Ele ouvia vozes que mais ninguém
ouvia. Eram vozes de além,
que perturbavam o seu doce harém
e não deixavam que dormisse bem.
Ele escrevia os segredos que ouvia,
em livros duros que ao mundo servia.
Por todo o mundo ele distribuía
o que uma pitonisa lhe dizia!
Aquilo era obscuro e sem sentido,
sendo, porém, por todos pressentido
que havia ali segredo escondido.
A obscuridade do que dizia,
por ser obscura, é que seduzia
a muita gente que a ele afluía.
Eugénio Lisboa
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