sábado, 29 de outubro de 2022

Hoje, o pudor não me detém à porta


Hoje, o pudor não me detém à porta.

Já não sou a criança com receio

De altivo homem, da injúria, da resposta,

Da universal calúnia e do recreio.

 

Antes, crianças transpunham a porta.

Com medo eu regressava à luz materna.

O saber ou a outra casa que importa

Queria de peito, amava a matéria.

 

Sentava-me em silêncio e com pudor

Ouvia e habitava o coração

Que um sonho alto não iria transpor.

 

Abro hoje a porta e peço de antemão,

Com o que importa, sem o medo impor,

Só coragem e um pouco de atenção.

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