quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A nova ministra e o "eduquês"

Um dos méritos da nova ministra da Educação, Isabel Alçada, é, sem dúvida, a sua capacidade para escrever claro. Essa capacidade é demonstrada pela extraordinária adesão dos jovens à colecção de livros que escreveu com Ana Maria Magalhães. Por isso pergunto: terá a ministra vontade e capacidade de impor a regra de escrita clara num Ministério que só tem conseguido exprimir-se em "eduquês"?

3 comentários:

dromofilo disse...

O problema é que o eduquês não é um mero maneirismo linguístico com os "lugares retóricos" consabidos. É um paradigma educativo constituído por concepções e práticas difusas, mal explicadas e mal compreendidas, que transformaram o discurso pedagógico num dialecto tribal (basta compulsar alguns exemplares desse grande género literário escolar - as actas dos conselhos de turma - para nos quedarmos em estupor perante tanta inanidade e confusão).

José Batista da Ascenção disse...

Só que tivesse vontade, já era alguma coisa.
A capacidade podia buscá-la no apoio de muitos professores, que, de bom grado, lho dariam.
Creio que o resto viria por acréscimo. Penso que a linguagem é um instrumento do pensamento, e o primeiro passo era fazermo-nos entender, depois eliminava-se a ganga educativa, a seguir, as pessoas exigiam aprender e, finalmente, a escola cumpria a sua função.
Só que era preciso vontade, muita vontade, e coragem, e discernimento, que os obstáculos (leia-se interesses), são muitos, diversificados e terrivelmente poderosos...

Fartinho da Silva disse...

Depois da resposta do José Batista da Ascenção torna-se difícil acrescentar algo. No entanto, gostaria de deixar aqui uma nota que talvez seja relavante, a nova Ministra da Educação para vencer o eduquês necessita de: acreditar que o paradigma do bom selvagem, onde assenta toda a ideologia delirante imposta à escola pública, tem que terminar de uma vez por todas; ter o apoio incondicional do Governo e do Presidente da República para vencer todos os interesses instalados e que vivem à custa do trabalho dos professores e dos alunos; coragem para aguentar o populismo da esquerda kaviar e uma comunicação social séria, honesta e trabalhadora.

Desta forma, julgo não ser de todo possível vencer o lobby várias aqui denunciado e como tal estou convencido que tudo ficará na mesma. Ou seja, os "professores" e os "alunos" continuarão a ser uma espécie de ratinhos de laboratório para experiências pedagógicas delirantes e completamente ultrapassadas no tempo.

Deixo aqui as pistas que me deixam céptico:
1º a manutenção de um estatuto de carreira igual para todos os professores de todos os graus de ensino não superior e até dos educadores de infância;
2º a manutenção de um sistema de "avaliação" de desempenho de professores igual para todos os professores de todos os graus de ensino não superior e até dos educadores de infância;
3º o aumento orçamental de 100 milhões de euros para todas as instituições de ensino superior.

Por vezes tenho dificuldade em distinguir este sistema patético do sistema político criado na antiga União Soviética.

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