sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
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35.º (E ÚLTIMO) POSTAL DE NATAL DE JORGE PAIVA: "AMBIENTE E DESILUSÃO"
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2 comentários:
Este é um problema profundo. A ciência deve ser financiada pela qualidade do trabalho, independentemente da área ou da suposta utilidade. Quando se faz depender o financiamento da «utilidade», abre-se a porta à fraude, à desonestidade, ao chico-espertismo.
Também uma certa confusão entre qualidade e quantidade tornou-se um problema. Quem publica 100 artigos não é de certeza um génio da ciência - a qualidade exige tempo - mas um burocrata da ciência que costura artigos uns atrás dos outros, dizendo todos o mesmo ou dizendo coisa nenhuma. Preguiçoso não será, pelo menos.
Claro que há outros critérios que se usam, como o impacto dos artigos dentro da sua área, mas tb são critérios dificeis de apurar.
Penso que a tónica na quantidade tem poluido terrivelmente a Ciência, com montanhas de artigos inuteis que só fazem perder tempo e criam ruído.
Penso que seria preferivel uma ciência mais lenta, questionante, amadurecida. Para não entrar tão depressa no caminho da asneira.
A Ciência não é uma Religião. As religiões podem permanecer paradas mas a Ciência move-se; e se não vê bem para onde se move, perde-se no beco da asneira.
Bem, em resumo, existe um probleminha com o financiamento e funcionamento da Ciência, mas qual a solução??
Concordo plenamente consigo. Por essa mesma razão - entre outras - abandonei a Academia. Esta devia assentar em dois grandes pilares: Liberdade e Qualidade. Mas o actual paradigma parece ser, cada vez mais: Produtividade e Quantidade. (Já para não falar dos "jogos de poder e submissão" que tradicionalmente existem na Academia, entre quem está e controla o "sistema", e os "neófitos"...).
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