sábado, 13 de setembro de 2008

Novas oportunidades ou novos oportunismos?


Novo post sobre educação do nosso colaborador Rui Baptista:


Calar-se equivale a deixar crer que se não julga e que nada se deseja;

e, em certos casos, isso equivale, com efeito, a não desejar coisa alguma”.

Sophia de Mello Breyner


O artigo do “Diário de Notícias” de 6 de Setembro passado, com o título “15% da população sem secundário já estão nas Novas Oportunidades “, reforça, na minha opinião, o parecer da Associação Comercial do Porto que fala de um país em que “se ensina pouco, se educa menos e se exige quase nada”. Desse artigo extraio as jubilosas palavras proferidas por José Sócrates em altura solene: “É dos programas mais importantes lançados nos últimos anos em Portugal e é decisivo para que o País vença a batalha da qualificação” .

Por outro lado, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, sobre a empregabilidade afirmou que “ainda não há dados mas que está em curso um programa que visa, entre outras componentes, avaliar o impacto [das Novas Oportunidades] no mercado de trabalho e no percurso profissional das pessoas”. Ora, acontece que as pessoas que frequentam as Novas Oportunidades já estão inseridas no mercado de trabalho. Quem o afirma é o próprio José Sócrates no “Guia de Acesso ao Secundário”: “É por isso que a iniciativa Novas Oportunidades assume uma estratégia nova – prioridade à formação de base dos activos – e define objectivos exigentes: qualificar 1.000.000 activos até 2010”. Ou seja, um milhão de votos não é oportunidade que se desperdice em vésperas eleitorais!

Entretanto, os pais que fizeram sacrifícios para formar os filhos num percurso escolar normal – do secundário a uma licenciatura em universidades estatais (sem qualquer semelhança com a maioria das privadas) -, assistem ao desconsolo de os verem vítimas do desemprego enquanto o governo como que se desresponsabiliza desta chaga social. A continuar-se no caminho do ataque sistemático a um ensino secundário oficial exigente, paradigma de uma aprendizagem escolar séria e que, apesar de todas as vicissitudes por que tem passado, ainda resiste aos ventos da degradação, quanto tempo faltará para a sua derrocada final?

Desistir de estudar na juventude e procurar um emprego que dê para continuar estudos escandalosamente facilitados na idade adulta é o oposto a passar noites insones em vésperas de exames. Mas toda a medalha tem o seu reverso: com este consentido oportunismo, será poupado ao erário público despesas com grande número de escolas secundárias que, pela diminuição do número de alunos, motivada pelo decréscimo da natalidade da população portuguesa, correm o risco de muitas terem que continuar a fechar (segundo o “Diário de Notícias”, de 8 de Setembro, num universo de 12.852 escolas, fecharam nos últimos oito anos 4255) e ser vendidas em hasta pública.

Neste meio tempo, já há escolas secundárias oficiais que se vêem na necessidade de propagandear a qualidade e variedade de cursos por si ministrados num apelo a escassas clientelas. Situação que se assemelha ao que se passava décadas atrás nas lojas de modas da Rua dos Fanqueiros, em Lisboa: empregados havia com a estrita função de, especados às portas dos inúmeros estabelecimentos às moscas e perante o perigo de serem despedidos por falta de compradores, aliciar os possíveis clientes que por aí passavam, quando não mesmo os puxarem pelo braço, para que nelas fizessem as parcas compras permitidas pelas suas bolsas.

Na situação actual, depois de obtido o diploma do ensino secundário, através de um programa “decisivo para que o País vença a batalha da qualificação”, segue-se, nalguns casos, e em situação de idêntica permissividade, uma prova de acesso a um ensino superior para maiores de 23 anos desacreditado pelo encerramento decretado pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, de certas universidades privadas que andavam nas bocas do mundo por motivos de descrédito e escândalo públicos.

Não será que com todos estes facilitismos se estará hoje a dar mais que razão a um famoso ministro socialista do IX Governo Constitucional sobre o sistema educativo nacional? Refiro-me ao falecido Francisco Sousa Tavares e à sentença por si proferida com o desassombro que caracterizava a sua personalidade: “Estamos a formar não um país de analfabetos, como até aqui, mas um país de burros diplomados!”

19 comentários:

Maria Rodrigues disse...

Exmo Sr

1º - O programa "Novas Oportunidades" não inclui apenas os processo de certificação de competências de nível básico e secundário, mas é um programa que inclui ofertas educativas muito diversificadas que vão desde os cursos de educação e formação de adultos, aos cursos de educação e formação (para jovens com repetido insucesso no básico), os cursos profissionais (que de pouco exigentes nada têm, com uma carga horária que não deixa tempo livre a ninguém, onde alunos e professores não podem faltar porque as horas de aulas têm de ser todas repostas, etc.) e os cursos de especialização tecnológica, da responsabilidade de instituições de ensino superior. Portanto, aquilo que melhor caracteriza as “Novas Oportunidades” é: 1º a ênfase na qualificação dos portugueses; 2º o apostar claro em qualificações com uma forte componente profissional e directamente vocacionado para a entrada no mercado de trabalho em profissões de carácter técnico; 3º a requalificação da população de activos portugueses (pergunte às empresas qual é a importância desta requalificação); 4º o colocar sob a mesma designação e num programa estruturado um conjunto vasto de ofertas formativas que eram desvalorizadas em detrimento de percursos escolares que dão o título de DR, mas desembocam no desemprego.
Não é o programa em si que desemboca em facilitismo, mas quem o aplica. E este princípio aplica-se a todo o sistema de ensino português, começando pelo do ensino superior, já que as histórias contadas por ex-alunos meus sobre as diferentes universidades e professores universitários desta país são de bradar aos céus.

2º - Não é qualquer adulto que entra num processo de certificação de competências e, muitos deles, não têm qualquer possibilidade de ser certificados no 12º ano dada a exigência do processo e do referencial. Mas, lá está, a aplicação exigente e de qualidade do processo depende de quem o faz e de quem o fiscaliza (tal como em qualquer outro sistema). Mas, se o adulto não entrar num sistema de certificação de competências, poderá entrar num EFA escolar, profissional ou de dupla certificação. Para além da importância dos Cursos Formação de Adultos na reconversão profissional dos mesmos, os cursos EFA são extremamente pesados em termos horários e de exigência. São 35 horas semanais no regime diurno e 4 horas por dia no regime pós-laboral e, no caso dos com componente técnica, com actividade em contexto de trabalho. Ora, mais uma vez, não é está oferta que está em causa e a sua importância na qualificação dos milhares de adultos que abandonaram precocemente a escola e que agora não têm as habilitações profissionais e escolares que lhes permitem manter os empregos (sabia, por exemplo, que uma esteticista, é obrigada a ter uma carteira profissional e que para o ter tem de ter a escolaridade mínima? Sabia, por exemplo, que uma chefe de secretaria competente e profissional pode perder o seu lugar, que exerce há variadíssimos anos, porque não tem o 12º ano que não pode fazer porque a família não tinha condições económicas; sabia que uma empresa de construção civil não pode concorrer a obras públicas se os seus empregados não tiverem todos os 9º ano e que, ou tiram, ou vão para o desemprego?). Mais uma vez, o que urge, tal como para o sistema dito regular de ensino, é que haja controlo e fiscalização na qualidade da formação ministrada, sobretudo quando o é por entidades privadas que ganham milhares de euros à conta disto. Por isso, e apesar dos muitos defeitos do sistema público de ensino, penso que as escolas estão em condições de prestar um melhor serviço à comunidade.

3º Também a mim me parece inoportuno que as escolas tenham da anunciar a sua oferta formativa. Mas, sabe porquê? É óbvio que tem a ver com a própria sobrevivência dos postos de trabalho de quem lá está, pois, caso contrário, terão de ir dar aulas para outro sítio qualquer. Ou, acha bem que dezenas de professores, com horários zero decorrentes essencialmente do abandono escolar e das baixas taxas de natalidade, fiquem nas escolas sem fazer nada? Eu não acho, mas compreendo que as pessoas lutem para ficar nas escolas onde são efectivos e nas localidades onde construíram a sua vida. Mas, por quê anunciar? Porque não basta diversificar a oferta formativa. Porque as pessoas não conhecem e, portanto, procuram ou os sistemas de ensino privado ou quem é mais aguerrido no marketing. Mas, a questão fundamental é que os pais não conhecem as formas alternativas de percurso escolar, tal como os cursos profissionais, as suas características, duração, etc. Por outro lado, e ao contrário das vias mais tradicionais que são estáveis (por exemplo, os cursos cinetífico-tecnológicos), os cursos profissionais podem estar sempre a mudar. Não interessa ter um segundo ciclo de técnicos de frio se o mercado local de trabalho já não tem condições para assimilar e dar estágio a novos formandos. Então, inicia-se um novo curso que vá ao encanto das necessidades dos alunos e das empresas. Será que alguém tem alguma ideia da complexidade destes processos e do grau de exigência do trabalho dos professores que todos os anos têm de se preparar para leccionar novas disciplinas?

4º Voltando às novas oportunidades…. Sabe, por exemplo, que no sistema das novas oportunidades adultos com 50, 60 anos podem concluir o ensino secundário que tiveram de abandonar pelas mais diversas razões, desde que apenas lhe faltem 6 disciplinas ano e que o podem fazer por exame ou com formação? Sabe qual é a importância disso para pessoas para quem a falta de dinheiro, a guerra nas colónias, a perseguição política ou outra vicissitude lhe impediu de estudar?

Bem, poderia continuar… Mas, já agora lhe digo que dificilmente um jovem que abandone a escola de propósito para depois fazer um processo de reconhecimento de competências, o consegue fazer. Se o consegue é por que encontrou, tal como se encontra no ensino regular, pessoais que de profissionais nada têm e que, tal como há quem dê notas apenas para passar, aqui também fingiram que fizeram um trabalho de qualidade. Mas aqui, estas, tal como aquelas, apenas enganam os portugueses.

Já agora…. Já ouviu o orgulho com que uma mulher humilde de profissão humilde, com 45 anos, diz que já fez o 9º ano? Já viu o trabalho produzido por pessoas que antes do processo tinham elevados níveis de iliteracia e que depois do processo apresentam orgulhosamente as suas capacidades?

Não sou ingénua e sei que por detrás de tudo isto há uma agenda política do PS. Mas, e para lá da agenda política: o trabalho está a ser bem feito? É importante para as pessoas que estão desempregadas, que têm baixos níveis de qualificação escolar e profissional? Está a ter impacto positivo? O que dizem os empregadores?

Musicologo disse...

Concordo com muito do que foi dito no comentário anterior. É importante que haja estes cursos de requalificação.

A questão que se põe é de saber se estão a ser avaliados com a exigência devida, tal como os cursos regulares de ensino secundário e superior.

E esse último ponto é que não tenho as mínimas dúvidas: há imensas escolas e docentes que estão a baixar - E muito! - a fasquia exigida para aprovarem um aluno.

Mas porque se faz isto? Isto sim, merecia uma importante reflexão.

Será que os alunos de hoje são invariavelmente mais "burros" que tenham de ser "ajudados à força"?

Será que os professores estão a ser "coagidos" a não chumbar ninguém?

Eu cá tenho os meus palpites, especialmente quando vejo professores de Português recém-formados que dão erros ortográficos a torto e a direito e alunos do básico que nem escrever sabem. Basta isso para percebermos que algo anda muito mal...

Unknown disse...

Minha Senhora:

“Banido o verbo ensinar, os alunos só têm actualmente de adquirir aprendizagens e competências, tendo em vista o mercado de
trabalho” – Maria do Carmo Vieira.


Pela honra que me foi concedida por si, minha Senhora, não posso deixar de começar por lhe agradecer a atenção que lhe mereceu o meu post sobre as Novas Oportunidades. É sempre agradável e frutuoso estabelecer diálogo com quem contesta as nossas opiniões em tom educado e em conteúdo de argumentação porque “tudo seus avessos tem”, segundo Sá de Miranda.

Sou dos que defendo que divergir de opinião não se pode transformar numa arena de gladiadores em que a vitória se faz anunciar, para gáudio da assistência, pela morte de um dos contendores numa poça de sangue, nem sempre pela validade dos argumentos de uma das partes, mas pela fragilidade de argumentação de uma outra. Pelo que depreendo, defende a sua dama com conhecimento pessoal de causa. Ora, diz-nos a Psicologia, que ninguém pode ser bom observador e observado simultaneamente.

Acredito na sinceridade e honradez que presidiu à sua argumentação em que possíveis e escassas excepções correm o risco de confirmarem uma regra. Uma regra testemunhada por grande número de argumentos públicos em contrário que nos dão conta não de um mundo cor-de-rosa de "Novas Oportunidades", que transparece das suas palavras, mas de um universo de "Novos Oportunismos" que se acoitam atrás de uma medida nobre: aumentar o nível de instrução geral e a melhoria de aptidão profissional de quem, por motivos vários, se viu obrigado a interromper os seus estudos. E o não faz.

E para que não caia também eu no engodo de me tornar juiz em causa própria, em feliz oportunidade surgida hoje, trago à colação a entrevista a uma extraordinária, combativa e dedicada Professora da disciplina de Português, de seu nome Maria do Carmo Vieira, quando escreve, preto no branco, com a frontalidade que lhe tem custado amargos de boca: “Quem acredita na qualidade do ensino das Novas Oportunidades quando em três meses se conclui o 9.º ano e em seis meses o ensino secundário, 10.º, 11.º e 12.º anos?” (Notícias Magazine, 14.Setembro. 2008).

Eu não acredito, e daí ter escrito um post que não enjeita a polémica que possa ter causado e que tenho por salutar por poder desencadear posições favoráveis e contra. “Alea jacta est”!

Rui Baptista disse...

Minha Senhora:


Pela graça que me foi concedida por si, minha Senhora, não posso deixar de começar por lhe agradecer a atenção que lhe mereceu o meu post sobre as Novas Oportunidades. É sempre agradável e frutuoso estabelecer diálogo com quem contesta as nossas opiniões em tom educado e em conteúdo de argumentação porque “tudo seus avessos tem”, segundo Sá de Miranda.

Sou dos que defendo que divergir de opinião não se pode transformar numa arena de gladiadores em que a vitória se faz anunciar, para gáudio da assistência, pela morte de um dos contendores numa poça de sangue, nem sempre pela validade dos argumentos de uma das partes, mas pela fragilidade de argumentação de uma outra.

Pelo que me atrevo a depreender, defende a sua dama em causa própria. Ora, diz-nos a Psicologia que ninguém pode ser bom observador e observado simultaneamente.

Acredito na sinceridade e honradez que presidiram à sua argumentação em que possíveis excepções correm o risco de confirmar uma regra. Uma regra testemunhada por grande número de argumentos públicos em contrário que nos dão conta não de um mundo cor-de-rosa de Novas Oportunidades, que transparece das suas palavras, mas de um universo de Novos Oportunismos que se acoitam por detrás de uma medida que não satisfaz a sua intenção: aumentar o nível de instrução geral e a melhoria de aptidão profissional de quem, por motivos vários, se viu obrigado a interromper os seus estudos. E o não faz.

E para que não caia também eu no engodo de me tornar juiz em causa própria, em feliz oportunidade, trago à colação a entrevista, de hoje, a uma extraordinária, combativa e dedicada Professora da disciplina de Português, de seu nome Maria do Carmo Vieira, quando escreve, preto no branco, com a frontalidade que lhe tem trazido travos amargos de boca: “Quem acredita na qualidade do ensino das Novas Oportunidades quando em três meses se conclui o 9.º ano e em seis meses o ensino secundário, 10.º, 11.º e 12.º anos?” (Notícias Magazine, 14.Setembro. 2008). Eu não acredito, e daí ter escrito um post que não enjeita a polémica que possa ter causado e que tenho por salutar por poder desencadear posições favoráveis e contra. “Alea jacta est”!

Rui Baptista

Fernando Martins disse...

É curioso que aparecem aqui bloggers anónimos (porque será que consultando o link associado ao nome nada aparece...) a defender a aldrabice das novas oportunidades, quando toda a gente sabe o que lá se faz e como se faz. Se há coisas boas nas Novas Oportunidades eu, que sou professor, ainda não reparei: tenho visto professores a fazer os currículos e os textos dos alunos, a validar tudo para cumprir ordens e gente a avançar furiosamente para certo de habilitações quase analfabeta...

Mas deve ser defeito meu o que vejo...

Maria Rodrigues disse...

Exmo SR


A sua citação de Maria do Carmo Vieira que escreve “Quem acredita na qualidade do ensino das Novas Oportunidades quando em três meses se conclui o 9.º ano e em seis meses o ensino secundário, 10.º, 11.º e 12.º anos?” (Notícias Magazine, 14.Setembro. 2008)vem mostrar aquilo que pretendi argumentar: as pessoas não sabem o que são as Novas Oportunidades. Primeiro, como procurei mostarar cursos como os EFA e os Profisionais têm uma duração de até 3 anos, com 35 horas semanais, os quais incluem dezenas de horas em formação de base, incluindo o Português.
Segundo, aquilo a que a senhora citada se refere (provavelmente e atendendo ao espaço temporal que indica)não é a um ensino formal, mas a um processo de reconhecimento e validação de competências, que certamente, pelas palavras citadas, ignora. No RVCC não há lugar a ensino formal, mas a um processo de reconhecimento e validação de competências que o adulto já possui e que estão delimitadas pelos referenciais do nível básico e de nível secundário.
Assim,
1º posso conceder que o conteúdo dos referenciais não seja o mais adequado, mas, então, é contra o referencial que devemos argumentar;
2º convém saber do que estamos a falar, e a citação da senhora só contribui para a difusão errada do que se pensa ser o RVCC;
3º mais uma vez se coloca em causa o bom trabalho de profissionais e das pessoas que com muito esforço fazem a validação das suas competências por mera ignorância.

Por fim...
1º Já observei muitas pessoas no terreno e encontrei excelentes profissionais e gente péssima: fiscalize-se, mas não se coloque em causa aquilo que não se sabe;
2º Volto a dizer que gostaria que muitos alunos do secundário e do ensino superior dominassem as competências do referencial do ensino secundário;
3º Não sou ingénua e sei que há aqui uma agenda política; mas saberá quem crítica que estes planos estão comtemplados na agenda do governo desde o início do seu mandato? Terão as pessoas ideia do esforço e do trabalho que milhares de pessoas estão a fazer para aumentar a qualificação de milhares de activos portugueses que abandonaram precocemente a escola?
Maria Rodrigues

Anónimo disse...

Pelo andar das coisas, daqui a uns anos os pobres terão canudos, viagens ao Brasil e televisões, mas só os ricos terão conhecimentos, ideias e opiniões. Será esta a sociedade do futuro?

Unknown disse...

Minha Senhora:

Escreve, e citando eu Pascal, julgo com o coração que tem razões que a razão deconhece que "as pessoas não sabem o que são as Novas Oportunidades". Em certos casos (excluindo as excepções que tem citado como exemplos de "qualidade"), ainda bem!

Seria pouco dignificante testemunhar "in loco" "professores a fazer os currículos e os textos dos alunos, a validar tudo para cumprir ordens e gente a avançar furiosamente para certo de habilitações quase analfabeta..." (transcrição parcelar do comentário anterior de Fernando Martins).

Neste caso, evoco a máxima que tem sido atribuída a Voltaire, ao que me dizem, impropriamente: "Posso não concordar com o que diz, mas defenderei até à morte o direito que tem em o dizer". É esta uma das virtudes da Democracia.

Rui Baptista

diconvergenciablog disse...

O programa das novas oportunidades é uma TRETA. Não há argumantaçao possivel. Eu e muitos jovens andamos a estudar 12 anos com dificuldades.
É inadmissivel jovens com a minha idade que tiveram todas as oportunidades para estudar frequentem as novas oportuniodades e lhes ofereçam o 12º (oferecer sim, sei como é, contam-se). Com o 12º ano ou o 9 oferecido vão para aGNR , PSP, mal ler sabem, mtas vezes passam a frente dos outros,etc. (isso nao interessa).

Os exames adhoc outra treta!

Isto é gozar com as pessoas que estudaram a vida toda (muitas, a maioria com dificuldades). Os jovens que andam nas novas oportunidades, a maioria nao tirava o 7º ano em condiçoes normails e muitos simplesmente NAO QUISERAM ESTUDAR pq "era uma seca" e agora que vem que precisam do diploma para arranjar um trabalhito melhor vao PEDI-LO ao ESTADO que o OFERECE!

É UMA PORCARIA DE POLITICAS SOCIAIS, COM CONCEITOS DISFORMES DE IGUALDADE.

Ninguém consegue argumentar a favor deste programa. Vem sempre com os argumentos sociais dos coitadinhos, do Salazar, de que nao deu, isto e aquilo, esquecem-se que muitos simplesmente nao quiseram, esquecem-se que MUITOS nao conseguaim ,NAO SOMOS TODOS IGUAIS. O Estado devia promover o MERITO!

Estao a arruinar a MINHA geraçao , QUEM PAGA??

Rui Baptista disse...

Das convergências e divergências:

Serei breve como convém a um comentário escrito com a vivência do próprio problema. Pergunta sua: "Quem paga?"

Minha resposta: Paga a sua geração, pagarão os seus filhos, já pagaram os seus pais com as despesas de uma educação a brincar . E paga um país os dislates de um ensino que subtitui o mérito pelo facilitismo e por estatísticas que torneiam a realidade dos factos .

Com alguma verve, um antigo ministro da Educação do Estado Novo, Leite Pinto, escreveu:"Há duas maneiras de mentir: uma é não dizer a verdade; outra, fazer estatística". E não é bem verdade que "ridendo castigat mores"(a rir se castigam os costumes)?

Felizmente,as excepções de uma geração capaz de ter jovens (como o seu caso)de reflectirem sobre esta temática são como raios de sol num céu de plúmbeas nuvens.

Solidariamente,
Rui Baptista

Rui Baptista disse...

Na penúltima linha, do último §, do meu anterior comentário onde escrevi "de reflectir ", deverá ler-se "a reflectir".

diconvergenciablog disse...

Pois, pagamos nós. Vêem-se os desempregados licenciados!!Tenho um colega que acabou um curso superior de Psicologia (com todo o mérito), Mestre com média de 18, uma boa tese (realmente feita por ele) e, ESTÁ NO DESEMPREGO!!

O Estado oferece os cursos a toda a gente. . . Vai tudo no mesmo saco. Paga o justo pelo pecador! Todos mal formados, todos no desemprego!
Os jovens (como eu) não vão certamente trabalhar para as obras (não estamos habituados /não queremos,temos outras perspectivas, fomos e vamos sendo iludidos). Vamos ser os parasitas do Estado Social da treta! Com sorte arranjamos uns subsidios, umas bolsas, uns trocos do Estado e vamos andar ai a passear, a jogar umas cartas como os reformados!
Muitos irão sair decerto do Pais!
Quando, no estrangeiro, virem que todos os Portugueses são médicos, advogados, professores, vão - nos dar o mesmo crédito que nós damos hoje quando vimos um Ucraniano que nos diz que é médico, professor, engenheiro!!
O primeiro pensamento que nos passa é que o diploma foi comprado na máfia, pelo menos é o que eu penso ás vezes!!!

Ora, conheço muitos jovens que já não vão estudar dizem "que não vale a pena", é melhor ir para a Suiça para as obras...
Se calhar têm razão... Cada vez mais estudar é um investimento ridiculo!!

Não entendo estas politicas. O 12º ano deve ser obrigatório...
Para quê que deve ser obrigatório?
O que é o 12º ano??
O 9º ainda concordo - é importante aprender as coisas básicas, ler, interpretar um texto, fazer umas contas, probabilidades e tal, coisas uteis para a vida de qualquer cidadao. Se todos os cidadao tÊm o 12º , qual a vantagem que daí advém (para a sociedade e para o próprio cidadao?).

Se se promovesse o mérito, quem tivesse o 12º ano - arranjava um emprego melhor, quem nao tivesse o 12 pq nao queria ou pq nao conseguia!!Podia mto bem tirar um curso profissional ou dedicar-se a outra coisa, tipo abrir uma empresa, agricultura, um pequeno negocio, etc. . .

Qd o 12º for obrigatório todos o vamos ter dado. Vai ser um dado adquirido, da mesma forma que a personalidade juridica se adquire com o nascimento tb já vem incluido o 12ano...

Como se faz a diferenciaçao assim?
Criando 24ºano?

Nao existe um MERCADO, com as suas leis básicas?? Oferta/procura?
Em que Mundo vivemos?
Tamos em Cuba?

NAO ENTENDO!!!

O ESTADO assim está a "enterrar"
ainda mais a plebe! Em toda a historia os pobres sempre tiveram um importante meio de emancipaçao social, a via dos estudos. A plebe, pelos estudos - tinha uma real hipotese de se emancipar, agora nao..
Agora a unica via de emancipaçao é a trafulhice, o trafego de drogas, o roubo, o furto e a POLITICA!!

Diz a Ministra que a escola dá bons indicadores, pfff..

Não sei em que Mundo vivem esses politicos...

Será que estão a arruinar os Portugueses de propósito??
Acho piada um jovem lic. ficar todo contente em entrar "para o Estado" e ganhar um ordenado de miséria. Nessas grandes empresas de c.civil ganhava mto mais...
Ninguém critica este programa porque todas as familias portuguesas têm alguêm que frequenta esse programa... Quando se fala neste assunto vêm com histórias do pai, do tio e uma pessoa fica meia envergonhada e nem diz mais nada, para nao ferir suscp. Foi uma boa ideia do governo - assim garante uns votos (é o que penso).
Pode ser que votem no PS..
A oposiçao tb nao toca no assunto é mto chato falar disto...
É que a maioria dos cidadaos acha bem... Nem sabem o mal que nos estão a fazer!!
Gostava de entender.

Os textos estão meio descuidados porque estou a escrever a pressa...

Consegue-me explicar?
O porque deste programa, quais os objectivos, quais os objectivos de o 12 ser obrigatorio (e, talvez um dia, um curso superior obrigatorio), porque ninguém fala deste assunto, etc.

Cumprimentos,

diconvergenciablog disse...

Esta expressão é um bocado desagradável mas "burro velho não aprende linguas"

Sem mais.

Unknown disse...

M.Oliv

D. Maria Rodrigues

Por favor, não defenda o que não tem defesa possível...
Os professores, nós, que sabemos o que são as Novas Oportunidades, afirmamos-lhe que aquilo é uma treta... desculpe a crueza!!!...

Atente nas palavras do Sr.Rui Baptista, que como eu é professor, está a par do que lá se passa e fala a verdade nua e crua, quando afirma, passo a citar: "a aldrabice das Novas oportunidades"... toda a gente sabe o que lá se faz e como se faz. Se há coisas boas nas Novas Oportunidades eu, que sou professor, ainda não reparei: tenho visto professores a fazer os currículos e os textos dos alunos, a validar tudo para cumprir ordens e gente a avançar furiosamente para certo de habilitações quase analfabeta..."

Não há mais a acrescentar às suas palavras...
Sim, com um teclado de um computador à frente, alguns nem uma linha escrevem, pois nem as letras distinguem...
Não confunda competências dadas pela vida com estudos académicos e habilitações literárias que exigem muitos anos de estudo e trabalho...

Outro colega que lecciona as Novas Oportunidades, Francis1000.silva, escreveu há tempos num texto muito divulgado:
"...Quanto à qualificação dos recursos humanos, o exemplo de toda a falsidade da política deste governo e deste ministério são as "Novas Oportunidades". Não há, nem nunca houve, maior traficância de habilitações literárias em Portugal, do que o programa "Novas Oportunidades".

Dezenas de milhares de portugueses com a antiga "quarta classe" ou pouco mais do que isso, são habilitados com o nono ano, em apenas três meses. Nada de transcendente aprendem que verdadeiramente os qualifique, mas preenchem as estatísticas que em 2009 serão exibidas em época de eleições, como um passo fundamental no progresso futuro do país… Ó Portugal que tão mal vais…

Mas o que se passa nas "Novas Oportunidades" a nível do secundário é muito mais grave. Dezenas ou centenas de milhar de candidatos provenientes das "Novas Oportunidades" do terceiro ciclo, lançam-se na aventura de conseguirem o diploma do décimo segundo ano. É legítimo. Pois se fazer o terceiro ciclo foi tão fácil porque não continuar?

O problema reside, mais uma vez, em que nada de importante e qualificante (excepto nos de dupla certificação) é fornecido a estes candidatos, e eles lá vão escrevendo as suas histórias de vida, onde, muito a custo, os formadores vão descortinando as mais bizarras competências que lhes atribuirão o 12º ano.

São estas as coroas de glória desta ministra e deste governo ???"

Uma coisa são competências profissionais e de vida. Muito importantes, sem qualquer margem de dúvida, e outra são habilitações literárias. Confundir ou misturar, uma coisa com a outra é não só errado como muito perigoso...."

Se quiser seguir Direito, estudou porventura literatura, História, Filosofia ou Latim? E se quiser inscrever-se em Biologia, por exemplo, que bases tem de Ciências, matemática, química, física ou geografia? E línguas, que bases lhe transmitem as N. O. quando um aluno de um curriculum normal as estuda 7 anos consecutivos??? Fico-me por aqui...

No facilitismo das "novas oportunidades", não se aprende nada… Transmitem-se ilusões...apenas ilusões...

Rui Baptista disse...

Das divergências e convergências:

Retenho do seu comentário, a pergunta sobre a obrigatoriedade do 12.º ano: "Para quê que deve ser obrigatório?"

Boa pergunta a merecer uma resposta difícil da minha parte. Vamos a ver se consigo levar a carta a Garcia.

Julgo que se refere a opiniões favoráveis a essa discutível medida de que destaca, possivelmente, a declaração numa cerimónia oficial por parte do Senhor Presidente da República que está longe de ter tido um percurso académico isento de espinhos e diculdades sem conta até à chegada à cátedra. Basta recordar o mérito de uma caminhada que se iniciou no ensino secundário comercial, passou pelo ensino médio (antigo Instituto Comercial) para terminar no ensino universitário: antigo Instituto Superior de Ciência Económicas e Financeiras.

Ora, salvo melhor opinião, pretender o 12.º ano como ensino obrigatório num país que está longe de cumprir as metas de um ensino básico sério, eficiente e, como tal, livre de mácula não me parece medida a alcançar nestes tempos mais chegados para que se não corra o risco mais que previsível de esse desiderato ser alcançado em fatia gulosa por indivíduos gerados em ventre licencioso das Novas Oportunidades.

Longe vai o tempo (não tão longe como isso tudo) em que o diploma da antiga 4.ª classe da escola primária certificava que o seu possuidor sabia ler, escrever e contar com desenvoltura. Lia em voz alta, fazia ditados e redacções, contas e resolução de problemas num exame exigente como era o de então (não, não aceito o possível epíteto que, como “ultima ratio”, me possam atribuir de Velho do Restelo!).

Hoje, nos exames do 12.º ano - que atirou para o cesto dos papéis inúteis o exame da disciplina Filosofia como se aprender a raciocinar e a argumentar fossem coisas inúteis - as interpretações redigidas de textos literários foram substituídas por um cemitério de cruzinhas. Uma espécie de totobola de perguntas múltiplas de uma só resposta que não tem, valha-nos isso, a periculosidade imediata do revólver da roleta russa. Os seus efeitos funestos, far-se-ão sentir à distância, através de uma espécie de estado comatoso que faz perigar o futuro de Portugal e o presente da sua juventude. Um futuro que não deve ser conivente de estatísticas para encher o olho de ingénuos e satisfazer os intuitos de gente mal intencionada ou espertalhona. Razão sábia assistiu a um ministro da Educação do Estado Novo já falecido, Leite Pinto, catedrático do prestigiado Instituto Superior Técnico, quando legou para a posteridade: "Há duas maneiras de mentir: uma é não dizer a verdade; outra é fazer estatística"

Depois de obtido um 12.º ano obrigatório feito hoje, muitas vezes a martelo - quando sempre foi a reserva de seriedade do nosso ensino -, sem ter o testemunho de acrescentar algo de aproveitável à ignorância trazida de um nono ano obrigatório, é meio caminho andado para um diploma de ensino superior depois de um facilitado e escandaloso ingresso para maiores de 23 anos que permitirá o tratamento social de dr. Ou de engenheiro, outro exemplo!

A partir daí é havido o costume social de ser cumprimentado em inclinação reverencial da coluna vertebral de quem o pratica pondo o tutu para o ar sofrendo de dores e rigidez na região lombar. Ou seja,naquela parte do corpo a que o povo chama de cruzes!

Não, não incluo neste desmerecimento, ainda que só sob a forma de "boutade",todos aqueles (cada vez em menor número) que dessa lei de declarado facilitismo se libertaram pela obtenção de valorosa cartas de cursos superiores autenticadas com “sangue, suor e lágrimas”. Hoje humores substituídos por poças de escandaloso oportunismo consentido e acarinhado oficialmente, até!

Como argumento final: não se agrave a situação de um 9.º ano colado a cuspo com um 12.º ano obtido em novos oportunismos de um novo-riquismo muito nosso, muito português. Julgo ter-lhe respondido ao essencial da questão. Dir-me-á se assim foi ou não.

diconvergenciablog disse...

Foi, respondeu, mas fico com algumas dúvidas...

A educação é o pilar da sociedade, como tal não me posso opor ao ensino público e gratuito. Ensino publico e gratuito - sem taxas, mais nada. Nao sou a favor da integração de quem nao quer nem de quem nao consegue. O Estado tinha as escolas, nao cobrava taxas e os alunos tentavam estudar. . . Uns conseguiam outros não. Uns sao bons nisto outros naquilo. Uns que nao dao nada na na escola podem ser excelentes gestores, jogadores de futebol, inventores, etc. . .
Ja existiram tantos grandes homens com poucos estudos!!
Sou a favor do 9º ano obrigatório, na medida em que dota os cidadãos de competências fundamentais. Ora, eu ainda não consegui entender porque o 12º ano O deva ser. Veja-se, no 10º ano os alunos escolhem uma área, seja humanidades, ciências, desporto, etc. Escolhem essa área com o intuito de ingressar no ensino superior. Para que serve o 12º ano na area de humanidades? O que sabe fazer uma pessoa no mercado com o 12º de humanidades? NADA!!Só se for para comentar as obras estudadas nos tempos livres com os colegas da empresa!!Humanidades para as áreas de Direito, História, literatura, ciências para medicina, etc. . .
Ora, um aluno que, simplesmente, não queira (embora ainda não se possa dizer que terá discernimento para tal) continuar a estudar, não queira tirar nenhum curso superior, para quê que vai andar mais três anos contrariado? E, possivelmente ingressar na faculdade contrariado...(por pressoes, hoje em dia parece que nao ser doutor é uma deficiencia).
Hoje em dia parece que não frequentar uma faculdade é uma deficiencia!!! Toda a gente vai para lá, muitos sem saber muito bem para que (tb eu)!! Está na moda, parece!
Não existe vida para além dos estudos?
Ora, se todos os portugueses se formarem, seja com todo o mérito ou não, isso não trará problemas para o País?
Se todos os Portugueses tiverem um curso superior (o que não posso deixar de considerar legitimo), quem investe no País? Não existirão empresas no País? Não entendo! E a lei da oferta e da procura?
Quem simplesmente tirou o 12º ano, ou o 9º não será mais nem menos do que um dr. Só num País de saloios, como parece ser o nosso, onde ainda se utiliza muito essa nomenclatura é que se pode pensar que quem só tem o 9º ano ou o 12º é inferior aos outros.
Pessoalmente, dou mais valor a uma pessoa empreendedora que crie algo de novo para a comunidade do que esses muitos doutores.
Na minha modesta perspectiva existe outro problema bem sério. Pressupondo que o ensino básico e secundário é exigente e se promove o mérito. Um ensino em que todos os alunos saem bem preparados.
Ora, para que existem tantos cursos superiores e tantas faculdades no nosso pequeno País?
Porque, por exemplo, existem 20 e tal faculdades de direito?
A finalidade da escola será sempre o ensino superior?
A sociedade não precisa de cidadãos com outras competências?
Ainda gostava de entender qual o objectivo de todos os Portugueses terem as mais altas qualificações. Isso não os tornará (a todos) mais pobres? Pobres, economicamente falando...
Se eu tivesse uma empresa a operar num País onde todos os cidadãos fossem formados, julgo que não conseguia fazer uma diferenciação! Decerto que não lhes ia pagar ordenados a todos de 1000 e tal euros... Para que o faria? A procura seria tanta. . .
Num País desses quem conseguia ter uma vida mais digna seriam os cidadãos sem nenhuma escolaridade.
Em Portugal já se vai verificando um pouco isso. Por exemplo, é muito dificil encontrar um electricista, um trolha, alguém que pinte uma casa. Um cidadão iludido pelos estudos e pelas coisas dos doutores decerto que não fará esses trabalhos.

Qual o objectivo de todos os cidadãos terem o 12º ano ou um curso superior? (não consigo entender, talvez seja algo de ideológico, a minha ideologia é muito simples, o Estado que ajude quem nao tem recursos economicos e que promova o mérito). Para mim, o Estado não é tudo, não deve absorver tudo á sua volta. E fazendo isso recorrendo a um conceito muito perigoso de igualdade.
Eu só parto de algo muito básico - o homem não é todo igual. Julgo não ser preciso ler muitos tratados sobre isto - está aos olhos de todos... A minha avó com a 4ª classe sabe bem disso!
Para mim a igualdade resume-se a direitos e obrigações. Uma ordem onde somos todos iguais perante ela. Dou muito valor á autonomia do homem e ao mérito... O homem com autonomia é capaz de grandes feitos! O homem sem estimulos, com a "papinha toda feita" torna-se num inútil...
Porque o Estado não fecha muitos dos cursos de história, de psicologia, de direito, de eng. do papel, de engenharia das arvores, das abelhas, sei lá, são tantos e alguns tão absurdos...

O porquê?

Faz sentido haver tantas faculdades em Portugal?

Quais são os objectivos de tais politicas, serão pensadas?

Para que continuam a admitir que milhares de professores se formem todos os anos?

O que fazem os milhares de lic. no desemprego, sabe? NADA!!Esperam por um emprego, 1 ano, 2 anos, 3, etc. . .
Que produzem? NADA!!
Como vivem? Do Estado!!
É estranho, muito estranho...

Não é só o programa das novas oportunidades - também temos coisas giras como o RSI - o alimento dos parasitas!

Tem cafés cheios deles todos os dias. A beber umas cervejas à custa do Estado enquanto outros trabalham e ganham o mesmo!!

No Douro veêm-se à rasca para contratar homens, mesmo a pagarem 50, 60€ por dia... É natural, o € do Estado cai certinho no fim do mês...

Penso que tudo está interligado...


Cumprimentos.

Rui Baptista disse...

"das divergências e convergências":

Duvidas teremos sempre ambos. Perigoso seria vivermos de certezas/dogmas que teriam impedido este frutuoso diálogo em que um jovem (julgo que o é) levanta problemas do seu dia-a-dia Aliás, de todos nós quando não enfeudados a um simples botequim.

Obrigado pelos seus comentários que me obrigaram a reflectir sobre algumas das questões por si levantadas. Respostas, não as tenho. Dúvidas muitas.

Cumprimentos cordiais

Rui Baptista disse...

Acrescentarei ao meu comentário anterior que o mal do nosso ensino é julgar que pela burocratização da função docente encharcada em decretos, portarias, e simples normas internas de escola tudo se resolve esquecendo-se do principal: o professor e o alumo não são soldados cegos e obedientes a ordens emanadas da 5 de Outubro: pensam por eles próprios.

Aconselharia os gabinetes do Estado, de um estado que se diz democrático, a reflectirem e tirarem ilacções deste portentoso poema de Brecht que fui desencantar de papéis antigos que guardo com religiosidade:

"O Vosso tanque General, é um carro forte

Derruba uma floresta esmaga cem
Homens,
Mas tem um defeito
- Precisa de um motorista

O vosso bombardeiro, general
É poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.

O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar".

Pois é, á última estrofe do poema que estraga quem pensa que os professores e os alunos são uma massa acéfala. Não são!

Anónimo disse...

De facto há muitos professores, alunos, ex alunos e todos só sabem o que aprenderam e para aquilo que têm de saber já vão quase a meio caminho.
Qualquer pessoa com a 4ª.classe pode saber muito mais que um licenciado, mestrado ou doutor, depende do que leu e o que aprendeu.
As novas oportunidades são para todos...

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