Por Eugénio Lisboa
Na tarde erramos
Nós, tu e eu,
Mas três.
Tão sós que vamos
E não sou eu
Quem vês.
Discreto calo,
P’ra que o meu senso
Louves;
Em vão não falo,
Tanto o que eu penso
Ouves.
Melhor me fora
Que a outro assim
Levasses
E, longe embora,
Somente em mim
Pensasses.
ALGUNS “POEMAS DO BATAL E DA PAIXÃO DE CRISTO”
I
OS PROFETAS
Assombra, esta verdade que trazemos.
Aterra, a nitidez com que falamos.
Mas nós, mais do que vós, nos aterramos
Da certeza que temos.
Porque há distâncias que ninguém transpôs
E predizer é ser no tempo – Aquém.
Correm palavras como um rio, em nós:
A verdade é Belém.
II
VISITAÇÃO
Que é do anjo das asas rutilantes
Com que lutou Jacob, na madrugada?
Que é desse outro, das falas sussurrantes,
Que surgiu a Maria, a fecundada,
Tão casta e sem pecado como dantes?
Que é da estrela, pela mão de Deus lançada
A guiar os incertos caminhantes
Ao colmo da cabana consagrada?
Onde estão os sinais que Deus envia?
Onde estão, que os procuro noite e dia
Sem nunca ver cumprido o meu desejo?
Não os vejo e não sei se eu, que os procuro,
Os não encontro porque sou impuro,
Ou sou impuro porque os não vejo.
III
CANÇÃO DO PASTOR PERDIDO
Ia eu p’ra Belém
Com oferendas também
Por Babel me passava;
E, passando, hesitei,
Hesitando, parei
E, parando, ficava.
Mas nem lavas, nem lodos,
Nem os répteis todos
Da Paixão e do Mal
Terão força que possa
Afundar-me na fossa
Do Juízo final.
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Outro dia, trarei ao DRN, mais uma pequena colheita da seara deste grande poeta.
Outro dia, trarei ao DRN, mais uma pequena colheita da seara deste grande poeta.
Eugénio Lisboa
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