sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Parem as reformas

Os resultados obtidos pelos estudantes nos exames nacionais portugueses das diferentes disciplinas foram alvo de muita discussão. Os comentadores defenderam geralmente que tais resultados eram o resultado meramente administrativo de fazer exames ridiculamente fáceis. 

Eu não vi os exames e não sei se isto é verdade. Mas parece-me que se isto não for verdade, como alegam os porta-vozes do Ministério da Educação, então é preciso parar já as reformas em catadupa que têm assolado professores e alunos, gerando desnecessárias tensões na escola e fora dela. 

Isto porque estes resultados felizes, a serem reais, não podem evidentemente ser o resultado de políticas educativas com menos de 24 meses. Não foi concerteza o que os estudantes fizeram nos últimos dois meses que lhes permitiu ter resultados tão bons, mas antes o trabalho de anos que os professores fizeram juntamente com eles. Mas este trabalho foi feito ainda antes da actual ministra ter assumido o cargo e antes da actual confusão de leis, regulamentos, reuniões, tabelas, formulários, dias inteiros perdidos pelos professores em trabalhos puramente burocráticos na escola. Portanto, é preciso reverter tudo isto e voltar ao que era antes, pois foi o trabalho que se fazia antes que permitiu estes resultados felizes, se é que não são inventados. 

Li este argumento pela primeira vez no blog do Rolando Almeida e parece-me perfeitamente lúcido. Como podem os porta-vozes do Ministério da Educação responder a isto? Ou admitem que é preciso fazer as reformas porque os resultados são realmente uma mentira política. Ou defendem que os resultados não são uma mentira política, mas que todas as impopulares reformas que têm feito nos últimos meses são erros políticos porque afinal estava já tudo bem mas não se sabia ainda. 

Evidentemente, nada disto vão fazer. Limitam-se a fazer o que querem, independentemente do mais razoável argumento que usar se possa contra o que fazem.

Sem comentários:

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...