquê da ocorrência dos factos acima mencionados num hipotético passado distante.

Daí que a interpretação e as extrapolações que aqui e agora fazemos acerca do passado distante sejam sempre condicionadas (de forma consciente ou não) pelas nossas crenças.

A diferença entre criacionistas e evolucionistas é esta:

- os criacionistas têm consciência do modo como as suas crenças influenciam a sua interpretação dos factos.

- os evolucionistas, pelos vistos, não têm essa consciência, acreditando ingenuamente que interpretam os factos de uma forma livre de visões do mundo.

Acresce que, por causa dessa falta de consciência epistemológica, muitos evolucionistas confundem a ciência com a filosofia naturalista e excluem a priori qualquer argumento de design inteligente do âmbito da ciência.

Este blogue é um bom exemplo disso. Carl Sagan, Richard Dawkins, Ernst Mayer ou mesmo Kenneth Miller também.

Neste blogue, a afirmação filosófica de que a natureza é tudo o que existe é sistematicamente confundida com uma afirmação científica, quando não existe nenhuma observação ou experiência científica que permita concluir isso.

Pelo contrário, o que observamos é que os processos naturais, em si mesmos, explicam o funcionamento do mundo físico, mas já não explicam a origem do Universo, da vida, da consciência, da linguagem, etc.

Os criacionistas não têm uma querela com a ciência, mas apenas com a filosofia naturalista que se pretende confundir com ela.

Anónimo disse...

Pois é, João Moedas.

Um bom número dos cientistas e filósofos que intervêm neste blogue estão erroneamente convencidos de que a visão naturalista da mundo foi "provada científicamente".

Não poderiam estar mais errados.

Na realidade, a visão naturalista do mundo não se baseia num fundamento científico, mas sim em premissas indemonstráveis acerca do Universo.

E a validade destas premissas é altamente questionável, quer do ponto de vista científico, quer do ponto de vista lógico.


Embora muitos evolucionistas, partindo de premissas naturalistas, tentem convencer-nos que a evolução aleatória é um facto provado (na verdade o seu naturalismo não deixa margem para qualquer alternativa), a verdade é que a evolução não é um facto provado.

Pelo contrário.

Nas últimas décadas tem-se avolumado a evidência contra a evolução.

Os criacionistas bíblicos (e não só) têm procurado questionar a teoria da evolução e mostrar que a evidência científica observável, quando desligada de uma interpretação naturalista, é na realidade totalmente consistente com o modelo criacionista bíblico.

E, evidentemente, vão continuar a fazê-lo.

Unknown disse...

É absolutamente verdade que a religião, ou melhor, as religiões, são um combate político, mas não entre aqueles que acreditam e aqueles que não acreditam (esse aspecto é relativamente recente), mas é um instrumento de combate e de controlo das mentes das pessoas e das suas vidas.

O medo da morte combinada com a capacidade de alguém que proclama uma relação especial por algo ou alguma coisa que regula a nossa sorte futura e existencial, foi e ainda é, um instrumento de controlo de pessoas e sociedades, nada mais.

O comum dos mortais não se questiona sobre a existência ou não de um ou mais deuses. A generalidade das pessoas, ao longo dos tempos, foi educada e condicionada para não questionar, e apenas se preocupar e agradar ao seu deus.

Embora saibamos isto, não desistimos de procurar deus e de justificar, de alguma maneira (e cada um à sua maneira) a sua existência, num reflexo condicionado, certamente, criado e herdado por via da própria evolução Darwiniana, que ironicamente é usada por outros para Lhe negar a existência.
Não posso, no entanto, de deixar de imaginar estes pequenos seres que somos nós, utilizando uma colecção de conceitos de universo que vemos e experimentamos, a tentar gerar todas as combinações possíveis e lógicas, para explicar algo que não cabe neste universo. Como alguém que viveu sozinho toda a vida numa caixa escuro e fechada a tentar conceptualizar o mundo que está lá fora.

Será que faz sentido, todo este esforço inglório?

Nota: sou Ateu, não por saber algo que os outros não saibam, mas apenas como reflexo do controlo que a religião procura fazer sobre cada um de nós.

João Moedas Duarte disse...

Caro Jónatas,

Como já lhe disse em comentários anteriores noutros posts não concordo consigo quando diz: a evidência científica observável(...) é na realidade totalmente consistente com o modelo criacionista bíblico (e não concordo consigo em muitas outras coisas).

Como sabe trabalho em Tectónica de Palcas. E não sou por principio naturalista, evolucionista, ou qualquer outro coisa acabada em "ista". Apenas limito-me a olhar para os factos, tento compreende-los e se possivel elaborar modelos. É um facto que nem sempre podemos ver os acontecimentos, mas podemos observar as suas consequências. Se chegar a casa e vir um copo partido no chão, posso racionalmente supor que o copo se partiu, mesmo não tendo observado o acontecimento. A quebra do copo pode ser assim considerado um facto.

É mais o menos isto que faço com as rochas, em particular, e com a crusta terrestre, em geral.

Como já lhe disse, por exemplo, os criacionistas tentam explicar a formação das montanhas, das planícies abissais, dos grandes canyons imersos e emersos, ou mesmo o vulcanismo, com o diluvio. Ora este argumento falha completamente quando tentamos explicar como se formaram as montanhas e os canais em Marte, ou ou vulcanismo em Io. Eu prefiro fazer ciencia de forma honesta sem partir do principio que Deus modelou a Terra com o Diluvio. Não vejo evidencias para isso. E como já lhe disse até lhe posso mostrar evidencias de inconformidades estratigráficas e de superficies erosivas que se cortam.

Eu prefiro seguir os modelos geológicos como a tectónica de placas e o vulcanismo e descartar o do diluvio. Primeiro porque não confio em documentos tão antigos escritos por homens, mesmo que eles tenham afirmado que estavam em contacto directo com Deus (e já agora como sabe que eles estavam em contacto com Deus? estava lá para ver?), segundo porque estes modelos me permitem explicar mais dados, como o vulcanismo em Io ou as montanhas em Marte.

E estou sempre disposto a mudar os meu modelos se observar factos que apontem para isso. Por honestidade até aceito que o Universo possa ter tido origem em algo que a nossa ciencia não explica. Mas tendo em conta tudo aquilo que observei e estudei não tenho nenhuma razão para acreditar que tenha sido feito por um Deus, muito menos de acordo com o que está escrito na Biblia.

E tendo em conta a investigação que é feita nas áreas da biologia e física tenho razões fortes para acreditar que explicam muito bem o que se passou desde o inicio do Universo. Até porque explicam muito mais do que a Biblia.

Cumprimentos

João Moedas Duarte disse...

É a mesma ciencia que descreve a evolução, que nos permite escrever no computador ou ter medicamentos. É esta ciencia que nos permite estudar os sismos e construir edificios anti-sismicos. É nesta ciencia que eu tenho boas razões para acreditar.

Anónimo disse...

"A mente intuitiva é um Dom sagrado, e a mente racional um fiel Servo. Criámos uma sociedade que honra o Servo e esquece o Dom."

Albert Einstein

Pedro Brandão disse...

Não consigo concluir se o famoso anónimo é, simplesmente, burro como um cepo ou profundamente desonesto.

Defender, no mesmo texto, que não existem provas de algo porque ninguém estava lá para ver e que deus existe apesar de nunca ninguém o ter visto só pode cair numa das classes que acima refiro: ou é completamente burro, ou profundamente desonesto.

Anónimo disse...

Pelo que tenho lido dos comentários do jónatas apostava mais na primeira classe

JD

Anónimo disse...

"Quem é mau, que continue a fazer o mal, e quem é imundo, que continue a ser imundo. Quem é bom, que continue a fazer o bem, e quem é dedicado a Deus, que continue a ser dedicado a Deus."
É certo que aquilo que semeares é aquilo que colherás, bem como a medida com que julgares será a medida com que serás julgado!!
Deus é fixe...

Anónimo disse...

Gostava de deixar uma palavra ao anónimo que disse: «Os criacionistas não têm uma querela com a ciência, mas apenas com a filosofia naturalista que se pretende confundir com ela.» Em minha opinião, os defensores do criacionismo, para além de serem manifestamente parcialistas são geniais impostores, no que toca a este assunto. Agora querem-nos fazer crer pela força, que a ciência é mera filosofia e que eles, deturpadamente, são verdadeiros cientistas. Este anónimo, diz ainda que «Pelo contrário, o que observamos é que os processos naturais, em si mesmos, explicam o funcionamento do mundo físico, mas já não explicam a origem do Universo, da vida, da consciência, da linguagem, etc.», ou seja, qualquer tentativa que tente abordar, a explicação científica sem recorrer à bíblia, da mente ou da linguagem, não passa de mera filosofia com o seu grau de alcance inferior. É isto que ele quer dizer. A mente, é uma das categorias da qual os criacionistas se apoderaram para controlar outras mentes e isto cheira-me a fanatismo. O criacionismo, começa a tomar contornos de fanatismo, ao tentar explicar tudo: o Universo, a mente, a linguagem partindo da ideologia para chegar à demonstração. No que diz respeito à explicação científica da linguagem e da mente, já foi suficientemente demonstrado que fenómenos físicos estão na sua origem e, como tal, ao contrário do que tentam os criacionistas fazer, corpo e mente estão ligados, demonstração científica realizada, por exemplo, por António Damásio que negou o cartesianismo. O que os impostores do criacionismo nos tentam fazer engolir, é o pesado legado de Descartes, agora rejuvenescido sob a forma de criacionismo, que se tenta fazer passar por ciência, e é por isso que é uma impostura. Eu só ainda não entendi, como é que eles pensam convecer o mundo que a sua visão dogmática pode negar a quantidade de fenómenos religiosos que tentam justificar à sua maneira o mesmo mundo. Eles ainda não nos conseguiram demonstrar que, para além da sua crença, qualquer outra pode, por hipótese, por meio de factos científicos, explicar à sua maneira o mundo e o espírito. Agarre-se em meia dúzia de factos científicos misturem-nos com as crenças e aí está: o criacionismo, ou qualquer outro movimento de impostura intelectual. Logo, facilmente passarão a existir, do ponto de vista científico, várias explicações para o mundo e para o espírito, para dar e vender. Isto não é muito díficil de fazer. É outra prova que nos leva a concluir sobre a falsidade do criacionismo. Já o denunciei e volto a denuciar. Isto não é ciência: é dogma, e quando nos tentam impingir pela força, é impostura e fanatismo.

Anónimo disse...

Agora a sério

Acho que as pessoas ou estão a brincar ou, não sabem o que dizem ou, estão a confundir Lamarck com Darwin.

Lamarck explicou mal as coisas porque diz algo do tipo: como as girafas precisavam de alcançar os ramos mais altos para se alimentarem, tiveram de esticar os pescoços e ao longo das gerações os pescoços foram ficando cada vez maiores. Isto porque encarou o desenvolvimento de certos orgãos como sendo evolução. Por exemplo o desenvolvimento dos musculos. Pai e filho, ambos agricultores e com musculatura desenvolvida. Não se lembrou que eram semelhantes pois tinham actividades semelhantes.

Darwin disse algo mais do tipo: dentro de uma população de girafas há uns com o pescoço maior do que outros. Ora os que tem pescoços maiores conseguem alimentar-se dos ramos mais altos quando já não há comida cá por baixo. Como se alimentam, sobrevivem o tempo suficiente para se reproduzirem. Ao acontecer isto em cada geração, aconteceu (e ainda acontece) que as girafas têm os pescoços "daqueles" tamanhos.
(Isto é uma versão livre e muito resumida da coisa)
Entretanto descobriu-se o ADN e o porquê das diferenças iniciais dentro de determinada população.

No caso de uma população humana. Se olharmos para um grupo de pessoas podemos ver que são todas diferentes. Se um casal tiver um filho/filha podemos identificar caracteristicas de ambos os pais. A criança assemelha-se aos dois mas não é igual a nenhum deles. Quer queiram quer não houve aqui uma evolução. Com o acumular dessas pequenas diferenças, de geração para geração, pode um dia acontecer que duas pessoas possam pertencer a duas espécies diferentes. Claro que para isso teria de acontecer um isolamento das duas hipotéticas populações mas, se quiserem saber procurem na biblioteca mais próxima de vós.
Mas pensem nas várias "raças" e populações humanas por todo o mundo. Somos todos muito diferentes mas ao mesmo tempo muito semelhantes. Se o isolamento (ou seja se nunca fossem contactadas por "estrangeiros") de cada uma dessas populações se mantivesse durante mais uns milhares ou milhões de anos o que pensam que sucederia? Não é dificil perceber. Basta pensar no racismo que ainda hoje existe. Se nesse racismo não houvesse quebra de algumas barreiras um haveria por certo uma multiplicidade de espécies. Umas seriam consideradas humanas e as outras não. Isto por si só é bem capaz de levar ao genocidio, como aliás sucedeu, sucede e vai continuar a suceder, alegadamente por outros motivos. Ainda bem que vai havendo evolução (Tem dias!). Que mais não seja das mentalidades. Se bem que nesse ponto julgo que seria antes necessária um "revolução". Várias aliás.

Se não houvesse evolução, "das duas três", ou éramos todos iguais ou seria possivel encontrar dois códigos genéticos exactamente iguais. Matemáticamente é possivel. Existe um numero X de combinações e portanto quando existir um número de pessoas suficiente, vai ser possivel encontrar não uma "fotocópia" mas sim dois originais. Se não acreditam em evolução podem começar a procurar esses originais de pais e mães diferentes. Mas se acreditam em evolução apressem-se mais ainda nessa procura antes que "algo" aconteça.

Não há como confundir evolucionismo com criacionismo.
Evolucionismo diz respeito a alterações dos seres vivos ao longo de gerações.
Criacionismo diz respeito ao acto de dar origem/criar a partir de uma vontade divina.

Quanto ao surgimento da vida, gostava de ouvir/ler algumas opiniões sobre a partir de quando se pode dizer que algo está vivo. Acho que os animistas também vão gostar do tema.

Se não acreditam em evolução também não podem acreditar que vírus e bactérias adquirem resistência a fármacos. Se é assim não vale a pena chatearem os médicos. É que o trabalho deles é curar doenças, estudar a "Evolução" dessas mesmas doenças e... não querem lá ver que por vezes até conseguem descobrir medicamentos que as curem. A não ser que andem à procura na Biblia a receita do chazinho milagroso. Sim está tudo lá. Está é assim a modos que... tá codificado, não é?
Pois!

Ruben o Ateu... Ámen!

perspectiva disse...

"Defender, no mesmo texto, que não existem provas de algo porque ninguém estava lá para ver e que deus existe apesar de nunca ninguém o ter visto só pode cair numa das classes que acima refiro: ou é completamente burro, ou profundamente desonesto."

Quem disse isto mostra que não tem realmente argumentos.

Se uma pessoa entrar numa biblioteca com livros antigos, vê os livros, mas não vê os seus autores.

No entanto, dificilmente poderia concluir que não existiria uma origem inteligente para a informação contida nos livros.

Ora, considerando que a quantidade da informação contida no DNA é muito superior do que a contida em milhares e milhares de livros e a sua qualidade é bem mais complexa, é razoável concluir que essa informação teve origem no ser muito mais inteligente que o ser humano.

Tanto mais, quanto é certo que não existe qualquer explicação naturalista plausível para a informação biológica, que possa perfilar-se como alternativa credível à mencionada conclusão.

perspectiva disse...

o João Moedas diz:

"os criacionistas tentam explicar a formação das montanhas, das planícies abissais, dos grandes canyons imersos e emersos, ou mesmo o vulcanismo, com o diluvio. Ora este argumento falha completamente quando tentamos explicar como se formaram as montanhas e os canais em Marte, ou ou vulcanismo em Io."

Oh João Moedas! Não falha nada!

O João erra porque não conhece as escrituras nem os trabalhos dos criacionistas sobre a Terra, Marte ou todo o sistema solar.

Não leu o Génesis? Não vê que a água foi uma componente essencial do processo de criação do firmamento?

Pensa realmente que os criacionistas nunca pensaram nos canais de Marte ou, por exemplo, na craterização dos planetas?

Pensa que não existem muitos criacionistas especialistas em tectónica de placas?

Tanta ingenuidade é de bradar aos céus!

Preocupe-se, então, em ver exactamente o que é que os criacionistas dizem antes de os criticas.

Veja, por exemplo:

www.globalflood.org

www.creationwiki.org

www.biblicalgeology.org


Mesmo na cosmologia criacionista dos buracos brancos e da dilação gravitacional do tempo, desenvolvida pelo físico Russell Humphreys, a água desempenha um papel essencial.

Leia e estude, antes de dizer que as explicações criacionistas falham em Marte.

Quem falha em Marte são aqueles cientistas evolucionistas que dizem que existiram grandes dilúvios no passado no planeta vermelho, apesar de não existir lá uma gota de água, e não querem acreditar num dilúvio global, apesar de a Terra estar coberta por 500 milhões de quilómetros cúbicos de ágia.

perspectiva disse...

A palavra do João Carlos ao criacionista anónimo é puro emocionalismo sem sentido e sem qualquer fundamento.

É o seu "feeling".

perspectiva disse...

O João Moedas diz:

"E tendo em conta a investigação que é feita nas áreas da biologia e física tenho razões fortes para acreditar que explicam muito bem o que se passou desde o inicio do Universo. Até porque explicam muito mais do que a Biblia."

Existem aqui alguns mal entendidos, o que começa a ser comum no João Moedas.

Em primeiro lugar, a Bíblia não pretende ser um livro científico. Se o fosse, conteria certamente erros e rapidamente estaria desactualizada. A Bíblia pretende ser a Revelação de Deus.

Ela não é um livro científico, na medida em que não explica cientificamente as coisas, mas estabelece premissas e afirmações históricas que, por virem de Deus, devem ser tomadas em conta na construção do conhecimento científico.

Só uma ciência naturalista e humanista é que pode pretender prescindir da revelação de Deus.

Ao dizer que o mundo foi criado racionalmente por um Deus racional que nos criou como seres racionais, a Bíblia estabelece as premissas que tornam o conhecimento científico possível.

A Bíblia não explica o DNA. Mas diz-nos que a vida foi criada por um Deus inteligente.

Ora, à medida que estudamos o genoma vemos que ele tem quantidades inabarcáveis de informação extremamente complexa, que codifica coisas tão complexas como o cérebro humano.

Assim, o conhecimento que temos do DNA é totalmente congruente com o ensino da Bíblia.

Se Deus realmente criou a vida, podemos legitimamente esperar encontrar no DNA complexidade que transcende a nossa inteligência humana.

Ora, é precisamente isso que encontramos.

No entanto, o DNA furta-se a uma explicação evolucionista e naturalista.

A origem da informação contida no DNA mostra-se relapsa a uma explicação naturalista.

A Bíblia, não sendo um livro científico, esclarece-nos acerca do modo como devemos entender a evidência.

Ela ajuda-nos a encontrar, com Deus, o nosso caminho por entre a confusão babilónica que grassa na ciência, entre "big bang. v. steady state", "gradualismo v. saltacionismo", "uniformitarismo v. catastrofismo", "arboreanismo v. cursoreanismo", "out of Africa v. out of Asia".


No fundo, a Bíblia diz-nos que fazemos melhor em confiar na verdade definitiva de Deus, do que nas teorias provisórias dos homens.

Se o fizermos, a ciência progride mais, mais depressa e dentro de balizas éticas mais claras.

perspectiva disse...

Estimado João Moedas:

Procuremos clarificar as coisas.

A história é fundamental para a disciplina da geologia.

Esta, tradicionalmente, divide-se em duas partes: a geologia física e a geologia histórica.

Para se compreender bem as rochas, é necessário um modelo geológico que explique a sua formação.

E para isso, é necessário conhecer a verdadeira história da Terra.

Os geólogos cristãos têm uma vantagem relativamente à história, na medida em que, aceitando a história bíblica como um relato fidedigno do passado, não necessitam de especular acerca da história.

Para os cristãos que aceitam a Bíblia como Palavra de Deus, esta tem uma história da Terra plenamente confiável.

Desse modo, eles só necessitam de se debruçar como o modo como os eventos narrados na Bíblia (v.g. dilúvio global) afectaram a geologia (v.g. coluna geológica, fósseis, isótopos).

Os pioneiros das ciências geológicas usaram esta metodologia e não viram nada de anti-científico nela.

Na verdade, existem muitas e fortes razões pelas quais todos os geólogos deveriam tomar os dados bíblicos a sério.

Aqueles que não aceitam a história bíblica como fidedigna têm que inventar a sua própria história, usando acima de tudo a sua própria imaginação.

Os geólogos que se encontram nesta categoria começam por partir do princípio de que os processos geológicos do passado são essencialmente os mesmos que ocorrem no presente.

Nisso se consubstanciava o uniformitarismo do advogado Charles Lyell.

Ou seja, eles partem do princípio de que os processos geológicos observáveis podem ser extrapolados indefinidamente para o passado.

Uma consequência directa desta premissa é a ideia de que a história se prolonga por biliões de anos.

Mas trata-se de uma premissa insusceptível de comprovação directa. Não existe nenhuma máquina do tempo que permita verificar isso.

Existem, portanto, duas maneiras diferentes de se obter a história da Terra, sendo que esta é um componente essencial de muitos modelos geológicos.

Pode-se partir do princípio de que a Bíblia narra a verdadeira história da Terra, ou pode-se partir do princípio de que os processos observados permanecerem os mesmos ao longo de milhões ou biliões de anos.

É óbvio, porém, que quem começa por rejeitar a Bíblia só pode acabar com uma reconstrução imaginativa da história que entra em conflito com a Bíblia.

Mas isso não quer dizer que a Bíblia esteja errada em matéria de história da Terra.

Quer apenas dizer que os geólogos rejeitaram a sua autoridade.

Estão no seu direito. Mas isso irá impedi-los de conhecerem a verdadeira história da Terra.

Esta só pode ser conhecida a partir do testemunho de quem tenha estado presente na sua origem.

A única pessoa presente na origem da Terra só pode ter sido Deus. Nenhum ser humano esteve presente.

Daí que quem acredita em Deus deva confiar na Sua Palavra e não nas especulações imaginativas e provisórias dos geólogos que rejeitam Deus e a Sua Palavra a priori.

João Moedas Duarte disse...

"Para se compreender bem as rochas, é necessário um modelo geológico que explique a sua formação.

E para isso, é necessário conhecer a verdadeira história da Terra."

É aqui que estamos em profundo desacordo. Não penso que a via seja: primeiro conhecer a verdadeira história da Terra e depois tentar perceber as rochas. O que eu faço é: tento conhecer as rochas de modo a chegar à verdadeira história da Terra. Como disse antes, no primeiro caso começamos com um modelo que assumimos ser certo e depois tentamos encaixar os dados no modelo. Eu tento olhar para os factos da forma menos tendenciosa possivel para depois tentar construir um modelo. A verdade nunca alcançaremos, mas podemos perceber um pouco mais como o mundo funciona.

Anónimo disse...

penso o rato mickey

logo, ele existe

porque se não tivesse a qualidade "existente" não era o mesmo rato mickey que eu penso

logo, o rato mickey, anterior ao meu pensamento, existe!

tá correcto?

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