Gosto do silêncio e mais ainda da tua voz.
É uma voz distante o silêncio
E a terra a tremer ou o sopro do vento.
E do corpo ansioso é o ventre.
O silêncio adensa-se nas intempéries.
O silêncio é o coração que volta atrás,
A casa, para mover o inamovível tempo.
O silêncio povoa de folhas verdes
A face do prédio
E cora como um fruto maduro.
O silêncio percorre cabisbaixo a rua
E observa de soslaio o muro.
Alguém bate à porta e não ouço a tua voz.
No entanto, caminho em silêncio,
Através de um longo corredor.
De súbito, por detrás de mim,
Ouço a tua voz, pela primeira vez.
Olho-te de soslaio,
Coro como um fruto.
Teu inefável rosto guia-me a uma sala vazia,
A uma olaia, a uma janela e a um café.
Perguntas-me pelas deduções.
Fico em silêncio, frio como uma laje.
Gosto da tua voz,
Mas ninguém falou para mim.
Mas não quero ouvir mais ninguém.
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