A caixa original onde estão guardadas as amostras da experiência de 1958 realizada por Stanley Miller
Eis a minha crónica semanal no jornal i; de novo, Stanley Miller.
Há umas semanas atrás, apresentei aqui a famosa experiência da década de 50 de Stanley Miller e Harold Urey: misturando água, alguns gases e faíscas eléctricas, ou seja, simulando as condições da Terra primitiva, obtemos como resultado o aparecimento de alguns aminoácidos, os blocos da vida. Eis que se abriu o armário da experiência (literalmente) e novo espanto! Entre 1953 e 1958, Miller procurou sempre aperfeiçoar a sua experiência, tentando simular quimicamente uma Terra primitiva cada vez mais realista. Numa dessas experiências acrescentou algo: sulfeto de hidrogénio, o gás proveniente da intensa actividade vulcânica desses tempos! Curiosamente, Miller guardou as amostras com os resultados e nem sequer as analisou! Até que, em 2008, uma equipa de investigadores encontrou-as, analisou-as com um instrumento mil milhões de vezes mais preciso que o de Miller e publicou os resultados na semana passada. Mais de 50 anos após a experiência, detectaram 22 aminoácidos, 10 dos quais nunca descobertos nas experiências anteriores, realçando a importância dos vulcões no processo do aparecimento e desenvolvimento da vida! Por que razão Miller arrumou num armário esta valiosa experiência? Ainda ninguém sabe! Mas há uma desconfiança aromática: Miller terá confidenciado a alguns alunos que odiava o cheiro do sulfeto de hidrogénio (a ovos podres) e que o mesmo o deixava doente! Eis, então, a curiosidade científica vencida por um... nariz!
1 comentário:
ácido sulfídrico não ficava melhor que sulfeto
ou a IUPAC passou a ser binominal?
se calhar também teve um novo acordo ortográfico
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