domingo, 4 de novembro de 2007

O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Pertenci ao grande grupo de portugueses que acalentou a esperança de que a actual Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, arrumasse a casa. O Ministério bem precisava. Mas hoje tudo leva a crer que foi a casa que a arrumou a ela.

39 comentários:

Fátima André disse...

Mais uma para a conta dos que ainda acreditaram... mas já não...
Há dias foi publicada uma entrevista com a Ministra da tutela, coloquei um link no meu blog, mas com um título de descrença "Mudança na gestão das escolas, o velho conto do vigário!?"
Pode ser lido em:
"Revisitar a Educação"
http://revisitaraeducacao.blogspot.com/

Entre muitas vacilações, conta-se também a mais recente patada no pântano "O Novo Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior". Mas onde é que pára o dito projecto de Lei que não há quem lhe ponha os olhos em cima e que tanta tinta já fez correr nos últimos dias???

Anónimo disse...

Compartilho o seu desencanto.

Anónimo disse...

...não sei se a casa a arrumou a 'ela'. Que ela não arrumou a casa, isso é evidente !

Mas que 'ela' nos arrumou a nós, professores de Básico e Secundário, lá isso arrumou...e de que maneira ! É ouvir as conversas no café ou no mercado sobre os professores...e percebe-se logo como estamos tão bem arrumados e classificados nas prateleirasdo País !...

Carlos Medina Ribeiro disse...

«Os Rankings não fazem mal» é o título da crónica que António Barreto publicou ontem, no «Público», e que pode ser lida [aqui].

Anónimo disse...

Creio que essa é uma conclusão algo redutora.
A equipa do ministério actuou desastradamente, demonstrando um total desconhecimento acerca de educação.
Quanto aos funcionários superiores, eles são subordinados, não são?
Os professores das escolas foram completamente pisados, vilipendiados. Parem de acusar os professores do estado da educação.

Anónimo disse...

O pior é que, no fundo, a única linha condutora coerente na política de educação desta Ministra é baseada em dois imperativos políticos (que lhe devem ter sido impostos e ela aceitou): 1) conter e diminuir as despesas, por causa do défice, 2) sem perder popularidade ou até aumentá-la.

A partir daí, tudo fica claro: a opção por diabolizar os professores (para poder cortar verbas) enquanto facilita a vida aos eleitores e seus filhos ('ganhei a população', dizia ela). Tudo o resto é incoerente.

Quem acreditou que ela estava a arrumar a casa, devia reler Maquiavel.

É tudo política, não há articulação coerente entre o rigor e o desejo ardente de melhores estatísticas de sucesso. As entrevistas dela são meros jogos de credibilização 'intelectual' e afirmação/justificação pseudo-científica para os mesmos fins.

Quem reler Maquiavel, também comprende porque a 'casa' a vai arrumar mais tarde ou mais cedo.

Anónimo disse...

Vejam com atenção as medidas anti-constitucionais aprovadas pelo ministério no Estatuto e também no modelo de avaliação e não venham com prantos pela coitada da ministra.
Não foi nenhum funcionário subalterno que disse que não precisava da amizade dos professores ou que se alegrou por ter perdido os professores mas ganho a população.

Anónimo disse...

Dr Carlos Fiolhais
Desculpe, mas este seu post irritou-me pela superficialidade.
E de certeza que os muitos profissionais que estão a sentir na pele a arrogância dos chefes do Ministério da Educação também se sentirão desagradados.
Este seu post foi, no mínimo, descuidado.

Anónimo disse...

O que a frase final deste post mostra é que o CF ainda vive iludido com a Ministra: primeiro tinha a ilusão de que ela ia arrumar a casa; agora tem a ilusão de que a casa a arrumou a ela. Coitadinha, ela até tinha vontade de reformar o sistema educativo mas não a deixaram... Bullshit!
A primeira ilusão não foi desfeita enquanto as suas medidas tiveram como principal objectivo atacar a classe profissional dos professores. A estratégia do «dividir para reinar» conseguiu enganar todos os CFs que pensaram que a Ministra queria melhorar o ensino, quando ela só pretendeu combater o défice orçamental, como aqui alguém já lembrou. O fecho de escolas, a contratação de menos professores (apesar de o número de alunos ter aumentado), a divisão da carreira docente, etc, são tudo medidas com objectivos economicistas e não educacionais.
Depois de pôr na ordem os professores - o que não é díficil pois são uma classe sem grande espírito de união - chegou a altura de arrumar a casa que resta: a dos alunos. E a lógica subjacente a esta nova arrumação continua a ser a mesma: poupar o máximo dinheiro possível. Daí que em vez de turmas mais pequenas o que convém é elas terem o maior número possivel de alunos, o que só pode dificultar a aprendizagem, diga-se. E daí que em vez de se chumbar os alunos que merecem, o que convém é que todos passem. E daí que o programa das novas oportunidades seja outro embuste que só pretende despachar potenciais alunos, dando-lhes a equivalência ao 12º Ano. Perante estas medidas, para quê estudar?
O CF continua, por isso, iludido. A orientação da ministra não mudou, nem foi posta em causa. A novidade é que agora já não atinge apenas os professores. Atinge também os alunos, os pais, as familias. Mas se os CFs estivessem mais atentos já teriam percebido isso há mais tempo, pois a avaliação dos professores vai estar dependente dos resultados dos alunos, das estatísticas, se é que me faço entender. Ser bom professor vai ser passar muitos alunos. Esta avaliação era já um prenúncio daquilo em que se vai tornar o sistema educativo, com o facilitismo e a degradação da profissão de professor a aumentarem. Aqueles que andaram a aplaudir a ministra, agora que fechem a porta...

Anónimo disse...

Ao ler e reler todo este conjunto de posts e comentários acorre-me ao pensamento isto : os professores universitários estão, de facto, afastados da realidade escolar do País.

E é pena !

Sendo a Universidade, por excelência, um local de Saber, é lamentável que ela esteja completamente desarticulada de todo o ensino pré-universitário...

Só assim se compreende o motivo pelo qual o Doutor Carlos Fiolhais (que eu muito admiro, diga-se), ainda tem uma réstia de ilusão relativamente à Sr.ª Ministra e a toda a "política educativa" (mais economicista do que educativa...) do nosso Governo.

Fernando Martins disse...

Caro Doutor Fiolhais:

Antes de ser crucificado pelo professores (pelo que diz, pelo que não diz e pelo que se subentende) pode ser mais claro...?

Anónimo disse...

Caro Carlos Fiolhais: Vou tentar explicar uma situação, que multiplicada aos milhares, arruma o mais confiante e "anjinho", por KO. Há dias, recebi na Escola uma nota de Encomenda dirigida a 1 Monitora de 1(uma) Actividade de Enriquecimento Curricular no valor aproximado - 800€. Note-se: Para 1(UMA) actividade extra-curricular (não lectiva) e com a carga horária de 2h 15m semanais. Pois a mesma Escola, em 2006/2007 (este ano, ainda não viu 1 cêntimo!) recebeu a mesma quantia para gerir a Escola TODA, 3 turmas (cada turma com 25 horas semanais lectivas), durante o ano lectivo todo! Percebe porque é a casa que arruma os Ministros? Desta forma ...

Anónimo disse...

Alguém me lembra qual foi o ministro da educação que não foi arrumado por este ministério?
Tristemente, os maus resultados é que persistem.
Pudessem as crianças e os encarregados de educação pedir responsabilidades por a casa estar sempre de pantanas que, palpita-me, logo a balbúrdia deixava o oeste...
As coisas são como são porque há quem tenha interesse em que elas assim permaneçam.

Artur Figueiredo

Anónimo disse...

Caro anónimo Artur Figueiredo
Salazar, por exemplo, não foi arrumado pelo ministério da educação porque, tendo sobraçado todos os ministérios quando quis, quanto quis, e no tempo que quis, fugiu sempre do da educação. Porquê?

Anónimo disse...

Este é dos que não vê, não quer ver e tem raiva de quem vê.

E também finge não saber que de boas intenções está o inferno cheio.

E é preciso muita lata para ainda hoje insinuar que a ministra não fez o que sempre desejou fazer. E que só não foi mais adiante com as asneiras porque encontrou a luta e a resistência dos professores e de muitos outros democratas, que não de Carlos Folhais, que deveria estar a dizer esfola onde a ministra dizia mata.

Mas essa lata é o meio o que o sr. Carlos Folhais encontrou para fugir às responsabilidades que devia assumir pela política e pelas pessoas que andou a apoiar.

Sim, o senhor também é responsável, porque sem o seu apoio e o de todos como o senhor a ministra não teria ido adiante com os desmandos que fez.

E devia assumi-lo!

Mas como não tem a ética para o fazer, então, senhor Folhais, vá cuidar das partículas, é capaz de ser mais útil assim.

Anónimo disse...

Com o novo estatuto a Sra. Ministra pretende aproximar as turmas do ensino regular às turmas dos CEF, verdadeiras histórias de "sucesso fabricado", cujos alunos devem andar por aí a assaltar pizzarias e ourivesarias tamanhas as suas qualidades a nível da sua formação... Leia-se essa carta de um "velho do restelo" que espelha a realidade do combate ao insucesso de forma muito fidedigna.Foi retirada do site " A educação do meu umbigo"
Ílhavo, 22 de Outubro de 2007
Senhor Presidente da República Portuguesa
Excelência:
Disse V. Excia, no discurso do passado dia 5 de Outubro, que os professores precisavam de ser dignificados e eu ouso acrescentar: “Talvez V. Excia não saiba bem quanto!”

1. Sou professor há mais de trinta e seis anos e no ano passado tive o primeiro contacto com a maior mentira e o maior engano (não lhe chamo fraude porque talvez lhe falte a “má-fé”) do ensino em Portugal que dá pelo nome de Cursos de Educação e Formação (CEF).
A mentira começa logo no facto de dois anos nestes cursos darem equivalência ao 9º ano, isto é, aldrabando a Matemática, dois é igual a três!
Um aluno pode faltar dez, vinte, trinta vezes a uma ou a várias disciplinas (mesmo estando na escola) mas, com aulas de remediação, de recuperação ou de compensação (chamem-lhe o que quiserem mas serão sempre sucedâneos de aulas e nunca aulas verdadeiras como as outras) fica sem faltas. Pode ter cinco, dez ou quinze faltas disciplinares, pode inclusive ter sido suspenso que no fim do ano fica sem faltas, fica puro e imaculado como se nascesse nesse momento.
Qual é a mensagem que o aluno retira deste procedimento? Que pode fazer tudo o que lhe apetecer que no final da ano desce sobre ele uma luz divina que o purifica ao contrário do que na vida acontece. Como se vê claramente não pode haver melhor incentivo à irresponsabilidade do que este.

2. Actualmente sinto vergonha de ser professor porque muitos alunos podem este ano encontrar-me na rua e dizerem: ”Lá vai o palerma que se fartou de me dizer para me portar bem, que me dizia que podia reprovar por faltas e, afinal, não me aconteceu nada disso. Grande estúpido!”

3. É muito fácil falar de alunos problemáticos a partir dos gabinetes mas a distância que vai deles até às salas de aula é abissal. E é-o porque quando os responsáveis aparecem numa escola levam atrás de si (ou à sua frente, tanto faz) um magote de televisões e de jornais que se atropelam uns aos outros. Deviam era aparecer nas escolas sem avisar, sem jornalistas, trazer o seu carro particular e não terem lugar para estacionar como acontece na minha escola.
Quando aparecem fazem-no com crianças escolhidas e pagas por uma empresa de casting para ficarem bonitos (as crianças e os governantes) na televisão.
Os nossos alunos não são recrutados dessa maneira, não são louros, não têm caracóis no cabelo nem vestem roupa de marca.
Os nossos alunos entram na sala de aula aos berros e aos encontrões, trazem vestidas camisolas interiores cavadas, cheiram a suor e a outras coisas e têm os dentes em mísero estado.
Os nossos alunos estão em estado bruto, estão tal e qual a Natureza os fez, cresceram como silvas que nunca viram uma tesoura de poda. Apesar de terem 15/16 anos parece que nunca conviveram com gente civilizada.
Não fazem distinção entre o recreio e o interior da sala de aula onde entram de boné na cabeça, headphones nos ouvidos continuando as conversas que traziam do recreio.
Os nossos alunos entram na sala, sentam-se na cadeira, abrem as pernas, deixam-se escorregar pela cadeira abaixo e não trazem nem esferográfica nem uma folha de papel onde possam escrever seja o que for.
Quando lhes digo para se sentarem direitos, para se desencostarem da parede, para não se virarem para trás olham-me de soslaio como que a dizer “Olha-me este!” e passados alguns segundos estão com as mesmas atitudes.

4. Eu não quero alunos perfeitos. Eu quero apenas alunos normais!!!
Alunos que ao serem repreendidos não contradigam o que eu disse e que ao serem novamente chamados à razão não voltem a responder querendo ter a última palavra desafiando a minha autoridade, não me respeitando nem como pessoa mais velha nem como professor. Se nunca tive de aturar faltas de educação aos meus filhos por que é que hei-de aturar faltas de educação aos filhos dos outros? O Estado paga-me para ensinar os alunos, para os educar e ajudar a crescer; não me paga para os aturar! Quem vai conseguir dar aulas a alunos destes até aos 65 anos de idade?
Actualmente só vai para professor quem não está no seu juízo perfeito mas se o estiver, em cinco anos (ou cinco meses bastarão?…) os alunos se encarregarão de lhe arruinar completamente a sanidade mental.
Eu quero alunos que não falem todos ao mesmo tempo sobre coisas que não têm nada a ver com as aulas e quando peço a um que se cale ele não me responda: “Por que é que me mandou calar a mim? Não vê os outros também a falar?”
Eu quero alunos que não façam comentários despropositados de modo a que os outros se riam e respondam ao que eles disseram ateando o rastilho da balbúrdia em que ninguém se entende.
Eu quero alunos que não me obriguem a repetir em todas as aulas “Entram, sentam-se e calam-se!”
Eu quero alunos que não usem artes de ventríloquo para assobiar, cantar, grunhir, mugir, roncar e emitir outros sons. É claro que se eu não quisesse dar mais aula bastaria perguntar quem tinha sido e não sairia mais dali pois ninguém assumiria a responsabilidade.
Eu quero alunos que não desconheçam a existência de expressões como “obrigado”, “por favor” e “desculpe” e que as usem sempre que o seu emprego se justifique.
Eu quero alunos que ao serem chamados a participar na aula não me olhem com enfado dizendo interiormente “Mas o que é que este quer agora?” e demorem uma eternidade a disponibilizar-se para a tarefa como se me estivessem a fazer um grande favor. Que fique bem claro que os alunos não me fazem favor nenhum em estarem na aula e a portarem-se bem.
Eu quero alunos que não estejam constantemente a receber e a enviar mensagens por telemóvel e a recusarem-se a entregar-mo quando lho peço para terminar esse contacto com o exterior pois esse aluno “não está na sala”, está com a cabeça em outros mundos.
Eu sou um trabalhador como outro qualquer e como tal exijo condições de trabalho! Ora, como é que eu posso construir uma frase coerente, como é que eu posso escolher as palavras certas para ser claro e convincente se vejo um aluno a balouçar-se na cadeira, outro virado para trás a rir-se, outro a mexer no telemóvel e outro com a cabeça pousada na mesa a querer dormir?
Quando as aulas são apoiadas por fichas de trabalho gostaria que os alunos, ao sair da sala, não as amarrotassem e deitassem no cesto do lixo mesmo à minha frente ou não as deixassem “esquecidas” em cima da mesa.
Nos últimos cinco minutos de uma aula disse aos alunos que se aproximassem da secretária pois iria fazer uma experiência ilustrando o que tinha sido explicado e eles puseram os bonés na cabeça, as mochilas às costas e encaminharam-se todos em grande conversa para a porta da sala à espera que tocasse. Disse-lhes: “Meus meninos, a aula ainda não acabou! Cheguem-se aqui para verem a experiência!” mas nenhum deles se moveu um milímetro!!!
Como é possível, com alunos destes, criar a empatia necessária para uma aula bem sucedida?
É por estas e por outras que eu NÃO ADMITO A NINGUÉM, RIGOROSAMENTE A NINGUÉM, que ouse pensar, insinuar ou dizer que se os meus alunos não aprendem a culpa é minha!!!

5. No ano passado tive uma turma do 10º ano dum curso profissional em que um aluno, para resolver um problema no quadro, tinha de multiplicar 0,5 por 2 e este virou-se para os colegas a perguntar quem tinha uma máquina de calcular!!! No mesmo dia e na mesma turma outro aluno também pediu uma máquina de calcular para dividir 25,6 por 1.
Estes alunos podem não saber efectuar estas operações sem máquina e talvez tenham esse direito. O que não se pode é dizer que são alunos de uma turma do 10º ano!!!
Com este tipo de qualificação dada aos alunos não me admira que, daqui a dois ou três anos, estejamos à frente de todos os países europeus e do resto do mundo. Talvez estejamos só que os alunos continuarão a ser brutos, burros, ignorantes e desqualificados mas com um diploma!!!

6. São estes os alunos que, ao regressarem à escola, tanto orgulho dão ao Governo. Só que ninguém diz que os Cursos de Educação e Formação são enormes ecopontos (não sejamos hipócritas nem tenhamos medo das palavras) onde desaguam os alunos das mais diversas proveniências e com histórias de vida escolar e familiar de arrepiar desde várias repetências e inúmeras faltas disciplinares até famílias irresponsáveis.
Para os que têm traumas, doenças, carências, limitações e dificuldades várias há médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros técnicos, em quantidade suficiente, para os ajudar e complementar o trabalho dos professores?
Há alunos que têm o sublime descaramento de dizer que não andam na escola para estudar mas para “tirar o 9º ano”.
Outros há que, simplesmente, não sabem o que andam a fazer na escola…
E, por último, existem os que se passeiam na escola só para boicotar as aulas e para infernizar a vida aos professores. Quem é que consegue ensinar seja o que for a alunos destes? E por que é que eu tenho de os aturar numa sala de aula durante períodos de noventa e de quarenta e cinco minutos por semana durante um ano lectivo? A troco de quê? Da gratidão da sociedade e do reconhecimento e do apreço do Ministério não é, de certeza absoluta!

7. Eu desafio seja quem for do Ministério da Educação (ou de outra área da sociedade) a enfrentar ( o verbo é mesmo esse, “enfrentar”, já que de uma luta se trata…), durante uma semana apenas, uma turma destas sozinho, sem jornalistas nem guarda-costas, e cumprir um horário de professor tentando ensinar um assunto qualquer de uma unidade didáctica do programa escolar.
Eu quero saber se ao fim dessa semana esse ilustre voluntário ainda estará com vontade de continuar. E não me digam que isto é demagogia porque demagogia é falar das coisas sem as conhecer e a realidade escolar está numa sala de aula com alunos de carne, osso e odores e não num gabinete onde esses alunos são números num mapa de estatística e eu sei perfeitamente que o que o Governo quer são números para esse mapa, quer os alunos saibam estar sentados numa cadeira ou não (saber ler e explicar o que leram seria pedir demasiado pois esse conhecimento justificaria equivalência, não ao 9º ano, mas a um bacharelato…).
É preciso que o Ministério diga aos alunos que a aprendizagem exige esforço, que aprender custa, que aprender “dói”! É preciso dizer aos alunos que não basta andar na escola de telemóvel na mão para memorizar conhecimentos, aprender técnicas e adoptar posturas e comportamentos socialmente correctos.

Se V.Excia achar que eu sou pessimista e que estou a perder a sensibilidade por estar em contacto diário com este tipo de jovens pergunte a opinião de outros professores, indague junto das escolas, mande alguém saber. Mas tenha cuidado porque estes cursos são uma mentira…

Permita-me discordar de V. Excia mas dizer que os professores têm de ser dignificados é pouco, muito pouco mesmo…
Atenciosamente

Domingos Freire Cardoso
Professor de Ciências Físico-Químicas
Rua José António Vidal, nº ***
3830 - 203 ÍLHAVO
Tel. 234 *** *** / 93 *** 11 **
E-mail: dfcardos@gmail.com

Anónimo disse...

João Boaventura,

Não percebi o sentido do seu comentário. E possivelmente nem quero perceber.
Sublinho que teve que recuar à triste ditadura para me arranjar alguém que não foi arrumado pelo ministério em causa quando afinal nem o podia ser. Deu-me uma resposta que não é resposta.
Era o que me faltava estar aqui a defender o sr. ou a sra. A ou B. O meu comentário tinha o objectivo de frisar que tenho todas as dúvidas que alguém consiga arrumar este ministério da educação. Mas não sou só eu, um simples anónimo que pensa isto. Veja-se o que dizem alguns ex-ministros.

Por outro lado, a escolaridade é OBRIGATÓRIA, logo parece-me natural que todas as partes do processo tenham direito a exprimir e defender os seus pontos de vista. Isso não interessa a alguns? Paciência.

Artur Figueiredo

Anónimo disse...

Fiolhais e não Folhais, lamento o lapso!

Anónimo disse...

ou se mete respeito aos alunos ou o pais não vai ser nada

touaki disse...

Arrumem mas é de vez com os manjericos das ditas cujas pretensas ciências ocultas, perdão da educação e restaure-se tudo aquilo que esses sacripantas destruiram e verão como a escola começa logo a funcionar melhor.
Aqueles palermas das ciências ocultas que nunca deram a m... de uma aula a meninos do básico e secundário e andam a arrotar postas de pescada a torto e a direito é que têm a culpa.
Já agora. Porque raio é que os Ministros da Educação têm de ser todos provenientes do Superior??
Eles nem o superior conhecem quanto mais o básico e secundário!!

Anónimo disse...

Não percebo como pôde esperar que alguém que "chega à educação" e diz que a culpa é dos professores, pudesse arrumar a casa. A mim pareceu-me mais um problema de histerismo.

Anónimo disse...

Excelente pergunta fm, apesar de não concordar com a afirmação seguinte.

Anónimo disse...

Num simples parágrafo, o professor Carlos Fiolhais caracterizou o péssimo trabalho da ministra da Educação, assim como o pessimismo generalizado que se apoderou do sector.
Muito bem, professor Carlos Fiolhais!

Anónimo disse...

E que tal o Dr. Carlos Fiolhais vir comentar os comentários ?

Carlos Fiolhais disse...

Caro Jorge Figueiredo e demais comentadores (não anónimos):
Agradeço todos os comentários. Agora não tenho tempo pois estou a partir para os Açores, onde vou intervir num congresso de professores. Mas prometo voltar ao tema da educação nacional, que muito me preocupa.
Carlos Fiolhais

Anónimo disse...

Caro Artur Figueiredo
Quando disse que Salazar nunca quis sobraçar a pasta da Educação é porque sabia que aquele campo era melindroso, armadilhado, difícil e de grande sensibilidade. E, por outro lado, porque tinha outros meios de implantar a sua ideologia ditatorial.

Relembro que Salazar viveu na Época das Ditaduras Europeias, implantada no tempo que separou as duas Grandes Guerras.

Apenas isso, sem melindres.

Anónimo disse...

«Caro Jorge Figueiredo e demais comentadores (não anónimos)»


Há algum problema com os anónimos?
O que é não ser anónimo? É ter um «nome» ou é ter um nome azulado? Se eu me chamo Raquel e assino Miguel deixo de ser anónimo?O Fiolhais ao dirigir-se exclusivamente aos não anónimos estará a querer fugir às criticas dos anónimos?

Anónimo disse...

Neste blog tenho tido dos maiores prazeres da vida a ler posts e comentários sobre educação mas não partilho uma visão catastrofista da juventude. Não me parece que um cenário de insubordinação, bandalheira e violência dos alunos e das turmas corresponda a uma fotografia da realidade do país. Haverá muitas situações problemáticas que devem ser alvo de preocupação, análise e solução mas o país não está cheio de salas insurrectas e boçais crianças com o único propósito de infernizar terceiros.

Os resultados da educação não podem ser desculpados por aí, senão o que diriam os americanos, muitas comunidades urbanas da Europa e o mais que se queira com outro níveis de conflitualidade social e violência.

Terão havido crianças complicadas em todas as gerações mas reconheço que, hoje em dia, a desmotivação possa ser maior para as crianças porque não é tão evidente a importância de aprender o que a escola tem para ensinar. Mas só pode ser esse o primeiro objectivo de qualquer professor, fazer o aluno perceber como é importante aprender o que ele tem para ensinar.

A educação familiar também é substancialmente diferente em relação a outras gerações e defendo que muitos pais deviam ser os primeiros a ser educados, mas quantos serão os que preferem ou querem que os seus filhos tenham um percurso escolar complicado? E se os alunos e os pais vierem para locais como este contar deploráveis episódios com professores, que todos conhecemos por experiência própria ou de familiares e amigos? Quem ganharia com isso?

O papel de coitadinhos nos professores não faço ideia em que poderá ajudá-los e só consigo perceber tal atitude numa perspectiva do género:
"- Estas crianças não prestam! Próóóximas!..."

E já agora os pais também não. Eram melhores os de há 30 anos, analfabetos, maior parte das vezes sem capacidade económica para pagar sequer a alimentação quanto mais os estudos dos seus filhos.
– Invente-se uma nova era das descobertas e utilize-se essa gente para colonizar os novos mundos...

Artur Figueiredo

Anónimo disse...

Concordo inteiramente com o que disse o colega de Ilhavo.
Eu já estou com Cef à vários anos, comecei com o despacho 279 e tenho vindo a tere turmas dessas desse essa altura e os comportamentos são similares nas diversas escolas por onde tenho passado.
Será que não era altura de responsabilizar os pais pelo comportamento dos filhos?
Será que não deviamos educar os pais?
Quem viu a entrevista do famoso professor charrua em que dizia e cito
Nunca pensei que n educação houvesse tanta indisciplina"
Ele estava dentro do sistema, só não estava numa sala de aula.
È fácil falar quem está fora.
Que venham experimentar dar aulas só um mês e depois comentem

Anónimo disse...

Que mundo de capelinhas é este em que se critica um distinto professor catedrático, de seu nome Carlos Fiolhais, por emitir opiniões sobre o ensino básico e secundário numa altura em que é um dever de cidadania estar contra um "statu quo" em que, no dizer do falecido Francisco Sousa Tavares, Portugal se transformou de um país de analfabetos num país de burros diplomados? Melhor do que ninguém, bem sabem os professores universitários o estado calamitoso com que lhes chegam os alunos nos anos iniciáticos das matérias que lhes cumpre ensinar, herdeiros do facilitismo que assentou arraiais no sistema educativo perpetuado por manifestações acéfalas de concordância ruidosa de que a rua (e as próprias portas das escolas) se fez palco.

Anónimo disse...

Caro professor,
Não acredito que alguma vez tenha sido tão ingénuo. Aliás, tenho a certeza de que nunca o foi.
Se alguma vez acreditou que a Srª Ministra queria arrumar a casa, deve ter sido no segundo anterior à tomada de posse da mesma!! Que depois disso ninguém teve dúvidas...
Bom congresso :)

Anónimo disse...

Sr. Rui Baptista
As críticas são feitas não ao distinto professor universitário, que o é, na sua área, mas sim ao comentário, na perspectiva dos críticos, infeliz, no mínimo.
Nada mais. Se entendeu de outro modo, paciência.
Quanto aos professores do ensino superior... talvez se devesse questionar as capacidades pedagógicas deles para gerir o ensino não superior. E, não, não acredito que uma ordem profissional vá resolver os problemas.

Anónimo disse...

devesse == devessem

Anónimo disse...

Caro Rui Baptista,

De facto abordei o divórcio entre os professores do ensino superior o ensino não superior.

Que os docentes universitários começam, paulatinamente, a sentir os efeitos devastadores do estado em que o ensino se encontra, parece-me óbvio. É a consequência "natural"...

Mas permita-me que lhe faça esta analogia entre o ensino e uma enorme enxurrada...
Os professores do ensino não superior encontram-se no rés-do-chão...os professores do ensino superior estão no primeiro andar. Até aqui, não os incomodou lá muito que o rés-do-chão estivesse alagado. O problema é que o primeiro andar começa agora a estar também inundado...
...foi preciso molharem os pés para se aperceberem das aflições que desde há tempo são sentidas "no andar de baixo"...

Anónimo disse...

Cara Maria:
Na verdade concordo em absoluto consigo A base da pirâmide (ou seja o 1.º ciclo do ensino básico) está fragilizada, bem como os restantes graus de ensino até ao superior. E o que dizer então do acesso ao ensino superior para maiores de 23 anos? Parece-me que os ministérios da Educação e do Ensino Superior estão apostados em criar um país de diplomas que nada valem em termos de qualidade. Apenas, para efeitos estatísticos. Até quando?

Anónimo disse...

eu acho que a culpa é dos alunos. Se estudassem e fossem interessados,não haveria esta confusão toda. por outro lado, a motivação muitas vezes não é encontrada em si mesmo. poeriam haver mecanismos de motivação, talevz mais aulas práticas, talvez menos aulas mas com maior importancia. Acho também que os critérios de avaliação no ensino deveriam ser mais rigidos. ve-se muita gente no nono ano a lutar pelo 3, só para passar. ora esse aluno acaba por não saber nada do que foi ensinado.

Anónimo disse...

Caro Jorge Figueiredo: Agradeço-lhe o facto de ter trazido para as luzes da ribalta a Ordem dos Professores. Enquanto houver sindicatos que se desunham em defender "à outrance" o demérito de um estatuto docente que iguala desiguais e faz com que sobreviva o princípio de os deveres para os outros e os direitos para mim haverá por parte dos defensores deste "statu quo" uma enorme resistência para a criação da Ordem dos Professores. Por outro lado, esta situação muito agrada aos ministérios da Educação e do Ensino Superior que assim poderão continuar a fazer pactos com os inúmeros sindicatos que fariam corar de vegonha o próprio Fausto. Mas será que aos professores só interessa discutir salários e horários de trabalho? Haveria toda a vantagem em saber qual a posição das tutelas estatais a este respeito.

Anónimo disse...

Maria de Lurdes Rodrigues escolheu desde o primeiro dia o lado errado da barricada: com a Nomenklatura do Ministério contra as escolas, em vez de com as escolas contra a Nomenklatura.
Tenho muito respeito por si, Carlos Fiolhais, mas não entendo como é que se pôde iludir.

Anónimo disse...

Bem, devo dizer que o estado dos alunos não difere muito do que conheci quando estudei no básico, preparatório e secundário (assim se chamava), já lá vão mais anos daqueles que gosto de admitir. A única diferença é que havia menos alunos, e desde a 4.ª classe perdi colegas para o mercado de trabalho. Dos colegas do 12.º ano, apenas duas entramos no ensino superior...Pois é, o velho problema da qualidade e da quantidade...E vamos lá a ser sinceros: recordamos todos as capacidades pedagógicas, as qualidades pessoais e a qualidade de ensino, não recordamos?

Eramos mais bem educados, lá isso eramos, se por educação se entender "maneiras", que a formação intelectual em casa tmbém era muito pouca...

Prefiro estas gerações. Ao menos, têm todos acesso a educação, e há mais gente a estudar. É sempre preferível...

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...