domingo, 11 de novembro de 2007
O desemprego da classe docente
Novo post convidado de Rui Baptista:
"Os cientistas esforçam-se por tornar possível o impossível, os políticos por tornar o possível impossível."
Bertrand Russell
Em Junho deste ano, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior revelou publicamente um relatório inédito que diz existirem 2737 desempregados com licenciatura em formação de professores do ensino básico. Como é óbvio, não se encontram aqui contabilizados quer os licenciados por escolas superiores de educação em data posterior, quer, também, os bacharéis com formação para professores do 1.º ciclo do ensino básico (antigo ensino primário), quer, ainda, os licenciados universitários na via de ensino.
Por outro lado, no passado dia 9 deste mês, questionado sobre o assunto pelo “Diário Económico”, o ministro Mariano Gago, revelou que um estudo a levar a cabo no próximo ano vai mostrar a evolução da oferta de emprego e terá o nível de desemprego por curso actualizado automaticamente. Apesar da bondade da medida, não se pode deixar de estranhar que só surjam trancas na porta depois da casa roubada!
Em 1986, com base numa notícia publicada no jornal espanhol “El País” que responsabilizava o governo pelos “desempregados de luxo” - ou seja licenciados universitários desaproveitados -; dois anos depois alertava eu, por meu turno, para esta mais que previsível e desastrosa situação que viria a atingir fronteiras portuguesas: “As Escolas Superiores de Educação que pululam por esse País fora, majestosas, luxuosas, arrogantes, são herança que passa de mão em mão, de governante em governante, embora lhes devesse ser atribuída apenas a formação de docentes do 1.º ciclo do Ensino Básico e do Ensino Infantil, cabendo, como até aqui, à Universidade a preparação dos professores dos outros graus de ensino, até porque, na maioria dos casos, os licenciados universitários excedem a procura do mercado de trabalho” (“Diário de Coimbra”, 21/Abril/88).
Escasso tempo depois, foi dada de mão beijada a oportunidade aos antigos diplomados pelas Escolas do Magistério Primário de em meia dúzia de meses de frequência em “escolas superiores privadas” se licenciarem a competirem com licenciados universitários na docência do 2.º ciclo do ensino básico. Desta forma, ocorreu um verdadeiro escoador de licenciados feitos à pressão para a docência do 2.º ciclo do ensino básico, ficando o antigo ensino primário (actual 1.º ciclo do ensino básico) carenciado de docentes devidamente habilitados com as funestas consequências daí advindas para o ensino das primeiras letras.
Mais tarde, numa nova ofensiva do politécnico para conquistar fronteiras no acesso dos seus diplomados à docência de outros graus de ensino, referia o “Público” (1/Nov/96), em notícia de página inteira, a uma Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra em luta contra uma alteração da Lei de Bases do Sistema Educativo que veio a permitir às Escolas Superiores de Educação formarem professores para o 3.º ciclo do ensino básico. Da referida notícia, respigo: “Inédita, em assembleias magnas, foi a intervenção de um sindicalista, Rui Baptista, presidente da assembleia geral do Sindicato [Nacional] dos Professores Licenciados, ao solidarizar-se com a causa dos universitários e alertar para o facto de, hoje em dia, ‘toda a gente querer ir para o 3.º ciclo’ e o 1.º ciclo estar a ficar ‘sem professores’. O alerta coincidiu com uma das conclusões do parecer que a Associação Académica de Coimbra vai enviar à Comissão Parlamentar de Educação no sentido de se elaborar um estudo que averigúe as necessidades do país em matéria de professores nos próximos 10 a 15 anos”.
O exame de acesso à docência (apesar de tudo, um mal necessário) sofre já a contestação de sindicatos de um país que parece conviver bem com as disparatadas e consecutivas medidas no terreno da Educação e em fronteiras difusas de deveres e direitos dos diplomados pela Universidade e pelo Politécnico como se uma habilitação politécnica para ensinar simultaneamente matemática e ciências da natureza no 2.º ciclo do ensino básico pudesse ser considerada equivalente a uma actual licenciatura universitária para o ensino exclusivo da matemática!
As recentes alterações introduzidas no domínio da Educação teriam constituído uma ocasião soberana para dar a César o que é de César, atribuindo às escolas superiores de educação a exclusividade na formação dos docentes dos 1.º e 2.º ciclos do ensino básico e às universidades a competência de formarem os professores do 3.º ciclo do básico e do secundário. Contrariamente, a actual ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, a exemplo de Ana Benavente que retirou à Universidade a exclusividade da formação dos professores do 3.º ciclo do ensino básico, fez-se, também ela, vestal de um altar assente no dogma de que a melhoria do ensino está na razão inversa da exigência formativa dos respectivos professores.
Ao contrário de Bento de Jesus Carraça que não receava o erro porque - dizia - estava sempre a corrigi-lo, Maria de Lurdes Rodrigues não se preocupa com a correcção de sucessivos erros por si cometidos ou pelos seus antecessores na tutela da Educação!
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21 comentários:
Se o Estado tivesse a obrigação de empregar todos os licenciados de todos os cursos é óbvio que os outros cidadãos podiam questionar qual a razão por que o Estado não os empregava também a eles.
A única classe que obtém emprego garantido são os médicos e os contribuintes saiem muito prejudicados com isso.
Portanto responsabilizar o Estado pelos professores desempregados não parece ser uma atitude coerente com os interesses de todos os cidadão, licenciados ou não.
Este Rerum Natura é uma família que vive numa casa aberta. É hospitaleira, chega um hóspede ou um viajante, e convidam-no para a a sua mesa. Sentam-se junto ao mar a conversar, enquanto bebem vinho e comem castanhas, conversam e contam estórias. Sem estórias e sem mitos, não haveria comunidade. É isso que nos distingue dos outros animais. Isto vem a propósito do significado simbólico do dia de hoje, dedicado à solidariedade e à generosidade humana, e a propósito do comentário precedente.
Sou um nómada do mundo, ou de mundos interiores. Chego, convidam-me a sentar, ouço e também conto as minhas estórias. Despeço-me e sigo o meu caminho, indo para outro lugar. E assim vou aprendendo.
Apesar de distanciados, este fórum permite que atravessemos as fronteiras do espaço, e não sei se do tempo. Procurando não ter o pensamento ligado a um espaço, espero com isso não ser provinciano. O que me preocupa agora é um outro tipo de provincianismo ligado ao tempo, em que os mortos não ocupam nenhum lugar. Cada vez se confunde mais sabedoria com conhecimento, e conhecimento com informação. Enganamo-nos quando esperamos resolver os problemas da vida com pensamento economicista tecnicista. Ora, aqueles que não gostam deste tipo de provincianismo, só lhes resta o ascetismo e o eremitismo.
Curioso este post !
Pois está muito bem, mas tenho uma dúvida: quem foram os promotores, os responsaveis pedagógicos e cientificos e os professores dos politécnicos que pelos vistos tão maus resultados trouxeram ?? Marcianos ?? Familiares da Senhora Ministra ??
É bom que ser exigente ! E dos governantes deve-se exigir boa governação. Mas e dos cidadãos, não se exige nada ? Os famigerados "turbo-professores" que de manhã davam uma aula no polo da UA em Portimão e á tarde estavam na UM em Braga, não têm nada a ver com isto, é ?? E os papás e as mamãs dos alunos politécnicos também são todos vitimas do sistema ??
Afinal tenho muitas dúvidas....
Ok, ok. Lá vem a lenga-lenga da ordem dos professores.
A asneirada na Educação foi um regabofe desde o 25 de Abril. E estamos todos a pagar isso. Com a culpa de todos, pq não quisemos saber e nos alheamos da coisa.
Mas deitar a culpa para esta ministra, que até tem tentado coisas muito positivas é um EXAGERO.
observador
Agradeço ao F. Dias o comentário e compreendo perfeitamente o seu conteúdo.
O meu exemplo acerca da classe médica, pode doer, mas não é por isso que deixa de ser verdadeiro. Por mim considero um escândalo as regras de entrada nas faculdades de medicina, acho que é uma protecção totalmente injustificada a uma classe. Possivelmente o meu comentário pode ser inserido na categoria de economicista e tecnicista, despreocupado pelos interesses humanitários. Não é. Penso que a formação de mais médicos beneficiaria o conjunto dos utentes dos serviços de saúde na sua qualidade e preços, possivelmente com desemprego dos médicos, mas acho os médicos cidadãos iguais a todos os outros e nada justifica os seus privilégios em termos de emprego.
Não é drama nenhum o desemprego dos médicos, professores, economistas etc., significa apenas que a opção pela frequência dos cursos tem de ser cuidadosa e os que, porventura, não arranjem emprego nas áreas respectivas têm de o procurar nas outras ou deslocarem-se para centros periféricos nacionais ou estrangeiros.
Também estimo a hospitalidade deste blog que frequento assiduamente, todavia não me parece que a minha participação tenha ofendido quem quer que seja.
O que mais prazer me deu na leitura deste "post", foi a sabedoria profunda inicial. Alguém, em algum lugar, conseguiu definir numa frase, o que os políticos sabem fazer. Destruir, mas devagarinho. Conseguem remover o que melhor os povos fazem e por cima disso, fazer miséria. Então, a imagem escolhida para exemplificar, é sublime ... Nem mais uma vírgula.
Sobre este assunto deixo aqui algumas questões, porque se terminou com as escolas de magistério, porque se terminou com as escolas industriais, porque o modelo de ensino secundário na variante industrial e tecnica nunca foi avante na maioria das escolas e as escolas onde existe o ensino alternativo têm fechado ou estão debaixo de fogo.
Porque surgiram os politecnicos e as universidades privadas que até há poucos anos pareciam ser o ensino de ponta e agora é o que se vê, porque é que um estado laico têm um acordo com uma universidade privada de cariz religioso para a qual contribui com uma boa verba e nem se sabe em que são gastos o dinheiros?
A meu ver isto chama-se tudo e unicamente cunhas e interesses, seja pros jobs, pro boys, pros amigos e pra quem mais for, o ensino têm sido uma negociata em grande com o dinheiro dos contribuintes claro, o estado demite-se das suas funções.
É absurdo termos univsersidades públicas com verbas cortadas, sem condições, com propinas elevadas a sofrerem concorrencia de politécnicos publicos com os mesmos cursos, com medias inferiores, com propinas a metade e condições excelente e corpo docente a nivel académico menos preparado.
Eu pergunto isto serve para quê?
Para mostrar numeros à OCDE não?
É tão bons termos alunos licenciados aos pontapés e sem emprego.
O problema deste país é a fartura em que se vive, gasta-se milhoes para tudo, eu quero ver quando terminarem os subsidios e quando for 80% da população a passar fome ao invez dos 20%.
Este exemplo da educação é apenas um de muitos como a nossa democracia está doente e nos querem impigir regimes autoritários socratianos para resolver os problemas que eles mesmo criaram como primeiro passo para novos totalitarismos e potencias do eixo na europa futura!
Bem observado.
Apenas uma alteração eu sugeriria. Onde está
Ao contrário de Bento de Jesus Caraça que não receava o erro porque - dizia - estava sempre a corrigi-lo, Maria de Lurdes Rodrigues não se preocupa com a correcção de sucessivos erros por si cometidos ou pelos seus antecessores na tutela da Educação!
Devia ler-se
Ao contrário de Bento de Jesus Caraça que não receava o erro porque - dizia - estava sempre a corrigi-lo, o Ministério da Educação também não receia o erro porque está sempre a alimentá-lo.
E já agora, na frase antes citada (último parágrafo) corrigir "Bento de Jesus Carraça" para "Bento de Jesus Caraça" - os correctores ortográficos são muito bons mas dão estas chatices...
Prezado Fernando Martins: Grato pela correcção do meu "lapsus calami".
se ela estivesse desempregada não tinha esse sorriso
Caro anónimo: Se reparar bem, é o sorriso de uma cópia da Gioconda, mas sem nada de enigmático.
a senhora ministra daria uma excelente funcionária de limpeza na minha escola
Este texto agrada tanto aos tempos modernos porque "bate" na Ministra da Educação mas isso não é um argumento que justifique uma ideia! Alinhavar meia dúzia de adjectivos depreciativos não prova nada! E efectivamente o texto está cheio de incorrecções e nem se percebe muito bem qual a acusação concreta; de qualquer modo o que está legislado vai contra o que o texto diz (ou insinua). A Ministra da Educação não é culpada de tudo o que acontece! Pelo contrário, tem sido a única titular da pasta da Educação que tem tentado fazer reformas sem fazer fretes à clientela. Ao contrário de David Justino, não tornou a Física opcional no secundário, ao contrário de Marçal Grilo não abriu às ESEs, sem condições, as portas da formação de professores do 3º ciclo.
Instituiu exames de entrada na profissão, definiu regras rigorosas para acreditação dos cursos de formação de professores e exige uma formação de nível de mestrado para candidatura a professor. Criticar este estado de coisas é pura demagogia politiqueira.
Este texto não tem qualidade para aparecer neste Blogue!
Só uma leitura apressada ao meu post (17.Nov.2007)pode justificar a acusação anónima de que considero a ministra da Educação culpada de tudo o que acontece.Reporta-se o post a acontecimentos referentes aos anos 1998 e 9O, em que a pasta da Educação era tutelada por ministros que não ela. Repare, por exemplo, que me refiro ao exame de acesso à docência (apesar de tudo como um mal necessário) que sofre a contestação dos sindicatos. E é um mal necessário por tentar pôr cobro a um acesso vergonhoso em que os universitários corriam o risco de serem preteridos por indivíduos das escolas superiores de educação no acesso à docência. Por outro lado, verá que lamento o facto de não ter sido aproveitada a ocasião para dar a César o que é de César. "Este texto não tem qualidade para aparecer neste blogue", anónimo "dixit". Se se refere aos seu comentário, plenamente de acordo.A coisa que mais me desagrada são os anónimos (com recados encomendados não se sabe bem por quem, ou de "motu proprio", que tresandam a graxa ou a favores feitos não se sabe com que intenções.
Por lapso, o comentário acima aparece como sendo anónimo. Não o é.Aliás, como se depreende pelo seu conteúdo.
O texto não "bate" na Ministra? Então ainda está mais mal escrito do que pensava. Então o que quer dizer com ele? Não percebo nada. E note-se que o texto é encabeçado por uma foto da actual Ministra da Educação. Se não é intenção "bater" na actual Ministra (uma encomenda com "graxa" não se sabe com que intenções?) então porque não aparece uma imagem de Roberto Carneiro ou Marçal Grilo? Os que nada fizeram? E aparece a actual Ministra associada ao "desemprego da classe docente"?
Vou-me encher de paciência. Se reparar eu reporto-me aos males do desemprego da classe docente, corria o ano de 1988. Façamos as contas, de lá para cá medeiam 19 anos. Finalmente, aconselho-o a ler e interpretar o penúltimo parágrafo do meu post. Tão simples como isto. Deixo para si as críticas a fazer a Roberto Carneiro e Marçal Grilo. Por minha parte, desde já, lhe digo que os não considero isentos de críticas pelo estado lamentável da Educação actual.O que não invalida que as minhas críticas incindam no facto de o actual ministério (ministra e seus secretários de Estado, ) nada ter feito para melhorar o actual "statu quo" com as medidas tomadas mais recentemente. Bem pelo contrário. Até o agravou.
Também me vou encher de paciência. Então sempre há ataque à actual Ministra por não ter desfeito o que vários, incluindo Marçal Grilo (isto de atacar a secretária de estado Ana Benavente e não atacra o ministro Marçal Grilo é curioso) mal fizeram e portanto causar desemprego na classe docente (é isso não é?) tem que se lhe diga. Precisa de explicar limpidamente (o que não está no texto) como a actual Ministra agravou a situação ao exigir que todos os professores passem a ter Mestrado de Bolonha com exigências a priori draconianas no número de créditos científicos em cada área para os professores do 3º ciclo do ensino básico e do ensino secundário e a exigência de um exame de entrada na profissão. Eu, cheio de paciência, não vejo isso no seu texto nem percebo onde foi buscar essa questão (que devia forçosamente estar explicada no texto por afinal justificar in limine o título e a fotografia da actual ministra!)
Como terá por certo visto nos meus comentários e no próprio post eu não atribui à ministra da Educação todos os males de que enferma a política educativa. Uma parcela grande dessa responsabilidade cabe aos sindicatos que se opõem a todas as medidas, sejam boas ou más. Como exemplo dessa contestação cega,o exame de acesso à docência que tive como um mal necessário para evitar que os licenciados universitários candidatos à docência do 2.º ciclo do básico sejam preteridos por licenciados pelas escolas superiores por estes terem, apenas, mais um valor de diploma. Agora o que eu considerava importante é que se acabasse com a actual carreira docente única, qual Leito de Procusta em que se esticam os professores de menor habilitação e se cortam as pernas aos mais habilitados para nela caberem todos os docentes com parca distinção das respectivas estaturas científicas. Trata-se de uma carreira docente única que alberga em seu seio desde os educadores de infância até aos professores do secundário, situação que não encontra paralelo em nenhum outro país da europeu. Se estou enganado, peço-lhe o favor de me indicar um país europeu que seja em que esta situação se verifique. Fico a aguardar. Por outro lado, nunca atribui à actual ministra o desemprego que campeia na docência. Atribuí essa culpa ao desregramento na criação de escolas superiores de educação quando já havia desemprego entre licenciados universtários com esse destino. Colhendo exemplo em Edgar Morin, "peço que me julguem pelas minhas ideias e não por aquilo que queriam que fossem as minhas ideias". Ora, a leitura do meu texto não deixa qualquer dúvida: o desemprego na docência tem raízes que se perdem nos anos de má planificação da necessidade de docentes e que levou à criação anárquica de escolas superiores de educação pelo país fora quando já havia desemprego entre os licenciados universitários com destino à docência.
Como escreveu Vasco Pulido Valente na escola pública impera hoje a “lei da rua”, com toda a espécie de “tiranetes” à solta no espaço escola. Nela proliferam os gangs de toda a espécie, que apenas vão à escola para perturbar os poucos que ainda querem aprender, comer de borla (à custa do orçamento), e agredir e roubar os colegas. Na escola não deveriam ser permitidos nem telemóveis, nem dinheiro, nem roupas de marca (mas sim farda obrigatória e disciplina de tipo militar). Aqueles que não cumprissem o regulamento seriam puramente expulsos, com uma boa multa aos pais, o que se faz em muitos países). Tenho um amigo que me contou que chegou a ter turmas onde tinha dificuldade em escrever no quadro com medo de que lhe atirassem uma faca de ponta e mola. Ao contrário do que muitos escrevem e dizem eu acho que os principais culpados dessa situação são os professores que deixaram andar e não se impuseram. Em quase todas as escolas há professores que não permitem o telemóvel nas aulas (o que também é proibido pelo novo estatuto do aluno) e outros que deixam utilizá-lo, sobretudo a pretexto de servir da calculadora. Há mesmo professores que passam a vida ao telemóvel durante as aulas. A avaliação deveria ser feita por um verdadeiro director com poderes para pôr na rua quem não servisse a escola. Como numa empresa. – Ana Ferreira Liça
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