sexta-feira, 13 de julho de 2007

"OS EXAMES PREJUDICAM O ENSINO DA MATEMÁTICA"


Este título espantoso está hoje na última página do "Diário de Notícias". Encabeça uma entrevista feita por Maria João Caetano à Professora Rita Bastos, presidente da Associação de Professores de Matemática, a propósito dos exames de Matemática do 9º ano (cujos resultados foram, infelizmente, catastróficos). O título é, evidentemente, um grande tiro no pé! Conforme um amigo meu comentou, é como se alguém dissesse que o termómetro prejudica a gripe...

Mas será que a professora de Matemática pensa mesmo isso e quer acabar com os poucos exames que temos? Lendo o artigo não se encontra a frase de cima, que está entre aspas. Fica a dúvida que tantas vezes nos fica ao ler os jornais se a frase é da entrevistada ou da entrevistadora. O que se lê de mais parecido com o título é "O facto de ser uma disciplina constantemente [sic] sujeita a exames e ao escrutínio social causa uma pressão enorme nos professores e dificulta o ensino". E lê-se, a seguir, a resposta "Claro" à pergunta "Está a dizer que ensinar Matemática é mais difícil porque há exames?"

Na entrevista encontram-se outras afirmações no mínimo curiosos como
"muitos alunos desistiram dos exames ainda antes de os realizar (...) Isso acontece muito com aqueles que geralmente têm boas notas noutras disciplinas" (quererá a professora dizer: eles são mesmo bons, mas não estão sequer para se maçar?). Ou esta outra: "o que um aluno faz num exame nem sempre corresponde àquilo de que ele é capaz" (quererá dizer: eles sabem muito, mas nos exames não acertam em metade?).

Seja qual for o pensamento exacto da entrevistada (e a exactidão é uma virtude, em matemática ou fora dela!) fica a ideia da desvalorização dos exames. Ora, quem desvaloriza os exames esquece-se que, ao fazê-lo, está a desvalorizar o ensino, os professores e a escola. Ou um professor é apenas um animador de tempos livres? Alguém que apenas tem de entreter os alunos durante as horas em que eles estão na escola?

Os alunos não sabem nada? Não estão preparados para a vida? Pois muito bem, a solução mais fácil - e também a pior - consiste em acabar com a maneira de se saber que eles não sabem. Se ignorarmos o problema, passa a não haver problema nenhum. Ah, como seria fácil o ensino em Portugal sem quaisquer exames...

45 comentários:

Miguel Pinto disse...

"Ah, como seria fácil o ensino em Portugal sem quaisquer exames..."

Se a aprendizagem é mais fácil com exames por que razão é que há disciplinas sujeitas a exame nacional que reflectem más aprendizagens? Se os exames são o garante da qualidade das aprendizagens, todas as disciplinas contempladas com exames deveriam ter resultados análogos? Ou não?

Anónimo disse...

Foi a presidente da Associação de Professores de Matemática que fez essas afimações?

Eu tinha recentemante, por outras tomadas de posição públicas, uma razoável impressão da APF e não gostaria de ter que mudar rapidamente de opinião.

Note-se que não tenho seguido muito as actividades da APF e que não li o referido artigo (link, por favor, se for possível)

Estou particularmente interessado no tema, porque penso que fui prejudicado, talvez inadvertidamene, por professores ineptos (de matemática) quando outros professores, pelas suas características, me encaminharam essencialmente para a area das ciências, em que me formei e licenciei.

A área das ciências médicas e biológicas é muito vasta, mas ainda sinto, com quase 60 anos, o "buraco" de não ter uma maior agilidade matemática.

Anónimo disse...

Não é APF, é APM, mas escrever neste espaço pequenino é uma coisa dos diabos

Anónimo disse...

Este pensamento professoral (?) dos envolvidos na catástrofe, que até admitem que os nossos filhos têm incapacidade geneticamente adquirida para a matemática, tentam esconder o licho para debaixo dos tapetes. e também se fica agora a saber o que resulta de despejar soluções fantasiosas e dinheiro em cima das mesmas cabeças e funcionamento escolar. Por isso, aos intérpretes do sistema miserável, que vai deseducando matematicamente as nossas futuras gerações, só acorre defenderem o fim dos exames - que afinal nem contam para praticamente nada. É caso para perguntar se estes doutos professores alguma vez foram verdadeiramente avaliados na sua própria carreira!

Anónimo disse...

Aconselho todos os comentadores a lerem a entrevista na íntegra e depois compararem-na com o que foi escrito pelo Carlos Fiolhais.

Em primeiro lugar a entrevistada refere-se aos exames do 9º ano.

Passo a exemplificar.

Carlos Fiolhais escreveu:

Na entrevista encontram-se outras afirmações no mínimo curiosos como "muitos alunos desistiram dos exames ainda antes de os realizar (...) Isso acontece muito com aqueles que geralmente têm boas notas noutras disciplinas" (quererá a professora dizer: eles são mesmo bons, mas não estão sequer para se maçar?). Ou esta outra: "o que um aluno faz num exame nem sempre corresponde àquilo de que ele é capaz" (quererá dizer: eles sabem muito, mas nos exames não acertam em metade?).

A Prof. Rita Bastos disse:

Há colegas que dizem que muitos alunos desistiram dos exames antes mesmo de os realizar, o que é típico desta idade: convencem-se que vão ter má note e não investem tanto quanto poderiam. Isso acontece muito com aqueles que geralmente têm boas notas noutras disciplinas. Encontram uma dificuldade na matemática e preferem não a encarar porque têm medo do insucesso. É mais fácil dizer: não fiz melhor porque não quis, não me esforcei.

Carlos Fiolhais escreveu:

(1) "O facto de ser uma disciplina constantemente [sic] sujeita a exames e ao escrutínio social causa uma pressão enorme nos professores e dificulta o ensino". (2) E lê-se, a seguir, a resposta "Claro" à pergunta "Está a dizer que ensinar Matemática é mais difícil porque há exames?"

Rita Bastos disse:

(1) [A matemática] é uma disciplina que exige conhecimentos acumulados. Uma pessoa que não saiba a tabuada tem dificuldade em fazer exercícios mais complexos. E os professores têm que tentar dar a volta a isso, motivar alunos com uma história de insucesso não é fácil. Depois, é uma ciência muito abstracta, que não lida directamente com os interesses dos alunos, o que talvez dificulte o ensino. Mas, mais uma vez, não me parece que a Matemática seja muito diferente das outras disciplinas. O facto de ser uma disciplina constantemente sujeita a exames e ao escrutínio social causa uma pressão enorme nos professores e dificulta o ensino.

(2) Claro. O professor tem de fazer um esforço para cumprir as normas, para dar o programa, para preparar os alunos para uma prova específica. Um professor de História, por exemplo, pode testar estratégias de ensino diferentes e pode, até, ter graus de exigência de exigência diferentes para os alunos. Não estou a falar de ser pior professor mas de personalizar o ensino. É impossível fazer isso quando se tem 28 alunos numa turma e todos eles têm de fazer o mesmo exame. Aliás é impossível ter um ensino inovador com turmas de 28 alunos.


A entrevista não está online, terão de a ler na edição do DN em papel.

Carlos Fiolhais disse...

Sim, é bom esclarecer, como fiz agora acrescentando no post, que os exames em causa são os do 9º ano, cujos maus resultados são bem conhecidos. Já agora: ontem no programa Forum da TSF comentei que a melhoria da qualidade da nossa democracia passa por um sobressalto cívico perante resultados tão maus como estes. E comentei que mal fazem os governantes quando criticam os governados: devia ser ao contrário (estava a pensar, entre outros casos, na inqualificável discriminação de que foi vítima a Associação de Professores de Matemática (com a qual tenho colaborado) sofreu ao ser excluída pelo Ministério da Educação do diálogo sobre o ensino da matemática só por ter uma diferença de opiniões.
Carlos Fiolhais

Anónimo disse...

Considero que os exames são importantes para melhorar a qualidade do ensino dos professores e o empenho dos alunos. Mas não com critérios como os que vos vou apresentar de seguida.
O exemplo é retirado do exame de filosofia que se encontra em extinção. Alguns critérios de correcção podem ser discutíveis, mas não é esse o problema que levanto, mas a forma como são aplicados. Para cada questão há vários níveis de cotação, consoante as respostas. Para as várias questões está determinado um nível 1. Eis um exemplo dos descritores do nível 1: a aluno "Faz afirmações avulsas sobre o pensamento político de Locke OU sobre
as teorias contratualistas.
– Faz afirmações incorrectas, avulsas ou irrelevantes."

Qual a cotação a atribuir-se? Eu como professora considero que a resposta deve ser cotada em zero pontos. Pois não, segundo as indicações do GAVE, uma resposta assim pode ter até 8 pontos em 20. Como é possível.
Fazendo as contas por baixo, um aluno que seja sempre avaliado pelos pontos mínimos do nível 1 (ou seja que não sabe nada de nada e que escreve mal) e que acerte em metade das questões de escolha múltipla, tem 8 valores. Como é possível?

Outro exemplo:
Níveis Descritor COTAÇÕES
N2 – Apresenta a conclusão: «Logo, alguns seres racionais são relativistas». 12
N1 – Apresenta a conclusão: «Logo, alguns relativistas são seres racionais». 4

Só a primeira resposta está correcta. No entanto, é atribuído um terço da cotação a uma resposta que está errada.

Assim dificilmente os exames podem avaliar seja o que for e está a prestar-se um muito mau serviço à Filosofia e ao ensino.

Anónimo disse...

O que o Carlos Fiolhais teve de pouco exacto não retira a preocupação que inspira o pensamento de que os exames são prejudiciais. Sabemos de todas as contingências de se avaliar parcialmente o trabalho de uma ano inteiro, mas antigamente, por exemplo no 2º ciclo, eram três anos e nove disciplinas que eram avaliadas em hora e meia, mais o “prolongamento” da oral, que poderia ir de 10 a 20 minutos. Claro que tinha de haver um grande esforço, e claro que o ensino estava reduzido a elites económicas ou de inteligência razoável. E podia haver desilusões inesperadas, como me aconteceu com História, no 5º ano, o meu exame escrito deve ter sido feito por um mentecapto, só com perguntas do género “quem conquistou?” quem matou?” “em que ano foi?” e por aí fora. Apanhei metade da média habitual: 6,9! Por causa disso, tive de fazer oral em Letras. Apanhei algo muito perto do 20. Mais do que eu valia, mas que correspondeu à verdade daqueles dez minutos.
Enquanto se quiser o ensino cada vez mais facilitado, piores serão os resultados. Não os resultados estatísticos, mas os resultados para a sociedade. Porque mal vai uma sociedade que não prepare elites culturais. Ou elites técnicas. Ou seja lá que elites for. Por isso Portugal tem dois prémios Nobel, o que corresponde ao número de premiados judeus. Com uma pequena diferença: nós temos dois em cerca de oitocentos prémios já atribuídos, eles são dois por cada dez! (Antes, eram muito poucos os que estudavam em Portugal; hoje, teoricamente é toda a gente, mas na prática são menos ainda.)
Quanto ao “Grunho”, meu caro, você escreve no espaço pequenino porque quer. Escreva no Word à vontade, copie e depois cole na caixa de diálogo. Verá como se lhe acaba esse problema. E isto não é fazer batota, foi o que eu fiz agora.

Anónimo disse...

Por muito intuitivo que isto possa parecer: Alguém é capaz de mostrar, objectivamente, que a realização de exames é necessária, isto na prespectiva da melhor aprendizagem possível?

Acho que, se procurarem saber, encontraram no número de alunos por sala de aula, uma variável mais significativa.

Anónimo disse...

A meu ver este problema (que suspeito se alastrará a outras disciplinas) tem a ver com a propria definição de escola e educação e da destruição da santissima trindade da formação das crianças , falo do triangulo ESCOLA-PAIS-ALUNOS.É a propria definição de formação que está em causa, os pais demititram-se do seu papel fulcral na educação dos seus filhos passando a exigir da escola o papel (ou pelo menos parte dele) que lhes competia. quantos pais ajudam os seus filhotes a estudar?????
Tive o previlegio de estudar em dois sistemas educativos , e nosso e o inglês, quando entrei para o instituto britanico tinhamos exames TODOS OS DIAS, sim , é verdade , todos os dias tinhamos uma ficha de avaliação à seria e a unica escolha que tinhamos era a de poder fazer a dita cuja no começo ou no fim da aula, quando eu e os outros novos alunos protestamos toda a gente se riu de nós. No ano seguinte foi a minha vez de me rir dos novos pois achava aquilo tão natural como respirar. devia era de haver exames todos os anos

satanucho

Anónimo disse...

CARO SR CARLOS P:
Este nivel de exigencia só me deu vantagens a nivel profissional, hoje em dia sinto-me mal se não sou avaliado e tendo mudado de emprego varias vezes, em todas as entrevistas de emprego a que me apresentei sempre pedi para me porem à prova de modo a avaliarem o meu nivel de conhecimentos e olhe que sempre me dei bastante bem...
SÓ OS IMCOMPETENTES TÊM MEDO DE SER AVALIADOS

Anónimo disse...

O integral de x é 1.

Anónimo disse...

Ups...

Anónimo disse...

Acordei agora e estou com uma ressaca descomunal. O integral de x é x^2 /2. Abraço tangencial.

Anónimo disse...

O seno e cosseno são a mesma coisa, com uma diferença de fase de 90 graus ou pi/2.

Anónimo disse...

Roubaram-me a bicicleta !!!

Anónimo disse...

Eu escrevo neste blog, logo existo. Por favor, deixem de duvidar da minha existência. Isto está a tomar proporções francamente embaraçosas.

Anónimo disse...

Já me começam a faltar ao respeito cá em cima. O anjo Gabriel ontem atreveu-se a ganhar-me no dominó.

Anónimo disse...

UMA VEZ TEVE GRAÇA ó deus , MAS SEGUNDA JÁ É EXAGERO.
desconfio que esta será a nova estratégia dos fundamemtalistas jonasicos para chatear a malta

Anónimo disse...

Se a corrupção e os favorecimentos nas nossas escolas não fossem uma realidade, se calhar os exames eram desnecessários, mas sendo assim, tem que existir uma prova a que todos os alunos sejam submetidos nas mesmas condições (ainda que isso na prática não aconteça).

Anónimo disse...

E que tal umas coisas que dariam vontade de rir se não fossem ridículas?
Em provas de aferição deste ano (vi cópia no jornal), havia uma questão em que se dizia que a ponta de um glaciar se tinha derretido, num total de 5000 litros. Perguntava-se a quantos quilolitros correspondia. As respostas consideradas certas eram: 5Kl ou 5. No caso de o aferido responder 5,0 ou 5,000, era erro. (Não é preciso comentar.)
Em outra questão, dizia-se que um pinguim, num determinado percurso, gasta o dobro da energia de um cão. (Já lá vamos, sei que é disparate.) Pergunta: a energia gasta por 50 pinguins a quantos cães corresponde? A resposta certa era 25! (Claro que aqui o erro é do enunciado, pois o pinguim gasta menos energia do que um cão.) Pode admitir-se o descuido do autor do teste, mas grave é se algum dos correctores considerou 100 como resposta errada. No outro caso, trata-se de asneira grossa do autor e outro tanto de algum corrector que eventualmente tenha aceitado como válidas apenas as soluções propostas.

Anónimo disse...

Miguel Pinto,
“Se a aprendizagem é mais fácil com exames por que razão é que há disciplinas sujeitas a exame nacional que reflectem más aprendizagens? Se os exames são o garante da qualidade das aprendizagens, todas as disciplinas contempladas com exames deveriam ter resultados análogos? Ou não?”
A questão parece bem colocada, mas a realidade prova que a questão, afinal, não faz sentido. E isto porque, com as reformas a que temos assistido no nosso ensino, a avaliação contínua produz resultados muito diferentes daqueles que são testados em exame nacional. O ensino em Portugal está pouco ou nada virado para os conteúdos, ao passo que os exames ainda testam conteúdos. Literalmente, os estudantes passam sem saberem. Anular os exames é passar por cima do problema. Falseá-lo, uma vez mais. Imaginemos numa empresa um funcionário que não sabe executar determinada tarefa: temos 3 hipóteses: a)despedimo-lo, excluindo-o do sistema.b) Não lhe pedimos mais essa tarefa, substituindo-a por uma que ele já sabe fazer, provavelmente a única que sabe fazer. C)Ou insistimos, com formação, até que ele a aprenda a fazer. O nosso ensino faz aos nossos estudantes algo entre a 2ª hipótese. Não existe exigência. Nada mais.
Abraço
Rolando A

Anónimo disse...

Carlos P.
"Por muito intuitivo que isto possa parecer: Alguém é capaz de mostrar, objectivamente, que a realização de exames é necessária, isto na prespectiva da melhor aprendizagem possível?"

Mostre o Carlos que objectivamente, num sistema de ensino, eles não são necessários.
Rolando A

Anónimo disse...

Algum dos comentadores sabe quais os países europeus que dispensam, até fases tão tardias do percurso escolar dos alunos, a realização efectiva de exames que avaliem objectivamente o nível de conhecimentos adquiridos pelos mesmos? E haverá muitos países nessa mesma Europa em que se discutam estes problemas da disciplina de matemática com muitos dos seus docentes, sindicalistas e até parlamentares da maioria governamental no pelotão da "frente comum contra a avaliação por exames"?
Acho que respostas a questões como estas ajudariam a situar a nossa pantanosa vivência. E ao que se vai ouvindo, os nossos rácios alunos/docente e o nível de despesas com a educação estão relativamente bem situados nesta "nossa Europa"!
Haja quem dê os passos necessários para formar uma "frente de sobressalto cívico e geracional" contra este "status quo" do relativismo da exigência, do rigor e da séria avaliação dos conhecimentos. Eu estou disponível, porque senti "na carne" esse pensamento no percurso escolar do meu filho, e não faltei a uma única reunião da turma em todo o seu percurso até à Universidade, até cheguei a ser o eleito pelos restantes pais (praticamente para nada, mas isso é a treta da participação dos pais que é serviço par "epatter le bourgeios"!).

Anónimo disse...

Caro Rolando: Responder à minha questão com a questão inversa é claramente uma falácia. Pura e simplesmente, não responde à questão. Ela permanece em aberto.

Anónimo disse...

Carlos,
No caso não é falácia alguma. Aliás, o Carlos não colocou argumento algum, somente lançou o desafio com uma questão. Mas vá lá: a prova empírica é que os exames sem avaliações externas tem produzido resultados falsos. De resto, como poder conceber, nas condições actuais, um sistema de ensino sem avaliações por exames? Só com um sistema que dispensa claramente o saber e a ciência em toda a sua extensão. Com efeito, até para uma modesta profissão, é necessária a sujeição a testes e exames. Regra geral, somente nas creches e jardins de infância é que eles são dispensáveis, ainda que não totalmente. A menos que o conceito de escola que estejamos a cultivar seja o de jardim de infância extensível até ao 12º ano. Sabe uma coisa Carlos: sou professor do ensino secundário e a melhor forma de não me chatear muito com a minha profissão, é mesmo não eistirem exames. Fica toda a gente contente e eu com menos responsabilidades.
Rolando A

Anónimo disse...

Em resposta a J. Pinto Correia:
Na Finlândia, por exemplo (e já que estou a falar com cultores da matemática e da lógica, sempre lhes lembro que para provar uma possibilidade basta uma ocorrência) há formas de assegurar o rigor e a exigência no sistema de ensino sem recorrer aos exames.

Deste assunto conto tratar mais desenvolvidamente no meu blogue.

Aqui direi apenas que os exames só fazem sentido se avaliarem o que foi ensinado. Não faz sentido estabelecer nos programas objectivos que não são avaliáveis através de exames, e depois fazer exames que avaliam o que não está nos programas.

Esta tentativa de meter o Rossio na rua da Betesga leva a coisas grotescas como uma que já foi assinalada: os critérios de correcção do GAVE. E leva necessariamente a que apareçam nos enunciados erros pueris, porque os autores das provas, obrigados a malabarismos inimagináveis para tentar avaliar duma vez todos os «objectivos» constantes do programa (as famosas «competências», «atitudes», «comportamentos», etc.) acabam por deixar cair no chão as bolas politicamente menos importantes, que são a do rigor e a do conhecimento.

Anónimo disse...

Caro Rolando:

Eu também já fui professor do ensino secundário e sei – tal como todos os professores sabem - que a avaliação daquilo que os alunos sabem não advém, em larga medida, dos resultados dos exames. Estes, aliás, muitas vezes, por uma razão ou outra, traduzem mal o grau de conhecimentos que sabemos que um aluno tem. Um professor que precise de exames para avaliar o grau de conhecimentos de um aluno é, a meu ver, ou um mau professor, ou um professor excessivamente distante dos seus alunos. Por esta razão, os exames são apenas uma falsa desculpa de objectividade e não uma necessidade pedagógica. Esta é a minha experiência empírica. No entanto, e por que sei toda a prova empírica é contingente, procurei saber de alguém que me pudesse demonstrar o contrário. Isto é, que pudesse - pelo menos - pôr como muito provável a relação exames-eficácia de ensino. Relação que é tida aqui como certa. Contudo, uma vez mais, o que me apresentou foi tudo menos uma prova disto. Preferindo, pelo contrário, apresentar-me uma duvidosa “prova” empírica, enredar-se em tautológicas frases de senso comum e realizar juízos de valor. Ou seja, não respondeu à questão. Limitando-se a repetir as nobres certezas daquilo que questionava. Portanto, a questão permanece e cada vez mais julgo-a como séria e fundamental. Mais a mais, porque a resposta que é tida, pela maioria, como óbvia, parece não ser assim tão obvia.

Anónimo disse...

Meus Caros, o problema da necessidade ou não de exames talvez se reduza a uma questão apenas: a falta de seriedade das classificações atribuídas por cada escola. Não são só as famosas competências ou os discutidos conteúdos que estão em causa, é mais do que isso. É cada escola querer dar uma boa imagem de si, o melhor possível. Basta comparar os resultados da avaliação contínua com os dos exames para se perceber que, por mais traumas que estes causem, há algo de errado, de desequilibrado, quando se trata de avaliar internamente. Sei de casos concretos, confessados, de escolas que deram uma nota mais alta para compensar o tombo previsível nos exames.
Seria curioso comparar as disparidades de agora com o equilíbrio de antigamente, no que se refere a estabelecimentos de ensino particulares que tinham de mandar os alunos a exames nacionais nos liceus oficiais.

Anónimo disse...

Parece-me que a melhor maneira de avaliar os conhecimentos e competências é por exame. De facto, impõe-se uma classificação (seriação) para que os melhores sejam escolhidos.
Alguém conhece algum modo menos injusto?

Além disso: os professores não são mágicos nem sabem tudo; portanto, os exames são uma boa ferramenta para aferir estratégias e outras coisas... porque para melhorar o desempenho dos alunos é preciso que os professores se preocupem em melhorar o seu próprio desempenho... e como avaliar o desempenho dos professores por outra coisa que não seja exames aos seus formandos?

Os exames nacionais deveriam ser só mais um exame! Se não o são... talvez porque as provas de avaliação que os alunos fazem a montante dos mesmos não são verdadeiras provas de avaliação.

Há professores que, com receio das exigências dos encarregados de educação e de outras entidades com legitimidade para perguntarem "porquê?", inflacionam as classificações [ou então, prestam esclarecimentos sobre as respostas...]. Assim, os alunos sentem a fasquia mais baixa... logo, menos estudo é preciso!

Exames são precisos! E professores competentes são precisos!

Mais: cuidado com os docentes que fazem do estrado uma "passarelle"... estes estão a prestar um mau serviço... é sabido que as hormonas depressa tomam a dianteira às reflexões ideais perante exemplos reais de superfícies suaves...

Anónimo disse...

Sr. professor Carlos Fiolhais, deixo-lhe aqui um comentário, expondo uma situação que, muito gostaria, o sr. prof. denunciasse publicamente com a autoridade que lhe é reconhecida. Como é possível uma estudante do 12º ano que obtém 20 valores no exame nacional de matemática, conclui o ensino secundário com 19 a Química, 19 a Matemática, 18 a Biologia e 18 a Português e, apesar de tudo não entra no curso da sua preferência porque teve 13 a Educação Física com o argumento que não é empenhada! Sabe em que país isto acontece sr. professor: PORTUGAL!
Para já não me identifico. Se o sr. professor desejar, terei todo o gosto em identificar-me e fornecer-lhe elementos concretos.

Anónimo disse...

Caro Carlos P.
A prova empírica é esta: não existe pura e simplesmente instituição de ensino que se preze e que se governe em termos de avaliação sem exames. Quer melhor prova que esta? De resto não percebo porque é que um professor que necessite de exames para avaliar os seus alunos é um mau professor. Esta relação não faz qualquer sentido. Se foi professor deve saber que são precisamente os maus professores que temem e fogem dos exames, precisamente porque não gostam que os seus alunos prestem provas públicas, temendo que mais não revelem que a sua ignorância. Mais, como aluno, também fiz exames e não me avaliaram mal. Era um aluno manifestamente positivo, porque iria o exame avaliar-me mal? Esta conversa sobre os exames e avaliações externas pura e simplesmente nem devia existir. E conhece o Carlos os argumentos do Ministério para acabar com os exames? é que os exames aborrecem os meninos e stressam-nos! Depois disto, o Carlos precisa de provas do quê?
Rolando Almeida

Anónimo disse...

Vamos pôr as coisas ao contrário: os resultados no exame de Português de 9º ano foram óptimos. Quer isto dizer que está tudo bem no reino do ensino da Língua Portuguesa? É óbvio que não. Ou seja, se a avaliação dos professores é falível a dos exames não é menos.
O que importa verdadeiramente é que um assunto tão sério como a Educação seja analisado pelos técnicos supostamente formados para resolver o assunto. Portugal é um país de treinadores de bancada e de pedagogos de sofá. Nesse aspecto, sou pouco português: ouço sempre atentamente os que dominam um assunto que desconheço e, quando não sei, pergunto. Alguém vai explicar a um médico como é que se deve diagnosticar ou operar? Algum contribuinte vai entrar numa repartição de finanças e aconselhar um técnico? Por que razão é que toda a gente, então, se julga no direito de explicar aos professores o que deverão fazer?
O problema está no facto de a sociedade considerar que os professores são funcionários no sentido mais subserviente do termo. Como é óbvio, é esse o pensamento do Ministério, cuja obsessão é ocupar o tempo que os professores – esses calaceiros! – desperdiçam. Por isso, vá de nos obrigar a desempenhar tarefas administrativas e de inventar aulas de substituição (uma boa ideia que exigiria a contratação de mais professores), retirando-nos tempo para fazer aquilo que, efectivamente, deveríamos andar a fazer: dar aulas o mais bem preparadas possível (e isso, por estranho que possa parecer a um leigo, dá muito trabalho).
Com exames ou sem exames, o que interessa é que o Ministério contribua para que se instale um clima de exigência e de rigor nas escolas. Isso implicaria que o estatuto do aluno fosse um espelho dessa exigência (acabando, por exemplo, com a enorme quantidade de problemas de assiduidade e de indisciplina), que os programas escolares não se fossem reduzindo a um amontoado folclórico de “competências” (estratégia cujo objectivo é simplificar o mais possível a vida aos alunos para que as estatísticas possam dar uma imagem de êxito), que a formação científica dos professores fosse acautelada (as mais recentes intervenções do Ministério conduzem a um empobrecimento crescente da formação contínua), que os docentes fossem avaliados com rigor (o que não é o mesmo que analisar os resultados dos alunos, mas sim assistir às aulas) e muitas outras coisas ainda.
Sim, sou professor. De Português. Há vinte anos. Apetece-me citar uma figura que detesto: deixem-nos trabalhar!

Alexandre Pierson disse...

Apelo aos professores.

Aqui:
http://aultimad.blogspot.com/2007/07/apmapm.html

Anónimo disse...

Um curioso...
Relativamente ao comentário de ALS, algumas dúvidas me surgiram.

Citando ALS:
“Como é possível uma estudante do 12º ano que obtém 20 valores no exame nacional de matemática, conclui o ensino secundário com 19 a Química, 19 a Matemática, 18 a Biologia e 18 a Português e, apesar de tudo não entra no curso da sua preferência. ...não entra no curso da sua preferência porque teve 13 a Educação Física com o argumento que não é empenhada!”

A lei de bases do ensino, determina que a educação física seja ponderada no cálculo da nota de acesso ao curso pretendido pela referida aluna, portanto ou:
a) põe em causa a estrutura curricular do ensino e/ou a importância da educação física como parte integrantre de um densenvolvimento harmonioso do Ser Humano;
ou
b) questiona a competência do Professor que avaliou a aluna, dispondo à partida dos critérios de avaliação que o grupo de Educação Física determinou, nomeadamente das ponderações das áreas Psicomotora, Sócio-afectiva e Cognitiva;

Em relação ao ponto a), a actividade física desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de um ser harmonioso, nomeadamente ao nível do conceito de saúde definido pela própria OMS, e já referidos e mais valorizados em tempos passados (“a manutenção da saúde assenta no contrariar a tendência para a redução do exercício. Não existe nenhuma forma de substituir o exercício, porque com o exercício o calor sobe naturalmente e todas as substâncias supérfluas são expelidas, enquanto que em repouso o calor baixa e as substâncias supérfluas são geradas no corpo, mesmo se os alimentos são da melhor qualidade e em quantidade moderada. E o exercício também expele o mal feito pela maior parte dos maus regimes que a maioria dos homens segue – Hipócrates, 420 A.C., citado por Themudo Barata – Fundação Portuguesa de Cardiologia”). Considerando a saúde um bem necessário a qualquer estudante, não me prolongarei mais neste ponto.
No que se refere ao ponto b), não acredito que ninguém para além do professor da aluna em causa possa estar capacitado para avaliar o trabalho desenvolvido ao longo do ano lectivo. Em muitas reuniões de Conselho de Turma assistem-se a verdadeiras hipócrisias pedagógicas em que o trabalho desenvolvido por um professor é desprezado e desvalorizado. Pergunto eu: se a nota que o professor atribuiu foi “13”, quem melhor para avaliar a aluna? Os colegas de conselho de turma? Os pais da aluna? Refere-se aos critérios de avaliação e respectiva avaliação de cada um dos parâmetros quando diz dispôr de elementos concretos? Quantas vezes se ouvem as palavras e fundamentações descabidas: “dá-lhe lá mais 3 valores para passar”ou “Ela precisa de mais x valores para entrar em medicina”.
Quando os critérios de avaliação estão bem definidos, o Professor dispõe e aplica sistemática e correctamente métodos e meios de avaliação ninguém realizará melhor avaliação do que ele.

Anónimo disse...

O sr. Curioso dá os argumentos que justificam a minha indignação quando se refere ao que se passa nos conselhos de turma relativamente à disciplina de Educação Física. Há conselhos em que se dá a média do aluno, outros não. Ou seja, introduz-se um critério arbitrário e incontrolável. Se isto acontece nesta disciplina e não noutras é porque a cultura institucional não reconhece à EF o lugar central na classificação e seriação dos alunos para acesso ao ensino superior que o ME lhe atribui. Porquê? Antes não contava para nota e agora conta. Porquê? Se a EF é importante, o Estado que invista onde ela o é verdadeiramente: no ensino básico. O ME não faz isso, o ME não investe em infraestruturas e depois oferece à disciplina um estatuto que outras não têm. Se me coloca a questão de reconhecer a importância da EF com citações da OMS, pois eu respondo-lhe afirmativamente. Sucede que a resposta afirmativa é válida para a História, para o Inglês, para a Filosofia, para a Educação Artística, etc. etc. e por aí fora. Portanto:
a) ou o sr. curioso reconhece à Educação Física um estatuto que não reconhece às outras disciplinas citadas, nomedamente a Filosofia que foi descategorizada por este ME, ou
b) Aceita que uma aluna ser afastada do curso que pretende e em cujas matérias consideradas específicas e que constituem requisitos fundamentais revela um desempenho excelente porque, na EF, não tem jeito e não se empenha! É ridículo e indefensável!

Anónimo disse...

Apenas uma achega à questão dos exames a que poderia aplicar o conceito de democracia que nos é dado por Churchil (cito de memória): "A democracia pode ser a pior forma de governo, mas ainda não se descobriu outra melhor". "Mutatis mutandi", os exames podem ser a pior forma de avaliação, mas ainda não se descobriu outra melhor. A popósito, durante o governo de transição em Moçambique (ou seja, no período anterior à sua independência pós-25 de Abril)houve várias sessões de esclarecimento nas escolas. Numa delas, em Lourenço Marques, levada a efeito por professores da ex-União Soviética os alunos queixavam-se do sistema de ensino que contemplava, segundo eles, um número exageradíssimo de provas de exame culpando, com isso, um sistema de ensino exageradamente exigente, só justificado pela ditadura que tinha oprimido os estudantes até então! Os soviéticos ouviram calados, e a páginas tantas quiseram saber o montante de provas de exame. Os alunos desbobinaram o rol de exames. Aí, os referidos professores, disseram, mais ao menos por estas palavras: no nosso sistema de ensino somos mais exigentes na avaliação que inclui um número maior de exames. E concluiram: Por isso, é que caminhamos na vanguarda da exploração espacial! Muitas vezes, me lembro de um comentário de Mao Tse Tung: "Um caminho demasiado plano não desenvolveos músculos das pernas!" Por seu lado a Profª Maria Filomena Mónica, com a causticidade de quem deixou de acreditar no ensino feito em Portugal, escreve: "Do alto das suas cátedras, os modernos doutrinadores proclamam que o ensino se deve basear noa 'saberes' trazidos pelos meninos, que a sala de aula deve ser um recreio(...)" Claro que nestes casos os exames são um empecilho perigoso. Podem contribuir para que os meninos cheguem à universidade sabendo as 4 operações aritméticas, sendo capazes de interpretar os textos literários (e não apenas os diálogos do "Big-Brother"), não dando erros ortográficos de palmatória e pontapés na Gramática com maior destreza que a do Cristiano Ronaldo a dar toques na bola de futebol sem a deixar cair no chão. Num sistema como este (em que o saber, por mais rudimentar que seja, pode levar a um esgotamento cerebral!), em que cabulice se fez raínha e o facilitismo rei, o trono da ignorância e o reinado da incompetência viverão em sobressalto sempre que apareçam pessoas a apontar a nudez de um ensino que nos envergonha a todos e nos coloca na cauda da Europa. Malditos "rankings" internacionais (isto dos tipos de fora meterem-se na nossa vida tem que acabar!...) que vieram dessassogar a felicidade dos portugueses que julgavam que podíamos continuar a viver num mar de rosas sem os "espinhos" dos exames.Prof. Carlos Fiolhais, desculpe o conselho. Não seja bota-de-elástico e alinhe no coro geral: exames nunca mais, cada aluno sabe o que sabe e isso é o bastante!A vida já é tão complicada, não a compliquemos ainda mais e, principalmente, não tiremos às nossas pobres e indefesas criancinhas a alegria de viverem em "dolce farniente"!

Anónimo disse...

No comentário que acabo de enviar, esqueci-me de mencionar o meu nome, tendo, como tal, o meu texto aparecido como sendo de um anónimo. Aqui fica feita a devida correcção.

Carlos Medina Ribeiro disse...

No blogue SORUMBÁTICO, onde este "post" está transcrito, foram feitos os seguintes comentários:
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Sepúlveda said...

Pode ser que os exames dificultem o ensino por não termos um sistema adequado à existência de exames. A professora também não sugeriu que deixasse de se fazer exames. O ensino que seja mais difícil. Quando tudo é fácil é que ninguém aprende seja o que for.
Mas os alunos também olham para o futuro e só vêem dificuldades e problemas. Também é difícil estar motivado sem ter um rumo minimamente definido. E nestes momentos começa a ver-se que as notas estão a descer e decide-se: diminuam a dificuldade. O nosso caminho é sempre o de nivelar por baixo. Por isso só podemos esperar que tudo piore. E o futuro ainda pior vai parecer... e por aí fora.
Não é que eu perceba muito disto...

Julho 18, 2007 12:35 AM
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Anónimo said...
Quando o descalabro é geral, é preciso ser cego para não ver que a culpa é do sistema de ensino. Os exames nao deveriam ser o primeiro passo para o melhorar, mas antes uma medida entre muitas outras, inclusive a qualidade e motivaçao dos professores.

Julho 18, 2007 10:03 AM

Anónimo disse...

No meu tempo dizia-se que o latim era um terror. Mas quando tive a disciplina mentalizei-me com o facto de que, se os alunos passavam,era porque o terror estava na cabeça das pessoas e isso inibia os alunos. Agora parece que o vírus passou para a matemática que será o terror do séc. XXI. Por outro lado, no meu tempo havia cinema, teatro e praia. Hoje os alunos têm cinema, televisão, teatro, praia, desporto, vídeos, play station, discotecas, bares. Que tempo resta para o terror inculcado da matemática? Sobre a docimologia aplicada à higienista educação física, é uma blague. Os professores consideraram que a credibilidade da educação física aumentava quando fosse comparada com as outras disciplinas - com exames e avaliações. Como não sei mensurar a saúde, que é o estado de não doença, não vejo qual a relação entre a educação física e a saúde, especialmente quando o aluno já a tem. De resto basta ir às origens da educação física para se saber que ela não é aquilo que dizem que é.

Anónimo disse...

“A definição de saúde varia de acordo com algumas implicações legais, sociais e econômicas dos estados de saúde e doença; sem dúvida, a definição mais difundida é a encontrada no preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde: Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença.” – retirado do documento de apoio à disciplina epidemiologia e saúde publica da licenciatura em Medicina, Universidade de Coimbra.

“não vejo qual a relação entre a educação física e a saúde, especialmente quando o aluno já a tem”
Quanto a esta relação e aos estado de saúde dos jovens portugueses, sem me querer prolongar demasiado, remeto-o para três estudos científicos publicados em revista indexadas:
- TV viewing and physical activity are independently associated with metabolic risk in children: The European Youth Heart Study (2006)
- Overweight and obesity related to activities in Portuguese children, 7-9 years
- Physical activity and clustered cardiovascular risk in children: a cross-sectional study (The European Youth Heart Study)

Carlos Medina Ribeiro disse...

3º comentário, feito a esta crónica, no blogue SORUMBÁTICO:
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M&S said...

Os exames feitos nos moldes em que estão a ser feitos e apenas para as estatísticas são a alienação completa dos mais importantes fundamentos educativos...

Carlos Fiolhais disse...

Uma outra achega sobre exames. O Ministério da Educação, apesar dos múltiplos avisos, continua a desprezar os exames quando o faz com erros. Na prova de Biologia lá reconheceu mais um erro: a excepção parece ser não haver erros... A falta de cuidado com que os exames são feitos é espantosa: na segunda prova de Física, escreve-se ms-1, com o m e o s juntos, para designar metro por segundo (o -1 deve ser expoente superior). Mas ms significa, de acordo com as convenções internacionais, milisegundos!
Quer dizer o pobre aluno fica confundido pois não sabe se é uma velocidade ou se é o inverso de um tempo. Por que é que os autores provas confundem os alunos? pois porque eles próprios estão confundidos.
Carlos Fiolhais

Anónimo disse...

Será que a confusão entre os examinandos e os (mal)feitores das provas de exame reside no seguinte ditado anglo-saxónico: "My mind is made-up, d'ont confuse it with facts". Com mentes assim formadas só pode surgir o foguetório do insucesso escolar com a girândola de chumbos a iluminar a noite da ignorância.
P.S.- Se fosse um único professor a elaborar as provas de exame, ainda se toleravam os "lapsus calamis" dos enunciados. Mas é uma equipa que, pelo andar da carruagem, usa a táctica futebolística: todos para a frente e fé em Deus! E depois ainda se admiram que subamos ao pódio dos piores classificados que a gíria desportiva chama de lanterna vermelha e os "rankings" internacionais sobre o ensino apodam de cauda da Europa!

Carlos Medina Ribeiro disse...

Comentário feito no SORUMBÁTICO, onde esta crónica está transcrita:

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André said...
O problema do ensino em Portugal, não está na existência de exames em si, mas no erro de perspectiva que consiste em considerar a aprovação ou o bom desempenho nos exames a finalidade última que se pretende atingir. Ou seja os exames são o centro das atenções no ensino português e não deviam ser. A razão de ser deles é simplesmente aferir se um aluno está em condições de passar à fase seguinte ou se deve consolidar melhor os seus conhecimentos primeiro. Mas não é assim que olhamos para os exames. Olhamos para eles como uma medida de inteligência e sucesso escolar e tornamos a obtenção duma boa classificação no objectivo último para alunos e professores. Resultado: o ensino torna-se aborrecido - demasiado virado para o treino de exercícios de modo a que o aluno possa mecânicamente resolver problemas semelhantes em exame - e coloca-se um stress desnecessário nos alunos - enervando-os, por um lado, o que tende a levar a maiores problemas disciplinares, e desmotivando-os para aprender por outro - e nos professores, prejudicando a forma como acabam por transmitir os conhecimentos aos alunos.
A solução na minha opinião passaria por reduzir a carga de testes dando mais valor a outras formas de avaliação e por outro lado alterar os métodos de ensino de forma a que alunos e professores interajam mais e o conhecimento seja passado duma forma mais natural e menos imposta.

Julho 26, 2007 6:59 PM

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