No domínio da Ciência, o processo de redução brutal do investimento e das bolsas de investigação a que o presidente da FCT apelidou de "poda" da investigação em Portugal, tem agora mais uma componente: o corte de metade dos centros, e com uma justificação nada clara nem transparente. A juntar à redução para um 1/3 dos contratos e bolsas para investigadores, esta morte anunciada de metade dos centros significará uma quebra fatal na investigação científica em Portugal, pelo menos nos termos em que a conhecemos nos últimos 20 anos.
Com a divulgação dos resultados da 1ª fase da avaliação dos cerca de 300 centros de investigação portugueses (que têm sido sucessivamente avaliados desde há cerca de 17 anos) foi "decretada" a morte de metade desses centros, 22% imediatamente!, pois ficam já sem nenhum financiamento, e os outros 26% que receberão apenas uma verba residual de cerca de 500€ por investigador, o que praticamente só custeará o apoio administrativo e os condenará no curto prazo, pois perdem de facto o acesso aos programas de investigação ou às bolsas para os seus investigadores. Quanto aos restantes centros, não é garantido que tenham um financiamento razoável, embora passem à fase seguinte de avaliação. Recorde-se que centros, que anteriormente (em 2010) tinham sido avaliados por painéis internacionais com "muito bom" ou mesmo "excelente”, foram agora excluídos sem sequer serem objecto de visita presencial pelos avaliadores, e com um processo avaliativo que não tem nada de transparente
A FENPROF, juntamente com as outras associações sindicais do sector, associações de bolseiros e investigadores, irá contestar este processo nebuloso que provocará um retrocesso civilizacional, neste domínio, de décadas, e promoverá a denúncia na opinião pública, bem como nos meios científicos e sindicais internacionais, da situação que o Governo e a FCT estão a provocar.
O Secretariado Nacional
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