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27 comentários:
Campanha eleitoral aqui?
Anunciar um livro apresentado e prefaciado por Passos Coelho sobre questões de ensino, é campanha eleitoral? Valha-me, Deus!
em todo o caso não lhe confere grande isenção, pelo menos para pessoas comuns que só hoje começam a conhecer o programa do partido que Passos é candidato e que não se tem pautado por ideias muito firmes no que à educação concerne. Depois porque não consta que Passos Coelho esteja nas listas de educadores com conhecimento para prefaciar um livro sobre ensino. Do meu ponto de vista - posso estar a ver mal - também me soa a campanha eleitoral.
Por obséquio, alguém me consegue dizer quais os doutoramentos que, cada um destes "doutores", concluiu para que lhes seja conferido o título de doutor!?
Doutor Anónimo
Aproveitando a oportunidade, alguém me pode esclarecer a quem é que se deve tratar por Doutor? E por Dr.?
De acordo com comentário anterior parece que Doutor e Dr. é o mesmo.
Para uns, Dr. Aplica-se a qualquer licenciado, assim temos imensos Drs. (e muitos mais teremos com o acordo de Bolonha…)
Para outros, aplica-se a médicos, advogados e outras profissões liberais de prestígio social.
No Brasil, a julgar pelas novelas, o termo Dr. aplica-se a pessoas de elevado poder económico.
Outros ainda defendem que o termo deve ser aplicado a quem tenha defendido tese de doutoramento e que aqui deve ser tratado por Doutor e não Dr., o que parece também não ser consensual.
Então, como tratar um assistente universitário, sem doutoramento? Um médico (sem doutoramento) deverá ser tratado por Sr. Dr ou Sr. Médico ?
Caro Rolando Almeida
Quando diz que
"...Passos é candidato e que não se tem pautado por ideias muito firmes no que à educação concerne."
estenda essa ideia a quantos ministros da educação passaram pela 5 de Outubro, desde o 25 de Abril até hoje, porque, em tais circunstâncias, qualquer Passos Coelho está autorizado a dar a sua opinião.
O que me choca é que um Santana Castilho necessite de um político, às portas das eleições, para lhe prefaciar o livro e estar presente, suponho, no lançamento.
Primeiro, porque a peritagem em matéria de educação tem-na de sobra Santana Castilho para solicitar um prefácio a um político economista...
Donde, longe de mim, concluir que pretende o Ministério da Educação, e muito menos um lugar de Secretário de Estado.
A configuração do cenário permite muitas deduções erróneas, mas o timing a elas o permitem.
A boa etiqueta aconselharia a apresentação do livro, depois das eleições, e depois da tomada de posse do novo governo formado, com todos os lugares preenchidos.
Rolando, isso da isenção não existe. O melhor a fazer é termos consciência disso. Mas também daí não resulta qualquer problema desde que a racionalidade se sobreponha à demagogia, desde que se faça uma discussão útil e despreconceituosa. Um ambiente etéreo sem contaminação pode até ser prejudicial
Prezado Rolando Almeida: O seu comentário mereceu-me a atenção que me merecem os comentários em que as pessoas assumem as suas opiniões subscrevendo-as de forma correcta.
Na verdade, o anúncio do livro em questão (da minha inteira responsabilidade) pode ser havido como tendo um carácter político. Não foi essa a minha intenção, embora conceda que tudo na vida é política mesmo para aqueles que dizem estar a ela imunes por natureza ou por vacina. Mas ser político não quer dizer forçosamente que seja partidário.
Habituei-me a ver nos artigos de opinião de Santana Castilho, no Público, uma forma de combate à política educativa desastrosa de Maria de Lurdes Rodrigues prosseguida por Isabel Alçada, aplaudida por todas as forças políticas (e mesmo professores que se diziam socialistas) com excepção do Partido Socialista.
Prosseguir nesta discussão é que pode dar-lhe um cunho verdadeiramente político com odiozinhos à flor da pele porque, com escreveu António Sérgio, “as ideias, em Portugal, são meros instrumentos das paixões sectárias; e nem cá se percebe que se defendam ideias que não sejam instrumentos de quaisquer paixões".
Para um blog que eu considerava eminentemente técnico, parece que os limites da neutralidade política foram um tanto excedidos pelo texto principal.
Destaque para a ausência de critério no uso da palavra "doutor", como mencionado pela Marta (o que não foi esclarecido pelo autor da notícia).
Antonio Daniel, por sua vez, afirmou: "Um ambiente etéreo sem contaminação pode até ser prejudicial". Ele não esclareceu, contudo, o que seria um "ambiente etéreo". Seria um ambiente apolítico? Se sim, em que sentido? Apolítico na acepção de "sem disputa de teses" ou no sentido de "sem política partidária"? Se for na primeira acepção eu concordo com a proposição, embora neste caso o termo "contaminação" se torne de uso impróprio no mesmo juízo. O termo "contaminação" se adequa mais ao segundo sentido citado retro (já que a política partidária geralmente é suja, logo, contamina). E neste caso me parece que um blog como o "De Rerum Natura" não deve se "contaminar".
Por fim, considero infeliz também a tentativa do autor da notícia no sentido de tentar abafar o debate.
Prezada Marta: Ora aqui está uma questão que pode dar pano para mangas de vários fatos e, apesar disso, ainda sobrar pano.
Recuemos no tempo, com o exemplo da Medicina por ser o mais semelhante ao que se passa no estrangeiro onde o tratamento por dr. se destina apenas a enunciar o seu destinatário como sendo médico. Entretanto, na Inglaterra – cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso – passa-se um caso curioso e pouco conhecido. Os cirurgiões ortopédicos, “fellows of the Royal College of Surgeons” , para se diferenciarem dos médicos, adoptam para si, com orgulho, o tratamento de Mr.(“mister”).
Mas voltemos a Portugal dando um salto ao passado. O Decreto n.º 19:691/31, de 18 de Março, estabelecia no § 1.º do art. 95 que ao grau académico de licenciado em Medicina é inerente o título profissional de doutor em Medicina. Mas se quisermos ir ainda mais longe, antes de 1911, data da criação das universidade de Lisboa e do Porto, os médicos diplomados pelas antigas escolas médicas destas duas cidades, a exemplo dos licenciados por Coimbra, eram tratados por drs.
Nas primeiras décadas do século passado, Rodrigo de Sá Nogueira, doutorado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Coimbra, com uma vastíssima e muito válida obra publicada, escrevia nas primeiras décadas do século passado: “Nos cursos superiores há coisas curiosas: os formados pelas faculdades de Letras, Ciências e de Direito são licenciados; os médicos e os veterinários são doutores”. Em presença disto que fazem os licenciados? Para não desmentir o espírito nacional, fingem que não conhecem a lei e, como quem não quer a coisa, deixam-se chamar doutores, quando não se intitulam a si próprios”.
Ainda é do meu tempo de aluno do liceu os homens que aí leccionavam serem tratados por drs. e as senhoras por Senhora Dona, embora possuidores de idêntica formação académica. Hoje esta distinção deixou de ser feita.
Quanto ao tratamento de doutor (por extenso) é o tratamento a aplicar a quem prestou e foi aprovado em provas de doutoramento. Com o Processo de Bolonha, que em Portugal não adoptou o grau académico de “bachelor”, para os três primeiros anos de estudos superiores, e o de “master” para a formação seguinte (correspondentes à antiga licenciatura antes de Bolonha) ainda mais se complicou este verdadeiro molho de bróculos.
Finalmente, confunde-se erradamente graus académicos com títulos profissionais de médico, advogado, engenheiro, etc. Mas aqui o caso gira mais fino por fazer cair na alçada da justiça quem não estiver habilitado para o seu uso competindo às respectivas ordens profissionais os abusos por exercício ilegal de profissão.
Respondendo à sua pergunta final, um assistente (sem doutoramento) deverá ter o tramento escrito de dr.(já que verbalmente os tratamentos de dr. E doutor se confundem). Com doutoramento o tratamento escrito de doutor. O médico terá tratamento académico de dr. e o tratamento profissional de médico. Já nos países anglo-saxónicos o tratamento de “doctor” identifica a pessoa com o exercício profissional da Medicina.
Mas se quisermos ampliar esta temática, o professor universitário doutorado em Lisboa, por exemplo, é tratado por professor doutor, quando não mesmo por professor “tout court”, seja em Medicina. Letras, Direito, etc. Por exemplo, o caso do Professor Marcelo (Rebelo de Sousa). Este uso, com excepção de Medicina, tem encontrado uma certa relutância no seio universitário de Coimbra. Mas, pouco a pouco, vai-se estendendo a professores universitários de outros ramos do Saber. Mudam-se os tempos, mudam-se os tratamentos…
O autor do livro, através dos artigos que escreve no jornal Público, passou, muitas vezes, uma imagem polvilhada de ódio, vingança e tocando a raia do insulto.
São académicos como estes, que formam futuros professores, que me causam sérias dúvidas(!) Não serão tão perniciosos para a educação quanto os célebres eduquês, como é óbvio com conotações diferentes?
Talvez sejam estes e outros "tiros no pé" que Passos Coelho vai dando ao conotar-se com personalidades como a deste autor, que na hora da votação poderão afastar a intenção do voto de alguns docentes.
Há muitos professores que não alinham na petulância deste individuo.
Convido-vos a reler alguns dos seus artigos no jornal em que colabora.
Augusto Mascarenhas, Por ambiente etéreo entendo precisamente isso que o Augusto referiu, um ambiente apolítico. concordo consigo com as dúvidas quanto ao termo «contaminação» não se adequa completamente a esta situação. Na primeira acepção que o Augusto refere, não se aplica o termo; na segunda situação também não. Contudo, não me parece que faça distinção entre a política partidária e apartidária. Repare, É possível fazer política apartidária, mas não é possível fazer luta partidária sem política. Como os partidos, bem ou mal, são os decisores, não podemos ignorá-los. Logo, é bom que discutamos as suas ideias e pontos de vista, sem contudo omitirmos que um ponto de vista é sempre uma vista através de um ponto.
Prezado Augusto Mascarenhas:
Como mera introdução ao seu comentário, julgo estar a ser vítima de uma injustiça quando escreve: “Por fim, considero infeliz também a tentativa do autor da notícia no sentido de tentar abafar o debate”. Injustiça porquê?
Posso ser acusado de muita coisa menos de fugir à polémica. Se, porventura, tem seguido os meus posts e as respostas que dou aos respectivos comentários, deverá fazer-me a justiça de me não atribuir a tentativa de “abafar o debate”. Nunca, por nunca, terminei um debate com a fórmula “ponto final parágrafo” como quem desmerece o valor da opinião do meu opositor, porque, como escreveu Ortega y Gasset, “cultura é frente ao dogma discussão permanente”.
Destaco, agora, aquilo que tenho, poroutro lado, como um atestado de fuga da minha parte quando destaca “a ausência de critério no uso da palavra "doutor", como mencionado pela Marta (o que não foi esclarecido pelo autor da notícia)”.
Se reparar, o seu comentário foi publicado às 21:33 altura em que me encontrava a redigir a minha resposta a Marta. Resposta que foi publicada às 22:07, isto é, pouco mais de meia hora depois com o destaque que a pergunta merecia e que compete à Marta tê-la como suficiente ou não.
Por último, acredite que não deixarei de responder a qualquer comentário que entenda fazer a este meu comentário: agradeço-o, como agradeço este que publicou. Todos os comentários (seus ou de terceiros) terão resposta da minha parte, desde que não sejam uma repetição de argumentos. Aquilo que vulgarmente se chama chover no molhado, mas que eu tenho como serrar serradura!
1º quanto ao tema do doutorado que surgiu sabe-se lá donde
há muitos com doutoramentos que não são professores de nada
é um título cada vez mais honorífico conseguido com coisas que se dizem ser teses, que em tantos casos não passam de sopas de letras
Ideias e ideais ou a falta delas/deles são sempre transcritos para as palavras em livro ou em discurso
uma forma de combate à política educativa desastrosa (não foi mais desastrosa que a dos últimos 36 anos o ensino não tem tido grandes melhorias nem afundanços)
aplaudida por todas as forças políticas nem por isso...mas enfim
(e mesmo professores que se diziam socialistas... como corporação os professores são bastante avessos à mudança
e com uma classe quarentona cinquentona na sua maioria
por melhores que fossem as políticas como aplicá-las
em escolas com conselhos executivos directivos que se eternizam ao longo de décadas até chegarem a directores e sub-directores
em escolas que são microcosmos das máquinas partidárias e sindicais nacionais
isto do microcosmos também já foi um fetiche educacional
e mais não digo porque a educação em Portugal é um tema muy aburrido
E que dizer do indivíduo que, simultaneamente diplomado em mais que um curso, se apelida de doutores?! Também os há... no reino da lusofonia.. JCN
Caro Rui Baptista,
Repare bem como quando alguém fora do partido socialista se atreve a falar sobre o sistema de ensino português aparecem imediatamente uns comentadores "apolíticos" a criticar o autor do post. E criticam pela simples razão do autor do post se ter atrevido a colocar neste espaço web a indicação de um livro de um autor que não está na esfera do eduquês.
Como seu sempre afirmei: "E são estes os senhores e senhoras que tantam falam e escrevem sobre a ditadura". Mas há maior ditadura que a ideologia imposta por esta gente em todas as escolas públicas do país, utilizando para isso uma linguagem onde se mistura ideologia, política e ciência?
Resposta a Rui Baptista
Achei interessante a forma como respondeu às questões por mim colocadas, pelo que agradeço.
Misturar ideologia
com política e ciência
constitui má companhia
em termos de convivência!
JCN
Prezada Judite Alves Ribeiro: Agradeço o seu comentário, embora esteja em desacordo com ele no que respeita a:
Dizer que Santana Castilho (SC) nos seus artigos “toca a raia do insulto”. Também eu sou contra o insulto para fazer prevalecer a nossa opinião como, por vezes, se verifica em comentários de blogues em que se insulta os opositores com palavrões. Daquilo que li no Público de SC não me parece ser o caso. Quando muito descortino nos seus artigos, por vezes, uma prosa violenta, mas nada que se pareça com a prosa polémica de Camilo quando escreve em resposta aos seus opositores: “Querem cacete? Terão cacete”.
Por outro lado, também li textos a endeusar SC, transcritos em vários blogues e aplaudindo com as mãos ambas a suas tomadas de posição contra Maria de Lurdes Rodrigues. Por isso, tenho como uma idiossincrasia muito nacional passar do oito ao oitenta: ontem deus, hoje demónio. Para utilizar a linguagem do meio futebolístico: hoje bestial, amanhã uma besta!
Quanto à sua crítica (acompanhada por muitos professores, com escreve) de SC ser um indivíduo petulante, é uma (ou várias) opinião pessoal que me obrigo a respeitar. Concordar ou não com ela é diferente porque tenho sempre medo dos rasteirinhos que assumem uma falsa modéstia para esconder uma vaidade maior que o mundo!
Comentário (com a fotografia de Fernandel):
Numa coisa não podemos estar mais de acordo. Reporto-me à sua crítica a doutoramentos (?)” conseguidos com coisas que se dizem ser teses que, em tantos casos, não passam de sopa de letras”. Eu diria mais: sopa de letras aguada e sem sabor.
Já tenho demonstrado a minha discordância contra este género de doutoramentos (por vezes, com teses copiadas da Net!), com portadores de antigos cursos médios que em meia dúzia de meses pagaram uma licenciatura em escolas "superiores" privadas que lhes deu passaporte para um doutoramento em universidades de “vão de escada”. Nacionais ou estrangeiras!
Recordo até o caso de um presidente de determinada autarquia (com pouco mais do que a 4.ª classe) que num debate televisivo com um engenheiro (a sério) da referida autarquia lhe exigiu que o tratasse por doutor com o argumento: “Agora também sou doutor!!!”. Pelo visto, perante a santa ignorância do interpelado, o referido doutoramento foi feito de um dia para o outro no segredo dos técnicos da sua própria autarquia.
Quanto a mim, outro aspecto em que este comentador põe o dedo na ferida é quando se refere “a escolas que são microcosmos das máquinas partidárias e sindicais”. Por essa e por outras é que sou muito crítico em relação a uma avaliação cozinhada no caldeirão da própria escola (ou seja, sem interferência de uma entidade estranha, inspecção ou chame-se o que se quiser) em que os avaliadores de hoje poderão ser os avaliados de amanhã numa cumplicidade com o selo da cobardia. Ou, simplesmente, da pertença a um mesmo rebanho partidário.
Por outro lado, assumo a minha declarada, e nunca desmentida, antipatia por sindicatos que fazem tudo para proletarizar os professores em manifestações ruidosas de ruas num revivalismo de uma acção sindical do século XIX que cheira a mofo com dirigentes que se julgam insubstituíveis nas suas direcções.
Meu Caro Fartinho da Silva: Nada tenho a acrescentar aos seus dois comentários em que denuncia uma escola sob a ditadura do eduquês que, conforme escreve, “mistura ideologia, política e ciência”.
Permita-me, todavia, que acrescente a esta mistura (ou verdadeira mixórdia!) o caldo rançoso de uma cultura humanística que se ajoelha no altar da mais ignóbil ignorância sobre um passado histórico que muito nos devia honrar. Devia, mas nem sempre honra!
Errata: Na última linha do último § do meu comentário (9 de Maio de 2011 17:46) deverá ser emendada a expressão, "devia, mas nem sempre honra!, por esta outra: Devia, mas nem sempre é honrado!
Caros Rui e Antonio Daniel, agradeço pelas respostas civilizadas ao meu comentário, embora saliente que ainda remanescem divergências de percepção e de opinião, o que é normal.
Caro Augusto Mascarenhas (comentário 10 Maio; 15:24):
Atrevo-me a depreender do seu comentário que não fui dogmático nas minhas opiniões.
Como seria estultícia da minha parte evocar qualquer louvor pessoal ( porque, como diziam os latinos, em tradução, "louvor, na própria boca, perde todo o valor” ) congratulo-me por, em sua opinião, segundo julgo, não me ter tornado personagem de uma discussão em que tivesse pretendido fazer ajoelhar, em rendição incondicional, opiniões diferentes das minhas, como se a minhas fossem inquestionáveis.
Cordiais saudações.
Prezado Rui Baptista,
Quanto à pessoa do SC, temos opiniões diferentes e respeito a sua opinião.
O que verdadeiramente me aflige é a quantidade de opinion makers que ultimamente têm lançado variadíssimas propostas de mudança, enquanto que nós, os professores, vivemos permanentemente dependentes de uns quantos iluminados que se canditatam a ocupar as cadeiras do poder. Infelizmente, muitas vezes, os que as ocupam são pouco conhecedores da realidade do que muito se passa na escola pública portuguesa, (que é onde eu trabalho) onde nós, professores e alunos, não passamos de instrumentos de experiências de alguns investigadores (porque, entre estes, tenho imenso respeito e admiração por alguns).
Era importante que todos estes actores que preconizam novas mudanças, a uma só voz, sugerissem o emagrecimento significativo do número de “colaboradores” que se encontram nas DRE's e nas equipas educativas, bem como do ME, e que lutassem para que alguns recursos, nomeadamente pedagógicos, não sejam retirados às escolas para que estas possam apresentar resultados reais e não fictícios.
Espero que o SC, ao ir buscar o PC, que provavelmente será quem vai assumir o poder, não esteja à procura de um lugar no poleiro!
Prezada Judite Alves Ribeiro: Finalmente, encontro neste seu comentário muitos pontos de encontro com grande parte das minhas opiniões. Razão tem o povo quando nos diz que a falar é que a gente se entende. Também eu discordo visceralmente da legião de indivíduos que debitam opiniões sobre educação estando anos e anos fora do terreno que dizem pisar com passos seguros: a Escola.
E pior do que debitar opiniões é estarem em posições oficiais de decisão em que as estatísticas "pour épater le bougeois", por vezes, mais não são que uma forma de mentira. Como disse o antigo e falecido ministro da Educação Leite Pinto, catedrático do IST: "Há duas maneiras de mentir: uma é não dizer a verdade, outra é fazer estatística". Estatística que omite a qualidade do ensino que se ministra aos nossos jovens atirando para o ar a quantidade de semi-analfabetos que se querem fazer passar como alfabetizados. E isto passa-se em todos os graus de ensino, do básico ao universitário. Parece-me desnecessário apresentar exemplos. Basta recordar as perguntas que se fazem, inclusivamente, a alunos do ensino superior e em que as respostas dadas raiam um verdadeiro escândalo.
Mas vamos ao cerne da questão que despoletou toda esta discórdia com o simples anúncio da apresentação do próximo livro de Santana Castilho, prefaciado por Passos Coelho: Escreve a prezada Judite no final do seu comentário: “Espero que o SC, ao ir buscar o PC [isto de siglas iguais para nomes pessoais e partidos, causa uma certa confusão!], que provavelmente quem vai assumir o poder, não esteja à procura de um lugar no poleiro!”
Como diz o povo, o futuro a Deus pertence! Ou como disse, anos atrás, um jogador do Futebol Clube do Porto, previsões só no fim do jogo! Há pelo menos duas certezas acerca de Santana Castilho: 1.ª tem andado sempre na órbita do PSD, mesmo quando este não se encontrava no poder (a isto chama-se coerência); 2.ª uma vista de olhos pela blogosfera dá-nos conta da aceitação entusiástica dos seus artigos no Público e em todas as suas intervenções públicas no âmbito do sistema educativo, como conferências e palestras, por exemplo, em que denunciou a política seguida pelo Partido Socialista neste domínio.
O pessimismo de Jorge de Sena, na hora que passa, pode fazer com que o Partido Socialista assuma o papel de não haver excepções nem soluções para a Educação deste país (a não ser a sua própria, claro está!)) quando escreveu: “Que adianta dizer-se que é um país de sacanas? / Todos os são, mesmo os melhores, às suas horas, / e todos estão contentes de se saberem sacanas” Será que neste país de sacanas não há excepções, dando, pelo menos, o benefício da dúvida a Santana Castilho?
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