segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A ler...

A propósito de um artigo que eu próprio escrevi na coluna "Olhares da UC" do diário As Beiras (Coimbra), recomendo a leitura destes artigos no Público (este de João Ramos de Almeida), no Expresso (este de Miguel Sousa Tavares e este de Henrique Monteiro) e desta entrevista no Diário de Notícias (a Henrique Medina).

Eça de Queiroz dizia e perguntava no "O distrito de Évora" em 1867:

"Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o institnto político, nem a experiência que faz o estadista. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por previlégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?"

A pergunta é do século XIX.

9 comentários:

Anónimo disse...

Os políticos não resolvem nem podem. Isso explica a frustação que todos sentem de os políticos não fazerem o que prometem. Alguns adoptam a teoria de que os políticos são uma classe particularmente desonesta e aldrabona. Apesar de eleitos! Por que será assim e as outras classes profissionais não parecerem tão aldrabonas, desde professores a médicos?
O problemas reside em que o poder não está nas mãos deles. Eles, políticos, são tão honestos como os professores, advogados etc. (muitos desempenham essas profissões). O que parece frequentemente não é. Como os físicos, filósofos etc. sabem Hoje há vasta bibliografia sobre o assunto ao contrário do que se passava na época de Eça que estava enganado. Enquanto o pessoal andar a desancar nos políticos, as fontes de poder rejubilam.

Anónimo disse...

O problema não é só de Portugal. É da China, da América latina, da Europa, de praticamente todos os países. Onde há democracia, o povo elege incapazes, onde não há só os incapazes conseguem ter arte para ascenderem ao poder político. Estranho! Estranho porque fazer-se eleger ou ascender ao poder quando não há democracia não está ao alcance de qualquer um: é preciso ter arte. Contraditório!! Cientistas de todo o mundo resolvam este problema.

ana disse...

O espírito acutilante de Eça é sempre actualíssimo!

Anónimo disse...

"O espírito de Eça é sempre actualíssimo..." É verdade, mas ele não podia saber tudo, muito menos o que na sua época se não sabia. Se Eça se pronunciasse sobre Física, adoptaria a visão de Newton ou a da Teoria da relatividade ainda não inventado. É preciso ter muito cuidado com os argumentos de magister dixit... Nem Aristóteles era infalível. Como é sabido, infalível só o papa e mesmo este só em certas condições muito especiais.

Anónimo disse...

Ana:
Não será difícil encontrar textos de autores não menos geniais que Eça dizendo o contrário. Qual seguir? Eu, mesmo não sendo genial, é que tenho de decidir.
JMRamos

Carlos Ricardo Soares disse...

Eu preferia que os políticos soubessem e dissessem que quando prometem o que não podem fazer estão a perpetuar aquilo que levou o Eça a escrever e que tem tido eco amplificado nos últimos tempos, em vez de andarem a ser "artificialmente" eleitos, com maiorias que são minorias, em alguns casos, escandalosamente insignificantes, mas que lhes servem o bastante para se declararem "formalmente" representantes de todos. Que isto de representatividade democrática é um bicho de sete cabeças.

Anónimo disse...

Eu também preferia que os homens fossem perfeitos (o que é que isto quer dizer? se calhar, nada) mas são o que são. Que os políticos fossem santinhos e os eleitores estudassem cuidadosamente os programas e não fossem atrás de propagandas e cartazes. Mas o mundo não é o que eu gostaria que fosse (e ainda bem senão haveria muita gente chateada por não ser o que eles gostariam).

Anónimo disse...

Os políticos sabem de antemão o que não poderão cumprir? Se não prometerem ganharão eleições?
JMRamos

Anónimo disse...

Caro JMRamos:
Se não mentirem não ganharão. O problema está pois com os eleitores e não com os eleitos. Em português: são os eleitores que são rascas e não os políticos. Claro, os eleitores preferem atirar as culpas para os outros.

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