I
Nada do que tens no coração te pertence.
Mas há uma razão para aí permanecer
Além do tempo que já não te pertence.
Luz e palavra que ninguém pode exceder.
É aí que reside o amor: é outro rosto,
A doçura da palavra quase dita sem fôlego,
A melancolia que sucumbe num tímido sorriso.
Ninguém pode suceder a esse outro rosto.
Brilho vernal que nas águas escuras floresce.
Zumbido que acorda e me leva o coração.
II
Que poderei dizer do amor,
Se o coração me responder?
Ao coração tanto respondo
Que me ouve sem nada dizer.
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