As espécies químicas denominadas anfifílicas -que incluem os detergentes e alguns lípidos - contêm uma parte hidrofílica (que «gosta» de água), e uma hidrofóbica (que não «gosta» de água). Por este motivo, estas espécies agregam-se na presença de água, formando, por exemplo, micelas ou bicamadas. Esta capacidade de auto-organização (self-assembly) consiste na formação (espontânea) de estruturas complexas a partir de componentes simples.
Os detergentes, como o detergente aniónico representado na figura, são um exemplo banal de auto-organização de moléculas simples. Os detergentes devem a sua acção de limpeza ao facto de formarem aglomerados auto-organizados de forma globular, as micelas, que dissolvem no seu interior todo o «lixo» orgânico não solúvel em água (gorduras, etc.).
Outro exemplo de uma estrutura auto-organizada, que permite a realização de tarefas que os componentes isolados são incapazes de promover, é a membrana celular. A membrana celular é constituída essencialmente por proteínas e lípidos. As membranas das células animais contêm colesterol, um lípido igualmente, o que não acontece nas células vegetais, que possuem outros esterois. Quanto maior for a concentração de esterois, menos fluida será a membrana. Os fosfolípidos são os lípidos mais abundantes nas membranas celulares e assim um vesículo gigante (GUV) de fosfolipídos é o modelo estrutural mais simples de uma célula.
Os fosfolípidos são ésteres de glicerol - que esterificado com três ácidos gordos dá origem aos chamados triglicéridos.
Num fosfolípido, o glicerol está ligado a dois ácidos gordos e o terceiro grupo -OH liga-se a um dos oxigénio do grupo fosfato. A outro dos oxigénios do grupo fostato podem estar ligados grupos neutros ou com carga, como a colina, a etanoamina, o inositol, o glicerol ou outros. Quando o grupo a que o fosfato se liga é a colina, temos as fostatidilcolinas - como a representada na figura que hidrolisada dá origem a um ácido gordo saturado, o ácido esteárico, e um insaturado, o ácido oleico - igualmente chamadas lecitinas.
Na figura que se segue é esquematizada a auto-organização dos fosfolípidos em bicamadas. Estruturas deste tipo incluem, para além das membranas celulares, lipossomas e estruturas muito importantes a nível biológico, os vesículos sinápticos - onde são armazenados neurotransmissores e neuromoduladores, as substâncias químicas usadas para transmitir informação entre as células.
Em conclusão, um argumento pseudo-científico recorrente contra a evolução consiste na afirmação de que é impossível algo na natureza tornar-se mais «organizado» sem a intervenção de um desígnio inteligente. Por muita habilidade retórica que seja utilizada no disparate debitado, este é completamente falso. Existem inúmeros exemplos na natureza de sistemas auto-organizados e não é necessário invocar qualquer «intervenção inteligente» para explicar a sua existência, bastam alguns conhecimentos de química básica.
Como referi há algum tempo, alguns compostos capazes de self-assembly encontram-se no espaço interestelar, sintetisados de forma abiótica a partir dos elementos produzidos nas estrelas. Na realidade, não há quaisquer dúvidas sobre a síntese abiótica de moléculas orgânicas, quer em planetas e luas sem qualquer evidência de vida quer no espaço interestelar.
A maioria das pessoas não segue as últimas descobertas da NASA nem repara nos processos espontâneos de auto-organização que acontecem no seu quotidiano. Mas não há nenhum milagre envolvido em lavar a louça nem é necessário invocar uma inteligência externa ou forças sobrenaturais para explicar a formação das micelas que permitem ao detergente cumprir a sua função. Aliás, pensar que tal é necessário é uma forma de demissão de tentar perceber como funciona o único mundo que conhecemos, um mundo natural regido por leis naturais.
Apenas quando deixámos de aceitar como necessária a intervenção de agentes sobrenaturais, começámos a conseguir explicar o mundo à nossa volta e começámos a conseguir controlar fenómenos, como doenças, produção de alimentos, produção de electricidade, etc., que permitiram a melhoria de qualidade de vida indispensável ao progresso ético da humanidade.
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25 comentários:
Gostei imenso do post. Não acho que vá adiantar de nada ao Jónatas e restantes criacionistas, mas é muito útil para os outros.
Sempre a aprender.
No TalkOrigins há uma página sobre a abiogénese e dois artigos sobre os disparates criacionistas:
Lies, Damned Lies, Statistics, and Probability of Abiogenesis Calculations
How likely is it that even a single bacterium could form by chance in the primordial sea? Not very likely, that's for sure, and creationists have been only too happy to provide ludicrously huge numbers purporting to be the odds against such a thing. However, even if these calculations are correct, they are irrelevant, as modern theories of abiogenesis require nothing of the kind to happen. This article briefly illustrates what abiogenesis really is and shows why the creationists' probability calculations do not matter.
Borel's Law and the Origin of Many Creationist Probability Assertions
Creationists have asserted that a statistical principle called "Borel's Law" mathematically demonstrates that abiogenesis is impossible. This article explains what Borel's Law is and shows that Borel himself clearly understood that his law was not relevant to the probability of the origin of life.
Estimada Palmira
Não fora a mais que previsível "teimosia, surdez e cegueira" dos criacionistas, ou simplesmente das pessoas de fé e a discussão entre Ciência e Religião, ficaria definitivamente encerrada. Parabéns por este fantástico Post.
Na verdade além de todos os argumentos dirimidos pelos criacionistas e aqui completamente rebatidos e desmontados, não nos podemos esquecer da comodidade do argumento da fé, da simplicidade da educação religiosa (principalmente nas classes média e baixa) e do conforto que advém de acalmar a dor da morte "estúpida" de um nosso ente querido, imputando a responsabilidade não aos copos bebidos a mais, não ao excesso de velocidade, não a qualquer outra das nossas tão costumadas irresponsabilidades, mas antes "foi a vontade de Deus". Este conforto, esta desculpa e a educação tpicamente católica (pelo menos nos países mediterrânicos) justificam plenamente a sobrevivência das religiões e portanto dos criacionistas. Por outro lado o poder oculto (agora que se conseguiu no mundo ocidental a separação do estado da Igreja) esta continua a ter um poder fantástico. Como se pode verificar recentemente com a introdução à constituição da Europa.
Por outro lado, a tão discutida por aqui, falta de qualidade do ensino, que tem vindo a lançar no mercado de trabalho pessoas cada vez menos preparadas e cada vez mais tecnicamente analfabetas - em oposição às necessidades dos mercados em que se necessitam cada vez mais de pessoas com formação, especialização e boa educação - apenas cria o terreno mais adequado à manutenção dos "Status" da Igreja, dos creacionistas e de todos os oportunistas religiosos que ainda encontram espaço (pudera... com tanta ignorancia por aí) para conseguirem extorquir mais uns poucos tostões dos "Incautos" e "Ignorantes" que sofrem horrores nesta terra, para virem "a ganhar o reino dos céus", como reza a maior compilação de aldrabices que a história já produziu: A denominada Bíblia....
Já que a ciência não tem a mais vaga ideia de como as proteínas originaram, seria mais honesto admitir isso aos estudantes, aos leitores deste blogue e ao público em geral.
A crença num princípio criativo na biologia, responsável pela auto-produção da vida é, essencialmente, uma questão de fé.
A vida não existe sem quantidades exponenciais de informação, previamente codificada e armazenada, juntamente com mecanismos de transcrição, tradução e operacionalização.
Não é coisa que se resolva com uma auto-organização. A possibilidade de vida resultante de auto-organização é essencialmente uma questão de fé.
O simples contacto da energia (e da água) com uma hipotética sopa primordial de químicos inorgânicos nunca tenderia a favorecer a auto-organização das moléculas para a vida.
De resto, tal nunca foi observado.
Pelo contrário, a energia iria conduzir à destruição dessas moléculas.
O fabrico de proteínas depende da informação codificada no DNA e de uma maquinaria extremamente complexa de transcrição, tradução e execução das instruções codificadas.
O DNA é um livro de instruções, que permite fabricar os mecanismos que irão ler, compreender e executar essas mesmas instruções. O mais incrível, é que o DNA nunca poderia subsistir em um complexo sistema de reparação, que tem ele mesmo que ser codificado pelo DNA!
O ateu convicto Carl Sagan dizia que uma célula tem mais informação do que a Biblioteca do Congresso.
Por seu lado, Richard Dawkins afirma que o DNA tem mais informação do que toda a Enciclopédia Britânica multiplicada varias vezes.
Os criacionistas não podem estar mais de acordo.
Por seu lado, Bill Gates reconheceu que o DNA é um software mais complexo do que qualquer coisa que o ser humano pode conceber.
O físico alemão Werner Gitt calculou que uma quantidade de DNA do tamanho de uma cabeça de alfinete contém tantos bits de informação como uma pilha de livros da Terra até à Lua, multiplicada por quinhentos!!
Se quiséssemos escrever em livro a informação necessária para construir o organismo mais simples que se conhece, necessitaríamos de cerca de mil páginas, de acordo com estimativas geralmente aceites.
Diferentemente, a informação necessária para construir um ser humano nunca caberia em menos que quinhentos livros de mil páginas.
Este livro, nunca se escreveria sozinho!
E isto, note-se, numa estimativa feita por baixo.
O recente projecto ENCODE, ao multiplicar exponencialmente a complexidade do genoma, virá certamente a obrigar a uma revisão desta estimativa em alta, para gáudio dos criacionistas.
É, por isso, pura fantasia, destituída de qualquer comprovação empírica, considerar que tanta informação e que sistemas tão complexos para a sua transcrição e tradução poderiam ter surgido por acaso, ao longo de milhões de anos (que ninguém observou!).
Para quem procura inteligência no Universo, não precisa de ir mais longe.
Não é necessário nenhum projecto SETI, como pensava Carl Sagan.
O DNA é a expressão, por excelência, de um Deus que se autodefine na Bíblia como LOGOS.
A Bíblia diz que Deus, e não qualquer processo aleatório de auto-organização, é o Autor da Vida.
Embora um ser humano seja um sistema muito mais complexo, autónomo e estruturalmente acoplado, compartilha as mesmas propriedades de auto-organização de sistemas químicos como referido aqui por Palmira. O problema poderá estar apenas na estratégia explanatória. Enquanto que para a Química basta a estratégia física, para os sistemas vivos poderá ser necessário recorrer à estratégia intencional ou funcional, como definido por exemplo por Daniel Dennett.
Nós somos sistemas emergentes complexos com uma história de acoplamento ao meio, numa cadeia evolutiva de redes celulares ao longo de muito tempo, que se foram intrincando e organizando em sistemas cada vez mais complexos como por exemplo o sistema nervoso e o sistema imunológico. Aqui, o tempo é esse grande escultor, como escreveu Marguerite Yourcenar.
"Diferentemente, a informação necessária para construir um ser humano nunca caberia em menos que quinhentos livros de mil páginas.
Este livro, nunca se escreveria sozinho!"
O problema dos criacionistas é que, estando agarrados ao dogma dos 6000 mil anos, não percebem que mesmo a coisa mais improvavel de acontecer acontece se lhe dermos tempo necessário. No meu trabalho lidamos diáriamente com Milhões de anos. É a unidade de tempo mais comumente usada por milhares de geólogos em todo o mundo.
Para termos uma ideia: 2 Milhões de Anos davam para um caracol (dos mais rápidos que andam a cerca de 1 cm por segundo) ir ao Sol e voltar mais de 6000 vezes. É algo que a nossa cabeça tem dificuldade de comprender.
É esta a grande falha em todos os raciocinios dos criacionistas: a sua escala de tempo. É claro que nada na ciencia actual poderia funcionar se a Terra tivesse 6000 anos, nem mesmo este computador. Mas a Terra não tem esta idade. E caro anónimo escusa de fazer um comentário a seguir de copy paste a dizer os mesmos disparates de sempre.
Gostei daquele em que disse que o Diluvio explica o decaimento acelerado dos átomos. Será que o Diluvio tembém explica a mecânica quântica e a relatividade geral?
Viva Jonatas, este texto da sus especialidade em biologia já o tinha lido, mas assinado com o seu nome.
Explique sr. prof. qual é o problema da quantidade de informação?
O que importa é o mecanismo. A forma como se armazena e manipula a informação. Pode começar com uma pequenissima quantidade e depois aperfeiçoa-se.
Dou-lhe um exemplo: a memória central de um computador. Quando apareceu eram K agoram são Gigas e brevemente Teras.
Ou seja depois de descoberta a forma de armazenar e maipular essa informação foi só uma questão de tempo para a quantidade não importar.
Há alguma impossibilidade de isso acontecer com o DNA ?
É que o DNA pode ser complexo mas é formado por elementos cada vez mais simples: genes, moleculas, atomos. Portanto assim que os atomos se agregaram numa molecula o caminho estava traçado. É só uma questão de tempo e sorte.
Reze aas completas e durma bem Jonatas.
Caro Joao Moedas pode tratar o anónimo por Jonatas.
Neste caso o texto é igual a um que tem assinado no portal evangélico onde escreve.
Defendeu estas mesmas ideias em vários blogs como o Ktreta, também assinado.
Parace que ganhou alguma vergonha e agora assina anónimo.
E com ele não vale a pena jogar o jogo dele. Justificar a ciência é fazer o jogo dele.
O que é preciso é provar a inconsistência das "verdades criacionistas" como você tão bem fez no post do dilúvio.
"Por seu lado, Bill Gates reconheceu que o DNA é um software mais complexo do que qualquer coisa que o ser humano pode conceber."
Bem, tendo em conta o historial dos programas da Microsoft, eu não recorria a uma citação do sr. Bill "Gaitas", está para ser lançada por ele uma aplicação que funcione decentemente.
Ei, talvez os tipos da Apple tenham uma linha directa com o Mr. Deity!
Mas, alucinações à parte, excelente post (para não variar).
Sim, o De Rerum Natura presta serviço público.
http://www.mrdeity.com/
O DNA pressupõe a semiose, ou seja, um sistema de signos, como um código digital para a transferência de informação. Sistemas de signos não podem ser reduzidas a propriedades físicas. As propriedades informacionais do código genético dependem da base química mas não são redutíveis a ela. Estas propriedades são emergentes às propriedades químicas. Durante a evolução adaptativa darwiniana emergem propriedades genuinamente novas, não explicáveis só pelas teorias físicas tradicionais. As teorias da auto-organização e da emergência pertencem a um novo tipo de teorias científicas.
"Existem inúmeros exemplos na natureza de sistemas auto-organizados e não é necessário invocar qualquer «intervenção inteligente» para explicar a sua existência, bastam alguns conhecimentos de química básica"
É este o argumento que destroi a ideia de DEUS? Será que DEUS não pode existir em simultâneo com a ciência? Será que a ciência está a quere assumir ela própria o papel de DEUS? Isto parece-me perigoso meus amigos. É preciso cuidado com a falta de humildade. A ciência descobre/conhece e explica as leis da natureza, não as CRIOU!
Ao anónimo das 20:35:
Deus pode existir em simultaneo com a ciencia deste que fique no dominio do privado mas não para a explicação de um fenomeno a par da ciencia.
A ciencia não assume o papel de deus, nunca ninguem o disse e não se defende esse conceito, sim a ciencia não criou as leis da natureza mas tambem não foi deus que as criou.
Estas criaram-se, evoluiram, etc. cabe á ciencia explicar, nunca mas nunca a ciencia teve a prentenção que não outra de explicar os fenomenos através da explicação racional recorrendo a experimentações, observações e testando teorias e é esse o papel da ciencia.
Quanto à escala do tempo dos criacionistas, esses sem duvida não têm mesmo escala de tempo, deveriam aprender ciencia e deviam prestar atenção que na questão dos 6000 mil anos são automaticamente refutados pela história, que já mostrou a um amigo aqui de um post anterior que não existem gravuras rupestres de dinoussauros, que não andavam babilonios, sumerios, egipcios a lutar contra dinoussauros nem os descreveram e que o duluvio é uma grande treta, se eles de 6000 mil anos nada percebem vão lá agora encaixar milhões de anos de evolução?
Mais uma vez
muito bom post!
Aprende-se aqui.
Obrigado Palmira.
Fantástico! O texto e a caixa de comentários.
Obrigado à professora Palmira e aos comentadores.
Artur Figueiredo
E deus continua sem aparecer, nem na secção de Perdidos e Achados .
Deus aparece porque só podemos ter um sistema semiótico, como o DNA, tendo como origem uma inteligência.
Agora essa de comparar detergentes com vida...
"O problema dos criacionistas é que, estando agarrados ao dogma dos 6000 mil anos,"
Não é problema. É a solução do problema. Foi o próprio Criador que nos deu essa data, tendo a Terra como ponto de referência. Isso não preclude a existência de uma dilação gravitacional do tempo, como bem explica Russell Humphreys no seu livro Starlight and Time.
"não percebem que mesmo a coisa mais improvavel de acontecer acontece se lhe dermos tempo necessário."
Como um macaco escrever os Lusíadas? Uau! Estou realmente impressionado.
"No meu trabalho lidamos diáriamente com Milhões de anos."
O problema é voss. Confundem quantidades de isótopos com tempo transcorrido.
"É a unidade de tempo mais comumente usada por milhares de geólogos em todo o mundo."
Apenas porque aceitaram acriticamente as premissas uniformitaristas do advogado Charles Lyell.
"Para termos uma ideia: 2 Milhões de Anos davam para um caracol (dos mais rápidos que andam a cerca de 1 cm por segundo) ir ao Sol e voltar mais de 6000 vezes."
Um argumento com toda a plausibilidade, claro.
"É algo que a nossa cabeça tem dificuldade de comprender."
Eu nem sequer me preocupo com entender isso.
"É esta a grande falha em todos os raciocinios dos criacionistas: a sua escala de tempo."
Por sinal a única escala de tempo fiável, porque determinada pelo Criador.
~"É claro que nada na ciencia actual poderia funcionar se a Terra tivesse 6000 anos, nem mesmo este computador."
Não percebo essa do computador. O computador é o produto de intelligent design. Ou acredita que processos aleatórios podem gerar um computador, com o seu hardware e software ao longo de milhões de anos?
"Mas a Terra não tem esta idade."
Quem é que estava lá quando a Terra nasceu, com competência para se pronunciar autoritativamente sobre a sua idade? Só Deus, claro.
" E caro anónimo escusa de fazer um comentário a seguir de copy paste a dizer os mesmos disparates de sempre."
Parece que advinhou que eu não ia deixar passar a sua em claro.
"Gostei daquele em que disse que o Diluvio explica o decaimento acelerado dos átomos."
A recente descoberta de C-14 em múltiplos diamantes datados de milhões de anos nos mais variados locais do planeta é uma das muitas evidências de decaimento radioactivo acelerado.
O mesmo sucede com a existência de hélio nos zircões.
"Será que o Diluvio tembém explica a mecânica quântica e a relatividade geral?"
O dilúvio não. Mas a doutrina da criação sim.
F Dias disse:
"O DNA pressupõe a semiose, ou seja, um sistema de signos, como um código digital para a transferência de informação."
Precisamente. Um sistema de signos é uma convenção inteligênte, que faz corresponder determinados signos a uma informação ou ideia.
Isso é uma operação que só pode ser feito por alguém que tem ideias e que sabe trabalhar com sistemas de signos.
Um Deus omnipotente e omnisciente, auto-revelado como VERBO, é o candidato óbvio a ser a causa de toda essa informação, do código e do sistema de armazenamento altamente complexo e funcional.
"Sistemas de signos não podem ser reduzidas a propriedades físicas."
Claro! A informação é uma realidade imaterial. A mesma tem a sua origem num Deus que se revela como espiritual, ou seja, não físico.
"As propriedades informacionais do código genético dependem da base química mas não são redutíveis a ela."
É isso que os criacionistas vêm dizendo repetidamente. Os mesmos dizem ainda que as mutações aleatórias não criam informação, mas destroem essa informação.
Além disso, a selecção natural, ao ditar a eliminação dos menos aptos, destroi a respectiva informação genética, reduzindo a quantidade de informação genética disponível.
Isto é: a quantidade de informação genética disponível depois da selecção natural é menor do que a que existia antes.
Isso significa que a informação tem que existir antes das mutações e da selecção natural.
Daí que só a criação, e não a evolução, possa explicar a origem da informação.
Um livro muito interessante sobre isso é: "In the Beginning Was Information", do físico alemão Werner Gitt, reiditado em 2006 e disponível em www.amazon.com
Parece-me que o FDias começa a perceber a essência da questão, embora ainda esteja a meio do caminho, na medida em que ainda acredita (naturalmente sem evidência empírica) que processos naturalistas podem criar sistemas semióticos!!
Eu disse:"É a unidade de tempo mais comumente usada por milhares de geólogos em todo o mundo."
O Anónimo disse: "Apenas porque aceitaram acriticamente as premissas uniformitaristas do advogado Charles Lyell"
Aqui é que está o problema. Os geólogos não aceitam acriticamente as premissas de Charles Lyell. Não vemos Lyell como um deus. Os geólogos observam críticamente os dados geológicos e testam-nos diariamente. Centenas de análises isotópicas são feitas diáriamente em todo o mundo. Não é por uma em alguns milhões de análises dar um resultado menos correcto que devemos abandonar o objectivo de tentar compreender como o Universo funciona. Aliás, até calculamos os erros (não escondemos ou ignoramos o que não nos interessa).
Ao contrário, os criacionistas aceitam acriticamente o que vem na bíblia. E não têm a minima capacidade de auto-critica.
Para além de mentirem (ver o que escrevi acerca das inconformidades estratigráficas no outro post) quando dizem que não existem superfícies erosivas antigas.
E para além de as ideias criacionistas não teram lógica. O caso de explicarem a presença dos grandes canais e montanhas como resultado do diluvio. Como explicam que estas estejam presentes em Marte?
E não respondeu ou não admitiu que disse um disparate quando afirmou que o Diluvio explica o decaimento radioactivo dos átomos. Seria bom esclarecer os leitores do blog.
"não percebem que mesmo a coisa mais improvavel de acontecer acontece se lhe dermos tempo necessário."
Como um macaco escrever os Lusíadas? Uau! Estou realmente impressionado"
Oh Jonatas foi isso mesmo que aconteceu.
Camões tal como eu e você evoluimos dos primatas e sendo assim ...
Você até é uma pessoa inteligente por isso deixe-se de fanatismos e de dizer asneiras.
O decaimento acelarado radioactivo geral e global para todos os produtos radioactivos é uma treta.
Poderá acontecer pontualmenente em alguns elementos, mas não está minimamente demosntrada a possibiliadade de isso acontecer.
Será que tiveram um decaimento rápido todos e depois quando já dava jeito aos criacionistas passaram para um decaimento normal ?
Vamos lá deixe-se de tretas.
E diga lá como explica os outros planetas e estrelas ?
os buracos negros ?
Não é muito mais lógico a tremenda imensidão de diversidade biológica ter resultado da adaptção ao meio e não o contrário ? (O que não seria necessário para criar todos esses bilões de formas de vida diferentes ?
E como explica o seu impossível dilúvio que teria obrigatóriamente de matar os seres vivos e de provocar uma sedimentação muito rápida em muitas zonas do planeta a inexistência de fósseis de humanos e outros animais em grande concentração ?
Pois a estas perguntas não responde porque não sabe.
Um eveolucionista disse:
"O que importa é o mecanismo. A forma como se armazena e manipula a informação. Pode começar com uma pequenissima quantidade e depois aperfeiçoa-se.
Dou-lhe um exemplo: a memória central de um computador. Quando apareceu eram K agoram são Gigas e brevemente Teras."
A memória de um computador é um produto de inteligent design. O que é que isso tem que ver com a demonstração da hipotética origem aleatória da informação, do código e do sistema de armazenamento, transcrição, tradução e operacionalização?
Estes evolucionistas ainda não perceberam que os exemplos que dão só corroboram o criacionismo...
Um evolucionista disse:
"Camões tal como eu e você evoluimos dos primatas e sendo assim ..."
Isso é dar como demonstrado aquilo que é necessario demonstrar. O que está em discussão é justamente a evolução. É que nunca ninguém observou Camões a evoluir de um primata.
Tudo o que vemos é que macacos dão macacos e seres humanos dão seres humanos.
"É que nunca ninguém observou Camões a evoluir de um primata."
Sem comentários
Eu tenho, paulatinamente, vindo a observar o que aqui se diz e se comenta. Acho o Blog muito interessante mas há uma coisa que não percebo. A ciência ainda não provou, ciêntificamente, que Deus existe, até aqui estamos de acordo mas também não provou que Deus não existe. Ora, se não há provas da não-existência de Deus, parece-me que a sua existência, até prova em contrário, é uma possibilidade já que estamos a falar de um ser não físico. Não vou, ao contrário de alguns comentadores, citar a biblia, texto que tem 2000 anos e que reflecte o entendimento da época, mas que acredito em Deus, lá isso acredito. E até acredito em milagres! Basta olhar à volta e ver o milagre da vida por todo lado. Esse é o maior milagre de todos (com criação ou com evolução a vida é um milagre!)Pensarmos que um big-bang,um evento singular, produziu, a partir dos mesmos elementos primordiais, toda a diversidade que conhecemos é suficiente para acreditar em milagres! o big bang não deu origem a uma coisa, que se transformou noutra, e depois, noutra e depois noutra. Se assim fosse só existia uma única coisa e no entanto olhem à vossa volta, vejam a diversidade, vejam a beleza dessa diversidade e o equlibrio que a sustenta! É ou não é um milagre!O mesmo pó que deu origem às estrelas deu horigem aos seres humanos, então porque não somos todos estrelas se os ingredientes são os mesmos? OK, houve condições diferentes na formação de uns e de outros, mas quem elegeu ou criou essas condições? o próprio big-bang? os ingredientes da explosão? Digam-me o que vos parece.
Caro Jónatas disfarçado de anónimo:
"Já que a ciência não tem a mais vaga ideia de como as proteínas originaram, seria mais honesto admitir isso aos estudantes, aos leitores deste blogue e ao público em geral."
Já ouviu falar de meteoritos da família dos condritos carbonáceos...?
TPC - Escrever 100 vezes "Sou burro, burro, burro - que Deus me perdoe por falar de coisas de que não sei o suficiente".
Sempre achei a Biologia uma Ciência exata, em outras palavras, livre de evolucionistas e criacionistas. Um caso que gosto de citar é a energia elétrica, ela sempre escolhe o caminho mais curto para percorrer. A Física simplesmente aceita esse princípio e desenvolve suas teorias sem questionar quem fez isso ou aquilo. O próprio Newton admitiu não saber o motivo da existência das leis por ele descoberta, isto não influenciou em nada o desenvolvimento da Física. A Biologia deveria fazer o mesmo, parar de dar créditos para evolução ou criação, simplesmente aceitar os fatos, analisar resultados das pesquisas e seguir em frente . A verdadeira Ciência com certeza ficará grata.
Vejam o blog: http://ciencia- logika.blogspot.com/
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