Foi um sonho a ribeira cristalina,
O distinto acolhimento das ipomeias,
A sombra do tronco dolente
À superfície do desejo das águas,
As pedras avolumando-se no leito,
Os nastúrcios feitos de sol e áscuas,
E a ponte voltada para o rosto da corrente.
Hoje, na foz soez, sem poemas,
Fenecem, abúlicos e sem cor, os patos,
E um idoso não encontra seu rosto
Nem eu encontro em seu rosto o espanto.
Tudo é tão real que nada se imagina.
Tudo é nefando e não é de ser apenas iminência.
Não haveria talvez, mesmo se aqui houvesse poemas.
E eu não queria acordar em pranto
Para a clarividência deste tempo.
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