quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Transição para a civilização do tipo I


O físico norte-americano Michio Kaku (na figura, a cumprimentar o robô) termina assim o seu livro "Mundos Paralelos" (Bizâncio, 2006) advogando a transição para uma civilização verdadeiramente planetária, uma civilização que usa toda a energia que recebe da sua estrela (a nossa civilização ainda é de tipo 0,7):
"Na peça de Anton Chekhov "As Três Irmãs", no acto II, o Coronel Vershimin proclama: "Dentro de um século ou dois, ou dentro de um milénio, as pessoas viverão de uma maneira diferente e mais feliz. Não estaremos lá para ver, mas é para isso que vivemos e trabalhamos. É para isso que sofremos. É para isso que estamos a contribuir. É essa a finalidade da nossa existência. A única felicidade que podemos conhecer é saber que estamos a trabalhar para esse objectivo."

Pessoalmente, longe de me sentir deprimido pela imensidão do Universo, estou impressionado com a existência de mundos inteiramente novos a seguir ao nosso. Vivemos numa época em que estamos a começar a exploração do Cosmos com sondas e telescópios espaciais, com teorias e equações.

Também me sinto privilegiado por viver num tempo em que o nosso mundo está a dar passos tão heróicos. Estamos vivos para presenciar o que talvez venha a ser a maior transição da história da humanidade: a transição para uma civilização de tipo I, talvez a a mais significativa, mas também a mais perigosas transição da história da humanidade.

Outrora, os nossos antepassados viveram num mundo cruel e hostil. durante a maior parte da história, as pessoas tinham uma vida curta, uma vida selvagem, e a esperança média de vida era de cerca de 20 anos. Viviam à mercê do destino, do terror constante das doenças. o exame dos ossos dos nossos antepassados revela que estão incrivelmente gastos, o que testemunha as cargas que transportavam diariamente; também exibem marcas indiciadoras de doenças e de acidentes horríveis. Mesmo no século passado, os nossos avós viviam sem os benefícios das medidas sanitárias modernas, dos antibióticos, dos aviões a jacto, dos computadores e das outras maravilhas da electrónica.

Os nossos netos, contudo, viverão na alvorada da primeira civilização planetária da Terras. Se nós não permitirmos que o nosso instinto brutal para a autodestruição nos consuma, os nosso netos poderão viver numa idade em que a miséria, a fome e a doença deixarão de ameaçar o nosso destino. Pela primeira vez na história, temos ao nosso dispor os meios para destruir toda a vida na Terra ou para transformar o planeta num paraíso.

Quando era criança, muitas vezes perguntava como seria a vida num futuro longínquo. Hoje acredito que, se pudesse escolher viver noutra era qualquer da humanidade, escolheria esta. Vivemos hoje o tempo mais excitante da história do homem, o ponto culminante de algumas das maiores descobertas cósmicas e avanços tecnológicos de todos os tempos. Estamos a fazer a transição histórica de observadores passivos da dança da Natureza para nos transformarmos em coreógrafos dessa dança, com a capacidade de manipular a vida, a matéria e a inteligência. Contudo, a esse tremendo poder acresce a grande responsabilidade de garantirmos que o fruto dos nossos esforços será usado sensatamente e para benefício de toda a humanidade.

A geração actual é talvez a geração mais importante da humanidade. Ao contrário das gerações anteriores, temos nas nossas mãos o destino da nossa espécie: ou nos elevamos cumprindo o nosso destino como uma civilização de tipo I ou caímos no abismo do caos, da poluição e da guerra. As decisões que tomarmos irão repercurtir-se no presente século. O modo como resolvermos as guerras globais, a proliferação de armas nucleares e a guerra sectária e étnica erguerão ou deitará por terra as bases de uma civilização do tipo I. Talvez a finalidade e o sentido da actual geração sejam garantir a suavidade da transição para uma civilização do tipo I.

A escolha é nossa. Este é o legado da geração actual. Este é o nosso destino."
Michio Kaku

5 comentários:

alf disse...

Ele está certo mas é muito mais do que ele diz; ele constata, mas não entende as razões profundas.

Embora em linguagem um pouco estranha para o mundo científico (bem, a Michio Kaku também se aproxima muitas vezes mais das dos bruxos que dos cientistas...) parece-me que digo algo mais no último post do outramargem-alf:

http://outramargem-alf.blogspot.com/2010/01/mae-terra-mother-earth.html

Armando Quintas disse...

A questão é a seguinte: A nossa civilização humana já possui conhecimentos e capacidade técnica para viver da energia do sol, pergunto, porque não o faz e do que está à espera?

Anónimo disse...

Esta a espera do seu desenvolvimento social, que foi bem mais lento nesse planeta do que o desenvolvimento tecnologico. Essa e a justificativa que o Michio da para o mau uso da nossa tecnologia e seus efeitos colaterais indesejaveis, como poluicao e armas.

Ele fala de tudo isso no finalzinho do livro "hyperespaco", que eu recomendo a todos, melhor livro de fisica avancada em linguagem leiga que ja vi !

Cláudia da Silva Tomazi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cláudia da Silva Tomazi disse...

Nota-se (livro acima) lançado me 2006.

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