terça-feira, 14 de setembro de 2010

O BACILO DE KOCH


Nova crónica de António Piedade, saída no "Diário de Coimbra":

Na Primavera de 1882, o alemão Heinrich Robert Koch, prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina (aqui) e um dos pais da epidemiologia, identificava e descrevia pela primeira vez, através do microscópio óptico, o agente microbiano causador da tuberculose: o bacilo de Koch, como ficou conhecido (Mycobacterium tuberculosis é o seu nome científico).

Esta descoberta foi muito importante. O artigo da sua descoberta estabeleceu a primeira etiologia da tuberculose e continha os importantes Postulados de Henle-Koch. Estes permitem estabelecer, ainda hoje, uma relação causal entre um dado agente microbiano e uma determinada doença. De referir que os postulado só foram revistos em 1976 por Alfred Evans.

Desde então, e igual para com outras doenças, identificar o bacilo é fundamental para travar a sua disseminação por contágio e poder tratar os infectados.

Hoje sabemos que o bacilo de Koch é um longínquo companheiro da evolução humana. Já existindo muito antes dos nossos primeiros ancestrais hominídeos, seguramente até antes dos primeiros mamíferos, o M. tuberculosis adaptou-se espantosamente ao tecido pulmonar humano. De tal forma que o pulmão é o seu albergue por excelência e é muito difícil combate-lo uma vez ali instalado.

Para agravar a situação, e tal como outras bactérias, este bacilo possui a habilidade de ganhar resistência aos antibióticos que contra ele desenvolvemos. Em particular, o M. tuberculosis desenvolve multi-resistência, isto é, resiste a cocktails de vários antibióticos, pelo que a galopante reincidência da tuberculose a nível mundial é uma preocupação crescente para as autoridades de saúde.

Como se disse, um dos aspectos cruciais é o da detecção do bacilo. Neste contexto, é de destacar a publicação no The Lancet e no New England Journal of Medicine de dois artigos (aqui e aqui ) que apresentam dois novos testes microbiológicos e moleculares, caracterizados por rápidos e sensíveis e que, segundo os autores, vêm contribuir para um diagnóstico mais precoce e específico ao bacilo e suas estirpes mais resistentes.

António Piedade

2 comentários:

Anónimo disse...

Com o país como está,
dê-se ao bacilo de Koch
um tratamento de choque
para pôr a gente sã!

JCN

Anónimo disse...

Imagens radiológicas dramáticas como aquela que se mostra neste post são hoje, repito - hoje, totalmente possíveis. Com a agravante de que várias estirpes de MT são actualmente multiresistentes. Não é pois um problema de somenos do ponto de vista epidemiológico este que aqui se refere nomeadamente através da entrevista oa Prof. Massano Cardoso.
Daniel de Sousa

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