domingo, 10 de janeiro de 2010

Quando se toma o gato por lebre






“A ambição universal dos homens é colherem aquilo que nunca plantaram”
(Adam Smith, 1723-1790).


Começo por transcrever, de uma entrevista de Rui Marques Veloso, este excerto: “Muitas vezes penso que sou responsável pela certificação profissional de pessoas que eu sei que não são bons professores. Por muita intuição que se tenha, não há nada que substitua uma sólida formação científica e uma sólida formação pedagógica e didáctica” ("De Rerum Natura”, “A crença no mundo de Peter Pan”, 12/12/2009).

Como diria Eça, em nome da “igualdade do medíocre”, e em contradita com esta opinião de um reputado responsável pela formação de professores, os sindicatos querem continuar a fazer passar para a opinião pública a mensagem de que todos os professores cumpriram um percurso académico igual não se justificando, como tal, qualquer distinção na progressão da carreira docente a não ser a dos anos de serviço e de uma avaliação criticada, agora, por eles próprios depois de anos de silêncio cúmplice.

Desta forma, em clima de babélica pressão sindical, nasceu, no consulado de Roberto Carneiro, um Estatuto de Carreira Docente englobando os ensinos infantil, básico e secundário com uma pequena diferenciação entre professores licenciados e bacharéis, em início e no topo da carreira. Mas mesmo logo ela foi mitigada com a igualdade estabelecida entre um professor diplomado pelas ex-escolas médias do magistério primário que se tenha inscrito em escolas superiores privadas, para em poucos meses alcançar uma licenciatura (anterior a Bolonha), equiparado a antigos colegas seus que resolveram terminar os dois últimos anos de estudos liceais para ingressarem uma licenciatura universitária (com as inerentes despesas e roubo de horas de descanso depois de um dia de trabalho como docentes). Espero que alguém me possa explicar a justiça desta situação sem o choradinho do coitadinho que não foi mais além nos estudos por falta de meios económicos, mas nunca de cabulice. Um entendeu, posteriormente,com “sangue, suor e lágrimas”, por bem valorizar-se. Outro deixou-se ficar onde estava, até que o bambúrrio da sorte lhe permitiu uma licenciatura do tipo Novas Oportunidades.

Foi preciso a criação de duas categorias de professores, professor-titular e professor, para fazer vir ao de cima a injustiça de um professor de menor mérito passar à frente de outro de maior valor por critérios administrativos discutíveis. E aqui, qual bola de sabão, desfez-se uma solidariedade fomentada no nacional porreirismo de não fazer ondas para obter o louvor dos néscios, o aplauso dos medíocres e a simpatia de uma sociedade que abdicou do mérito.

Não é, portanto, impunemente, que cada vez que se revê o Estatuto da Carreira Docente não há a coragem de ir ao fundo da questão partindo do princípio que simples retoques resolvem o problema de um ensino em que se podam os ramos de uma árvore de raízes podres em que “ o despotismo da igualdade é o mais insuportável e o mais feroz dos despotismo, porque tem a sua origem na vontade dos impotentes, dos estúpidos, dos insignificantes”, como reconheceu Camilo Castelo Branco.

Não sopram, de forma alguma, os ventos de feição para os professores licenciados por universidades ao concorrerem para professores do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico com licenciados por escolas superiores de educação em que um único valor a mais de diploma de curso faz com que estes passem à frente daqueles. Para além de uma questão moral, trata-se de um problema de deficiente qualidade do ensino do básico prejudicado pelo facto de várias décadas atrás, o ensino da matemática ser ministrado por licenciados universitários e, em anos recentes, passar a ser dada por docentes formados por escolas superiores de educação habilitados não só para ensinarem matemática como ciências da natureza.

No findar de cada ano, as casas comerciais fecham as portas para avaliar o stock da mercadoria existente e providenciar as necessidades futuras. Mas o sistema educativo nacional tem prescindido desses tão úteis balanços, sendo confrontado com estudos internacionais que denunciam o seu descalabro. Segundo Isidro Alves, Reitor da Universidade Católica ( 1996 a 2000), “o poder político não conseguiu programar o sistema, foi ao sabor das ondas e, assim, resolveu problemas em vez, em lugar de programar politicamente um sistema".

Embora os ventos não corram de feição, por a ministra da Educação, Isabel Alçada, e a presidente do Conselho Nacional de Educação, Ana Maria Bettencourt, serem ambas professoras de escolas superiores de educação e, simultaneamente, os longos anos que os dirigentes sindicais passam nos cargos terem feito deles “uma espécie de privilegiados institucionais não se confrontando com o duro dia-a-dia dos professores”, como escreveu Helena Matos (Público, 07/01/2010), com a função prioritária de defenderem uma determinada orientação político-partidária, interesses pessoais ou a percentagem maioritária de sócios de menor habilitação académica, deverão os actuais alunos de faculdades com destino à docência, através dos seus órgãos representativos, assumirem uma postura muito firme na defesa de direitos futuros em que se deve ter acesso e progredir na carreira docente por mérito próprio e não por atalhos de duvidosa justiça e pouca ou nenhuma moralidade. Na vox populi, “mais vale prevenir do que remediar”!

20 comentários:

Anónimo disse...

NA SALA DE AULA

Que bonito é ensinar
quando se tem vocação:
é como pôr a falar
pela boca o coração!

Há quem nasça com a sina
de vir a ser professor:
é tarefa que abomina
quem não sente esse pendor.

A ordem que tem de haver
na sala de aula não há-de
ser questão de o pé bater,
mas de personalidade.

Muitas vezes castiguei
alunos mal-educados,
cujos pais, que elucidei,
me ficaram muito grados.

Fui professor muitos anos,
nunca disso me cansei:
foram contactos humanos
que jamais esquecerei!

JCN

António Martins disse...

Ora aqui está um dedo na ferida muito bem colocado.
Se todos formos bons não haverá ninguém para fazer o papel de mau da fita.

António Daniel disse...

Creio que Portugal é o único país da Europa que introduziu a carreira única. E tudo o que foi feito até agora, incluindo a avaliação, tem a sua razão de ser nesta carreira única. Lembro-me perfeitamente da balbúrdia que foi, com professores primários, que com dignidade chegaram aí, transitarem para professores de Ed. Física em três meses de curso numa qualquer escola superior de educação. Foram tempos de glória para quem se safou. E isto é irreversível por que, caro Rui Baptista, tornou-se tabu falar-se nisto.

BBS disse...

Agradeço a publicação de um quadro meu que fizeram no vosso blogue.

Sara Raposo disse...

"A sólida formação científica e pedagógica" não importa nas escolas. O que vale é o foclore, as boas relações pessoais com o poder...é isto que se avalia.

As escolas e os professores transformaram-se (e deixaram-se transformar) em instrumentos dos políticos que os utilizam a seu bel prazer para distrair o povo dos problemas da economia e da da justiça, por exemplo.

Mudam-se as políticas educativas - o que na legislatura anterior se consideravam prioridades - e ninguém assume os erros, a responsabilidade...

Compromete-se a formação e o futuro dos alunos com o facilitismo reinante, mas ninguém parece dar por nada. Sem dúvida que os políticos portugueses, sairam do meio dos portugueses.

Anónimo disse...

Acho que o título mais correcto seria: "Quando se tomam como iguais as lebres e os coelhos"

Anónimo disse...

Em questões de paladar... a diferença não seria muita, suponho eu... que não tenho o exigente pladar de Aquilino, a quem não seria fácil impingir gato por lebre. Olha quem! JCN

Anónimo disse...

Eu não creio, nem por nada,
nem jamais poderei crer,
que exista algum professor
que seja capaz de pôr
a sua missão sagrada
ao serviço do poder!

Se houver alguma excepção,
esse dito professor,
mesmo que seja doutor,
não passa de um... (a completar pelo leitor, segundo o seu critério ou sensibilidade).

JCN

Rui Baptista disse...

Em devido tempo, responderei a todos comentários já feitos ou que venham a ser feitos.

Entretanto, gostaria de saber a opinião dos verdadeiros interessados, em vias de se licenciarem em universidades públicas ou já licenciados, com destino à docência no ensino básico ou, mesmo, secundário em concorrência desvantajosa com os licenciados pelas escolas superiores de educação.

Pelo andar da carruagem, tudo leva a crer que não se trata de uma mera possibilidade. As escolas superiores de educação tiveram como génese atribuir bacharelato para a docência, apenas, do ensino infantil e 1.º ciclo do ensino básico (antiga instrução primária).

Nada fazer é deixar que outros façam por nós, havendo, como tal, o perigo de se cumprir o anexim: "Quem cala consente"!

José Batista da Ascenção disse...

Caro Rui Baptista:
Tudo o que diz é cruamente verdadeiro. Tão verdadeiro que ninguém pode deixar de honestamente o reconhecer. E tão verdadeiro que ficamos aturdidos, e nos interrogamos a nós próprios: Como foi possível? Como continua a ser possível? Como nos calamos (quase) todos? E porque é que os responsáveis destas e doutras coisas nunca dão a cara, isto é, nunca reconhecem as injustiças que cometem, o sofrimento que causam e o prejuízo com que hipotecam continuadamente o país?
Porém, pelo meu lado, agradeço-Lhe (a si) a coragem e a frontalidade da denúncia. Só por ser denúncia clara e assumida, não por acreditar que as orelhas dos mandantes as oiçam, e muito menos que as considerem... O que só reforça o "obrigado" que Lhe devo (a si).

José Batista da Ascenção disse...

No meu comentário anterior, na penúltima e última linha, onde está ..."mandantes as oiçam, e muito menos as considerem"... devia estar: "mandantes a oiçam, e muito menos a considerem"

Rui Baptista disse...

Caro António Martins:

Li, em tempos e algures, um testemunho, salvo erro, de Mário Nogueira em que dizia que os professores eram, uns,mais bons, outros, menos bons.

Como se igualar desiguais não fosse a maior forma de injustiça que tanto tem prejudicado o nosso sistema de ensino.

Fartinho da Silva disse...

Pois é, caro Rui Batista,

O lobby das "ciências" da educação fez o seu trabalho e agora que está completamente cimentado não vejo forma de resolver o enorme problema que criou no sistema de "ensino"...

Rui Baptista disse...

Caro António Daniel:

1.Em próximo post, tenciono debruçar-me sobre a carreira docente ÚNICA que eu tive como “Leito de Procusta”, dos nosso tempo, em que, criminosamente, se cortaram as pernas aos professores de maior graduação académica e se esticaram as pernas aos menos ilustrados” (“Do Caos à Ordem dos Professores”, Rui Baptista, edição do SNPL, Janeiro de 2004).

2. Na verdade, o ex-curso do magistério primário tinha a dignidade de não fomentar o carreirismo que substituiu a dedicação pelo ensino das primeiras letras.

3.Para além da Educação Física transitaram,também, professores desse grau inicial de ensino básico, para a docência de outras disciplinas do 2.º ciclo do básico (eu sei do que falo porque fui convidado para dar aulas numa dessas escolas de ensino “superior”, não tendo aceitado).

4.Discordo de si, apenas, num ponto: está longe de ser tabu falar neste assunto como provam os comentários aqui subscritos (o seu e de outros comentadores) que fazem renascer em mim a esperança de que, como escreveu Almada Negreiros, “os dias terríveis são, afinal, as vésperas dos dias admiráveis”. E esses dias admiráveis do devir não permitirão que interesses sindicais sejam a bússola de orientação dos destinos de uma Educação digna desse nome. Como diz a sabedoria popular, “água mole em pedra dura…”

Rui Baptista disse...

Prezada Sara Raposa:

Em boa e desgraçada verdade, quem anda pelo ensino sabe bem que o folclore de cacarejar obra feita (mesmo que mal feita ou nem sequer feita) rende, por vezes, bem mais que o trabalho docente sério e a dedicação aos alunos.

Mas esta pecha não se verifica unicamente no ensino. No meu tempo de oficial miliciano, havia um alferes que atravessava a parada, afadigado, com uma pasta debaixo do braço várias vezes ao dia para ir ao bar dos oficiais beber a sua bica. Pensava o comandante do quartel que ele se encontrava em serviço de um lado para o outro, facto que merecia o louvor do manda-chuva e era apresentado como exemplar. Tratava-se de boas relações com um poder que era intrujado.

Entretanto mudam-se as políticas, como refere, infelizmente, por vezes, para pior. Haja em vista as imagens televisivas recentemente passadas em que é nítido o contentamento pela assinatura de um discutível protocolo entre a recente ministra da Educação, Isabel Alçada, e o quase vitalício dirigente máximo da Fenprof, Mário Nogueira. Esse duplo encantamento pode levar o incauto a pensar que, finalmente, as políticas educativas foram o objectivo para a melhoria de um ensino que não ensina…e continua a não ensinar porque tem a formação dos professores como coisa de somenos importância aplicando à melhoria do ensino a fórmula: Quanto menor for a formação dos professores melhor será o seu desempenho…

Finalmente, permita-me discordar de si, apenas, num ponto, quando escreve: “mas parece ninguém dar por nada”. Seremos poucos em dar, hoje, por isso. Amanhã, seremos muitos mais. Os politiqueiros e a sua acção nefasta passam. Com mais ou menos tropeções, a educação de um povo será sempre salva e perene, mesmo em épocas de crise nacional como a denunciada por Ramalho Ortigão: ” Exm.º Senhor Ministro do Reino: O estado em que se encontra em Portugal a instrução secundária leva-me a dirigir a V. Ex.ª o seguinte aviso: Se a instrução secundária não for imediatamente reformada, este ramo do ensino público acabará dentro de poucos anos”.

Mas quando anos mais serão o País e a sua juventude fustigados pelo desvario em atribuir diplomas académicos, a exemplo do acontecido no estertor da monarquia em que eram distribuídos títulos nobiliárquicos que serviam de pasto para a chacota nacional: “Foge cão que te fazem barão! Para onde, se me fazem visconde?”

P.S.: Seria interessante saber quantos dos nossos políticos iniciam as suas carreiras sem diploma de grau superior e num fechar e abrir de olhos nos surgem licenciados e, mesmo, doutorados, ainda que em deslocações de fim-de-semana a universidades (?) de aquém e além-fronteiras.

Rui Baptista disse...

Aos dois anónimos dos comentários ao título do meu post:

Infelizmente, os nossos políticos querem fazer crer ao povo que a lebre e o coelho são um pitéu igual. Faz-lhes falta o gosto apurado de Aquilino...

Aliás, já Eça criticava a opinião da Academia sobre os livros comparando-a à do seu criado Vitorino: "Este benemérito, quando em Coimbra, lhe mandáva-mos buscar a um cacifo, apelidado de 'Biblioteca de Alexandria', um livro de versos, trazia sempre um dicionário, um Ortolan, ou um tomo das Ordenações; e, se, por maravilha, nos apetecia justamente um destes tomos de instrução era certo aparecer Vitorino com Lamartine ou 'A Dama das Camélias'. Os nossos clamores de indignação deixavam-no superiormente sereno. Dava um puxão no colete de riscadinho, e murmurava com dignidade: 'Isto ou aquilo são coisas de letra redonda'".

Igualmente, falta aos nosso governantes e sindicalistas o paladar de Aquilino que os leve a distinguir o gosto de um coelho e de uma lebre porque para eles um professor licenciado pela universidade, habilitado para ministrar, apenas, uma disciplina e um outro licenciado por escolas superiores para ministrar, simultaneamente, duas disciplinas são COISAS DE LETRA REDONDA!

Rui Baptista disse...

Meu Caro José Batista da Ascenção:

Começo pelo fim do seu comentário. Também eu não acredito que os mandantes sejam capazes de dizer, em prova de assunção de culpas, vamos dissecar os problemas da Educação e tentar resolvê-los. É mais fácil, e desperta até o aplauso dos néscios, dizer: Deixá-los falar que eles se calarão!

Entretanto, talvez por vergonha, não dão a cara remetendo-se ao silêncio (mas não dos inocentes). Mas eu acredito, como acreditam os autores dos comentários aqui deixados que a avalanche da razão terá por começar por pequenos testemunhos que chamem a atenção pública para o facto de terem igual (ou até melhor) tratamento oficial todos aqueles que optam pelo facilitismo de se fazerem clientes de uma ensinança que transformou Portugal, como escreveu Francisco de Sousa Tavares, “não num país de analfabetos, como até aqui, mas num país de burros diplomados”. O analfabetismo tem cura. A burrice, não.

Rui Baptista disse...

Meu Caro Fartinho da Silva:

É sempre muito honrado que o vejo no mesmo lado da barricada a lutar por um ensino melhor, mais sério e mais justo .

Como ,aliás, por si próprio já foi reconhecido, num comentário a Helena Damião, académica apaixonada pelo estudo e magistério universitário das Ciências da Educação, o grande perigo do lóbi das “ciências” da educação (“eduquês”) reside na confusão, a exemplo, estabelecida entre a Medicina e a prática dos charlatães com o perigo de se querer fazer passar essa mensagem para uma opinião pública nem sempre devidamente esclarecida.

Como de certo, já reparou, nada disto é feito sem a intenção de servir interesses políticos e/ou sindicais de quem beneficiou de um ensino de três ao pataco para subir na vida sem esforço e sem glória. Mas com evidentes dividendos…

Rui Baptista disse...

Num dos meus comentários iniciais, fiz o seguinte apelo, até à data não correspondido: “Entretanto, gostaria de saber a opinião dos verdadeiros interessados, em vias de se licenciarem em universidades públicas ou já licenciados, com destino à docência no ensino básico ou, mesmo, secundário em concorrência desvantajosa com os licenciados pelas escolas superiores de educação”.

Em parte, até me disponho a compreender o silêncio. Esta situação é tão aberrante que mais parece “que qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência”, como se lê no genérico de filmes de cinema. Mas, infelizmente a realidade é aquela acima descrita, nua e crua.

Disso é testemunho uma das mais concorridas Assembleias Magnas da Academia de Coimbra, tendo como pano de fundo a revolta de uma aluna da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra que, com a frontalidade de se assumir como “setenta por cento marxista”, não deixou de gritar a plenos pulmões, inflamando a vasta assistência. “Nós [os universitários] suamos mais e trabalhamos mais do que os do Politécnico” (“Público”, 01/11/2001).

Mas já mesmo em anos anteriores, em Junho de 96, o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados levou a efeito uma sessão, no Teatro Paulo Quintela da Faculdade de Letras de Coimbra, perante a teimosia do governo (pela voz da então secretária de Estado Ana Benavente) em alargar a formação de professores do 3.º ciclo do ensino básico às escolas superiores de educação. Meses depois, o Senado da Universidade de Coimbra não se eximiu, por seu turno, em declarar, “urbi et orbi”, que “as propostas do governo subverteriam as missões ou objectivos dos Institutos Politécnicos e das Universidades e se traduziriam numa degradação do ensino”. Igualmente discordante desta medida se manifestou o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.

Este desastroso “statu quo” , se não for invertida a situação, conduzirá “à la longue”, ou mesmo a curto prazo, a um possível encerramento de faculdades por afectar mais os universitários que entram nos seus cursos com notas mais altas e saem, pela maior exigência do ensino aí ministrado, com classificações mais baixas que os alunos das escolas superiores de educação.

A força da razão nem sempre leva de vencida a razão da força emanada de um verdadeiro trabalho de sapa preparado na penumbra dos gabinetes do poder. Daqui, a minha estranheza por uma apatia com reflexos negativos no futuro do próprio país cujo progresso social e económico depende de um ensino sério e não de um ensino que muito se assemelha a uma feira de roupas de marcas falsificadas necessitada de uma urgente inspecção da ASAE!

P.S.: Obrigado a JCN os versos enviados e a subtileza de deixar ao cuidado dos leitores o final do último verso publicado…

Rui Baptista disse...

Na 1.ª linha do 3.º § do meu comentário a Fartinho da Silva, onde está escrito "de certo", corrijo para "decerto".

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