sábado, 20 de setembro de 2008

OLHAR O SOL


Minha crónica no "Sol" de hoje, que é uma edição de aniversário (na foto uma imagem do Sol, de 31 de Maio de 2006, tomada pelo Observatorio Astronómico da Universidade de Coimbra, que regista diariamente imagens do Sol desde 1926 - o arquivo encontra-se aqui):

A 16 de Setembro de 2006 nascia o “Sol”, pelo que acaba de completar a sua segunda volta em torno do astro-rei. Desejando que continue a dar mais voltas, olhemos para o centro da heliosfera (metaforicamente falando, porque directamente é perigoso).

O Sol é não só a nossa fonte de energia como a nossa fonte de luz. Não admira, por isso, que, no Antigo Egipto, tenha sido um deus. Num só segundo, o Sol emite uma energia que chegaria para o consumo dos Estados Unidos durante quatro milhões de anos. Sem a energia que tão prodigamente o Sol fornece não estaríamos aqui, neste terceiro planeta do sistema solar. A energia que nos sustenta tem, de uma maneira ou de outra, origem no Sol: obviamente as energias renováveis, como a energia solar, a energia hidroeléctrica, a energia eólica, etc., mas também as energias não renováveis, como o carvão, o petróleo e o gás natural (pois os combustíveis fósseis tiveram origem vegetal e sem a luz solar as plantas não crescem). Só o urânio, não renovável, que alimenta as centrais nucleares, não é propriamente solar, pois teve origem numa estrela anterior ao Sol, capaz de fabricar elementos pesados, e foi depois espalhado por uma supernova. Com o esgotamento dos recursos não renováveis só há duas maneiras de satisfazer as nossas exigências energéticas: ou alargamos o aproveitamento das energias renováveis, beneficiando melhor do Sol à distância, ou imitamos, na Terra, o processo que ocorre no interior do Sol - a fusão nuclear.

Por outro lado, vemos o mundo à nossa volta graças ao Sol quase em exclusivo (há outras estrelas, mas estão bem mais longe, não a minutos-luz, mas a anos e anos-luz). Os nossos olhos estão, aliás, pelo admirável processo da evolução natural, convenientemente adaptados para capturar melhor a luz que o Sol emite com maior intensidade, a chamada luz visível. Se vivêssemos perto de outra estrela, que emitisse principalmente, por exemplo, luz ultravioleta ou infravermelha, os nossos olhos seriam decerto diferentes. E veríamos o mundo de modo diferente...

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