terça-feira, 18 de novembro de 2008

Estudantes na rua...em Itália

mais de um mês que os estudantes italianos, do ensino primário ao universitário, se manifestam nas ruas contra a reforma da «beata» Mariastella Gelmini.

A lei 133, aprovada no senado italiano em 29 de Outubro, prevê um corte orçamental para a escola pública de 8 mil milhões de euros - 1.4 mil milhões de euros apenas para o ensino superior e investigação científica.

No dia 30 de Outubro, mais de 1 milhão de pessoas manifestaram-se apenas em Roma contra a reforma Gelmini, embora ao Corriere della Sera a ministra tenha declarado que «aqueles que protestam» contra a sua reforma são apenas «alguns milhares» e «as faculdades ocupadas são pouquíssimas».

Na realidade, a recusa da reforma do sistema de educação é de tal forma alargada que nas manifestações de 30 de Outubro marcharam lado a lado, organizações estudantis de todo o espectro político (incluíndo a extrema-direita) e grupos católicos . «Assim se destrói a escola pública para substituí-la pela privada» foi o lema que os uniu.

Embora os cortes (e os protestos) se mantenham, a ministra já retrocedeu na suposta reforma do ensino universitário, uma alteração nas regras dos concorsi que não reforma nada apenas atrasa o processo de admissão de novos docentes. A necessária autonomia que acabaria com estes obsoletos concursos nacionais foi aliás tema do editorial da última Nature. Como termina este editorial: «reforms need to be done with a strong, knowledgeable and clever hand — something that Gelmini has so far failed to provide».

3 comentários:

alf disse...

As reformas não se fazem por negociação com os interessados. Não se perguntou aos funcionários publicos se estavam de acordo com o aumento da idade da reforma, pois não? Não se vai negociar os exames com os alunos. Os sistemas de avaliação são sempre impostos pelo patrão, não são negociados, evidentemente. Não se perguntou aos Juizes se queriam deixar de ter 2 meses de férias. Não se perguntou aos médicos se queriam passar a picar o ponto.

Estas coisas ou são impostas ou se corre a técnicas que impeçam a contestação. Ou a técnica do medo - «se não se fizer assim vai ser uma catástrofe, todos vão perder, isto é a tábua de salvação possível» - ou a uma adequada «mentira conveniente».

Penso que a MFL prestou um grande serviço ao país com o «deslize» de hoje. Que pode não o ter sido: é que parece que quanto mais os professores contestam, mais sobe o Sócrates nas sondagens.

Note-se que os professores não tem culpa - a culpa é de quem lhes pediu opinião sobre o assunto. Qualquer outra classe profissional reagiria da mesma maneira se lhe pedissem opinião sobre a avaliação. Isto é a consequência necessária do quadro criado. E quem tem urgência que a contestação acabe são os professores e o PSD. Se a agitação continuar em época de crise, que é quando as pessoas mais medo têm destas coisas, só irá reforçar o PS. Penso eu de que...

Armando Quintas disse...

a europa de novo em ebulição, faz mesmo falta um novo maio de 68, para afastar as gerações das brigadas dos reumáticos que desde a guerra fria governam os paises da europa.

Filipe Moura disse...

Por acaso eu sou a favor dos "concorsi" - e há muito defendo o mesmo para Portugal (incluindo - principalmente! - os politécnicos, onde se passam verdadeiros escândalos). Em França há um procedimento semelhante para as contratações do CNRS. Tal não implicaria (de todo) que as universidades deixassem de ser avaliadas.

"Italy's universities should be free to hire who they want — and should be accountable for the result."

"Accountability" é palavra que não existe nos países católicos.

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...