Há cerca de dez anos, mais precisamente a 2 de Março de 2004, um foguetão
Ariane-5 lançou no espaço a sonda europeia Roseta. O objetivo científico desta
missão é o de estudar em detalhe o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e contribuir para o nosso
conhecimento da formação do sistema solar.
O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko foi
descoberto em 1969 quando Klim Churyumov examinava fotos de regiões do espaço feitas Svetlana
Gerasimenko. Precebe-se
assim o nome deste astro. Depois disso este cometa foi confirmado e observado
várias vezes por astrónomos aquando da sua aproximação à Terra e ao Sol.
Sabe-se que tem actualmente um período orbital de 6,45 anos.
Depois de uma década de peregrinação espacial
de aproximação a um momento da órbita do cometa em torno do Sol, a sonda Roseta
encontra-se agora a menos de cinco mil quilómetros do cometa. Esta aproximação
já permitiu que a sonda conseguisse fotografar o perfil do cometa. Há poucos
dias, a Agência Europeia
Espacial (ESA, sigla em inglês) divulgou imagens cada vez mais detalhadas do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, como aquela que em cima se publica.
As imagens
captadas mostram um cometa com uma forma irregular e há quem diga que faz
lembrar um pato de borracha. De facto a foto mostra um pedaço mais alongado que
faz lembrar uma cabeça sobre um outro pedaço maior e arredondado que seria o
corpo.
O
reconhecimento da forma intrigante do cometa é importante para os cientistas
que comandam a missão. Recorde-se que a sonda Roseta transporta consigo um
pequeno módulo, o File (com 100 quilos), que será largado em Novembro deste ano
para poisar sobre a superfície do cometa. “Teremos de fazer uma análise e uma
modelação do formato do cometa, para determinar a melhor forma de voarmos à
volta de um corpo com uma forma tão única, tendo em conta o controlo do voo e a
astrodinâmica, as necessidades científicas da missão e os elementos
relacionados com a aterragem, como a análise do local e a visibilidade entre o módulo
de aterragem e a sonda”, explicou num comunicado da ESA Fred Jansen, o chefe da
missão da Roseta (publicado no jornal o Público).
Esta missão
espacial está rodeada de muita espectativa, uma vez que será a primeira vez que
será colocado equipamento científico na superfície de um cometa para o estudar.
Os cometas possuem poeiras cósmicas e estão recobertos com gelo primordial. São
relíquias representativas da constituição do nosso sistema solar, testemunhos
congelados da sua formação.
Assim, a
análise do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko
poderá fornecer pistas sobre a composição inicial do sistema solar e
informações sobre a formação dos planetas, como a Terra. Refira-se que os
cientistas têm indicações que muita da água e alguns compostos orgânicos que
originaram a vida na Terra poderão ter vindo de cometas semelhantes a este, que
agora se estuda, e que bombardearam o nosso planeta no início da sua formação.
O seu estudo pode trazer novos dados que confrontarão essas hipóteses. Para
além disto, esta é uma oportunidade única para se investigar a própria formação
destes corpos errantes do nosso sistema solar.
Recorde-se que o nome desta sonda, Roseta, é
uma referência à pedra com o mesmo nome que foi descoberta em 1799 e permitiu
ao arqueólogo francês Jean-François
Champollion decifrar os hieróglifos egípcios. Assim, o nome com que foi
baptizada esta missão espacial representa o espírito científico de exploração e
de decifração da informação que nos permitirá melhor reconstituir os momentos
primordiais da formação do nosso lar cósmico e que levaram, por último, à
evolução da nossa espécie, da inteligência que compreende e se maravilha com o
Cosmos.
António Piedade
2 comentários:
"De encontro ao cometa" ou "Ao encontro do cometa"?
Obrigado pela sugestão de correcção. "De encontro ao cometa" pode não estar gramaticalmente correcto, mas deu-me uma ideia maior de movimento. Não quis dizer que a sonda vai encontrar o cometa mas sim que vai em direcção à órbita do astro.
Enviar um comentário