Na altura referi não perceber porque razão as atenções mediáticas se centram no CO2 e são esquecidos os outros gases de efeito de estufa (GEEs) - nomeadamente o metano e óxido nitroso - recordando um um relatório da FAO de finais de 2006, que indicava que as emissões provenientes da pecuária geram cerca de 18% mais efeito de estufa que o sector dos transportes, produzindo, na altura, cerca de 65% do N2O e 37% do metano antropogénicos.
Aparentemente enganei-me e esses outros gases parecem estar prestes a entrar nas primeiras páginas, embora restringidos aos emitidos por uma actividade em particular. De facto, Rajendra Pachauri, reeleito há uns dias na coordenação do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), dará uma conferência hoje em Londres subordinada ao título: «Global Warning: the impact of meat production and consumption on climate change».
O economista, que é vegetariano, recomenda que se coma menos carne para ajudar ao combate das alterações climáticas afirmando que uma alteração da dieta é muito importante na redução das emissões de GEEs e dos problemas ambientais associados à pecuária.
Mas Pachauri não está sózinho nas críticas aos que não dispensam um bom bife, o Worldwatch Institute avisou que:
'The human appetite for animal flesh is a driving force behind virtually every major category of environmental damage now threatening the human future: deforestation, erosion, fresh water scarcity, air and water pollution, climate change, biodiversity loss, social injustice, the destabilisation of communities and the spread of disease,'Não sei se ou quando será referido que a agricultura é igualmente responsável por emissões não despiciendas não só de N2O como de metano. Nomeadamente, se alguma vez será dito que a cultura de arroz é uma das principais fontes antropogénicas de metano. Actualmente são libertados entre 300 a 400 mil milhões de toneladas de metano com origem antropogénica que correspondem a uma contribuição para o aquecimento global equivalente a cerca de 1/3 da correspondente ao CO2. Entre 50 a 100 mil milhões de toneladas têm origem no cultivo de arroz.
Mesmo que se reduza o consumo de carne ou se desenvolvam energias alternativas verdes , o aumento da população implica que aumentarão também as emissões de GEEs. Por exemplo, de acordo com o Center for International Earth Science Information Network (CIESIN), em 2020 serão necessários mais 350 milhões de toneladas de arroz anualmente para alimentar uma população crescente, ou seja, ver-se-à um aumento de mais de 50% da produção actual e, consequentemente, um aumento equivalente nas emissões de metano.
Não posso deixar de referir as observações de Joanna Blythman sobre a proposta:
«A no-meat diet? That sounds like ideology triumphing over common sense, time-honoured custom and appetite.»
16 comentários:
Para além dos malefícios para a saúde, o consumo de carne conduz a uma sobreprodução de gado, com efeitos nocivos para o ambiente.
Neste contexto, faz todo o sentido o texto de Génesis 1:29-30, quando afirma que, no plano inicial de Deus, antes do pecado e antes do dilúvio, a dieta de seres humanos e animais seria toda ela à base de legumes e frutas.
A corrupção da natureza, subsequente à queda, e o dilúvio, vieram perturbar inteiramente o equilíbrio inicial.
Anthony Gidens nos seus escritos desde 1991 que tem feito alusão à nave da modernidade globalizada na qual estamos metidos e que corre de forma desenfreada, sem que contudo possamos fazer seja o que for para controlá-la.
Vivemos um tempo de desregramentos e de tragédias, de incertezas, de absurdos políticos, que marcam o fim do iluminismo e o início de utopias salvacionistas.
A questão não está em subscrever ou fazer a apologia seja do que for. A questão está em constatar um certo número de factos e depois tentar saber e perceber as razões, causas e consequências disso tudo. Mesmo que não seja para salvar nada, ao menos para que no dia da despedida abandonemos a nave um pouquinho menos estúpidos, um pouquinho menos sectários, e se possível um pouquinho mais lúcidos.
Por exemplo Anthony Gidens e Ulrich Beck tentaram fazer isso. Tentaram construir novos conceitos e novas lógicas interpretativas. Falta saber se foram bem sucedidos nas suas análises, mas ambos entraram no mesmo tipo de apreensão diante da sociedade de risco na qual ciência e tecnologia estão inevitavelmente implicadas, pois apesar de tentarmos mitigar os riscos, os resultados trazem sempre consequências inesperadas.
No entanto Gidens em 2000 diz: “nunca seremos capazes de tornar-nos os amos da nossa história, mas podemos e devemos encontrar formas de controlar as rédeas deste mundo desenfreado”.
300 a 400 mil milhões de toneladas por ano com origem antropogénica!? E 50 a 100 mil milhões de toneladas com origem no cultivo de arroz !?
Posso estar enganado, mas julgo que o "mil" está a mais. Isto ultrapassaria largamente as emissões antropogénicas de dióxido de carbono, que estão na casa de 25 mil milhões de toneladas por ano.
Perspectiva, Deus também disse, depois do Dilúvio, em Génesis 9:3 "Tudo quanto se move e vive vos servirá de mantimento, bem como a erva verde; tudo vos tenho dado.", e nunca mais disse nada acerca de retirar algo da nossa alimentação.
Esta questão do homem tentar por todos os meios resolver uma questão sobre a qual não tem muito controlo é algo que passa ao lado do entendimento bíblico que diz que o homem precisa de se arrepender dos seus pecados e voltar para Deus. Mais ainda diz que não é com obras que o homem se salva, ou seja, nada do que o homem possa fazer pode-o salvar... a menos que confesse que Jesus é o seu Salvador.
Efésios 2:8-9 "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie."
Romanos 10:9, "se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo;"
Bem haja,
Não entrando em quaisquer considerações de ordem religiosa mas olhando apenas para a natureza tenho dificuldade em pensar que o homem surgisse na Natureza de ordem vegeteriana.
Aliás, nem sequer é o único carnívoro.
As mudanças de dieta alimentar são sempre condicionadas por um factor muito importante que é a sua disponibilidade.
Se o meio vegetal não for suficiente no aporte de energia necessária ter-se-à que encontrar algo que possa suprir essa deficiência.
A invenção da caça pelo homem primitivo sucedeu porque o elemento vegetal já não conseguia suprir completamente as necessidades.
E a pesca pode-se considerar como uma alternativa da caça.
Meus Amigos,
Ass.: É proibido morrer
"Prontos". Palmira da Silva quer pôr-nos a pão e laranjas, e quiçá, paradoxalmente, resolveu o problema da fome com a fome, uma espécie de cura do cão com o pêlo do bicho. Veja-se o caso dos pobres dos chineses, não podem ter carro, não podem ter frigorífico, não podem ter filhas, e agora também não podem comer o pobre arrozito. Concerteza os apoios alimentares às populações famélicass também vão acabar mais alqueire, menos alqueire. Tudo por causa do ambiente, que é muito fogoso e não pára de aquecer assim que vê um prato de arroz, ou carne, em cima da mesa.
Dieta? Qual? Arroz está fora do prato. Carne nem vê-la. O peixe anda metade contaminado. A água não empurra as carroças. Palmira da Silva arranjou-nos um bonito sarilho. Vamos todos morrer à fome. Mas, temos a certeza, os cadáveres em decomposição também irão pôr o planetea em brasa. É caso para dizer que nem a morte nos salva. Entretanto vamos brincando aos tontinhos com essas grandes descobertas científicas da treta, né?
Abração
Gil Teixeira
Aquecimento global?! Qual? Não será antes arrefecimento global? É que a Terra não aquece há 10 anos. Este Verão, que os meteorologistas, adeptos dessa fraude, avisavam que ia ser o mais quente dos últimos 25 anos, afinal foi dos mais frios. As pessoas meteram na cabeça que a Terra está a aquecer, que isso será calamitoso e que os gases ditos com efeito de estufa que nós produzimos são os culpados. Por isso, há que reduzir, em vão, as emissões de CO2 à força toda, mesmo que a Terra já não esteja a aquecer. Eu cá vou comer mais carne a ver se para o ano tenho um Verão decente... Isto é patético. Para mim, esta treta da redução do CO2 é uma óptima desculpa para lutar contra o capitalismo e a riqueza por ele gerada. Enquanto não voltarmos à Idade da Pedra, os fanáticos "ambientalistas" não descansam.
Há muitos tipos de fanáticos, não só os maluquinhos do aquecimento global (agora conveniente e tautologicamente baptizado de alterações climáticas). Também há os fanáticos muçulmanos, os vegetarianos, etc. Quando juntamos os dois fanatismos numa só pessoa o resultado é perturbador, como se vê.
Vem um homem e com a sua imensa experiência fala do que vê e observa, vem outro homem e da sua imensa memória fala do que se lembra e como isso é importante recordar, vem outro homem e da sua imensa investigação, traz o que é importante analisar para que entendamos as questões que vivemos, vem outro ainda e recorre às tradições para desenvolver o seu raciocínio, outro homem ainda e com o seu dinheiro traz riqueza a uma grande camada da população, e outro vem e relata as experiências sensoriais que teve que trazem entendimentos do outro mundo para a nossa salvação, e outro mais vem que junta um pouco de experiência, mais tradições, e mais umas drogas e outras coisas mais e diz de sua justiça sobre o que se passa, e outro e outro... afinal, quem fala verdade?
Temos sempre a liberdade de nos considerarmos: ou macaquinhos frugívoros que tivemos de descer das árvores no início do processo de desertificação, e para sobreviver nas savanas tivemos de nos adaptar a comer gafanhotos, ou ratazanas que sairam de cavernas depois do apocalipse do Tiranossauro Rex, e para sobreviver tivemos que comer nozes.
Nesta dissonância sintáctico-semântica argumentativa, abstraio-me do sujeito para não me deixar envolver numa recursividade ilimitada da qual é difícil escapar, e deixo mais algumas achegas numa linha pragmática.
Talvez valesse a pena a constituição de uma comunidade de comunicação de investigadores, seguindo a linha pragmática da semiótica transcendental de Karl Otto-Apel, numa tentativa de ultrapassar as aporias do kantismo e as incapacidades do neopositivismo em produzir uma visão consistente da verdade.
Esta comunidade extrairia o seu sentido de uma articulação entre um pragmatismo racionalmente fundado e uma semiótica transcendental comunicativa. Tal comunidade deixaria de acreditar no sujeito transcendental kantiano ou em qualquer poder redentor.
Também não faria sentido valorizar mais as ciências físicas em detrimento das ciências mentais. Não há problema nenhum em esconjurar qualquer tentação hegemónica, seja ela neopositivista ou teológica, porque cientismo e inquirição hermenêutica estão condenados a uma relação de complementaridade.
Eu apenas li que um vegetariano quer obrigar a humanidade a ser como ele.
Eu não tenho nada contra os vegetarianos, nunca me passaria pela cabeça a obrigá-los a comer carne. Por isso não venham agora a impor isso a mim.
Que diria a Doutora Palmira se um cientista católico do IPCC fizesse a proposta de o mundo não comer carne durante 40 dias?
Bom post. Se bem entendi, a Dr. Palmira põe a ridiculo o argumento avançado pelo vegetariano. Muito acertadamente.
O problema nº1 da humanidade é que há pessoas a mais. E cada vez mais. Tudo o resto é consequência disso. Com umas simples continhas vou mostrar a dimensão espantosa do problema que vamos enfrentar.
Quanto à carne, há que considerar o seguinte: não podemos comer grande parte da matéria vegetal. Isso é energia desperdiçada. Os herbívoros transformam essa energia numa forma por nós utilizavel. E não podemos desperdiçar isso. Os orientais comem tudo o que vive porque há muito que sabem que têm de aproveitar tudo.
Alf:
O que me faz mais confusão é que provavelmente muita gente vai esgrimir este argumento ao mesmo tempo que vai dizer que todos os problemas (económicos) da respectiva nação têm a ver com os baixos índices de natalidade.
Os australianos já encontraram a solução para o problema do impacto do consumo de carne no aumento dos gases de estufa:
a criação de cangurus para abate e consumo, segundo esta notícia:
Australiano defende que devemos trocar vacas e ovelhas por cangurus
Trocar a carne de vaca pela de canguru pode ser uma ajuda para reduzir os gases de estufa. Quem o garante é um cientista australiano.
...
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=104936
Parece que os “puns” dos cangurus contém quase nenhum gás metano! :-)
Cara Dr.ª Palmira
Se o Metano contribui muito para o "Aquecimento", então o que me diz das Flatulências (Peidos) humanas?
O IPCC também vai recomendar ao ser humano que não dê peidos pelo menos um dia por ano?
Tenho a ideia de que os gases das vacas são libertados em grande parte pela boca, já que o sistema digestivo delas é muito diferente do nosso.
ainda para além da questão das emissões do metano pela agropecuária, essencialmente intensiva, e a sua contribuição para o "eventual" aquecimento global, há a questão das cada vez maiores superfícies de produção de forragens e a desflorestação progressiva do planeta com as suas consequências ecológicas (desertificação, gestão da água e esgotamento dos solos). Há sempre alternativas: produzir carnes com pegada ecológica mais reduzida e comer menos proteínas animais, sem ter de abdicar totalmente. Produzir batata, por exemplo, é uma alternativa à produção de arroz, com menores custos para o ambiente.
Desde que conheço as consequências para o ambiente da produção de carne e arroz, reduzi para metade os meus consumos de carne e arroz, e apenas uma das minhas refeições diárias inclui carne, peixe ou ovos, sem qualquer problema para a minha saúde, antes pelo contrário. A carne e a de bovino, assim como as gorduras animais de que fazem parte os laticínios, em particular, é um factor de aumento de mortalidade por acidentes cardiovasculares...
Nestas questões, será necessário algum bom senso, mesmo que as teorias do aquecimento global não se venham a confirmar!
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