São muitas as vozes contra a avaliação das Unidades de Investigação, da responsabilidade da FCT/ESF. Só no PÚBLICO de hoje são três artigos. Mais virão. Já se manifestaram uma reitora (de Évora), um vice-reitor (de Coimbra), duas sociedades científicas (de Física e de Química), vários sindicatos e associações de bolseiros, um sem fim de investigadores (alguns com bastante mais prestígios do que o apregoado prestígio da ESF). No De Rerum Natura temos procurado compilar tudo o que tem vindo a público sobre o assunto. Duas das publicações saltaram rapidamente para o top da 10 mais lidas DE SEMPRE do blogue (que existe desde 2006). Mas, com esta são 56 publicações, agora agregadas com um label próprio, disponível a partir desta ligação:
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3 comentários:
Tal como nos episódios anteriores com os bolseiros, o que é lamentável é que só há protestos quando as decisões referentes à obtenção de fundos não vão no sentido desejado. Muitos dos centros de investigação que agora foram excluídos têm vindo sempre a fornecer mercenários que, com as suas declarações de disponibilidade, se prestam a "avaliar" os colegas do lado, participando assim no abjecto jogo empresarial em que se transformou o Ensino Superior e a investigação científica. Tudo com tiques de exactidão cadavérica medidos ao quartil. Apesar de até o insuspeito periódico “The Economist” ter apurado que a concorrência produz pior ciência, por cá insiste-se na competitividade. Como sintomas do descalabro, assistimos estupefactos ao aparecimento de mestrados em “campos de golfe”, pós-graduações em “observação e análise de jogos de futebol” e, como se não bastasse a proliferação da impostura do “empreendedorismo” por todos os graus de ensino, há já até sugestões dos empresários do ramo para que se abram licenciaturas em “operador de call center”. Alguns dos que antes irmanavam com o positivista Nuno Crato na denúncia do "eduquês", queixam-se agora de que não foram contemplados com benefícios para estudar as oportunidades da crise nos negócios com Angola ou para lançar um programa de doutoramento em cerveja. Neste cenário darwiniano de luta pela sobrevivência feito à imagem do divino homo oeconomicus e da teologia do mercado, os milhões continuam a fluir para as agências de rating académico e para a nova casta de impostores que em tudo vê escala, medida, quantidade. Depois de tantos anos em estado de bovinidade acrítica perante a carcinogénese deste racionalismo mórbido, torna-se irónico constatar o silêncio da generalidade dos académicos quando ouvimos da parte do Director-Adjunto do Expresso a denúncia de uma elite financeira que «acabou por capturar o poder político e as universidades, que produzem as teorias que alimentam o sistema, o justificam e o enaltecem»; ou quando registámos a leitura de uma outra jornalista do mesmo semanário quando, depois de referir que os CEOs ganham hoje 270 vezes mais do que os seus empregados (contra apenas 20 vezes mais em 1965), acusou que «os académicos, tal como os agentes políticos, foram recrutados e pagos para silenciarem a desigualdade salarial, participando na distribuição». Infelizmente, continuaremos todos, directa ou indirectamente, a pactuar com a irracionalidade do dinheirismo. A este propósito, faço minhas as palavras de Cary Nelson em ‘No University Is an Island - Saving Academic Freedom’ (New York University Press, 2010, pp. 70): «What is good, what is excellent, is money — not truth, not witness, not the public good, but money. In 1996, Bill Readings complained in The University in Ruins that “excellence” was a largely empty category. That empty space has now been filled with dollar signs. In a semiliterate plan for the future, my chancellor touts “excellence” over and over again. But he does not actually mean excellence within disciplinary understanding and judged by intellectual standards. He is not talking about quality. Excellence to him means entrepreneurial skill and success. We will pursue “excellence,” and we will kill off or curtail what fails the test of profitability».
Caros dererumnaturalistas: não sei se é aconselhável exibir os posts que saltam para os top 10 disto ou daquilo. Por um lado, isso faz logo lembrar tiques bibliométricos. Por outro, seria preciso também dizer que entre a série de posts a que se referem um número enorme não recebeu qualquer comentário. Na linguagem dos bibliometristas, isto significa que tiveram impacto nulo.
Acho útil reunir todas as contribuições a este respeito, até porque são tantas que se tornou difícil acompanhar a discussão. Ajuda ainda a mostrar a dimensão que o problema tomou, que não tem tido o devido tempo de antena nas televisões e jornais. Valha-nos a blogosfera...
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