O excelente artigo de Carlos Fiolhais sobre os problemas de financiamento das universidades portuguesas recebeu hoje mesmo uma resposta do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Professor Dr. Mariano Gago.
O novo plano de financiamento exige que as universidades despeçam a generalidade dos seus professores, não sem antes gravar as suas aulas em vídeo de alta definição, que será disponibilizado gratuitamente na Internet, numa parceria com o YouTube. Deste modo, o professor recebe apenas pelas aulas que efectivamente deu, mas não pela sua repetição, ano após ano. Os alunos podem assim assistir às aulas sem que o estado tenha de pagar os ordenados a tantos professores. A avaliação pode facilmente ser realizada pelos próprios alunos, num sistema democrático de auto-avaliação. Isto permite diminuir brutalmente os custos.
Quanto à investigação, o professor será pago apenas à peça. Cada professor pede financiamento ao grande público, usando uma plataforma Web desenvolvida em parceria com o Google. Se as pessoas tiverem curiosidade sobre os resultados da investigação, dão donativos. Se esses donativos não chegarem ao montante estabelecido pelo professor, este não realizará a sua investigação.
Alguns responsáveis sindicais protestaram já, temendo que o grande público não financie os professores, mas o Ministro garantiu que os professores que não tiverem o apoio popular poderão trabalhar na limpeza das universidades, pagos à semana. “Desse modo”, afirmou o Ministro, “elimina-se também o elitismo de os professores se recusarem a lavar sanitas. Afinal, se todos as usamos, por que razão não podemos todos lavá-las?”
Esta medida revolucionária de financiamento está a ser seguida atentamente por algumas das mais prestigiadas universidades do mundo, como o MIT, Harvard, Princeton e NYU. “A poupança prevista por este modelo de financiamento é inegável”, afirmou um responsável de Princeton. “E se realmente podemos ter o mesmo mais barato, por que haveremos de ter o mesmo mas mais caro?”
Alguns professores da Universidade de Coimbra firmaram já contratos de publicidade com algumas agências. Vestindo t-shirts a marcas como a Mercedes ou a Nestlé, e inserindo anúncios publicitários no meio das suas aulas, os professores esperam assim complementar o pagamento das aulas oferecido pelo estado. “O mundo mudou”, refere um professor vestido com as cores da Coca-Cola, “e temos de nos adaptar aos novos tempos, tal como aconteceu com a introdução das linhas de montagem ou das máquinas de costura.”
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203 comentários:
«O mais antigo ‹Mais antiga 201 – 203 de 203Alguns empreiteiros e empresários da restauração também acham que a melhor coisa depois da roda foi a mão de obra escrava vinda do leste: tornam "desnecessário" pagar mais uma série de gente.
No caso da RNED nem sequer é preciso ter multidões desesperadas a fugir de países cujas economias deixaram de funcionar e já só sustentam gangsters. Podes fazê-lo com idiotas de classe média, instalados em empregos de estado ou em grandes corporações, com a mania que são proletários da cultura.
No meio de tudo isto as pessoas nem percebem que estão a fazer a sectores económicos inteiros aquilo que os regimes de leste fizeram às economias desses países, tornando de facto os pintores, pedreiros, professores universitários, economistas, engenheiros, etc, desnecessários. Tão desnecessários que têm de fugir para o Ocidente e trabalhar no que aparece... para gajos que têm perante a construção civil e a restauração a mesma atitude que os fundadores do PG têm perante a cultura.
É só rir.
"Esse teu último comentário, kyriu, é bem representativo da mentalidade borlista. Os pintores só deixavam de ser precisos se deixasse de haver procura para o trabalho que realizam."
Vitor, foi isso mesmo que quis dizer. Os pintores profissionais acrescentam algo com o seu trabalho que é visto como uma mais valia. Nem que seja pelo direito de mais tarde se poder reclamar. Quis dizer é que se a maior parte das pessoas decidisse prescindir dessa mais valia porque achavam que a diferença de preço que estão a pagar não compensa então o número de pintores profissionais diminuía drasticamente (não eram precisos). O seu caso não é a o da venda do esmalte, porque mesmo havendo alguém a distribuir à borla o esmalte este continua a ser produzido (alguém tem de pagar isso), mas da distribuição do dito esmalte (o chamado middle man). Ou as pessoas são obrigadas a preferir o melhor, independentemente do preço? Todos escolhem o ponto qualidade/preço que lhes convém (não necessariamente o que desejariam devido a constrangimentos monetários).
Um exemplo do software open source: muitas empresas, apesar de terem o software disponível gratuitamente pagam à mesma por ele (exactamente o mesmo). E porque? Para poderem reclamar se algo corre mal, terem uma resolução rápida (bem, esperam que seja rápida) de problemas, etc.
Isto tudo começou com o Desidério a dizer que a disponibilização de conteúdos grátis ia eliminar a produção de produtos culturais de "alta qualidade" e de assumir que só se podem produzir os ditos produtos por profissionais pagos directamente por essa produção. Eu não acredito que os profissionais pagos estejam a ser ameaçados nem que a produção cultural esteja a diminuir, até pelo contrário. Também não acredito que a produção cultural "de qualidade" seja coito fechado dos profissionais.
Se acha que 20 anos é pouco tempo para medir isso então vamos dar-lhe mais uns 20, ver para onde o mundo está nessa altura e fica já agendado um almoço de balanço num sítio à escolha. Porque as pessoas não vão ficar mais bonzinhas nem deixar de fazer o que fazem por altruismos ou coisas que o valham, pensar que isso é solução para o que quer que seja é demasiada inocência. Os nossos mecanismos sociais hão-de-se realinhar relativamente às nossas acções egoistas e vai ver que no fim tudo vai resultar para ganho comum. Porque essa mesma centelha egoista deseja algo melhor.
"No meio de tudo isto as pessoas nem percebem que estão a fazer a sectores económicos inteiros aquilo que os regimes de leste fizeram às economias desses países, tornando de facto os pintores, pedreiros, professores universitários, economistas, engenheiros, etc, desnecessários."
portanto a explicação da falta de emprego nos países de leste é que todos começaram a pintar à borla, a construir à borla, a dar aulas à borla,...
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