terça-feira, 29 de julho de 2014

O GOVERNO ESTÁ À ESPERA DOS TRIBUNAIS PARA ANULAR A AVALIAÇÃO DAS UNIDADES?

A pseudo-avaliação das unidades de investigação está desmascarada. O que o governo está à espera para a anular imediatamente e repor as classificações anteriores, até que seja feita uma verdadeira avaliação em condições? De uma ordem de um tribunal? É certo que Nuno Crato parece ter uma predilecção especial por jogar nos limites da esgrima jurídica e judicial, como é bem patente na área da educação. Aparentemente quer também arrastar a ciência para o mundo dos tribunais e das providências cautelares. E isto para quê? Como mostra o voto de condenação apresentado pelo PS na AR, esta avaliação, no pior dos cenários, terá a validade que tiver esta legislatura.

8 comentários:

Anónimo disse...

"anular imediatamente e repor as classificações anteriores"

Pedir a anulação de um processo de avaliação enquanto decorre o período de eventuais erros do processo - que deve ser tarefa fácil dado que supostamente estão desmascarados - é a atitude moralmente mais corrupta que se pode imaginar. Manter as avaliações anteriores até que façam uma avaliação que mantenha as avaliação anteriores? Mas andamos a brincar às ditadurazinhas onde a protecção ao Status Quo é imperativo? Não gosta do resultado da avaliação? - reclame em sede própria. Existem indícios de processo viciado ou de irregularidades graves? - parta para os tribunais. Agora esta campanha de choradeira mediática que se move cheia de interesses políticos - com franqueza, senhores! Lobismo na Ciência? Não, por favor.

Anónimo disse...

A insistência na reposição das classificações anteriores é reveladora da pouca vergonha nesta discussão toda. Parte do princípio que a última avaliação foi isenta de fraude. Isso não é verdade. O meu centro ficou com bom depois de uma avaliação vergonhosa. Porque há-de ficar condenada a ter bom por ordem do tribunal? Agora são os tribunais a avaliar ciência?

Anónimo disse...

Nada parte desse princípio. Apenas que, tendo em conta que a avaliação a decorrer terá como consequência a destruição de uma parte considerável da estrutura de investigação existente em Portugal, a situação é muito mais séria que anteriormente.

Além disso, a classificação de Bom que o seu centro teve, embora não correspondesse a um financiamento elevado, também não implicava um financiamento irrisório levando à sua extinção, como é agora o caso.

Anónimo disse...

Não sei a opinião do autor do artigo, mas diria que não se trata de não gostar do resultado da avaliação. Trata-se de não aceitar um processo de avaliação sem credibilidade, e cheio de falhas elementares.

A pergunta que se deve por aqui é se há ou não condições em que um processo de avaliação deva ser suspenso? Se o processo de avaliação tivesse escolhido as unidades com número par para passar à segunda fase, penso que estaria de acordo que deveria ser suspenso. Entre um processo exemplar e o que escolheria os centros com base na paridade, há toda uma gama de possibilidades, alguns das quais seriam certamente de suspender. Em relação ao processo actual, o da paridade, que também deveria dar uma taxa de aprovação de cerca de 50%, teria certamente a vantagem de ser mais transparente.

Se pensa que a comparação é estranha ou ridícula, note que, na zona onde os painéis tiveram de fazer uma escolha entre dois centros de qualidade muito semelhante para cumprir as quotas, o processo foi, para todos os efeitos, aleatório. Mas as consequências serão amplificadas enormemente, sendo que para um dos centros se assinou uma sentença de morte.

Anónimo disse...

1) No processo de avaliação anterior chegou-se ao ponto de membros do júri irem pela manhã como juízes e pela tarde como palestrantes convidados pelo próprio centro que avaliaram (e com o qual eram colaboradores). Essa avaliação tinha credibilidade? Não era isenta de falhas elementares? Deveria ser dado que esse centro é um daqueles que se queixa em praça pública e defende a suspensão do processo actual.

2) Noutros anos centros houve que tiverem igualmente notas baixas e sobreviveram. Isso de que "good" é uma condenação à morte é uma patranha. O que não permite é que esses centros vivam com o financiamento que têm tido. Será que não se podem adaptar, se outros puderam? Será que alguns centros não se poderiam fundir? Será mesmo que os bons investigadores de centros com fraca avaliação não podem ir para outros com very good e mais? Parece que não: Status Quo ou nada.

3) Será que ninguém se apercebeu que a FCT anda já há algum tempo utilizar o mesmo sistema de avaliação para as bolsas e projectos? Não sabiam o que aconteceu? Não os vi a protestar tanto. Porque será?
Quotas? Quer falar de quotas agora quando essa tem sido a prática da FCT desde tempos recuados. E acham mesmo que muito mais de metade dos centros em portugal são de "very good" para cima?

4) Será que ninguém sabe que existe a possibilidade de resposta à avaliação? Será que ninguém quer saber da imoralidade que é montar um banzé público enquanto decorre o período de avaliação com o propósito explícito de alterar os resultados do concurso por via da FCT? (chega ao ponto de investigadores avaliados escreverem e falarem pessoalmente com o ministro para que este modifique as avaliações??)

Status Quo ou nada? Nada disto é sério e tudo é uma luta por manter o estatuto. Tudo isto é muito feio.

Anónimo disse...

O financiamento com Bom correspondia a um valor superior ao que existirá agora. Quantos centros recebiam 150 euros por investigador por ano? É por isso que se trata de uma sentença de morte. E acha que faz sentido que investigadores que estão numa parte do país sejam obrigados a fazer parte de um centro a 300km de distância, só porque alguém decidiu que se devia cortar os centros a 50%? (não estou a dizer que não possam, estou a referir-me a serem obrigados)

Quanto ao resto, faço notar que apontar outros erros noutras avaliações não é argumento para nada. Aliás, estou perfeitamente de acordo no que diz respeito aos erros nos concursos para projectos, alguns dos quais começaram fundamentalmente com esta direcção. Um desses é precisamente a generalização do número reduzido de peritos nos painéis. Esta é uma oportunidade única para corrigir isso de uma vez por todas, porque só agora se pode tentar reunir uma parte substancial da comunidade científica - nos projectos e bolsas os candidatos estão isolados.

Faço ainda notar que nas contestações à avaliação, tipicamente a FCT responde vários meses depois de tudo ter acabado, para dar meia dúzia de desculpas esfarrapadas e negar o protesto. Ir para tribunal também é um desgaste muito grande, de tempo e dinheiro. E pode dar uma sugestão de uma sentença útil que se possa esperar obter ao fim de um ano ou mais?

O problema com o corte aos 50% é também que se trata de uma zona onde há muitos centros com qualidade idêntica - é isso que causa todo esta revolta: centros muito semelhantes vão encontrar-se em situações muito diferentes

Finalmente, o que é muito pouco ético é que alguém abuse do poder que tem para impor aquilo que pensa que é a realidade, escamoteando os resultados. Nada do que está a acontecer estaria a ter lugar se se tem dado as mesmas instruções aos painéis, dizendo para passar apenas centros com um certo grau de qualidade, mas sem as quotas - já agora, com uns painéis por área científica e um pouco mais alargados...

Graça Sampaio disse...

Este senhor Anónimo é que me parece pertencer ao «status quo»... Há pessoas assim... muitas para o meu gosto e pretensão... Por isso «eles» foram eleitos e lá se têm mantido.

Pity... Shame...

Anónimo disse...

O primeiro anónimo ficou bem classificado por via sabe-se lá de que água benta e não quer obviamente a anulação de um processo com evidentes e frequentes atropelos a uma boa avaliação. Não há avaliação perfeita e para isso existem recursos e vias hierarquicas, como antes existiam. Mas o presente processo está tão inquinado, os exemplos de desvario são tantos que quem receber dinheiro neste processo fica com as mãos manchadas de sangue!

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...