segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A CIÊNCIA EM 1910

Nova crónica de António Piedade saída no "Diário de Coimbra" (na figura o jovem Rutherford):

Enquanto em Portugal se punha fim a cerca de oito séculos de monarquia, por esse mundo fora outras descobertas se anunciavam, fruto da experimentação pelo método científico.

Muitas dessas descobertas viriam a exercer uma profunda transformação sobre a organização da sociedade, ao trespassar a revolução industrial com a força motriz das tecnologias que, cem anos depois, são agora fundamentos indispensáveis de qualquer sociedade e independentemente do regime político.

Em 1910 E. Rutherford fazia experiências que conduziam no ano seguinte à descoberta do núcleo atómico e à formiulação de um modelo atómico ainda hoje actual, o qual, resultando da interpretação de evidências experimentais, foi epicentro para muitos desenvolvimentos científicos sequentes sobre a estrutura da matéria e a relação entre matéria e energia.

O geofísico H.F. Reid apresentou o primeiro modelo geológico sobre a causa dos terramotos: a teoria do ressalto elástico. Reid elaborou a sua teoria a partir de observações de campo efectuadas após o grande terramoto de São Francisco, em 1906. Também em 1910, F.B. Taylor propôs que os continentes se moviam sobre a litosfera terrestre e que uma região menos profunda no atlântico (a dorsal meso-atlântica) marca a linha de partida da separação dos continentes africano e sul-americano.

T.H. Morgan descobriu, em 1910, que certas características hereditárias estão ligadas ao género sexual, resultado dos seus trabalhos fundamentais sobre mutações efectuados no secular modelo animal da genética, a pequena mosca do vinagre (Drosophila melanogaster), que nos ajudou a compreender como é que os genes funcionam.

O matemático Ernst Steinitz escreveu, em 1910, a Teoria Algébrica dos Corpos, artigo basilar da álgebra moderna. É a base abstracta da Teoria dos Grupos e outras que influenciaram a físiac e a economia no século XX.

O ano de 1910 também acolheu a síntese, por P. Ehrlich e S. Hata, da molécula Salvarsan ou “bala mágica 606” que, para além de se apresentar como cura para a sífilis (que não distinguia monárquicos de republicanos!), marca o início da quimioterapia moderna. Noutra perspectiva da luta contra germes, e nesse mesmo, ano Frank Woodbury introduziu o uso de tintura de iodo como desinfectante de feridas.

E, enquanto em Paris a luz néon era introduzida por Georges Claude, do outro lado do canal da Mancha o físico W.H. Bragg descobria como é que os raios X e gama permitiam a condução de electricidade em tubos contendo gases rarefeitos e fazia notar que as ondas daqueles raios se comportavam também como partículas neste processo.

1910 é, de facto, um ano repleto de efemérides centenárias.

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