segunda-feira, 28 de julho de 2014

REITOR DE LISBOA: "AVALIAÇÃO DAS UNIDADES DE INVESTIGAÇÃO DESTRÓI PARTE DO SISTEMA CIENTÍFICO"

Transcrevemos parte da entrevista ao reitor da Universidade de Lisboa, António Cruz Serra, publicada ontem no DN.


Qual é a sua posição relativamente a avaliação das unidades de investigação que esta em curso? 
Eu vi uma entrevista do presidente da Fundação de Ciência e Tecnologia em que dizia que havia uma maioria silenciosa que apoiava o processo de avaliação das unidades. Eu ainda não falei sobre o assunto, portanto farei parte da maioria silenciosa. No entanto, tenho uma opinião muito crítica relativamente a tudo aquilo que se passou no processo de avaliação das unidades de investigação. 

Porquê essa sua contestação? 
Há resultados incompreensíveis relativamente à avaliação das unidades com equipas técnicas. Em alguns painéis é de qualidade muito baixa para o que é exigido na avaliação das unidades e não consigo compreender que se tenha assinado um contrato de avaliação das unidades que estabelecia, à partida, que só passavam à segunda fase de avaliação metade das unidades de investigação existentes. 

Qual será o resultado? 
Vai traduzir-se na destruição de parte do sistema cientifico, pois não podemos introduzir descontinuidades no funcionamento do sistema. Isto é mais ou menos o mesmo do que se ter feito uma avaliação das universidades e ter-se decidido que metade das universidades não iam ser financiadas. 

É uma avaliação enviesada desde o início... 
É uma avaliação que, desde o inicio, tem um erro politico na decisão de como é que o processo vai andar. Lamentavelmente, foi-nos dito repetidamente que não havia esse constrangimento, só que a disponibilização pública do contrato que foi assinado com a European Science Foundation para fazer a avaliação das universidades tinha lá escrito que só iriam ser avaliadas na segunda fase 162 das 322 unidades de investigação. Se isto não quer dizer que só metade das unidades passavam à segunda fase, não compreendo quem iria fazer a avaliação das outras unidades. 

Pode dizer-se que havia má-fé? 
Não estamos a falar de má-fé, estamos a falar da minha discordância profunda sobre a decisão politica de avançar por um caminho destes. 

Foi uma decisão ministerial? 
É uma decisão politica de alguém e é bom que se saiba a quem pertence. Quem assinou o contrato foi o presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia, por isso imagino que isto não é decidido por ele sozinho.

4 comentários:

Ildefonso Dias disse...

Até à pouco havia quem julga-se que isto que está a acontecer seria impossível...

Uma dessas pessoas será certamente o Professor Jorge Buescu.
Quem quer que leia, hoje, o seu livro "A Matemática em Portugal - Uma questão de Educação" ficará decerto bem decepcionado com muitas das suas conclusões, nomeadamente no caso do Professor António Aniceto Monteiro que lá descreve.
Na altura manifestei aqui ao Professor Buescu as minhas discordâncias... hoje à luz dos acontecimentos percebe-se melhor o quanto o Professor Jorge Buescu está errado na análise que fez. Também para ele está aqui uma lição.

Anónimo disse...

julga-se ou julgasse? uma questão de educação? :)

lino disse...

à ou há? duas questões de educação :)

Ildefonso Dias disse...

Senhores Lino e anónimo;

A vida que levo, neste país, de operário explorado, já não me deixa canseiras sobre os erros de escrita.
Mas o facto de conhecer as personalidades que foram os Professores José Sebastião e Silva e Bento de jesus Caraça entre outros, é para mim, já bastante para poder ser um privilegiado, tal é o meio de ignorância em que vivemos.
Agora, os senhores, além dos erros de escrita que me apontam, o que é que de importante tem para dizer sobre o assunto do post, isso é que era útil sabermos, porque de outra forma, para mim e talvez para outras pessoas, os vossos comentários são inúteis, tão inúteis como aqueles indivíduos, parasitários, que se movimentam na sociedade, que dispõem de muito dinheiro, gastam muito dinheiro, mas não produzem nada.

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...