Meu resumo da conferência que amanhã estreio na Guarda antes do concerto da Orquestra Metropolitana de Ciência, no ciclo "Música e Ciência" que irá também a Viseu, Porto e Coimbra (na figura C.P.E. Bach e Joseph Haydn):
Entre a sinfonia em Sol maior n.º 64 da alemão Carl Philipp
Bach (1714-1788), um dos filhos músicos de Johann Sebastian Bach (1685 - 1750), que foi escrita em Berlim em
1741, na corte de Frederico II, e a
sinfonia n.º 64 do austríaco Franz Joseph Haydn (1732-1809), escrita no palácio
dos Eszterházy em 1773, medeiam pouco mais de 30 anos nesse século extraordinário
da arte e da ciência que foi o Século das Luzes. No entanto, as mudanças são
patentes na música – passa-se do barroco, onde o pai de Carl Philips é um
verdadeiro gigante, para o período que ficou chamado por classicismo, onde
dominam, para além de Haydn outros dois gigantes (que de resto com ele
contactaram na Áustria) que são Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) e Ludwig van Beethoven (1770-1827). Do
ornamentado que caracteriza o barroco passou-se para um estilo de maior
simplicidade e clareza. Mudam-se os tempos, como diz se resto o epigrama latino
que está associado à sinfonia de Haydn
Tempora mutantur. Como diz hoje o Nobel Bob Dylan “The times they are
a-changing”.
A ciência do tempo também muda. O século XVIII dá-se o
triunfo do método científico, que Galileu, Newton e outros tinham proposto no
século anterior. A mecânica encontra numerosas aplicações bem sucedidas tanto
no céu como na Terra. Novos fenómenos – como os da electricidade e magnetismo –
são admirados nos gabinetes de curiosidades, indo o seu estudo desembocar no
electromagnetismo do século XIX. A química aparece a partir da alquimia, sendo
claros os progressos no estudo dos gases. A história natural conhece um grande impulso
que viria a dar na teoria da evolução no século seguinte.
Em Portugal chega o ensino experimental, com as aulas
experimentais dos Oratorianos na Casa das Necessidade em Lisboa em 1750 (ano em
que morre Bach pai e também D. João V) e a reforma da Universidade de Coimbra
em 1773, por ordem do marquês de Pombal depois da sua tentativa falhada de
criar o Colégio dos Nobres em Lisboa. Em Portugal também “the times were
a-changing.”
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