"Assistimos nós à morte da Universidade (…)? De algum modo, sim. Uma certa figura de Universidade desapareceu no horizonte arrastada pela exigência mesma de uma democraticidade do acesso ao saber. Dessa morte não devemos ostentar o luto. Mas seria trágico se nessa metamorfose da ideia e da realidade a Universidade, enquanto forma suprema do viver intelectual europeu, não pudéssemos controlar, ou antes guiar, o movimento dessa vaga e fôssemos arrastados por ela aceitando passivamente a proliferação de saberes sem emprego, no seu duplo sentido de sem finalidade e sem inserção no mercado simbólico da comunidade intelectual e humana que chamamos latamente a Cultura e que constitui o espaço teórico-prático da sociedade no seu conjunto”.
Eduardo Lourenço, 1988
Referência bibliográfica: Lourenço, E. (1988). Nós e a Europa ou as duas razões. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 73-77.
4 comentários:
Assistimos também à morte da universidade quando deixa de ser um direito para ser uma obrigação.
Hoje os meninos e as meninas irem para a universidade tornou-se uma obrigação do estado, o estado assume, os pais assumem e os meninos assumem.
Mesmo que estes alunos não saibam escrever correctamente o português, mesmo que não saibam falar português, mesmo que não tenham competências escolares e sobretudo competências cognitivas para estarem numa universidade!
Porque hoje assistimos à entrada na universidade de autênticas crianças de pré escolar que passam lá três anos a fazerem que estudam, alerto aqui para o fenómeno das universidades se estarem a transformar num jardim de infância e numa instituição de carácter obrigatório, como era a tropa antigamente!
A custa do mesmo de sempre: o contribuinte!
Nem tanto ao mar nem tanto à terra! Aliás, há que refefinir o actual papel das universidades e os seus diversos escalões. Para além da universidade propriamente dita, como ao presente se encara, há muito caminho a percorrer... até chegar ao topo desejável. Há padrões e padrões. Oxalá todos os jovens, sob o estatuto da obrigatorieddade, como na tropa, pudessem passar pelos bancos do ensino superior!. Só haveria a ganhar. Em todo o sentido: eles e nós. Vou por aí. JCN
Que bom seria vermos o país
numa universidade transformado,
podermos alterá-lo, indo à raiz
do seu atraso... tão alardeado!
JCN
Que bela ideia seria
para cada português
haver uma academia
à vontade do freguês!
JCN
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