domingo, 20 de julho de 2014

CONSELHOS CIENTÍFICOS DA FCT CRITICAM A AVALIAÇÃO

Os Conselhos Científicos da FCT, que foram escolhidos pela direcção da FCT, finalmente acordaram. Apontam em carta aberta algumas inconsistências e chamam a atenção para alguns perigos. Depois de analisarem melhor o processo e de lerem, na íntegra, o contrato da ESF com a FCT vão aperceber-se que ainda há mais inconsistências do que aquelas apontaram. E, mais do que inconsistências, há erros substanciais. Os Conselhos são parte integrante da FCT, pelo que agora é a FCT que critica a própria FCT, não deixando muita margem de manobra ao ministro, que terá de se pronunciar. Está quebrada de vez a confiança neste processo pseudo-avaliativo. A FCT já foi crível e agora é incrível. Trancrevo a notícia da TVI24:

Avaliação pode acabar com algumas áreas de investigação

Presidentes dos conselhos científicos da Fundação para a Ciência e Tecnologia apontam «casos de inconsistência» na avaliação das unidades

Por: Redacção / PP    |   2014-07-20 14:45

Os presidentes dos conselhos científicos da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) apontam «casos de inconsistência» na avaliação das unidades de investigação e alertam para consequências «graves» do desaparecimento de algumas áreas do sistema.
«Verificam-se casos de inconsistência entre os vários momentos de avaliação. Houve unidades de investigação e desenvolvimento que tiveram boas avaliações quantitativas e qualitativas no primeiro conjunto de avaliação que não passaram à segunda fase», refere uma carta dirigida ao presidente da FCT, hoje divulgada.

Os responsáveis de cada um dos quatro conselhos científicos acrescentam que, «em alguns processos da primeira fase de avaliação, houve maiores disparidades entre avaliadores do que é corrente».

E recomendam à FCT que controle «rigorosamente» a qualidade da avaliação, realizando a revisão da análise feita às unidades entre as quais «existe disparidade» entre a avaliação numérica e a decisão de passagem à 2.ª fase.

Do total das 322 unidades avaliadas num escrutínio que tem recebido críticas de vários quadrantes, 52% passaram à 2.ª fase e outras 26% obtiveram a classificação de Bom, assegurando um financiamento base.

Segundo a FCT, as unidades que passaram à 2.ª fase, e que podem ver o financiamento base acrescido de financiamento estratégico, «comportam dois terços dos investigadores que integram as unidades em avaliação».

Outra preocupação transmitida pelos presidentes, que não estiveram envolvidos no processo de avaliação, respeita aos domínios em que nenhuma unidade de investigação passou à 2.ª fase, o que «pode ter como consequência o desaparecimento de algumas áreas disciplinares do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, com consequências graves».

Também aqui os especialistas recomendam que a FCT promova uma «reflexão cuidada», que contemple um trabalho com estas áreas de modo a serem encontradas soluções de «robustecimento» das candidaturas.

Os presidentes dos conselhos científicos defendem ainda a necessidade de uma avaliação do resultado dos concursos abertos nos últimos anos de projetos, programas doutorais, bolsas de doutoramento e pós-doutoramento, infraestruturas de investigação e Investigador FCT.

«Torna-se agora importante que se observe o resultado da totalidade destes concursos e se verifique o que existe, o que se quer recuperar e o que se pretende reconstruir», de modo a possibilitar as correções necessárias para melhorar o sistema, salientam.

A carta para Miguel Seabra aconselha uma melhor explicitação das fases seguintes do processo de avaliação das unidades de investigação de modo a clarificar pontos como formato e propósito da visita dos avaliadores e aspetos em observação, a constituição dos painéis dos avaliadores, «assegurando a adequação curricular» dos seus membros às áreas que vão analisar, os resultados das visitas e a coerência interna do processo.

O documento está assinado por João Carlos Marques (Ciências Naturais e Ambiente), João Costa (Ciências Sociais e Humanidades), Jorge Soares (Ciências da Vida e da Saúde) e Manuel Carrondo (Ciências Exatas e Engenharia). 

1 comentário:

Anónimo disse...

Trata-se de acabar com qualquer aspiração de nação portuguesa, é uma exportação forçada de investigadores e um controlo absoluto sobre o que restar.

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