Nessa entrevista aborda, entre outros aspectos, a necessidade de, nas actuais democracias, se reequacionar a educação, para que as pessoas possam ir além do trivial e, nessa medida, apreciar o que, afinal, vale a pena.
"- O mais baixo da humanidade é uma pessoa que, apoiando-se nas armas, substitui a cultura, a liberdade pela opressão e pela ignorância. É o que humanidade pode fazer de mais baixo (…). Muitas vezes há críticas à democracia… A democracia tem muitas dificuldades, evidentemente (...). Um dos grandes erros da nossa geração, nos anos sessenta, foi pensarmos que, com a barriga cheia, quando as pessoas estivessem bem alimentadas, quando o pão chegasse para todos, depois da substituição da ditadura, ler Shakespeare era imediato. Era o passo seguinte, automático. E não é automático. Se há um passo fácil, é o de dar de comer porque nisso influem as máquinas, a organização… A ciência pode dar de comer, mas, depois de estarem alimentadas, as pessoas não vão ler Shakespeare. As pessoas vão é ao futebol. Nós pensávamos que isso tinha acabado com o Franco, e não acabou. Agora temos uma sociedade alimentada que não se molha à chuva, mas que não lê Shakespeare. Esse passo é muito mais difícil. Porquê? Porque podemos dar de comer a milhões de uma vez, mas não podemos pôr milhões a ler de uma vez. A leitura é um acto solitário.
- Mas achas que a democracia falhou na educação?
- Não. Não falhou, só que é muito mais difícil, e nós não sabíamos. Por isso é mais difícil saber que a poesia é um refúgio. Quantas pessoas sabem que a poesia é um refúgio? Quantas pessoas estão dispostas a fazer um esforço para ler um poema? Qualquer um pode ler um poema. Quem sabe ler um jornal pode ler um poema, mas não com o mesmo esforço com que se lê o jornal, porque aqui também não se oferece nada. Se as coisas são boas, é preciso alcançá-las, portanto é preciso um pequeno esforço."
15 comentários:
O Margarit é mais um dos fracos observadores do mundo (não lhe tiro o mérito como arquitecto, etc) que não compreendem que as pessoas não funcionam assim, não são nada assim. Este tipo de pensamento é de um elitismo ridículo, de ignorantes. Porquê?
Porque há grandes especialistas em literatura que não suportam Shakespeare (eu também não).
Porque há grandes intelectuais que adoram futebol e até o praticam.
Porque há grandes cientistas que não lêem um jornal ou um romance. Etc.
E não me venham dizer que é porque foram educados assim ou assado, ou que não têm acesso à cultura. É simplesmente porque as pessoas são assim, não tem nada que saber.
Esse estériótipo estúpido de que as pessoas educadas tocam piano e falam francês, lêem Shakespeare e detestam futebol, adoram ópera e não ouvem pimba, só vêem filmes europeus e detestam o bigbrother, é uma coisa tão ridícula que eu nem sei o que diga. Estou fartinho de ouvir esta conversa! Isto não é de pessoas inteligentes que observam o mundo que as rodeia!
Porque é que todas as pessoas tinham que gostar do Shakespeare ou simpatizarem com a Helena Damião?! E porque é que o Shakespeare não é compatível com a ida a um excitante jogo de futebol?!
luis
SHAKSPEAR OU CAMÕES?
Para haver Democracia
antes do mais é preciso
largas dar à Poesia,
afirmo, insisto e repiso.
Barriga cheia não basta,
como diz o aforismo,
o ser humano se arrasta
onde não chega o humanismo.
Para elevar-nos a Deus,
ou seja, acima do chão,
leiamos os corifeus
da suprema inspiração!
JCN
Grato... pela divulgação...
http://angeloochoa.spaces.live.com/default.aspx
Em
http://angeloochoa.net/portal_files/page0003.html
e em
http://angeloochoa.net/portal_files/page0004.html
e em
http://angeloochoa.net/portal_files/page0010.html
e em
http://angeloochoa.net/portal_files/page0005.html
poderão fazer «download»
a custo zero dessa de
‘As Cidades de Israel’
e DAS TODAS as restantes 11 publicações,
que o mesmo autor, com a sua forçosa escrita, deu a luz do dia,
nos seus 51 anos de literatura,
até hoje…
…«Poesia Para Dar…»
(Escreveria o Paulo Quintela…)
…«Tudo Dás, Tudo Tens…»
(Disse o Jesus Cristo…)
O Canadá vive em democracia há bastante tempo e parece ter um sistema de ensino de fazer os EUA corar de vergonha.
E daí... Senhor Fartinho da Silva? JCN
Que desolação... ver assuntos pressupostamente sérios tratados desta forma... Grande confusão. Eu pertenço à geração de sessenta e tenho a certeza de que ninguém pensava então que quem tivesse a barriga cheia passaria a ler Shakespeare.
Não sei se o lerá quem tiver barriga vazia. Simplesmente não compreendo a ideia. Basta de trivialidades de mesa de café, entre duas rodadas de sueca.
Barriga cheia não basta,
mas sem este pressuposto
haverá quem tenha gosto
para coisas desta casta?
Com a barriga a tenir
quem terá disposição
para em vez da refeição
poemas ler e ouvir?...
JCN
Mas afinal moderam os comentários para que?
Para evitar, suponho eu, comentários absolutamente supérfluos e descabidos... como o seu. JCN
Acerca da moderação de comentários.
Em minha opinião, poucos blogs existirão cuja administração se revele tão liberal e democrática como este. Que os comentadores se queiram substituir aos critérios de moderação adoptados pelos seus administradores parece-me inusitado e abusivo.
Bem, de facto, encontram-se por aqui comentários bastante desqualificados. Estou convicto de que os administradores deste blog exercem uma moderação astuta. Seja, não negam a expressão a ninguém e, simultaneamente, deixam fluir e tornam visível o estrato mais profundo de uma atávica cultura de improviso.
Já agora, o Senhor Censor Anónimo pretenderá no anonimato passar a moderar este blog? Até agora, os moderadores têm pelo menos nome.
Estive cá a pensar... Será que Margarit quer dizer que é mais fácil educar em ditadura do que em democracia?
Lá mais fácil é... a ditadura é livre de obrigar a ler... Aquilo que interessa... à ditadura... E da maneira que interessa...
Labirínticas ideias...
Mas estao parvos ou o quê?
Existe aqui um comentário que é apenas publicidade.
Como este já apanhei vários. Tal como já perguntaram, para quê fingir que os comentários são moderados quando claramente são apenas em diferido?
Nem o SPAM filtram!
E nem espero que o JCN perceba isto porque depois de não ter percebido o primeiro perdi a esperança.
Nem percebeu que a resposta que deu se nega a ela própria.
Ao menos que filtrem o SPAM ou deixem-se de farsas.
O senhor "Eu", que continua a primar pelo anonimato, pelo visto... tramou-as comigo! Obrigado... pela publicidade... gratuita, animando-me a continuar! JCN
Em vez de publicidade, não quereria vossemecê, senhor "Eu", dizer exibicionismo, que pelo visto é o que pretende vossemecê com a sua dupla e avinagrada intervenção?!... Modere-se, homemde Deus! JCN
Senhor "Eu", que nunca pára,
diga lá quem você é:
diga o nome, mostre a cara,
que ninguém lhe bate o pé!
JCN
Enviar um comentário