Vale a pena ler o artigo do jornal Público, acima identificado (ver aqui). Nele, a sua autora descreve, com algum humor, um (novo) modo de estar no ensino superior e, mais concretamente, em sala de aula. Quem por lá anda, professor ou aluno, não o desconhece. Pode encolher os ombros, pode não querer ou poder fazer nada, pode, até, achar normal, mas, é certo, que já viu, já lhe foi contado, já experimentou o descrito.
Não se refere, por certo, a autora apenas ao que acontece em Portugal, colegas que tenho noutros países fazem-me relatos equivalentes. A infantilização do mundo está em curso e nada a parece deter, nem mesmo a universidade, que devia ser de pensamento adulto e erudito.
Há excepções a esta tendência? Claro que sim, mas diria que são cada vez mais excepcionais. Posso estar errada, pois, na verdade, não tenho qualquer estudo a suportar o que digo, apenas a minha percepção, mas arrisco dizer que não estou completamente errada.
2 comentários:
No ensino secundário, para silenciar eventuais rebates de consciência, que um colega ou outro possa sentir no íntimo da sua alma, já há Conselhos Pedagógicos, os que dão primazia à ética e à moral na escola, que incentivam a agilização das boas práticas de avaliação, letivas e não letivas, fornecendo aos Conselhos de Turma formulários a verter em ata, com pérolas do seguinte teor:
"Dado que a turma é do ensino profissional, e nem que fosse do ensino regular, estes formandos já só querem ingressar nas "Faculdades" do Politécnico, ou da Universidade, por isso, mesmo levando em linha de conta as 40 faltas disciplinares registadas neste período, letivo e não letivo, e o clima de selvajaria permanente instalado em contexto de sala de aula, o que em nada obstou ao excelente aproveitamento da turma, verificado em todos os domínios e rubricas, o conselho considera, por unanimidade, o comportamento da turma Satisfatório."
Por esse estado de coisas, assim como, pelo mau ambiente entre colegas, que nalguns casos foram esse tipo de alunos que agora obtiveram mestrados e doutoramento sem a respectiva evolução cívica, que abandonei o ensino superior.
Em vinte anos passou de uma actividade estimulante a desinteressante.
O que impera é a resistência à aprendizagem e o ataque ao conhecimento.
Um equívoco na democratização do ensino.
E ainda há a intenção de tornar nos Politécnicos os doutoramentos possíveis, ou diminuir a idade para votar. Imagine-se para os 16 anos Qd, na realidade, os jovens mantém a imaturidade muito além dos 23.
Estamos a caminho do abismo para o triunfo da sociedade ignorante.
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