segunda-feira, 10 de outubro de 2022

"PISA para Escolas" também em Portugal

Por Cátia Delgado

Foi divulgada, nos últimos dias, mais uma iniciativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que Portugal acolhe de braços abertos. Pese embora o cariz económico do organismo, tal como em muitos países desenvolvidos, também no nosso se estreitam as relações com a referida entidade. 

Refiro-me ao PISA for Schools, uma extensão do reconhecido Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), que avalia as competências (para resolver situações do quotidiano) dos alunos de 15 anos, nas áreas das ciências, leitura e matemática. O PISA for Schools, já com 10 anos de história e com 2 anos em Portugal, pretende avaliar, igualmente, a forma como os alunos aplicam os conhecimentos adquiridos na escola, em contextos inesperados, mas na perspetiva avaliativa da própria escola.

Como explicado no vídeo de divulgação/ apresentação do projeto, pretende-se comparar os ambientes de aprendizagem com outras escolas, partindo da tríade “medir, explorar e agir”:
“O projeto PISA for Schools contribui para melhorar as oportunidades de aprendizagem e o bem-estar dos alunos, capacitando professores e líderes escolares por meio de conexões globais e benchmarking internacional com base numa escala comum fornecida pelo PISA.” 
Operacionalmente falando, o objetivo é:
“fornecer resultados a nível escolar para fins de avaliação comparativa e de melhoria das escolas.” 
No website do projeto, podem esclarecer-se várias questões, sendo possível notar diversos contrassensos, dos quais destaco o seguinte:
“Por que comparar resultados de nível escolar internacionalmente?"
Dada a nossa economia global baseada no conhecimento, tornou-se mais importante do que nunca comparar os alunos não apenas com os padrões locais ou nacionais, mas também com o desempenho dos melhores sistemas escolares do mundo. Tem havido um interesse crescente em comparar o desempenho dos alunos com referências internacionais, tanto como um indicador de como os alunos estão preparados para participar numa sociedade globalizada, assim como um meio de estabelecer metas acima e além dos níveis básicos de proficiência ou expectativas locais.” 
De seguida, afirma-se o contrário, quando se pergunta:
“Por que o projeto desencoraja o estabelecimento de rankings entre as escolas? 
O Teste para Escolas baseado no PISA e os seus resultados são projetados para fornecer às escolas uma ferramenta de diagnóstico para promover a reflexão, a aprendizagem entre pares e a ação. Eles não devem ser interpretados ou usados como classificações escolares ou para “tabelas da liga”. Além disso, o PBTS não fornece relatórios de desempenho ao nível de aluno e não pode ser usado para classificar o desempenho do aluno.”

Bom entendedor compreenderá que, não é pelo facto de não se fornecer um relatório individual por aluno que se irá evitar a tendência implícita, dado tratar-se de um estudo de índole comparativa, de emulação entre escolas e de incitamento ao ensino para os resultados, treinando-se os alunos para os critérios pré-definidos e descurando vertentes formativas que não sejam abrangidas pelo programa.

Esta é mais uma forma de medir o desempenho das escolas que conta, em Portugal, com a adesão voluntária de mais de 100 escolas, à data, correspondente à fase piloto, conforme noticiado pela RTP Madeira, realçando-se o entusiamo envolto na iniciativa da parte de diversas entidades:

“Para o presidente do IAVE, essa é a principal mais-valia do projeto: a possibilidade de, através dos resultados da avaliação, as escolas tentarem perceber o que podem mudar para responder às dificuldades dos estudantes.” 

Os restantes países que aderiram ao projeto são: Andorra, Austrália, Brasil, Brunei, China, Colômbia, Japão, Cazaquistão, Espanha, Tailândia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos da América. 

O guia de aplicação para as escolas, também disponível em português, encontra-se acessível em 15 línguas diferentes, fator que revela a clara aposta da OCDE neste projeto, que tenderá a robustecer-se.

1 comentário:

Anónimo disse...

A Constituição da República portuguesa é reconhecida a nível internacional como uma das mais avançadas do mundo. O nosso serviço nacional de saúde pede meças a serviços de altíssima qualidade como são o da Alemanha, o da França, ou o da Inglaterra. Quanto à educação, o nosso sistema de ensino baseado em mega agrupamentos de escolas EB 1,2, 3 + S + JI, foi capaz de, em poucos anos, capacitar no uso de telemóveis, dentro e fora das salas de aula, praticamente toda a população juvenil, quando na "velha escola" poucos eram os que conseguiam ler um simples livro de fio a pavio. Este é o verdadeiro milagre educativo português, que devia ser considerado exemplar pelos responsáveis do projeto PISA da OCDE. Com a organização, o estudo e a disciplina que tão bem caraterizam as escolas portuguesas, os milagres acontecem naturalmente!

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