segunda-feira, 10 de maio de 2010

(Des)Respeito pelo Centro de Portugal



(Artigo publicado no dia 5 de Maio de 2010 na coluna "Passeio Público" do Jornal de Notícias)

O Centro de Portugal, e Coimbra em particular, tem vindo a perder influência junto do poder central, não sendo capaz de justificar os méritos de uma região centro forte, dotada dos mecanismos e infraestruturas que lhe permitam maximizar a sua contribuição para o desenvolvimento do país.

É necessária uma nova atitude, mais eficaz e mais empreendedora, capaz de fazer valer os nossos pontos de vista e concertar estratégias que tenham sempre como objectivo o desenvolvimento equilibrado de Portugal.

Não é possível continuar com este desenvolvimento desequilibrado, onde tudo acontece na capital do país, com duplicação de infraestruturas e meios, sem cuidar do resto do território nacional. Perdemos todos com isto: Portugal e o nosso futuro colectivo.

Segundo os dados do Eurostat, relativos a 2007 e que têm em conta o PIB expresso em padrões de poder de compra (PPC), a região Norte tem um PIB por habitante de 60,3% da UE, o Centro tem 64,4%, os Açores (67,6%), o Alentejo (71,9%), o Algarve (79,6%) e a Madeira (96,3%). A única região do país acima da média comunitária é Lisboa, com 104% da UE. Mas mesmo esta região está em queda, pois o seu valor em 2004 era bastante superior. Em média o valor do PIB por habitante em Portugal é de 75,6% da UE.

O Centro de Portugal é uma das zonas mais dinâmicas e empreendedoras do país. A nível empresarial e académico, na investigação científica, na incubação de ideias e negócios tendo por base o conhecimento, na oferta turística de qualidade, na cultura e nas artes, nas raízes históricas profundamente ligadas à nacionalidade e na defesa intransigente de Portugal e dos portugueses. No entanto, as suas potencialidades são sistematicamente desmerecidas.

Não se percebe que, havendo três aeroportos na zona sul do país (Lisboa, Beja e Faro), nos preparemos para construir outro nessa mesma zona, deixando uma vasta região do país sem cobertura capaz desse importante meio de transporte. A proposta de Monte Real, que complementaria eficazmente as infraestruturas aeroportuárias existentes e seria um investimento pequeno, dadas as condições da base aérea, bem como redes viárias de que é servida, continua a ser esquecido.

Não se percebe que, quando se fazem cortes na despesa pública, tendo por base as dificuldades económico-financeiras do país, se mantenham todas as obras (aeroporto, TGV e auto-estradas) menos a auto-estrada do centro. Essa é a única a ponderar melhor.

A concentração de investimentos e de riqueza no Sul, essencialmente na grande Lisboa, está a prejudicar o país (em 2004 o PIB por habitante nessa região era de 166% do PIB médio nacional), não permitindo tirar partido das potencialidades das várias regiões, tendo como objectivo fortalecer o posicionamento de Portugal na Europa e no Mundo. É preciso que as pessoas se apercebam disto e se habituem a ser exigentes. Em nome de Portugal.

3 comentários:

Anónimo disse...

E que dizer da Região Norte que foi o grande motor da economia portuguesa?
A região Norte está a agonizar...até quando?

João Moreira

guna disse...

Lisboa vai ser Portugal e o resto paisagem...

Todas a eleições a desertificação do interior é mencionada, no entanto actualmente a desertificação é fenómeno que ocorre em todo o país à excepção de uma única região. E mesmo assim, a súcia que dirige este país é eleita e re-eleita. Isto é Portugal no seu melhor!

property portugal disse...

As a foreigner both living and working in Portugal, I believe both Porto and Lisboa have beautiful and interesting things to offer both the resident and tourist.

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