sábado, 5 de novembro de 2022

Bom Retiro

Foi um sonho a ribeira cristalina,

O distinto acolhimento das ipomeias,

A sombra do tronco dolente

À superfície do desejo das águas,

As pedras avolumando-se no leito,

Os nastúrcios feitos de sol e áscuas,

E a ponte voltada para o rosto da corrente.

Hoje, na foz soez, sem poemas,

Fenecem, abúlicos e sem cor, os patos,

E um idoso não encontra seu rosto

Nem eu encontro em seu rosto o espanto.

Tudo é tão real que nada se imagina.

Tudo é nefando e não é de ser apenas iminência.

Não haveria talvez, mesmo se aqui houvesse poemas. 

E eu não queria acordar em pranto 

Para a clarividência deste tempo.

Sem comentários:

50 ANOS DE CIÊNCIA EM PORTUGAL: UM DEPOIMENTO PESSOAL

Meu artigo no último As Artes entre as Letras (no foto minha no Verão de 1975 quando participei no Youth Science Fortnight em Londres, estou...