Hoje, o pudor não me detém à porta.
Já não sou a criança com receio
De altivo homem, da injúria, da resposta,
Da universal calúnia e do recreio.
Antes, crianças transpunham a porta.
Com medo eu regressava à luz materna.
O saber ou a outra casa que importa
Queria de peito, amava a matéria.
Sentava-me em silêncio e com pudor
Ouvia e habitava o coração
Que um sonho alto não iria transpor.
Abro hoje a porta e peço de antemão,
Com o que importa, sem o medo impor,
Só coragem e um pouco de atenção.
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