O "Público On-line", de 9 de Setembro, transcreve a seguinte frase do primeiro-ministro José Sócrates, na qual exprime publicamente a sua preocupação com a opinião pública:
"Ao longo destes anos fizemos mudanças nem sempre bem compreendidas, mas que hoje permitem que aos olhos da opinião pública os professores e a escola sejam mais bem vistos."
Estudos de opinião, como o da empresa alemã GFK divulgado em Agosto último, mostram que os professores gozam, de facto, de uma boa imagem na sociedade portuguesa, tal como os bombeiros e os médicos (88% dos portugueses confiam nos professores). Mas estarão mesmo mais bem vistos aos olhos da opinião pública devido a recentes "mudanças" ou esse é um sentimento mais antigo que está aliás generalizado desde há algum tempo na Europa, conforme mostram esses estudos? Foram mesmo feitas mudanças para valorizar a intervenção dos professores ou vêem-se eles hoje cada vez mais atrapalhados pela máquina infernal do Ministério que os tutela? Será "devido a" ou "apesar de"?
Seja como for, há um dado do estudo do GFK que é mais curioso: é que, enquanto os professores estão no pelotão da frente na tabela da confiança, os políticos estão bem no fundo, no último lugar, em Portugal como em geral na Europa (só 14% dos portugueses confiam nos políticos). Apetece perguntar: Para quando as mudanças que permitam que, aos olhos da opinião pública, os políticos e a política sejam mais bem vistos?
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6 comentários:
Essa afirmação do primeiro ministro tanto pode suscitar a gargalhada como a náusea. Levá-la a sério é que será difícil.
Os 14% que confiam nos políticos, são os portugueses ligados à política, os próprios políticos. Que resposta quereriam que dessem?
Outra: alguns alunos, ao escolher a segunda língua, escolheram o Espanhol. Porquê?
Porque como em Espanha as médias exigidas para o ensino superior são mais baixas do que cá, já têm o handicap de escrever, ler e falar o Castelhano.
Indicações dos paizinhos que com isto, incutem ainda mais nos seus rebentos, a lei do menor esforço.
Estamos a caminhar muito bem.
Não consigo ver a opção pela língua espanhola como "lei do menos esforço".
Entrei no ensino superior há 2 anos e antes de tal acontecer tentei ir estudar para Espanha, e sim, o objectivo era entrar em medicina, não consegui e acabei por entrar em Economia em Portugal (e hoje digo "ainda bem que não consegui!").
Mas voltando à questão da opção por prosseguir estudos em Espanha, eu considero-a perfeitamente compreensível e até lógica. Já que apesar das médias serem mais baixas, penso que em termos de meios estão mais evoluídos do que nós (se bem que, pelo que dizem, os alunos espanhóis sejam bem mais egoístas do que os portugueses).
Dai penso que é difícil considerar a opção por estudar no estrangeiro como a adopção da "lei do menor esforço", eu próprio estou neste momento a cumprir o programa Erasmus na Universidade de Maastricht e asseguro-vos que aqui se trabalha bem mais que na minha faculdade (Universidade Nova de Lisboa).
Em relação ao tema principal, é pena em Portugal se confiar tão pouco nos políticos, ou melhor, é pena termos tão poucos políticos em quem se possa confiar. Melhores dias virão espero.
Caro Hope,
uma escola dos arredores de Barcelos decidiu que alunos com 5 negativas, passam.
Se isto não é fomentar a balda, a lei do menor esforço, ajude-me a classificar de outra maneira.
Faça uma visita a:
http://democraciaemportugal.blogspot.com/
De qualquer forma, há ganhos de eficiência e de imagem que os professores (como eu, do ensino secundário) terão de fazer. Ensinar melhor é possível, e mostrar melhor que se ensina bem também o é.
Não sei se as recentes medidas legislativas trouxeram mais benefícios do que prejuízos, há os dois lados, consoante o contexto, mas pela primeira vez desde há décadas fomos obrigados a reflectir sobre a nossa condição profissional, e isso foi com certeza positivo.
Quanto aos políticos, o ódio que lhes dedicamos é muitas vezes proporcional à inveja que secretamente lhe votamos. Creio que temos os políticos que merecemos (afinal somos nós que os elegemos, não?), dentro da qualidade média das sociais-democracias.
Caro antonio,
Sendo assim conclui-se que a opção de estudar no estrangeiro (em Espanha ou em qualque outro pais) não pode ser vista como a adopção da "lei do menor esforço", certo?
Em relação à tal escola em Barcelos, estamos totalmente de acordo, nem sabia que tais decisões podiam ser tomadas em concelho pedagógico dentro de uma escola.
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