domingo, 13 de julho de 2014

"A tirania do factor de impacto"

Na sequência do texto A ciência há-de ultrapassar tudo isto, deixo a sugestão de leitura de um artigo de um dos muitos cientistas - António García García - que começam a questionar abertamente lógicas instaladas de produção científica, parâmetros de avaliação da ciência, etc. Muito sugestivamente o titulo é A tirania do factor de impacto. Um extracto bastante elucidativo:
"A ciência mundial vive hoje sob a tirania do factor de impacto que é usado por grandes editoras (…) e por fechados círculos de pressão, os primeiros para se perpetuarem no negócio; os segundos para perpetuarem o seu poder político e pseudocientífico. 
Nos últimos anos cresceu a obsessão dos investigadores por publicar os seus trabalhos científicos em revistas com o mais elevado factor de impacto possível. Esta atitude deve-se aos burocratas que financiam a ciência ou têm nas suas mãos a contratação e a promoção dos investigadores, com a conivência do pessoal da ciência, põem no centro das suas avaliações o obsessivo e tirânico número factor de impacto. 
Muitos investigadores estão plenamente conscientes de uma coisa: a avaliação do trabalho científico por burocratas está a desvirtuar e provavelmente a matar a ideia de ciência honesta, que deve ser avaliada com rigor e transparência."

10 comentários:

Anónimo disse...

Sendo a maior parte destas publicações fechadas ao grande público pelo simples motivo de serem pagas (muitos onde são os próprios autores a pagar para lá escreverem) como é que podem ser: "revistas com o mais elevado factor de impacto"??

Anónimo disse...

Quando se propõe ao centro de investigação a que se pertence (avaliado pela fct) de lançar uma publicação científica própria com reffes independentes, para não andar a pedir favores a terceiros de deixarem por favor escrever na sua publicação de "elevado factor de impacto" e poupar recursos e chatices e se recebe uma resposta com desculpas surreais que não pode ser, que não são assim que as coisas funcionam, que tem que ser uma editora independente e tal, diz muito do meio académico em que se vive e se perpectuam muitas tretas..

Anónimo disse...

Muito recentemente descobriu-se um esquema fraudulente de refees envolvendo investigadores em taiwan, um deles mesmo ministro, da educação creio, usando uma revista de "elevado impacto" a sage, chegaram ao ponto de criarem perfis, ou seja inventarem investigadores que não existem na realidade e reverem os seus próprios artigos.
Este esquema foi descoberto e foi um escândalo, e em Portugal qual será a dimensão dos reffes dados por amigos de longa data?

Just me disse...

Ainda sem ler senão o post: o exposto lembra-me, não sei - ou talvez saiba - a filosofia moral de Kant e o princípio a que devem obedecer as acções humanas para serem ditas morais, ie, têm que ser boas em si mesmas, conter em si o fim a que se destinam; se são consideradas boas em função de algum fim que lhes é extrínseco, como os dois vectores a que obedece o factor impacto, tal como é descrito no primeiro parágrafo do extracto transcrito, muito pouco assoma dessa dignidade que distingue o homem dos outros animais.

Difíceis são os tempos em que a vontade obedece submissa aos inúmeros fins. Passamos de olhos no chão e perdemos as estrelas. Enfim...

Anónimo disse...

Não se perde o que nunca se teve.

Albert Virella disse...

Um forte aplauso a Cláudia da Silva Tomazi, que ao se identificar mostrou ter mais hombridade do que tantos Anónimos que desejam botar figura e não passam de medricas.

"Aospois" querem ser cientistas considerados e afamados.

Teresa Marques disse...

É realmente surpreendente como pessoas 'anónimas' defendem a 'auto-publicação'. Apesar de todas as reservas que possam existir sobre o uso exclusivo de dados bibliométricos, factores de impacto, etc., o reconhecimento das publicações em revistas de qualidade (pelo menos) é imprescindível. (i) qualquer pessoa pode publicar seja o que for na "sua" publicação; (ii) há mais gente do que nunca a publicar/tentar publicar; (iii) nenhum potencial avaliador de candidatos a contratos, bolsas, de projectos ou unidades de investigação pode ler tudo o que se publica na área (por muito desejável que seja ponderar a qualidade de um artigo lendo o artigo ele mesmo); (iv) não é a mesma coisa, nem vale o mesmo, publicar numa revista desconhecida, ou numa página pessoal, sem ter passado por processos sérios de avaliação do trabalho publicado, e publicar numa revista com taxas de rejeição elevadas, que pratiquem avaliação (dupla ou triplamente) anónima por pares, etc. E daí a ironia: pessoas que, anonimamente, são contra as publicações em revistas internacionais avaliação anónima.

Não sei o que é uma Teresa Marques...mas... disse...

o reconhecimento que a nature publica o que quer que for desde que lhe paguem?

o facto de cada vez mais investigadores publicarem trabalhos bastante banais e nada nada originais

o facto de muita gente ganhar dinheiro desde a década de 80 a fazer teses várias e mesmo investigação de secretária para publicar em nome de outrém?

Para a Posteridade e mais Além disse...

ora não defendo auto ou hetero publicação desde que paguem podem fazer os estudos mais disparatados os plágios mais imbecis ou mesmo......as investigações sexológicas que quiserem

de resto quem recebia aquela listagem enorme sobre os subsídios atribuídos
8000 contos por trabalhos que se faziam com uma perna às costas
e 400 ou 600 por trabalhos que não pagavam nem o gasóleo
sabe que muitas dessas pretensas investigações

tinham mais falsificações de dados e cópias do que a fusão fria....

Albert Virella disse...

Isto está a aquecer, Já não sabemos se a identificação que colocam é autentica, falsa ou equivale a um pseudónimo.

É indiferente; estão entre investigadores e comportam-se como adolescentes. Porreiro pá!

Já agora. Onde eu nasci. e com uma língua românica própria, o meu nome grafa-se Albert, e é assim que familiares e conhecidos sempre me chamaram. É meu, e tenho orgulho nisso,

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