quinta-feira, 17 de março de 2011

Doutor Estranhamor

Centrais nucleares no Japão, um território abalado constantemente por sismos - os responsáveis políticos japoneses deslumbraram-se com a tecnologia. Hipertrofiaram o domínio, indiscutívelmente singular, que têm dela.

Talvez comece a prefigurar-se ante os nossos olhos o que sabemos ter acontecido na História, mas hoje parece impossível ou remotamente improvável - o desaparecimento de uma civilização. Para onde poderão fugir os Japoneses?

Incrível é que um empresário português promotor do nuclear venha dizer, agora mesmo, que o problema foi ter havido um sismo. Mas não há e irá haver sismos por todo o lado? E que pensar de um físico meu amigo que usou a imagem dos acidentes de aviação - «acidentes que acontecem , mas não se deve, por isso, acabar com a aviação» - para defender que não é por haver acidentes com as centrais nucleares que devemos deixar de as construir!

E Portugal? O que acontecerá a Portugal se houver (quando houver?) um acidente na central espanhola perto da nossa fronteira? Uma central cujo tempo de actividade terminava em 2012 e agora se decidiu prolongá-lo até... 2021?

Uma central espanhola que, em caso de acidente, matará muito mais Portugal do que a Espanha. Como foi possível termos tolerado tal ameaça ao nosso País?

Proponho um movimento civico para exigir de imediato o encerramento dessa central.

Guilherme Valente

2 comentários:

José Batista da Ascenção disse...

Caro Guilherme Valente:

Não sei se teríamos tido grande sucesso caso tivéssemos tentado evitar a construção da central nuclear espanhola de Almaraz, a 100 Km de fronteira portuguesa e refrigerada pelo maior rio que atravessa o nosso país.
Mas devíamos tê-lo exigido.
E mais vale tarde do que nunca.
Eu adiro ao movimento que tem a lucidez de propor.
Embora não saiba como compensar eficazmente as exigências energéticas actuais...
De qualquer modo, em caso de acidente grave, Portugal ficaria numa situação dramática. E sem modo de "fugir-lhe".
E sendo assim...
Quem é capaz de não gostar nada de uma tal ideia é um senhor ex-ministro, ligado (pago...) pela Iberdrola ou lá como se chama...

José Batista da Ascenção disse...

No comentário que anteriormente fiz, na passagem da segunda para a terceira linha, onde se lê "a 100 Km de fronteira" devia estar "a 100 Km da fronteira", e, na última linha, onde escrevi "ligado (pago...) pela Iberdrola" devia ter escrito "ligado à (pago pela) Iberdrola".

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