segunda-feira, 16 de julho de 2007

Criacionismo na BBC


Neste vídeo podemos apreciar porque mereceu o epíteto paxmanesque o estilo de Jeremy Paxman, o jornalista da BBC que apresenta desde 1997 o programa Newsnight e que faz as honras da casa no debate entre o representante da organização criacionista que escolheu como nome o completamente falso Truth In Science, TIS, e Lewis Wolpert, o biólogo e humanista, que nos visitou há cerca de 5 meses.

Lewis Wolpert, autor de «Six Impossible Things Before Breakfast - The Evolutionary Origin of Belief», proferiu uma palestra com o tema «A origem evolutiva da religião», integrada nas «Conferências sobre religião e evolução» da Fundação Calouste Gulbenkian. O primeiro conferencista de uma lista de luxo que incluiu Richard Sosis, da Universidade Hebraica de Jerusalém e os filósofos Alvin Plantinga e Keith Parsons, foi David Sloan Wilson, autor de «Darwin´s Cathedral: Evolution, Religion and the Nature of Society». A revista New York Times em 4 de Março publicou um artigo longo mas muito interessante com o título «Darwins's God», que inclui uma entrevista a Wilson.

Voltando ao tema criacionismo, em Dezembro de 2006 o Guardian divulgou um podcast sobre este tópico, a ofensiva criacionista em Inglaterra, envolvendo igualmente o professor Wolpert e em que podemos ouvir o paleontólogo Simon Conway Morris e Richard Buggs, do TIS. O podcast surgiu na sequência da descoberta que um número desconhecido de escolas britânicas apresentavam aos seus alunos o material anti-ciência que, tal como o tijolo criacionista com que o Paulo foi agraciado, o TIS ofereceu aos professores responsáveis por ciência de todas as escolas secundárias britânicas.

No podcast podemos ouvir ainda Eugenie Scott, directora executiva do National Center for Science Education (NCSE), na linha da frente do combate ao obscurantismo sob qualquer forma de criacionismo e autora do livro «Not in Our Classrooms: Why Intelligent Design Is Wrong for Our Schools», que fala do que se passa nos Estados Unidos.

Uma das máximas do ídolo da minha adolescência, Frank Zappa - que debateu num Crossfire nos idos de 1986 com John Lofton, recentemente declarado um admirador apaixonado de Ken Ham e do seu Museu do Disparate (21 minutos de um clássico que vale a pena ver e não só a fãs de Zappa) - é especialmente adequada ao tema criacionismo nos Estados Unidos, onde mais de metade da população diz não acreditar na evolução, um «feito» que só é (pouco) ultrapassado nos países industrializados pela Turquia:

Some scientists claim that hydrogen, because it is so plentiful, is the basic building block of the universe. I dispute that. I say that there is more stupidity than hydrogen, and that is the basic building block of the universe.

18 comentários:

Joana disse...

Antes que chegue o coro de lamentações do costume aos posts sobre criacionismo, acabei de ler um post fabuloso no Pharyngula a que se seguiu um no Bad Astronomy, dois blogs de ciência com coros de lamentações com os argumentos que os crentes carpem aqui.

Parti-me a rir ao ler os posts. Esta no Bad Astronomy lembrou-me as más companhias:

Because in a recent post, I was accused of bashing Christians, bashing religion, saying that all global warming deniers are also young-Earth creationists, and I’m sure if I look more carefully there’s something in the comments about me eating kittens, too. I never said any of that. People are reading their own issues into what I wrote, and and not reading what I actually wrote.

Joana disse...

O In which the obnoxious atheist addresses his critics, and makes a polite suggestion to his fellow bloggers é um clássico...

Joana disse...

Não conhecia Zappa mas fiquie fã depois de ouvir a entrevista, ler as máximas e que era ateu :)

E aquela de ele em 1986 prever que os States se estavam a transformar numa ditadura teocrática...

O tal John Lofton é um completo imbecil!

Mas também quem escreve poemas destes tem um problema sério...

I do not like green eggs.
But, I love Ken Ham, I do.
I do not like green eggs here or there.
But, I love Ken Ham anywhere!
I do not like green eggs in a box, with a fox,
In a house, with a mouse.
Green eggs make me sick just to see 'em.
But, I love Ken Ham and his (His) museum!

Ciência Ao Natural disse...

Simon Conway Morris.
Apenas uma gralha.

Luís Azevedo Rodrigues

Ciência Ao Natural disse...

E já agora, excelentes referências, em particular a um debate que me deu muito gozo ver - o do Frank Zappa.

Luís Azevedo Rodrigues

Anónimo disse...

A Palmira faz muito bem em chamar a atenção de todos para o ressurgimento do criacionismo.

O recente surgimento do criacionismo, um pouco por toda a parte, prende-se com a consciência do fracasso das teologias de compromisso com o evolucionismo e do próprio evolucionismo.

Além da origem da vida, dos sexos, da consciência, da linguagem, etc., continuar envolta em mistério, o mecanismo da evolução também continua a escapar aos biólogos e aos geneticistas.

As mutações são cumulativas e degenerativas, destruindo o genoma. A selecção natural explica a eliminação dos menos aptos mas deixa por explicar a origem dos menos aptos e dos mais aptos.

Por seu lado, o registo fóssil não corrobora a evolução gradual das espécies, como reconhecem evolucionistas como Stephen Jay Gould ou Niles Eldredge.

Ou seja, por esta via não encontramos indícios de evolução gradual.

A isto acresce a inabarcável complexidade do genoma, posta em relevo pelo recente programa ENCODE que desbancou definitivamente o conceito de "junk-DNA".

Por sua vez, as mais recentes edições de livros de anatomia, incluindo a famosa Anatomia de Gray, já praticamente não falam em órgãos vestigiais, tendo reconhecido a plena funcionalidade de todos os órgãos do corpo humano.

Recorde-se que os evolucionistas chegaram a contar 180 órgãos vestigiais no corpo humano, no século XIX, tendo cometido muitos erros médicos por causa disso.

Por estas e outras razões, se pode afirmar que o darwinismo está à beira da falência científica, à semelhança do que sucedeu com tantas outras correntes científicas de inspiração humana e anti-teísta.

À medida que as pessoas vão tendo acesso à informação, vai-se dissipando a sua credulidade nos modelos evolucionistas.

Se nos Estados Unidos e na Turquia as pessoas se afastam do evolucionismo, isso deve-se ao facto de existirem organizações criacionistas fortes, que disseminam a informação.

À medida que a informação sobre o debate criação v. evolução alastra as pessoas tendem a deixar o evolucionismo e a aderir ao criacionismo.

É por isso que muitos Darwinistas querem silenciar os criacionistas. Se tivessem bons argumentos, não os quereriam silenciar, antes aproveitariam todas as oportunidades para confrontar argumentos.

O mal não é existirem muitas pessoas nos Estados Unidos e na Turquia que acreditam na criação.

Pelo contrário, o mal é existirem muitas pessoas na Europa ou noutras parte do mundo que ainda acreditam na evolução.

É evidente que isso só pode ficar a dever-se a uma dramática falta de informação, devida ao facto de o evolucionismo ser ensinado unilateralmente e sem contestação em praticamente todos os estabelecimentos de ensino públicos e privadados, com o apoio doutrinador da comunicação social.

Sempre que as pessoas são sujeitas unilateral e sistematicamente a uma só linha de pensamento, acabam por pensar que não existem outras alternativas. Os sistemas autoritários sabem muito bem isso.


Normalmente os cientistas gostam que critiquem as suas teorias, para ver se elas aguentam o embate da crítica.

O Darwinismo deve ser uma das poucas teorias que os cientistas não gostam de ver contestada, certamente por temerem o embate da crítica.

O que é irónico, para uma teoria que devia defender a sobrevência das ideias mais aptas!

À semelhança do que sucedeu no século XVI, em que o acesso à Bíblia ajudou a limitar a posição do Papado, também hoje o acesso às respostas bíblicas ajuda a limitar a arrogância das comunidades científicas anti-teístas.

Em ambos os casos, é o acesso à informação que permite o combate ao obscurantismo.

Daí a importância de garantir às pessoas o acesso à informação e a liberdade de crítica do paradigma darwinista.

Na Idade Média, o Papa falava e acabava a discussão. Agora, pretende-se que Darwin fale e a discussão acabe.

Nem uma coisa nem outra.

Importa que todos tenham acesso à informação criacionista e evolucionista, para que cada um possa livremente tirar as suas prórias conclusões.

Para quem quiser conhecer mais sobre o criacionismo, ficam os seguintes sites:

www.answersingenesis.org

www.creationontheweb.com

www.icr.org

www.creationwiki.net

www.nwcreation.net

Joana disse...

Continuo sem perceber porque é que o Jónatas Machado não assina as nojardas que continua a pastar por tudo quanto é blog de ciência em Portugal.

Percebe-se que o conteúdo intelectual não é exactamente aquilo que um professor universitário, mesmo que de Direito, se orgulhe de produzir. Mas ó homem, será que não percebe que quem lê este blog não são os.... contenção ... neuron challenged ... para que prega na sua igreja?

A beleza da ciência é mesmo a admissão de erros, aquilo que faz progredir o conhecimento! Não são as teorias nem os "monstros sagrados". Muitos daqueles que reverenciamos em história das ciências produziram teorias completamente erradas.

O próprio Darwin disse o mesmo, que muito provavelmente as suas teorias seriam modificadas com a evolução da ciência.

Agora o criacionismo não propõe a ponta de ... um apêndice frontal de algumas espécies como touros! Zero, nicles, niente do que os criacionistas dizem faz sentido científico.

Os criacionistas apenas dizem que factos científicos completamente estabelecidos (e não apenas teorias que explicam esses factos) são falsos.

Se ao menos apresentassem uma teoria para explicar factosm mas não limitam-se a dizer que todo o conhecimento reunido nos últimos 150 anos é falso por que não está conforme com o livro"sagrado" da sua religião.

Fernando Martins disse...

Um Doutor da Universidade que continua a debitar mentiras, meias-verdades e dogmas em Blogues científicos merece um outro título, que por decoro não vou dizer aqui.

"Na Idade Média, o Papa falava e acabava a discussão. Agora, pretende-se que Darwin fale e a discussão acabe." Mas, melhor ainda, vem um parvo qualquer especialista em "copy-past" e doutorado em Direito ensinar ciência básica a... cientistas. É outra vez o "paradigma da estupidez"...

Ciência Ao Natural disse...

Argumentação cheia de falácias...e as de sempre.
Nada como trazer o Equilíbrio Pontuado (EP), de forma distorcida, para tentar credibilizar vazios argumentativos.
Com EP ou sem ele, o facto é que os processos evolutivos ocorreram e ocorrem.
Mas este comentário tem nuances diferentes.
A técnica, agora, é tentar associar o aparente carácter evidente da Evolução com dogmatismo religioso.
A gravidade ocorre, não a podemos negar, logo os princípios de Física inerentes são dogmáticos.
E chegam ao cúmulo de se queixar de perseguição!!
Por último, a Evolução tem sido dos campos da Ciência mais analisados, testados e verificados.
Tanto assim é que os jonatasianos gostam de invocar mecanismos evolutivos, de forma distorcida e mentalmente desonesta, para tentar comprovar as suas...as suas...bem, convicções.

Luís Azevedo Rodrigues

José Oliveira disse...

É interessante ver como os criacionistas usam sofismas e citam frases pela metade para defender as suas "ideias" (ou falta delas!...).

Para mais, esta ideia de que, porque a ciência não tem respostas para determindas questões, é falha, é o argumento mais ignóbil que eu tenho ouvido e lido por aí. Porque é precisamente o contrário! Qualquer pessoa que queira pensar um pouco chega a essa conclusão. A vantagem da ciência é exactamente essa possibilidade de erro! É aí que se encontra a força das ciências...

Obviamente que estas pessoas, porque procuram deseperademente um terreno firme onde se possam apoiar, nomeadademente a religião, ficam assustadas quando lhes dizem que não se partem de respostas feitas, tipo criacionismo -- que tem de se ser ciência nem que seja com uma marreta --, mas que vamos caminhando e descobrindo-as ficam assustadíssimas. Ou porque vão para o inferno, ou porque não está de acordo com a ortodoxia da icar, ou outra qualquer razão inventada.

Ainda por cima falam de uma suposta doutrinação em ciências! Não lhes convém dizer que é no mínimo paradoxal dizer isto, porque a ciência tem por princípio apresentar factos, não dar respostas feitas. O seu objectivo é fazer pensar, não aceitar acriticamente. Enfim mais um exemplo de manipulação em que estas pessoas são peritas. Penso que só demonstra a qualidade das suas ideias, que são tão boas, que nem se podem discutir seriamente.

Palmira, muito obrigado por mais um post excelente!

Cumprimentos,

José Oliveira.

Anónimo disse...

Gostos não se discutem, mas com o Zappa lá, tenho a certeza que a melhor música é a que se ouve no inferno.

guida martins

Anónimo disse...

Os evolucionistas fogem dos criacionistas como o Diabo da cruz.

Pedro Alves

Anónimo disse...

O problema dos crentes é que uma vaca sagrada não é um animal, é uma ideia. Como é que se pode debater honestamente com uma pessoa assim?

Pode-se ser crente por dois motivos: por motivos sociais e por convicção. Os primeiros são desprezíveis. Os segundos até podem ser pessoas interessantes, mas mais tarde ou mais cedo lá aparece a "vaquinha ideia" a meter o focinhinho na conversa.

Por vezes, chego a pensar se em determinadas alturas os neurónios dos crentes não se ligarão uns aos outros por nós de marinheiro em vez de sinapses. Se assim for, quem quiser que os desate.

Eu acho que o primeiro dever do ser humano é ser feliz e cada um deve utilizar todos os meios para o conseguir desde que respeite os direitos dos outros.

O problema das religiões é que, como necessitam de ser muitos (o ideal seria mesmo sermos todos), andam sempre a chatear a moleirinha aos outros.

Artur Figueiredo

Alvaro Augusto W. de Almeida disse...

Não só na Inglaterra e nos EUA, mas também no Brasil. No último 1 de junho o sindicato dos professores da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) promoveu uma palestra sobre criacionismo. Estive lá e fui o único a me contrapor ao palestrante. Minhas impressões estão publicadas em http://alvaroaugusto.blogspot.com/2007/06/sobre-palestra-de-eduardo-ltz-cincia-f.html

[ ]s

Alvaro Augusto de Almeida
http://alvaroaugusto.blogspot.com
alvaro@lunabay.com.br

Anónimo disse...

"A beleza da ciência é mesmo a admissão de erros, aquilo que faz progredir o conhecimento! Não são as teorias nem os "monstros sagrados". Muitos daqueles que reverenciamos em história das ciências produziram teorias completamente erradas."

Precisamente!

Darwin produziu uma teoria completamente errada. Pena é que os darwinistas não queiram reconhecer o erro e tentem impedir o progresso da ciência.

Anónimo disse...

OS EVOLUCIONISTAS FALAM DA EVOLUÇÃO:

"If it is true that an influx of doubt and uncertainty actually marks periods of healthy growth in a science, then evolutionary biology is flourishing today as it seldom has flourished in the past.

For biologists collectively are less agreed upon the details of evolutionary mechanics than they were a scant decade ago.

Superficially, it seems as if we know less about evolution than we did in 1959, the centennial year of Darwin's on the Origin of Species."

Niles Eldredge, "Time Frames: The Rethinking of Darwinian Evolution and the Theory of Punctuated Equilibria," Simon & Schuster: New York NY, 1985, p14

Anónimo disse...

OS EVOLUCIONISTAS FALAM SOBRE A EVOLUÇÃO:

"Fossil evidence of human evolutionary history is fragmentary and open to various interpretations. Fossil evidence of chimpanzee evolution is absent altogether".

Henry Gee, “Return to the Planet of the Apes,” Nature, Vol. 412, 12 July 2001, p. 131.



Ou seja, tudo indica que ao pretenderem recrutar o maior número de fósseis possível para demonstrar a evolução do homem, os evolucionistas esqueceram-se da evolução dos macacos.


O problema é que nem assim se vai muito longe:

"The fossil record pertaining to man is still so sparsely known that those who insist on positive declarations can do nothing more than jump from one hazardous surmise to another and hope that the next dramatic discovery does not make them utter fools ...

Clearly some refuse to learn from this. As we have seen, there are numerous scientists and popularizers today who have the temerity to tell us that there is 'no doubt' how man originated: if only they had the evidence..."

William R Fix, The Bone Pedlars, New York: Macmillan Publishing Company, 1984, p.15

Fernando Martins disse...

"Fossil evidence of human evolutionary history is fragmentary and open to various interpretations. Fossil evidence of chimpanzee evolution is absent altogether".

"Ou seja, tudo indica que ao pretenderem recrutar o maior número de fósseis possível para demonstrar a evolução do homem, os evolucionistas esqueceram-se da evolução dos macacos."

Ai agora os chimpanzés são macacos...? E posso dizer que os criacionistas são de outra espécie ou grupo (de momento só me lembro de quadrúpedes, mas alguma coisa se arranjará...). É pena que quem não sabe fale do que não conhece - será que os criacionistas, quando têm um problema eléctrico em casa, chamam um nabo qualquer em vez de um especialista?

Quanto ao caso em causa: a fossilização é um fenómeno raro e muitos dos seres vivos que existiram no passado nunca são preservados. O meio ambiente condiciona este fenómeno - há locais que preservam muitos fósseis e outros nenhuns. Se os chimpanzés, que têm o azar de viver em floresta tropical, onde a fossilização é quase impossível (explicaria isto a leigos, mas não tenho todo o tempo do mundo para isso...) como querem obter fósseis de antepassados de chimpanzés...?

PS - Caro Jónatas, por favor assine os comentários - é mais fácil falar recorrendo ao nome próprio (nós os católicos pelo menos preferimos assim).

A panaceia da educação ou uma jornada em loop?

Novo texto de Cátia Delgado, na continuação de dois anteriores ( aqui e aqui ), O grafismo e os tons da imagem ao lado, a que facilmente at...