sábado, 23 de maio de 2009

O ECLIPSE QUE CELEBRIZOU EINSTEIN


Minha crónica no "Sol" de hoje (na imagem negativo de uma foto tirada pela equipa britânica nos escassos segundos em que o tempo permitiu a observação do eclipse na ilha do Príncipe) :

O eclipse do Sol que celebrizou Einstein ocorreu a 29 de Maio de 1919, há quase 90 anos. Foi observado por uma equipa britânica chefiada pelo astrónomo Arthur Eddington, na ilha do Príncipe, que na altura era uma colónia portuguesa. Tratava-se de confirmar (ou infirmar) um desvio dos raios de luz provenientes de certas estrelas, previsto pela teoria da relatividade geral, pelo simples facto de passarem perto do Sol. Numa reunião realizada na Royal Society em Londres, em 6 de Novembro de 1919, os resultados eram anunciados. E estes, concordantes com observações realizadas em simultâneo no Brasil, vinham dar razão a Einstein.

O criador da relatividade nunca duvidou um só momento da correcção da sua teoria. Nesse mesmo ano de 1919, quando alguém lhe perguntou como teria reagido se não tivesse havido confirmação, respondeu, com enorme auto-confiança: “Nesse caso eu teria pena do pobre Deus. A teoria está certa de qualquer modo”. E, mais tarde, afirmou a respeito do seu colega Max Planck: “Mas ele realmente não entendia muito de física, [porque] durante o eclipse de 1919 ficou a noite toda acordado para ver se iria confirmar a deflexão da luz pelo campo gravitacional. Se tivesse realmente entendido a teoria da relatividade geral, teria ido para a cama tal como eu fiz.”

O êxito de Einstein correu logo o mundo. O Times de Londres titulava em caixa alta a 7 de Novembro de 1919: “Revolução na ciência. Nova teoria do Universo”. Chegou também a Portugal (que não tinha enviado astrónomos nacionais a acompanhar a expedição). A 15 de Novembro um título de O Século era “A luz pesa”. A vida do sábio de origem alemã mudou radicalmente. Pode dizer-se que há duas fases na biografia de Einstein: antes do Príncipe e depois do Príncipe, que alguém descreveu como “Dos princípios para o Príncipe” e “Do Príncipe para Princeton”. Em Lisboa, em Coimbra e no Príncipe preparam-se eventos comemorativos do que foi um dos eclipses mais famosos de sempre. Se o eclipse celebrizou Einstein, Einstein celebrizou o eclipse.

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