segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Assistente operacional

Um dos muitos eufemismos pós-modernos da nossa realidade educativa num "boneco" de Antero.

5 comentários:

José Batista da Ascenção disse...

Se recuarmos no tempo, podemos ficar com um olhar mais completo sobre a evolução do conceito até à actualidade:
contínuo(a), empregado(a), auxiliar de acção educativa, assistente operacional...
Não consigo vaticinar quando mudará a terminologia actual.
Um outro exemplo de evolução do mesmo estilo é o que se passa com a designação de uma simples arrecadação de vassouras, pás de lixo, etc., agora pode ostentar na porta o dístico: "área técnica"
Agora digam lá que o "eduquês" não faz progressos...
A realidade é que não acompanha. Seguramente, porque o "eduquês" está muito à frente, para além e para cima de qualquer realidade.

João F. disse...

só um reparo: se ostenta na porta "área técnica" para uma arrecadação de vassouras, então foi mal colocada a placa..

se quer saber o nome arquitectónico do espaço é, pura e simplesmente "arrumo"

área técnica refere-se a um outro espaço onde se concentra a maquinaria e equipamento diverso, tal como caldeiras, quadros de luz, interruptores gerais, entre outros


o que não quer dizer que eu deixe de concordar com a sátira.. realmente é uma vergonha constatar que, cada vez mais, o povo necessita de nomenclaturas todas XPTO para se sentirem bem com o seu ego. As quais nomenclaturas que, muitas das vezes, na raiz etimológica do termo, estão mal empregadas por designarem coisas bem diferentes.

José Batista da Ascenção disse...

Caro João F.

Agradeço o esclarecimento. Realmente, é possível que no tal espaço esteja algum quadro de luz ou interruptores, ou algum retroprojector, mas o que já vi várias vezes lá acomodar são as vassouras...

Saki disse...

Prezados Professores,

eu fui Executante Operativa na Expo 98 (e depois, mais especificamente, Assistente de Público).
Enfim...
Ainda bem que já dispomos do equivalente português ao projecto Plain English - chama-se Português Claro, em http://www.portuguesclaro.pt/
Susana Serrão

Paulo Rato disse...

Quem não sabe fazer nada, criar nada, organizar nada, utiliza o reduzido núcleo de neurónios "operacionais" de que dispõe para inventar estas coisas, com dois possíveis objectivos que, nebulosamente, lhe ocorrem: convencer todos, em geral, de que serve para alguma coisa (objectivo principal); convencer os trabalhadores atingidos de que, se não lhes aumentam os ordenados, dão-lhes muito mais importância!
Mas há outras e díspares razões, que o Mundo está atafulhado de imbecis, mais ou menos indecifráveis, que também devem achar que estas pseudo-novidades são mais abrangentes (?), mais "modernas". É mesmo por tanta modernidade abaixo que temos vindo a escorregar...
Antigamente, havia o Director de Pessoal. Estava correctíssimo, o nome, com a vantagem de pôr em evidência que se tratava da gestão de pessoas. Alguém inventou a denominação "Director de Recursos Humanos". Costumo dizer, desde então, que foi para "abranger" o aproveitamento feito pelos nazis de dentes de ouro e produtos químicos resultantes da cremação das suas vítimas: que isso sim, são verdadeiros "recursos humanos". O primeiro Director da RDP que viu ser-lhe aplicada essa designação, um amigo meu, costumava ficar estarrecido e (visivelmente!) arrepiado com a minha (justa) interpretação do novo nome do seu cargo...
Eu, para não destoar, costumo apresentar a minha mulher-a-dias como "a minha assessora para a limpeza". Tem sido um "incremento de modernidade executiva doméstica" quintéspanta!
Paulo Rato

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