"Sob os Bourbon, enquanto o país se ajustava a um breve período de paz após mais de vionte anos de guerra quase contínua, Massena manteve a sua posição como governador militar. Após a queda de Toulouse, Wellington tinha sido chamado de regresso a Londres, onde recebeu as congratulações do regente e do governo. Na Câmara dos Lordes teve a honra de receber cinco títulos de nobreza num o dia, de barão a duque. Seguidamente foi enviado para Paris, como embaixador britânico à corte das Tulherias. Após o turbilhão político que se seguira às guerras napoleónicas, o Congresso de Viena deveria reunir-se com vista ao planeamento do futuro da Europa e Wellington teria também um papel a desempenhar. Em Paris encontrou um velho adversário:
"Mais tarde em Paris, vim a conhecer Massena bastante bem; encontrámo-nos pela primeira vez num jantar em casa do marechal Soult, que era então ministro da Guerra [...] Massena mostrou-se muito excitado quando me viu, fez um grande alarido e saudou-me com muita cordialidade. "Ah, Monsier le Maréchal, que vousavez fait paser des mauvais moments!" E afiançou-me que eu não lhe deixara um ú8nico cabelo negro no corpo; tinha ficado grisalho, declarou, em toda a parte: Respondi-lhe que tínhamos ficado mais ou menos quites - que tinha havido um empate entre os dois. "Não", replicou ele"!, "o senhor esteve muito perto de me derrotar em duas ou três ocasiões!" - o que é verdade. " (Stanhope Philip Henry, Notes of Conversations with the Duke of Wellington, 1831-1851, London, John Murray, 1889)É curioso que os dois antigos adversários se tenham dado tão bem, tanto mais que muitos dos marechais de Napoleão evitavam Wellington, ainda ressentidos pela s derrotas que tinham sentido às suas mãos. talvez o facto testemunhe a dedicação dos dois homens ao seu ofício, bem como um respeito profissional mútuo, ao passo que a maioria dos outros marechais viam a carreira militar meramente como um meio para alcançarem determinados fins. Massena não tinha vaidade que caracterizava muitos dos seus pares, mostrando-se encantado por conhecer um homem, cujos talentos tinham superado os seus e ao qual não parecia guardar qualquer rancor. Regra geral muito parco em elogios, Wellington tinha um enorme respeito por Massena, e não deixou de o louvar durante a conversa que tiveram sobre as Linhas de Torres Vedras. Massena disse-lhe: "Caro Lorde, está a dever-me um jantar - pois quase me matou à fome." Wellington riu: "Devia ser o senhor a dar-mo, marechal, pois impediu-me de dormir"".
Esta foi a primeira de diversas conversas nos quais discutiram as estratégias um do outro e trocaram reminiscências sobre os tempos em que tinham sido adversários. Criticado, talvez injustamente, pela sua sobranceria para com os soldados e as "ordens inferiores", eis ali o duque de Wellington debatendo prazenteiramente conceitos estatégicos com um antigo sargento que tinha subido a pulso na hierarquia militar. A similitude das suas experiências parecia ter derrubado as barreiras sociais e nacionais que os separavam. Quem os viu conversar julgaria talvez que eram velhos camaradas de armas e não antigos inimigos".
3 comentários:
BUÇACO 1810
De parte a parte, com ferocidade,
se combateu na serra do Buçaco,
de qualquer lado havendo heroicidade,
ninguém querendo dar parte de fraco.
Entre as hostes francesas se encontrava,
além do "filho eleito da vitória",
o bravo Ney, que a todos ofuscava,
futuro marechal que fez história.
À sua espera tinham, preparado
para se opr ao poderoso intruso,
o destemido exército anglo-luso.
Ninguém venceu, ninguém foi derrotado,
mas da águia as asas nunca desairadas
saíram da batalha... chamuscadas!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Deve ser interessante. Transparece algum humor britânico!
Humor? Só se for humor negro! Wellington, Massena, Soult e muitos outros vivem muito bem (mesmo com cabelos brancos) enquanto os soldados que mandaram para a frente de batalha morreram miseravelmente e destroçaram as respectivas famílias! Humor muito negro este da guerra!
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